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UM ESTRATEGA ESQUECIDO DA RESTAURAÇÃO – O EMPREENDEDORISMO POLÍTICO-MILITAR DE D. ANTÓNIO DE SOUSA DE MACEDO (1663-1667) 

 

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Eurico José Gomes Dias 



Resumo

Após o fim da Gazeta da Restauração [1647-8] surgiu, na mesma linha de expressividade, o famoso Mercurio Portuguez [1663-1667] da autoria e orientação formal de D. António de Sousa de Macedo, estadista dedicado à causa da Restauração, hoje praticamente esquecido, e cujos escritos em prol dessa demanda formam o manancial da sua obra. Além de ser um órgão periódico, o Mercurio Portuguez foi, na sua essência, um 'tributo' ao Soldado português, esse elemento anónimo que constituiu o suporte cimeiro da portugalidade.

Palavras-Chave: D. António de Sousa de Macedo; Restauração; D. Afonso VI; Mercurio Portuguez; Jornalismo.

Abstract

After the end of the Gazeta da Restauração [1647-8], the famous Mercurio Portuguez [1663-1667] emerged, along the same lines of expressiveness, written and formally supervised by D. António de Sousa de Macedo, a statesman dedicated to the cause of the Restoration, today practically forgotten, and whose writings in support of this demand form the source of his work. In addition to being a periodical, the Mercurio Portuguez was, in essence, a 'tribute' to the portuguese Soldier, that anonymous element that constituted the highest support of portuguese identity.

Keywords: D. António de Sousa de Macedo; Restauration; D. Afonso VI; Mercurio Portuguez; Journalism.

 

 

1. Intróito

As dinâmicas militares, políticas e diplomáticas da Restauração produziram uma copiosa literatura patriótica[1], compreendendo inúmeros opúsculos panegíricos e panfletos doutrinários legitimadores da dinastia de Bragança, como se poderá observar nos domínios coevos da politologia, da historiografia, da parenética e da emergente imprensa periódica. A Guerra da Restauração arrastou-se entre 1640/1 e 1668, marcando todo o reinado de D. João IV e de D. Afonso VI, terminando na regência de D. Pedro II. Foram combates prolongados por quatro continentes, particularmente difíceis nas fronteiras com Espanha, tendo obrigado Portugal a um enorme esforço financeiro e humano para a sua sustentação.

Tais campanhas militares foram acompanhadas de iniciativas diplomáticas[2] apelando ao reconhecimento internacional da nova dinastia, com particular incidência no seio das Cortes francesa, inglesa e pontifícia, sem esquecer a Holanda e a Suécia, entre outros contactos importantes e ainda pouco conhecidos. Na intricada conjuntura política e social que marcou a Restauração, serão impulsionadas as primeiras publicações periódicas, a quais relataram as perturbações sociais, políticas e militares da Restauração[3]. Estas características inovadoras, aliadas ao objectivo informativo, só foram reunidas pela primeira vez nas chamadas Gazetas da Restauração[4], cujo primeiro número possui o título Gazeta em Que Se Relatam as Novas Todas Que Houve Nesta Corte e Que Vieram de Várias Partes no Mês de Novembro de 1641, podendo ser conhecidas por Gazetas da Restauração, ou, simplesmente, por Gazetas[5].

Entre os seus primeiros leitores contar-se-iam alguns elementos da alta burguesia e outros membros instruídos da administração pública lisboeta, bem como a aristocracia palaciana, as cúpulas religiosas, todos fortemente interessados nas novasacerca da guerra com Espanha[6]. Estas Gazetas compunham-se em fascículos de folhas mensais, num formato «in-quarto» com um número variável de fólios, apresentando um conteúdo noticioso, com um cunho fortemente político e propagandístico.

Terminada a vigência da Gazeta em meados de 1648[7], até à fundação do Mercurio Portuguez [1663], existem registos algo inseguros de algumas folhas volantes impressas e manuscritas com as notícias da guerra e outros factos de importância menor. Rapidamente foram compreendidas como instrumentos políticos cujo controlo se mostrou prudente controlar, pois possuíam, na sua essência primordial, o gérmen da do poderio da opinião pública e da intervenção política[8]. Para a sensibilidade política da época, as Gazetas reuniram inexcedíveis provas de isenção e veracidade, sendo presentemente fontes históricas[9] de extrema importância para compreender as manifestações políticas, militares e sociais de toda a vida nacional entre 1641 e 1667.

2. A Direcção do Mercurio Portuguez sob D. António de Sousa de Macedo

Quinze anos após o término da Gazeta da Restauração surgiu, na mesma linha de expressividade, o famoso Mercurio Portuguez[10], da autoria e orientação formal de D. António de Sousa de Macedo[11], estadista dedicado à causa da Restauração, hoje praticamente esquecido, e cujos escritos em prol dessa demanda formam o manancial da sua obra. Além de ser um órgão periódico, o Mercurio Portuguez foi, na sua essência, um 'tributo' ao Soldado português, esse elemento anónimo que constituiu o suporte cimeiro da portugalidade. Glorificou-se a Guerra, mas aquela guerra pela Nação – cumpria-se assim Portugal e, ao tempo, o Mercurio Portuguez foi o seu Arauto.

D. António de Sousa de Macedo [1606-1682], doutor em Leis pela Universidade de Coimbra, abraçou prontamente a causa da Restauração. Seria nomeado embaixador plenipotenciário para Londres[12] e, a partir de 1650, apresentou credenciais nas Províncias Unidas. Chamado posteriormente a Portugal, seria indigitado secretário de Estado[13] para o governo do 3.º conde de Castelo Melhor, escrivão da puridade de D. Afonso VI [1662]. No ano seguinte, e até finais de 1666[14], teve responsabilidade sobre o Mercurio Portuguez, órgão noticioso que desempenhou um importantíssimo papel na política independentista portuguesa[15].

Grandemente polémico, talvez à semelhança do seu ilustre redactor e inspirador[16], foi um dos mais distintos periódicos da incipiente imprensa periódica nacional, apesar das fortes críticas que sofreu ao longo da sua vida editorial. Elaborado segundo os cânones formais da primeira Gazeta portuguesa, o Mercurio Portuguez[17] representa a fase final da expressão política nos últimos anos da Restauração, sendo que a primeira Gazeta representou os esforços iniciais da causa restauracionista. Ambos os periódicos representam, deste modo, o início e o fim de um ciclo da nossa História e são, porventura, das melhores fontes históricas disponíveis[18] para este período histórico.

Mercurio Portuguez foi, sem dúvida, um instrumento informativo amplamente politizado e, não obstante as personalidades críticas dos seus redactores, um dócil, subserviente e útil órgão de propaganda estratégica ao serviço da Casa de Bragança[19]. Direccionado e fomentado pelo desenvolvimento da actividade tipográfica, o Mercurio Portuguez travou ferozmente qualquer cisão na unidade portuguesa e, movido pela sua alma patriótica, impôs um estilo discursivo imbuído de uma vernaculidade combativa[20], sem nunca perder os critérios de objectividade e veracidade exigidos ao Jornalismo moderno, ainda que, por vezes, lhe reconheçamos propriedades panegíricas[21].

Praticando um preço algo elevado, oscilando entre os 5-15 réis, o seu formato editorial manteve-se uniforme, embora com algumas ligeiras alterações a nível da composição e paginação, dado ter tido diferentes editores, e o número dos seus fólios «in-quarto» variou entre os 3-32 fólios. Embora o Mercurio Portuguez fosse um órgão noticioso que apresentava vastos noticiários de teor bélico e político-diplomático, não deixou de representar a sociedade contemporânea, proporcionando melhor leitura, ao invés da aspereza literária própria das relações noticiosas políticas e militares[22]. Preocupado constantemente com a veracidade e a fundamentação das notícias veiculadas sobre a ambiência político-militar europeia, baseada nas Gazetas ou Mercurios castelhanos, holandeses, italianos e franceses, “declarou guerra" a todas as publicações divergentes encetando várias iniciativas típicas de uma moderna guerra de informação/contra-informação[23]

Retrato de uma época conturbada, o Mercurio Portuguez recorreu a fontes históricas consideradas as mais verosímeis e não deixou de fazer apologia de um dado acontecimento ou situação corrente sem a apoiar numa fundamentação histórica. Em todo o esforço cognitivo/discursivo de D. António de Sousa de Macedo apresenta-se como questão fulcral a salvaguarda e continuidade de Portugal na História por desígnio da Divina Providência[24].

Dado que D. António de Sousa de Macedo era profundamente conhecedor das problemáticas da sua actualidade[25], o Mercurio Portuguez recorreu a conhecimentos históricos directamente relacionados com a História de Portugal. Opção eivada de patriotismo, como se poderá calcular[26]. Importava dar a conhecer ao leitor interessado um retrato de uma autoridade régia quase absoluta, de modo a se legitimarem as iniciativas e os acontecimentos veiculados no Mercurio Portuguez.

No primeiro número editado destaca-se o título, o ano e o autor/responsável deste periódico: “Mercurio Portuguez, com as Novas da Guerra entre Portugal, e Castella. Começa no principio do anno de 1663. Por Antonio de Souza de Macedo." Logo abaixo, dispõe-se o timbre das Armas Reais portuguesas, apontando Lisboa como local de edição e a indicação de serem respeitadas todas as licenças de impressão para a Officina de Henrique Valente de Oliveira[27], impressor oficial da Coroa.

Este fascículo ou folheto mensal, cujo frontispício transcrevemos, contará adiante com um segundo título denominativo da sua periodicidade: “Novas do mez de Ianeiro de 1663" Entre outras notícias, este número apresenta uma breve referência acerca da emancipação e maioridade de D. Afonso VI, tendo este assumido as rédeas do governo régio a 23 de Junho de 1662[28]. São ainda descritos o funcionamento e o estado dessa reforma governamental motivada pelo afastamento de D. Luísa de Gusmão.

O sexto número do Mercurio Portuguez, de Junho de 1663, contém um total de 16 fólios e noticiou a vitória portuguesa na batalha ocorrida no sítio do Canal[29], mais tarde, chamada a batalha do Ameixial [é conhecida por batalha de Tera devido à ribeira aí próxima, designação que caiu no esquecimento], tendo sido prontamente restaurada a cidade de Évora. O exército castelhano, comandado por D. Juan Jose de Áustria, era composto por 3000 cavaleiros e 2000 soldados de infantaria e intentava dirigir-se para Alcácer do Sal, às portas de Lisboa.

No entanto, na retaguarda do exército castelhano mantinham-se as forças portuguesas sob o comando de D. Sancho Manuel de Vilhena[30], 1.º conde de Vila Flor e governador de Armas do Alentejo, e do marquês Friedrich Hermann von Schömberg, mestre-de-campo general ao serviço de Portugal. Os dois exércitos defrontaram-se a 8 de Junho nos campos do Ameixial, ou Canal, sensivelmente perto de Estremoz. Derrotadas as forças castelhanas, estas retiraram-se para Arronches e posteriormente retomaram a Badajoz. Assim, graças à vitória desta batalha[31], terminava um dos mais perigosos ataques castelhanos na Guerra da Restauração.

A publicação do oitavo número do Mercurio Portuguez, referente a Agosto de 1663, retrata algumas missões de saque, chamadas de “correrias", pela raia do Alentejo. Nesta ocasião as tropas portuguesas conseguiram capturar uma quantidade considerável de cabeças de gado, imprescendíveis para suprir faltas constantes nos mantimentos das nossas tropas. São também evidenciadas a captura de alguns efectivos castelhanos, referindo-se que muitos desertavam e iam oferecer os seus préstimos às praças militares portuguesas, motivados pela fome, maus-tratos e falta de pagamento dos seus soldos.

Talvez a notícia mais sentida nesta altura tenha sido a perda de Cochim[32], na Índia, após um demorado, mas bem-sucedido cerco holandês. Minimizando o mais possível este acontecimento nefasto – ocorrido devido às carências de toda ordem no Império bem como em virtude das quezílias no governo dos vice-reis da Índia –, a direcção do Mercurio Portuguez tentou adoptar uma certa postura de desculpabilização. Afiançava que os holandeses só teriam conquistado Cochim devido ao facto dessas forças militares não terem conhecimento dos acordos prévios de paz entre Portugal e as Províncias Unidas. Garantindo que seria uma conquista temporária, até porque as observâncias desses acordos diplomáticos obrigariam à devolução de Cochim, tal retoma nunca veio a concretizar-se.

Mercurio Portuguez reiterou continuamente ao seu público leitor, embora restrito a um grupo exíguo, que Portugal estaria destinado a alcançar a glória suprema das Espanhas[33], e que nunca Castela houvera vencido o ímpeto bélico português. Com referências explícitas a todas as batalhas ocorridas desde o século XI e encetando um paralelismo com as batalhas do Montijo [1644], das Linhas de Elvas [1659] ou de Ameixial [ou do Canal, 1663], o Mercurio Portuguez interveio decisivamente em defesa da nacionalidade portuguesa, sem deixar de recordar o esforço e o valor intemporal do Soldado português, o grande defensor da nossa independência[34].

O número do Mercurio Portuguez para o mês de Fevereiro de 1664, de 8 fólios, refere-se à correspondência militar, de carácter impreterivelmente secreto, que ia sendo interceptada pelas nossas forças. De qualquer modo, esses correios eram uma importantíssima fonte de informações sobre as manobras e os estratagemas inimigos. Depois de previamente visionadas pelas autoridades militares e políticas, procedia-se à publicação de algumas dessas informações com um intuito contra-propagandístico, depois de serem superiormente “declassificadas"[35].

Ainda antes da edição normal de Julho de 1664, sairia um número extraordinário do Mercurio Portuguez contido num folheto de 7 fólios inumerados. Este impresso compreende uma transcrição de uma missiva de Pedro Jacques de Magalhães[36] na qual anunciava a D. Afonso VI a vitória que houvera alcançado do inimigo sobre Castelo Rodrigo em 7 de Julho de 1664. A batalha de Castelo Rodrigo[37] seria, portanto, a única batalha da Guerra da Restauração que não se travou no território do Alto Alentejo. Com a edição normal do Mercurio Portuguez respeitante ao mês de Julho de 1664, foi lançado um número com 24 fólios, onde se encontra um relato actualizado e mais completo da vitória portuguesa de Castelo Rodrigo[38]. Entre a multiplicidade de pormenores sobre esse combate, publicou-se uma lista dos prisioneiros de guerra e um rol do material bélico capturado após a refrega.

Sem embargo, a direcção do Mercurio Portuguez preocupou-se em veicular relatos que chegavam até Lisboa acerca do aspecto calamitoso das populações castelhanas[39], sobrecarregadas pelos tributos das guerras de Espanha e com as exigências de um governo obtuso e diminuído, ao contrário do que se passaria, nomeadamente, com o governo de Portugal[40].

A intensidade da luta armada aumentava de tom, adivinhando o embate final que desembocaria em Montes Claros, propagandeando-se que o exército português encontrar-se-ia a postos, graças aos apoios franceses, ingleses e alemães, assim como à contratação de experientes mercenários estrangeiros[41] [ou “soldados velhos"], muitos deles desertores das fileiras castelhanas. Nestas condições gerais, ainda que dificílimas, Portugal conseguiu virar o curso da guerra a seu favor, uma situação que se consolidaria após a batalha de Montes Claros e que marcará todo o período posterior a 1665[42].

Com o mês de Junho de 1665, o 31.º número do Mercurio Portuguez, de 20 fólios, começou por destacar as notícias decorrentes dos combates pela defesa de Vila Viçosa[43]. O acontencimento de maior enfoque prendeu-se com as primeiras informações acerca da batalha de Montes Claros ocorrida a 17 desse mês. Os números seguintes do Mercurio Portuguez veicularam informações cada vez mais detalhadas acerca deste grande combate das Guerra da Restauração, à medida que as informações iam chegando ao conhecimento da direcção de D. António de Sousa de Macedo[44].

3. A fase final da Restauração

A completar o “ciclo noticioso" das informações provenientes da batalha de Montes Claros, a edição n.º 34 do Mercurio Portuguez, de Julho de 1665, possui 12 fólios igualmente com notícias bélicas. Mais uma vez, a direcção do periódico retratou, segundo informações bastantes fidedignas, o modo como aquela derrota terá sido recebida nos círculos do poder em Madrid, acentuando o dramatismo do impacto dessa notícia no estado de saúde do moribundo Filipe IV de Espanha.

Em sintonia com o que se houvera passado dois anos antes, aquando da batalha do Ameixial, D. Afonso VI mandou anunciar[45], com extremo regozijo, a derrota castelhana em Montes Claros às câmaras municipais, cabidos e comarcas de todo o reino, incentivando-as a celebrarem com gáudio esta vitória. No entanto, a consternação previsível do velho rei de Espanha ao ser informado de tal derrota emocionaria os leitores do Mercurio Portuguez, não obstante as tentativas castelhanas de atenuar os efeitos perniciosos da derrota brutal de Montes Claros[46].

Em Setembro de 1665, o número 36 do Mercurio Portuguez apresenta-se-nos em 10 fólios e onde a batalha de Montes Claros, que tanta produção encomiástica ou laudatória[47] produziu desde então, continua a ser evocada. A direcção do Mercurio Portuguezinsistiu na divulgação da verdade, face à menorização das perdas em homens e material de guerra pelos serviços propagandísticos castelhanos e ao grande descrédito em que caiu o 3.º marquês de Caracena. Sabe-se que o desaire daquela invasão era já o reflexo do esgotamento evidente dos recursos de Espanha, tendo coincidindo, quiçá curiosamente, com a morte de Filipe IV, a 17 de Setembro seguinte. O Mercurio Portuguez divulgará essa notícia, mas adoptando uma atitude de extrema sobriedade e respeito para com o monarca falecido, ainda que inimigo jurado de Portugal.

Começando um novo ano, o número 40 do Mercurio Portuguez de Janeiro de 1666 possui 12 fólios e foi impresso num caracter tipográfico de tamanho superior usado numa outra Officina lisboeta, pertencente ao impressor Domingos Carneiro[48]. Apenas este número do Mercurio Portuguez seria impresso nesta Officina, pelo que a partir de Fevereiro de 1666 em diante, excepto numa ou outra ocorrência, o impressor Henrique Valente de Oliveira retomará a responsabilidade da impressão do Mercurio Portuguez, mas apenas ao longo de 1666.

Em Fevereiro de 1666 foi publicado o 41.º número do Mercurio Portuguez, em 24 fólios inumerados. Deste ponto em diante, a sua impressão voltou a ser da chancela da Officina de Henrique Valente de Oliveira. Pelo seu valor documental, este folheto é de extrema utilidade para conhecer os últimos dias da rainha D. Luísa de Gusmão, sendo principalmente dedicado à descrição minuciosa do funeral e disposições testamentárias.

Com a publicação do número 52 do Mercurio Portuguez em Janeiro de 1667, estava-se já perto do estiolar deste periódico, o que viria a acontecer em Julho deste ano. Este número seria publicado na Officina de João da Costa[49], impressor de ascendência francesa que se encontrava estabelecido em Lisboa, e contém um conjunto de 26 fólios originalmente numerados. No mês de Fevereiro ocorreria uma nova mudança editorial no seio deste periódico, cujo número 53, de 7 fólios inumerados, passaria a ser impresso na Officina de António Craesbeeck de Melo[50], o novo impressor régio, e que terá a responsabilidade de editar o Mercurio Portuguez até ao fim.

Afastando-se das temáticas militares, as últimas palavras do Mercurio Portuguez foram dedicadas às iniciativas culturais para fomento das Academias portuguesas que começaram a proliferar neste mesmo século, por clara influência francesa. Dando a conhecer as últimas novidades literárias, este periódico registou os trabalhos efectuados pela Academia dos Generosos[51], de Lisboa, cujos saraus culturais ocorriam na residênca de D. António Álvares da Cunha[52], trinchante-mor de D. Afonso VI. Também oriunda de Lisboa, noticiavam-se os trabalhos da Academia dos Singulares[53], cujas assembleias eram realizadas na residência de Pedro Duarte Ferrão[54], inquiridor da Corte portuguesa.

A nível regional, o movimento académico também florescia, destacando-se a Academia Escalabitana, fundada em Santarém por iniciativa de D. João de Saldanha[55]. Os académicos desta agregação adoptaram o nome de Solitários e tiveram como primeiro presidente D. Fernando de Meneses[56], 2.º conde da Ericeira, e como secretário perpétuo D. Luís de Meneses, 3.º conde da Ericeira, general de Artilharia do Alentejo, que cultivava as Armas e as Letras em simultâneo, como é tão sobejamente conhecido.

4. Considerações finais

Sensivelmente a partir do início do ano de 1667 será outro redactor e diversa a formação editorial, que terá a responsabilidade executiva da manutenção do Mercurio Portuguez. Quem terá sido o redactor, nunca a investigação histórica ou bibliófila conseguiu desvendar. Na verdade, esses números finais do Mercurio Portuguez estão, na sua globalidade, imbuídos de um estilo mais pomposo e próximo do gosto literato da época, se bem que as indicações noticiosas permanecessem desenvoltas e credíveis.

Autoridade e legitimação, poder e expressão periodística – o Mercurio Portuguez foi um periódico que, sem qualquer hipótese de objecção, representou vivamente um retrato desta simbiose. Por consequência, os retratos profícuos desse quotidiano entre os anos de 1663 e 1667 foram-nos legados em moldes verídicos e consentâneos com a época, embora dotados de uma certa ornamentação estilística tão própria dos seus autores[57].

Fundamentalmente, o Mercurio Portuguez cumpriu distintamente o principal objectivo da sua razão de existência – a defesa militante e acérrima da causa restauracionista portuguesa. Para a posteridade, fechou-se um ciclo, um tempo de abertura e implementação da esfera pública, que haveria de encerrar-se instantaneamente. Embora existissem outros registos periodísticos, só muitos anos depois um periódico com características similares ao Mercurio Portuguez voltaria a fazer prevalecer a sua voz: a Gazeta de Lisboa [1715-1760].

 

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NOTAS

[1] CUNHA, Mafalda Soares da – «O significado da <Restauração>», in Memória de Portugal. O Milénio Português, direcção de Roberto Carneiro e Artur Teodoro de Matos, UCP/Círculo de Leitores, Lisboa, 2001, p. 354.

[2] MACEDO, Jorge Borges de – História Diplomática Portuguesa. Constantes e Linhas de Força. Estudo de Geopolítica, vol. I, 2.ª edição revista e aumentada, Tribuna da História/Instituto da Defesa Nacional, Lisboa, 2006, pp. 185-257.

[3] “De uma maneira geral, pode dizer-se que o jornalismo nasceu, em qualquer país, e também em Portugal, em virtude da confluência de três factores diversos: o progresso da tipografia, a melhoria das comunicações e das relações postais e o interesse do público pela notícia. […]. O ambiente era de grande tensão e vigilância. Reinantes e governantes, assistindo à proliferação do panfletarismo, não queriam deixar de utilizar a seu favor uma arma que se afigurava já de poder considerável. Por outro lado, não convinha dar público conhecimento de informações secretas sobre a nossa situação militar." TENGARRINHA, José – «Imprensa», in Dicionário de História de Portugal, direcção de Joel Serrão, vol. II, Figueirinhas, Porto, 2004, pp. 470-497.

[4] “A primeira Gazeta de 1641, pela propaganda, nem sempre, ao que se afigura, despida de exageros, das vitórias de D. João IV, ajudou a consolidar o feito glorioso deste monarca e dos seus partidários. Nos dois reinados subsequentes, porém, em que a conveniência de tais serviços e préstimos continuaria a fazer-se sentir, mas em que no público ainda se não radicara o hábito de ler periódicos, estes não progrediram em número, nem em prestígio. Apareceu apenas um de novo, em cada um dos reinados de D. Afonso VI e D. Pedro II, e, desses, somente digno de nota o Mercúrio Portuguez (1663-1667), de António de Sousa de Macedo." CUNHA, Alfredo da – «Elementos para a História da Imprensa Periódica Portuguesa (1641-1821)», separata das Memórias da Academia das Ciências de Lisboa, tomo IV, ACL, Lisboa, 1941, pp. 15-16.

[5] BALBI, Adrien – «Journaux Politiques et Littéraires», in Essai Statisque sur le Royaume de Portugal et d'Algarve, tomo II, IN-CM/FEUC, Lisboa/Coimbra, 2004, p. CLXXVI [1.ª edição, 1822]; SILVA JÚNIOR, António Joaquim da – Os Reservados da Bibliotheca Publica de Évora, Imprensa da Universidade, Coimbra, 1905, pp. 215-216.

[6] “O objectivo principal destas gazetas antigas era dar notícias da guerra com Castella; continham, além disso, as novidades occorridas nos paizes estrangeiros, as novas publicações litterarias de vulto, os obitos das pessoas notaveis, e variedades curiosas, tudo narrado com tal concisão e simplicidade, que sería de imitar pelos periodistas modernos. Quanto aos successos militares, vemos que já não é novo o costume dos periódicos, o exaggerar as perdas alheas e encobrir as proprias; data esta usança em Portugal do anno do Senhor de 1640 ou 1641." HERCULANO, Alexandre – «Origem das gazetas em Portugal», in O Panorama, vol. II, 1.ª série, ft. 48, Typographia da Sociedade Propagadora de Conhecimentos Uteis, Lisboa, 23 Março 1838, pp. 101-102.

[7] A cessação das primeiras Gazetas portuguesas está balizada para os finais de 1647, mas defendemos que a sua publicação ter-se-á alargado excepcionalmente mais um ano, em virtude das suas especificidades. Contudo, convém não esquecer que muitos números ter-se-ão perdido e nada indica que aquela publicação tenha cessado impreterivelmente em Setembro daquele ano, até porque estes periódicos assumiam outras dinâmicas de periodicidade e apresentação gráficas entre tantas outras razões funcionais. DIAS, Eurico Gomes – Gazetas da Restauração [1641-1648]: uma revisão das estratégias diplomático-militares portuguesas, (edição transcrita), introdução de João Luís Lisboa e prefácio de Armando Marques Guedes, «Biblioteca Diplomática», Série A, n.º 6, Instituto Diplomático/Ministério dos Negócios Estrangeiros, Lisboa, 2006.

[8] DIAS, Eurico Gomes – «O Combatente da Restauração», in Ares, n.º 20, CIDIUM-IUM, Lisboa, Junho 2018; IDEM – «(Re)visitar a História da Restauração Portuguesa [1640-1668]», in Superinteressante História. Edição Biblioteca, Editora Abril, Lisboa, Maio 2024.

[9] “A Gazeta aparecia atafulhada de notícias preciosas para a história do seu tempo, no que, de resto, são elementos magníficos os jornais desde que dêem só notícias, e quanto mais completas e esmiuçadas forem melhor servirão os investigadores. Os critérios e comentários, às vezes, são prejudiciais, mas o crítico tem o seu encargo e o noticiarista absolutamente outro." MARTINS, Rocha – Pequena História da Imprensa Portuguesa, Editorial Inquérito, Lisboa, 1942, p. 19.

[10] DIAS, Eurico Gomes – Olhares sobre o «Mercurio Portuguez» [1663-1667]. Transcrição e Comentários, estudos introdutórios de Gabriel Espírito Santo e Carlos Ziller Camenietzki, vols. I-II, IN-CM/CEPESE, Lisboa/Porto, 2010.

[11] MACHADO, Diogo Barbosa – «D. António de Sousa de Macedo», in Bibliotheca Lusitana, vol. I, Atlântida, Coimbra, 1965 [fac-simile da edição da Officina de Antonio Isidoro da Fonseca, Lisboa, 1741], pp. 399-403; GAYO, Manuel Felgueiras – «Macedos», in Nobiliário das Famílias de Portugal, Carvalhos de Basto, vol. II, 2.ª edição, Braga, 1989, pp. 17-18; SOUSA, D. António Caetano de – História Genealógica da Casa Real Portuguesa, edição revista por Manuela Mendonça, vol. I, QuidNovi/Público/Academia Portuguesa da História, Lisboa, 2007 [fac-símile da edição de Atlântida, Coimbra, 1954], pp. 77-78; SILVA, Inocêncio Francisco da – «D. António de Sousa de Macedo», in Diccionário Bibliográphico Portuguez, vol. I, Imprensa Nacional, Lisboa, 1858, pp. 276-278; vol. III, 1859, p. 139; vol. VIII, 1867, pp. 311-312; «D. António de Sousa de Macedo», in Portugal. Diccionario HistoricoPortugal. Diccionario Historico, por João Manuel Esteves Pereira e Guilherme Rodrigues, vol. VI, João Romano Torres Editor, Lisboa, 1912, pp. 1084-1087; «D. António de Sousa de Macedo», in Manual Bibliographico Portuguez, coordenado por Ricardo Pinto de Mattos, Livraria Portuense, Porto, 1878, pp. 592-594; CIDADE, Hernâni – «D. António de Sousa de Macedo», in Dicionário de História de Portugal, vol. IV, pp. 112-113.

[12] PRESTAGE, Edgar – «O Dr. António de Sousa de Macedo: presidente de Portugal em Londres (1642-1646)», separata do Boletim da Segunda Classe, vol. IX, ACL, Lisboa, 1916.

[13] “Speaking generally, Portugal, in the Restauration period, was governed by its Sovereigns through the Secretaries of State and Councils. There existed no written constitution, but the influence of certain members of the nobility and the necessity of humouring the upper class and the populace of Lisbon, ever unruly, imposed restrictions on the Monarch's absolute authority, and it was also limited by law and custom. John IV, in the first years of his reign, nearly always ratified the decisions of his Councils and Queen Luisa, during her regency, made it a rule to do so, even against her own judgement; under Afonso VI, when the Conde de Castelmelhor became first minister with the name of Escrivão da Puridade, an office revived for him after long disuse, he allowed the Councils to work as before, though drawing to himself most of the authority." PRESTAGE, Edgar – «The Mode of Government in Portugal during the Restoration Period», in Mélagens d'Études Portugaises, Instituto de Alta Cultura, Lisboa, 1949, p. 263.

[14] Devido às incompatibilidades entre a rainha D. Maria Francisca de Sabóia e D. António de Sousa de Macedo, o Mercurio Portuguez seria suspenso, dado ser decretado o desterro do seu coordenador e, subsequentemente, a exoneração do seu cargo de Secretário de Estado. Cf. MATTOS, Gastão de Mello de – «O sentido da crise política de 1667», in Anais da Academia Portuguesa da História, «Ciclo da Restauração de Portugal», vol. VIII, APH, Lisboa, 1944, p. 373.

[15] ROCHA, M.ª Manuela Martins – A promoção da imagem do Rei D. Afonso VI e do governo de Castelo-Melhor no Mercurio Portuguez, dissertação de Mestrado em Literatura e Cultura Portuguesa (Época Moderna), texto policopiado, FCSH-UNL, Lisboa, 1990.

[16] “O Mercurio redigido por um homem tão habil, por um político tão consumado, como era o auctor da Lusitania Liberata, teve grande voga; mas parece [que] não escapou ao fado de todos os diarios politicos. O P.e Vieira o taxava de pouco veridico e, o que mais é, de impolitico e de mal escripto. Se aqui andavam odios de corte não o diremos nós, ainda que no-lo possa fazer crer o serem estes dois grandes escriptores de bandos contrarios na questão entre D. Affonso 6.º e o usurpador seu irmão." RIVARA, Joaquim Heliodoro da Cunha – «Origem das gazetas em Portugal. III», in O Panorama, 1.ª série, vol. II., ft. 48, 31 Março 1838, p. 102.

[17] A respeito do Mercurio Portuguez: «O Jornalismo», in História da Literatura Portuguesa, coordenação de Agostinho Fortes e Albino Forjaz de Sampaio, Livraria Popular de Francisco Franco, Lisboa, 1939, pp. 234-235; «Relações», in Diccionario Bibliographico Portuguez, vol. XVIII, pp. 220-228; CASTELO-BRANCO, Fernando – «O primeiro semanário lisboeta e português», in Revista Municipal, vol. LXIX, CML, Lisboa, 1956, pp. 19-25; TENGARRINHA, José – «Mercúrio Português», in Dicionário de História de Portugal, vol. IV, p. 276.

[18] “Sem a tentativa de Sousa de Macedo teria sido profundíssima a treva no campo das informações. Desde 1647 a 1663, decorreram factos que não foram registados. Ele pretendeu dar a Portugal feição mais europeia com o Mercúrio, pois existiam em diversos países várias publicações do género, embora sem a pontualidade que ele imprimira à sua." MARTINS, Rocha – Pequena História da Imprensa Portuguesa, p. 26.

[19] “Grande foi o serviço, que o Autor fez á sua patria em divulgar com elegancia e fidelidade os venturosos successos das nossas armas contra Castella em tempos e conjucturas taes, que era de summa consequencia conservarlhes illesa a reputação e gloria, que merecião." «Catalogo dos Autores», in Diccionario da Lingoa Portugueza, tomo I, Officina da Academia Real das Ciências, Lisboa, 1793, pp. CLV-CLVI.

[20] Aliás, o seu funcionamento executivo estava em concordância com a legislação sobre «as licenças para obras que envolvessem coisas de Estado ou reputação pública», promulgada a 14 de Agosto de 1663, no decurso do primeiro ano de D. António de Sousa de Macedo como Secretário de Estado do governo do 3.º conde de Castelo Melhor. ALVES, Luís – «Inventário da Legislação sobre Imprensa [1576-1841]», in Subsídios para a História da Imprensa em Portugal, Centro de Estudos Humanísticos, Porto, 1983, p. 5.

[21] “Jornal partidário, naturalmente de apologia e de combate, embora muitas vezes velados, teve adversários poderosos e vivíssimos, e se houvesse de distinguir algum seria sem dúvida o P.e António Vieira, que na sua correspondência várias vezes o atinge com ironia senão com menos-cabo. Produto de uma época bem conturbada, o jornal é, todavia, um abundante repositório noticioso, estimável como fonte histórica em conotação com a literatura encomiástica ou de detrimento dos factos e das pessoas daquele momento." ALMEIDA, M. Lopes de – «Palavras de abertura», in Índice do «Mercúrio Portuguez», coordenado por M.ª Isabel Ribeiro de Faria e M.ª da Graça Pericão de Faria, separata do Boletim da Biblioteca da Universidade de Coimbra, vol. XXXII, [s. n.], Coimbra, 1975, pp. I-II.

[22] “Lidas com atenção as páginas do Mercúrio, facilmente se constatará que ele cumpriu razoavelmente a sua missão informativa e os objectivos para que fora criado. Embora apresentasse uma intenção acentuadamente política, nunca deixou de informar, com clareza e concisão, os seus numerosos leitores, sobretudo em notícias que se referiam à guerra entre Portugal e Castela." Notícias históricas de Lisboa na época da Restauração (Extractos da Gazeta e do Mercúrio Português), selecção, prefácio e notas de J. E. Moreirinhas Pinheiro, CML, Lisboa, p. 6.

[23] Cf. Mercurio Portuguez, Abril de 1663, f.º 1; Mercurio Portuguez, Setembro de 1664, f.os 2-2v.º; Setembro de 1665, f.º 5v.º; Março de 1667, f.º 1.

[24] TORGAL, Luís Reis – «A Restauração: reflexões sobre a sua historiografia», separata de Revista de História das Ideias, n.º 1, Instituto de História e Teoria das Ideias, FLUC, Coimbra, 1976; sem esquecer, do mesmo Autor, Ideologia política e teoria do Estado na Restauração, vol. II, BGUC, Coimbra, 1982, pp. 300-303.

[25] Sobre a actuação ministerial de D. António Sousa de Macedo expressa no Mercurio Portuguez, vide Mercurio Portuguez, Março de 1663, f.os 2-v.º 3; Mercurio Portuguez, Fevereiro de 1666, f.º 6; Mercurio Portuguez, Agosto de 1666, f. os 6v.º, 8v.º, 12.

[26] FIGUEIREDO, Fidelino de – Historia da Litteratura Classica. 2.ª Epocha: 1580-1756 (continuação) e 3.ª Epocha: 1756-1825, vol. VIII, Portugália Editora, Lisboa, 1922, p. 48.

[27] “Impressor português do século XVII, em casa do qual foi impresso o periódico O Mercúrio, que apareceu em Janeiro de 1663 e cuja linha editorial era a da defesa da independência portuguesa, noticiando as guerras entre os dois países ibéricos. Porém, também incluía notícias da vida mundana da época e mesmo uma secção sobre espectáculos públicos como as touradas. Henrique Valente de Oliveira foi tipógrafo dos duques de Bragança." CANAVEIRA, Rui – «Henrique Valente de Oliveira», in Dicionário de Tipógrafos e Litógrafos Famosos, [s. n.], Lisboa, 2002, p. 102.

[28] Com especial ênfase sobre este assunto, MACEDO, D. António de Sousa de – D. Afonso VI segundo um manuscrito da Biblioteca da Ajuda, com apresentação e publicado por Eduardo Brazão, Civilização, Porto, 1940, pp. 46-52.

[29] “Adiante, Soldados valerozos, // Bradou D. Sancho, que a victoria he nossa, // Desta victoria os eccos sonorozos // Ouvistes Minho là na margem vossa: // Apressou a seus passos vagarozos // Porque ouvillos milhor o Lima possa: // Igualmente esta vòz, que alentos mana, // Ouvio-o o Douro, e a Terra Transtagana." BACELAR, António Barbosa – Oitava de Luiz de Camoens, […] à Glorioza Victoria do Canal. Em 8 de Julho de 1663…, Officina de Henrique Valente de Oliveira, Lisboa, 1663, § V.

[30] “Aquella de Jacob brilhante estrella, // Clara, fixa, luzente, e matutina, // Que sendo a mais purissima Donzella, // Foy Mãy mais fecunda, e mais divina: // Do divino Assuero a Esther bella, // De todo privilegio, e graça digna: // Em sua Conceiçaõ immaculada // Goza luz, vence a sombra, e tudo agrada." Oitavas a Nossa Senhora da Conceiçaõ. Em Aplauso da Victoria do Canal. Em 8. de Julho de 1663. Sendo Governador das Armas da Provincia do Alemtejo, Dom Sancho Manoel, Conde de Villa-Flor…, Officina de Henrique Valente de Oliveira, Lisboa, 1663, § I.

[31] SALGADO, Pedro – A mayor gloria, de Portugal, e afronta mayor de Castella: comedia politica, que contem a verdade de tudo o que succedeo na Campanha do Alemtejo este presente anno de 1663, y a gloriosa Restauração da Cidade de Evora, com muitas particularidades de memoria, [s. n.], Lisboa, <1663; VAHIA, Fr. Jerónimo – Canção heroica à Magestade Serenissima do nosso Invicto Monarcha D. Affonso VJ. na singular victoria, que suas sempre justas, & agora triunfantes Armas alcançáraõ, na memoravel batalha do Canal, Officina de Henrique Valente de Oliveira, Lisboa, 1663; SÃO FRANCISCO, Fr. João de – Poema heroico vitorioso successo, e gloriosa vitoria do exercito de Portugal, sobre a hostilidade da cidade de Evora neste anno de 1663 a El-Rey Nosso Senhor D. Affonso VI, Officina de Antonio Craesbeeck de Mello, Lisboa, 1663.

[32] Mercurio Portuguez, n.º IX, Setembro de 1663, f.º 3v.

[33] “Demas desto estâ Portugal puesto en tal sitio, y parte del mundo, que queda como cabeça de todo el; que parece, que preuiendo Dios en la creacion del mundo las grandes excelencias que este Reyno auia de tener, le quiso hazer cabeça del mundo, y dar al mundo tal cabeça (no hablo en Roma, que como cabeça de la Iglesia no entra en este discurso)." MACEDO, D. António de Sousa de – Flores de España, Excelencias de Portvgal…, Primeira Parte, Officina de Jorge Rodrigues, Lisboa, 1631 [edição fac-símile, prefácio de Pedro da Costa de Sousa de Macedo, «Imperatura Antiquorum Auctorum Opera Selecta», n.º I, Livraria Alcalá, Lisboa, 2004], f.º 5.

[34] Mercurio Portuguez, n.º XIII, Janeiro de 1664, f.º 10.

[35] Mercurio Portuguez, n.º XIV, Fevereiro de 1664, f.os 1v.º-2.

[36] Synopse dos Decretos Remettidos ao extincto Conselho de Guerra desde o estabelecimento d'este tribunal em 11 de dezembro de 1640, até á sua extincção decretada em o 1.º de agosto de 1834, por Cláudio de Chaby, vol. II, Imprensa Nacional, Lisboa, 1870, p. 125.

[37] VALLADARES, Rafael – La guerra olvidada: Ciudad Rodrigo y su comarca durante la Restauracion de Portugal, 1640-1668, Centro de Estudios Mirobrigenses, Salamanca, 1998; BORGES, Júlio António – Castelo Rodrigo: passado e presente, Câmara Municipal, Figueira de Castelo Rodrigo, 2001, pp. 93-102, com importante documentação, onde se incluem excertos do Mercurio Portuguez.

[38] Também conhecida como a batalha da Salgadela, dado o combate ter sucedido no campo das Salgadas, junto a Castelo Rodrigo.

[39] DELEITO Y PIÑUELA, Jose – La mala vida en la España de Filipe IV, Alianza Editorial, Madrid, 1987.

[40] Mercurio Portuguez, n.º XXII, Setembro de 1664, f.º 8v.º

[41] “Direi, então, que as tropas com as quais um príncipe defende o seu Estado, ou lhe pertencem, ou são mercenárias, ou auxiliares, ou mistas. As mercenárias e auxiliares são inúteis e perigosas; se alguém tem o seu Estado fundado sobre armas mercenárias, nunca estará firme nem seguro, porque não têm unidade, são ambiciosas, indisciplinadas e infiéis; galhardas entre os amigos, e vis entre os inimigos; não tendo temor a Deus, nem lealdade para com os homens; com tal milícia consegue-se diferir a derrota, enquanto se difira o combate; na paz, é-se roubado por ela, e na guerra pelos inimigos. A razão de tudo isto reside em que o único motivo que a mantém em campanha é um pouco de estipêndio que não é, desde logo, suficiente para fazer que os soldados queiram morrer pelo príncipe. Desejam eles pertencer ao príncipe, enquanto o príncipe não faz a guerra; mas, vinda ela, ou fugirão ou desertarão." MAQUIAVEL, Nicolau – «De quantas espécies seja a milícia e dos soldados mercenários», in O Príncipe, tradução de Carlos E. de Soveral, Guimarães Editores, Lisboa, 1996, pp. 60-61.

[42] Mercurio Portuguez, n.º XXVI, Janeiro de 1665, f.os 3-3v.

[43] CADORNEGA, António de Oliveira – Descrição de Vila Viçosa, introdução, proposta de leitura e notas por Heitor Gomes Teixeira, IN-CM, Lisboa, 1982.

[44] Mercurio Portuguez, n.º XXXII, Junho de 1665, f.os 1-1v.

[45] Mercurio Portuguez, n.º XXXIV, Julho de 1665, f.os 4v.-5.

[46] Mercurio Portuguez, n.º XXXIV, Julho de 1665, f.os 1v.-2.

[47] SÃO JOSÉ, D. Leonardo de – Applausos Lvsitanos da vitoria de Montes Claros. Que tiueram os Portuguezes contra os Castelhanos, em 17. de Iunho de 1665. Dia do Glorioso Martyr Sam Tvde: cvja sagrada imagem se venera em Sam Vicente de Fora. A qual trouxeram a este Reyno os Francezes quando vieram ajudar ao Christianissimo Rey D. Affonso Henriques a tomar Lisboa aos Sarracenos, Officina de Domingos Carneiro, Lisboa, 1665; CAVALEIRO, Manuel Tavares – Cançam ao Feliz Svccesso, & gloriosa Victoria, que em Montes Claros alcançaram dos inimigos as Armas Lvsitanas em 17; de Junho de 1665, Officina de Antonio Craesbeeck de Melo, Lisboa, 1665; MORAIS, João Aires de – Festivos Aplavsos na Felix Victoria das Armas Lvsitanas e Memorias Fvnebres no fatal destrago da profia Espanhola: Na Batalha de Montes Claros. Em 17. de Junho de 1665, Officina de Domingos Carneiro, Lisboa, 1665. Acerca de todos, vd. MARQUES, João Francisco – «A problemática da Parenética da Restauração: um sermão no Porto comemorativo da batalha de Montes Claros», separata da Revista História, n.º 2, [s. n.], Porto, 1979.

[48] A partir de 1669, será o livreiro das Ordens Militares de Avis, Santiago e de Cristo. Cf. DESLANDES, Venâncio – Documentos para a História da Tipografia Portuguesa nos séculos XVI e XVII, Imprensa Nacional, Lisboa, 1888, pp. 251-252.

[49] Excepcionalmente, este número do Mercurio Portuguez foi publicado na Officina de João da Costa, livreiro francês estabelecido em Portugal na segunda metade do século XVII. «João da Costa», in Diccionário Bibliográphico Portuguez, vol. III, pp. 354-355.

[50] Sobre a família de impressores Craesbeeck, nomeadamente António Craesbeeck de Melo, vide CANAVEIRA, Rui – Dicionário de Tipógrafos e Litógrafos Famosos, pp. 35-36.

[51] MATIAS, Elze Vonk – «A Academia dos Generosos: uma academia ou uma sequência de academias?», separata da Revista da Biblioteca Nacional, n.º 4, BNL, Lisboa, 1982.

[52] D. António Álvares da Cunha, igualmente guarda-mor da Torre do Tombo, foi um dos fundadores e primeiro secretário da Academia dos Generosos. «D. António Álvares da Cunha», in Diccionário Bibliográphico Portuguez, vol. I, pp. 84-86.

[53] SOBRAL, Luís de Moura – «Os Singulares: un círculo de eruditos», in Pintura e Poesia na Época Barroca. A homenagem da Academia dos Singulares a Bento Coelho da Silveira, pp. 27-35.

[54] XAVIER, Ângela Barreto & CARDIM, Pedro – D. Afonso VI, «Reis de Portugal», vol. XXII, Círculo de Leitores, Lisboa, 2006, p. 168.

[55] D. João de Saldanha [de nome completo, de Albuquerque de Matos Coutinho e Noronha], académico e alcaide-mor de Soure. «D. João de Saldanha», in Bibliotheca Lusitana, vol. II, p. 746.

[56] D. Fernando de Meneses, 2.º conde da Ericeira e presidente da Academia Academia Scalabitana. Cf. «D. Fernando de Meneses», in Bibliotheca Lusitana, vol. II, pp. 42-45.

[57] DIAS, Eurico Gomes – «O contributo do Mercurio Portuguez para o final das Guerras da Restauração e da construção da História de Portugal», in Revista Militar, n.os 6-7, [s. n.], Lisboa, Junho/Julho 2005.




Eurico José Gomes Dias​

Professor Auxiliar com Agregação no IUM – Instituto Universitário Militar e no ISCPSI – Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança Interna, sendo Investigador Integrado do ICPOL – Centro de Investigação deste Instituto. Académico Correspondente na Academia Portuguesa da História. Membro Correspondente do Conselho Científico da Comissão Portuguesa de História Militar.​


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Como citar este texto:

DIAS, Eurico José Gomes – Um Estratega Esquecido da Restauração – O Empreendedorismo Político-Militar de D. António de Sousa de Macedo (1663-1667)”. Revista Portuguesa de História Militar – Dossier: Restauração Portuguesa (1640-1668). [Em linha] Ano V, nº 8 (2025); https://doi.org/10.56092/XCUK8975 [Consultado em ...].​


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