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O DESFILE: AS HOMENAGENS DE PORTUGAL À FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA

 

 

9.1 Foto Carlos Daroz.jpg

Carlos Roberto Carvalho Daróz


​Resumo

O Brasil participou ativamente da Segunda Guerra Mundial, enviando uma força expedicionária para combater o nazi-fascismo na Itália. Findo o conflito, o governo português prestou expressiva homenagem a uma representação brasileira que foi recepcionada para um grande desfile em Lisboa, fortalecendo as relações bilaterais entre Brasil e Portugal. O presente estudo encontra-se alicerçado no conceito de história conectada, e tem como propósito analisar como o desfile e as homenagens foram percebidas pela imprensa escrita dos dois países.

Palavras-chave: Segunda Guerra Mundial; Força Expedicionária Brasileira; história conectada.​

Abstract

Brazil has actively participated in World War II, sending an expeditionary force to fight Nazi-fascism in Italy. After the conflict, the Portuguese government rendered expressive homage to a Brazilian representation that was received for a great parade in Lisbon, which strengthened the bilateral relations between Brazil and Portugal. The present study is based on the concept of connected history, and its purpose is to analyze how the parade and the tributes were perceived by the written press of both countries.

Keywords: World War II, Brazilian Expeditionary Force, connected history.

 


"Aquela nobre bandeira // de volta altiva da guerra

É da nação brasileira // Que é irmã da nossa terra"

In Fado Nossos irmãos, composto por Linhares Barbosa


Introdução

O Brasil foi uma das duas nações latino-americanas a participar efetivamente, com o envio de forças militares, da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Tendo ingressado na guerra somente em 1942, o país enviou uma força expedicionária (a Força Expedicionária Brasileira-FEB) com o valor de uma divisão de infantaria para combater o nazi-fascismo na Itália.

Embora a historiografia tradicional seja predominantemente focada no papel desempenhado pelas unidades de combate da FEB, proponho uma renovação nas fontes históricas, atribuindo novos olhares e perspectivas acerca da participação do Brasil na guerra, sob o paradigma epistemológico da história conectada.​

Dois países, uma história conectada – algumas questões teóricas

Tendo surgido da ousadia portuguesa em empreender a expansão marítima nos séculos XV e XVI, o Brasil constituiu-se, por mais de trezentos anos, como a principal colônia do Império Ultramarino português e, posteriormente, foi elevado à condição de Reino Unido até sua independência, processada em 1822. Nesse recorte temporal, a história de Portugal e do Brasil caminhou de forma conjunta, com expressivo conhecimento mútuo em ambos os países.  A partir de 1822, contudo, percebe-se certo apagamento da interação entre a história de Portugal no Brasil, e do Brasil em Portugal, lacuna que urge em ser superada pelos historiadores contemporâneos, dada a relação histórica os valores culturais comuns. Sob essa perspectiva, o estudo acerca do desfile da FEB em Lisboa, imediatamente após a vitória na Segunda Guerra Mundial, contribui para a redução desse limitado conhecimento histórico mútuo.

Para o estudo em questão, mobilizo o conceito de história conectada, uma abordagem histórica que tem como foco as conexões e interações entre diferentes sociedades e culturas ao longo do tempo. Visando superar as limitações da história nacional tradicional, que se concentra em uma única nação ou região geográfica, possui como característica destacar como as diferentes sociedades e culturas são interdependentes e influenciam umas às outras. 

O historiador indiano Sanjay Subrahmanyam, um dos principais expoentes filiados à teoria, associa o historiador a um "eletricista", que deve reconectar as diferentes histórias nacionais que permanecem isoladas, como quem conecta fios que precisam ser unidos para dar vazão à corrente elétrica, ou seja, à história[1].

A história conectada alicerça-se na ideia de que o processo histórico não pode ser entendido apenas a partir de uma série de eventos isolados, mas como um conjunto de relações e interconexões que se estendem para além das fronteiras nacionais e culturais. Isso significa que os historiadores que a utilizam podem estudar a circulação de ideias, produtos, pessoas e práticas culturais entre diferentes regiões do mundo. Sua abordagem tem sido instrumentalizada em uma variedade de áreas, incluindo a história das relações internacionais, história social e cultural, e história da ciência e tecnologia. Ela permite que os historiadores considerem a história sob uma perspectiva mais ampla e integrada, destacando as interações e influências mútuas entre diferentes sociedades e culturas. 

Outra abordagem é posta pelo historiador francês Romain Bertrand[2], segundo a qual a história conectada contribui para a pesquisa histórica por meio do estudo das diversas culturas, bem como a dinâmica de circulação de pessoas, ideias, técnicas e recursos.  Nesse sentido, a história conectada estuda as conexões reais e as interações entre comunidades que, inicialmente, se opunham geograficamente.

É nessa perspectiva que desenvolvo a presente pesquisa, que propõe, por intermédio do desfile da FEB em Lisboa, buscar reflexões acerca das conexões entre a história contemporânea lusa e brasileira. Para desenvolver a investigação, instrumentalizo fontes diversificadas, com destaque para os principais periódicos de época que publicizaram o evento tanto em Portugal, como no Brasil, e iconografia do acervo do Arquivo Histórico do Exército.​

A FEB na campanha da Itália

Tendo o conflito sido deflagrado em 1939, com a invasão nazista da Polônia, inicialmente o Brasil posicionou-se como um país neutro, embora fosse governado por Getúlio Vargas, que nutria simpatia pelo fascismo italiano. O país ingressou na Segunda Guerra Mundial em 1942, em resposta ao ataque contra 35 navios mercantes por submarinos alemães e italianos no Oceano Atlântico, que provocaram a morte de 1.074 brasileiros[3]. Após os afundamentos, a população foi às ruas em protesto, exigindo e declaração de guerra contra a Alemanha nazista e à Itália fascista. Atendendo ao clamor popular, o Governo brasileiro reconheceu, em 31 de agosto de 1942[4], o estado de guerra entre o Brasil e as potências do Eixo[5]. Alinhando-se aos Estados Unidos da América (EUA) e com seu apoio, o Brasil tornou-se então um dos dois países da América Latina a participarem efetivamente da guerra[6], e enviou uma força expedicionária para lutar na Itália[7] ao lado das forças aliadas.

A FEB foi formada em 1943 e enviada para o Teatro de Operações da Itália[8] no ano seguinte, subordinada ao V Exército dos EUA[9], onde combateu as tropas alemãs até a vitória final, em maio de 1945.  Sua atuação foi marcada por uma sequência de batalhas importantes, como a conquista do Monte Prano e do Monte Castello, que permitiram o avanço das tropas aliadas na região da Emília-Romanha, além da conquista de Montese, uma das mais difíceis e custosas da campanha. 

Uma das principais vitórias da FEB foi o aprisionamento, nos estágios finais da guerra, de quase 20 mil soldados inimigos na região de Fornovo di Taro, a maioria deles pertencentes à 148.ª Divisão de Infantaria alemã, a única divisão completa a ser capturada na Itália, além de tropas da República Social Italiana[10]. Além das operações de combate, a FEB também desempenhou importante papel na libertação de diversas cidades e vilarejos italianos, e destacou-se pelo bom relacionamento e interação com a população local afetada pela guerra.

Em oito meses de campanha, entre novembro de 1944 e maio de 1945, a força expedicionária sofreu diversas perdas, incluindo 465 mortos, 2.175 feridos e 147 prisioneiros de guerra[11]. A maior parte das baixas ocorreu durante as batalhas de Monte Castello e Montese, que foram as mais difíceis e sangrentas da campanha italiana. A participação da FEB na Segunda Guerra Mundial é lembrada até hoje como um dos momentos mais importantes da história militar brasileira.

Desmobilização e regresso

A partir do dia 8 de maio de 1945, data que assinalou a vitória das forças aliadas na Europa, a FEB passou a ser empregada como força de ocupação do território conquistado durante a campanha. Depois de ser substituída pela Divisão Cremona italiana[12], a tropa brasileira concentrou-se em Francolis​e, onde se preparou para o regresso ao Brasil.

Com a FEB ainda em território italiano, o Ministério da Guerra, por meio do Aviso n.º 2.175, de 6 de julho de 1945[13], determinou que as unidades da FEB fossem desmobilizadas e passassem à subordinação do Comando da 1.ª Região Militar a partir das suas chegadas ao Rio de Janeiro. Começava a desincorporação dos convocados e a destinação das unidades para suas guarnições de origem. Na prática, consistia na dissolução automática da FEB, de modo que não eram disfarçadas as preocupações do governo ditatorial de Getúlio Vargas, que via no regresso da força expedicionária, que lutou e venceu o fascismo, uma ameaça. De fato, a FEB foi completamente extinta e diluída quando de sua chegada ao Brasil[14].

Como ocorreu quando da chegada da FEB à Itália, o regresso para o Brasil foi planejado por escalões, definidos pela disponibilidade de navios de transporte de tropas norte-americanos[15]. Com efeito, o 1.º escalão embarcou 4.931 homens no navio USS Gen Meighs, sob o comando do general Zenóbio da Costa e tendo como base o 6.º Regimento de Infantaria (RI), que primeiro entrou em ação na Itália. No dia 12 de agosto de 1945 partiu do porto de Nápoles o 2.º escalão, composto por 6.187 homens, com base no 1º RI, embarcados no transporte USS Mariposa[16], sob as ordens do general Oswaldo Cordeiro de Farias.

Um 3.º escalão partiu 28 de agosto no navio da Marinha do Brasil Duque de Caxias, que transportou 6.187 homens, a maioria deles pertencente ao Depósito de Pessoal da FEB[17]. Este contingente foi designado para realizar uma escala em Portugal, antes do regresso ao Brasil, para confraternizar com a nação amiga com a execução de um desfile militar.

No dia 4 de setembro partiu o 4.º escalão, com base no 11º RI e composto por 5.342 homens, que também se deslocaram nos navios USS Gen Meighs, Pedro I e Pedro II. Finalmente, os últimos elementos da FEB, foram repatriados em 3 de outubro de 1945, no navio USS James Parker[18].​

“Certo ou errado ?" Portugal como destino 

Com a guerra ainda em curso e a FEB em plena operação na Itália, a primeira referência sobre o desfile em Lisboa na imprensa brasileira deu-se por meio da publicação de uma carta aberta a Antônio de Oliveira Salazar, à época presidente do Conselho de Ministros e dominando o poder político em Portugal desde a década de 1930, escrita pelo poeta e advogado português radicado no Brasil Thomaz Ribeiro Colaço. Após tecer diversas críticas ao governo português, inclusive quanto à posição de neutralidade adotada pelo país diante da guerra e seu viés ditatorial, Colaço sugeriu uma maior aproximação política e econômica entre Portugal e o Brasil, e lançou a ideia da realização, em Lisboa após o final da guerra, de um desfile dos expedicionários brasileiros. Disse ele em sua carta: “E quereria então que os admiráveis rapazes da F.E.B., defensores do puro direito também nosso, no regresso passassem por Portugal; acolhidos pelo povo português como ele sabe acolher seus heróis, desfraldassem eles a bandeira de Monte Castelo"[19].

Certamente não em consequência desta provocação pública, o presidente português general Óscar Carmona formalizou, por intermédio do Itamaraty[20], um convite para que a FEB, em seu regresso da Itália, fizesse uma escala em Lisboa para receber as homenagens de Portugal.

No dia 8 de novembro de 1945, quando o mundo assombrado testemunhava os efeitos do ataque nuclear contra a cidade japonesa de Hiroshima e a FEB iniciava o repatriamento de suas primeiras unidades de combate, o jornal Correio da Manhã, principal periódico veiculado na capital brasileira, publicou uma coluna de opinião anônima, que apontava diversos questionamentos acerca da pertinência de um desfile da FEB em Portugal. Ponderava o articulista se seria “certo ou errado" tropas brasileiras que haviam sido vitoriosas na luta contra o nazi-fascismo serem homenageadas por um governo considerado por muitos como ditatorial. Abordando esta contradição, levantava algumas questões de caráter político e social, claramente dirigidas ao Salazarismo: “[...] nos aspectos oficiais do caso, os pracinhas iriam, como heróis da luta anti-fascista, prestar honras a um governo fascista [...]. Pioneiros da liberdade, saudariam o chefe da censura à imprensa. [...] Vencedores da Alemanha, desfilariam ante quem a ajudou. [...] Esses os ângulos errados"[21].

Em sentido oposto, a coluna ressaltava também uma visão considerada por ele como correta, destacando a postura da enorme colônia portuguesa no Brasil que se posicionou contra a neutralidade na guerra. Sob essa visão sociológica, centrada no povo português, o articulista assim se manifestou: “Pode talvez aceitar-se que, com suficiente clareza dada à visita da F.E.B. como feita a esse povo em sua linda verdade de oito séculos; se se marcar a conexão da visita com a atitude unânime dos portugueses no Brasil, que desde a primeira hora se abraçaram com ele repudiando neutralidades duvidosas, assim se crie um equilíbrio entre o errado e o certo. Funcionaria como elemento de desempate o pensamento do futuro"[22].

As objeções do articulista eram controversas, pois, embora o governo Salazar nutrisse simpatia pelo fascismo, Portugal manteve uma posição de neutralidade, e, durante a guerra, forneceu apoio aos Aliados. A partir de 1943, os portugueses possibilitaram que as forças britânicas utilizassem os portos dos Açores para reabastecimento, e, posteriormente, permitiram que os EUA instalassem bases militares nos Açores e em Lisboa[23].

Com a confirmação do desfile e diante da partida dos primeiros contingentes da FEB da Itália com destino ao Brasil, a partir de julho de 1945, cresceu a expectativa dos portugueses em receber as tropas brasileiras. O desencontro de informações recorrente em tempos de guerra, devido à necessidade de sigilo das operações militares, levou parte da imprensa de Portugal a especular que as homenagens seriam realizadas juntamente com as comemorações da Batalha de Aljubarrota[24], marco fundador da nacionalidade portuguesa e celebrada em 14 de agosto.  Procedendo a um cruzamento de datas entre a expectativa pela cerimônia e a partida das forças brasileiras, é possível inferir que, ante a ausência de informações precisas, em Portugal era esperado que a tropa do 2º escalão de regresso, que partiu de Nápoles nos navios Pedro I e Pedro II, em 12 e 26 de julho, respectivamente, participassem do desfile. 

Com a data de chegada dos brasileiros a Lisboa ainda incerta, o periódico lisboeta Diário de Notícias corroborou em 13 de agosto, erroneamente, que “o contingente da FEB cuja chegada é aguardada nesta capital para amanhã [14 de agosto], totaliza 2.309 homens, que marcharão nas ruas de Lisboa"[25].

A incerteza do desfile não ocorreu exclusivamente em Portugal, mas também no Brasil. Nesse mesmo contexto de dúvida o Diário da Noite do Rio de Janeiro ponderou acerca da possibilidade de a FEB não participar das comemorações de Aljubarrota.

Os planos para a visita das tropas brasileiras a Portugal ainda não estão ultimados – declara a embaixada do Brasil nesta capital – acrescentando que nem mesmo se sabe quantos soldados virão e em que navio ou navios viajarão. Não se pode também afirmar categoricamente, muito embora haja esperança, que os soldados brasileiros chegarem a tempo de tomar parte na grande parada da terça-feira próxima[26].

A notícia de que o contingente da FEB não havia chegado a tempo para as cerimônias de 14 de agosto e a frustração popular resultante foi objeto de reportagem do Correio da Manhã: “Chegam notícias mal definidas. O povo aguardou a FEB com alvoroço, e ela não chegou"[27].

Uma data aproximada do desfile em Lisboa, ainda incerta, tornou-se pública em 17 de agosto de 1945, por meio do jornal A Manhã, do Rio de Janeiro, que publicou matéria nos seguintes termos: “O contingente dos expedicionários que viaja a bordo do “Duque de Caxias" de regresso de sua gloriosa jornada descerá em Lisboa entre 25 e 30 do corrente [agosto], onde desfilará, a fim de receber homenagens que lhe estão preparadas [...]"[28].

A edição de 26 de agosto do Correio da Manhã, periódico sempre atento às movimentações da FEB, especulou acerca de um possível desfile em Paris: “corria ontem nos meios militares, que nossos patrícios também vão desfilar em Paris, achando-se o governo da França, por intermédio de seus representantes aqui, empenhado nessas demonstrações de carinho ao Brasil"[29]. Tal desfile, no entanto, nunca se concretizou, visto que o Governo brasileiro terminou por priorizar Portugal, em razão dos laços históricos e culturais com o país. 

Com efeito, a tropa designada para receber as homenagens em Lisboa foi o Depósito de Pessoal da FEB, sob o comando do coronel Mário Travassos[30], integrante do 3.º escalão de regresso ao Brasil. O Depósito foi uma unidade sui generis, única no Exército Brasileiro, que refletia a influência dos EUA sobre a instituição militar brasileira. Com a missão de instruir a tropa e recompletar o pessoal decorrente das baixas de combate, o Depósito iniciou o conflito com 9 mil homens e chegou ao Dia da Vitória (8 de maio de 1945) com cerca de 6 mil. No dia 28 de agosto, 1.801 “pracinhas"[31] do Depósito de Pessoal da FEB deixaram o porto de Nápoles a bordo do navio transporte de tropas Duque de Caxias, com destino ao Rio de Janeiro, com escala programada em Lisboa. A informação foi confirmada pelo Correio da Manhã: “Deixou ontem o porto de Nápoles, segundo informa o gabinete do Ministro da Guerra, com destino ao Brasil o “Duque de Caxias", que traz 1.800 homens pertencentes ao efetivo da FEB, sob o comando do coronel Mário Travassos. Esse navio fará uma parada em Lisboa, a fim de que um batalhão daquele contingente, sob o comando do major Paredes, desfile pelas ruas da capital portuguesa, em atenção ao convite feito ao governo do Brasil por intermédio do Itamaraty"[32].

O desfile e as homenagens à FEB em Lisboa

Da mesma forma que as tratativas para o desfile em Lisboa receberam extensa cobertura da imprensa, os jornais brasileiros e portugueses também registraram a expectativa pela chegada do contingente brasileiro a Portugal. O Correio da Manhã publicou as impressões tomadas por seu correspondente em Lisboa na véspera da chegada do navio Duque de Caxias: “As primeiras bandeiras brasileiras apareceram hoje nas ruas. Os matutinos, em editoriais, incitam a população a manifestar-se com entusiasmo. A imprensa publica um manifesto da Mocidade Portuguesa [...] e da União Nacional [...] pedindo a todos que acolham com entusiasmo os soldados brasileiros"[33]. Prosseguia o periódico destacando o elevado grau de hospitalidade e homenagem que Portugal pretendia oferecer aos brasileiros: “Cada soldado da F.E.B. receberá um livro de talões para as despesas no recinto da Feira Popular, durante o festival em sua honra. Os principais bares, restaurantes e recintos de diversões receberam instruções para não cobrarem qualquer despesa dos elementos da F.E.B"[34]

Um desses editoriais citados pelo Correio da Manhã foi publicado no Diário de Lisboa, convocando a população lisboeta para homenagear os soldados do Brasil: “De toda a parte, acorrerão á orla do Tejo ondas de gente, braços erguidos, vozes vibrantes para aclamar como irmãos na língua dos que chegam o orgulho da raça dos que esperam. [...] que melhores e mais belos galardões podiam, então, ostentar os homens que hoje nos visitam e que, amanhã, ao lado dos soldados portugueses, vão desfilar em grande parada, perante a nação inteira?"[35]

Com efeito, a chegada do Duque de Caxias às águas portuguesas no dia 2 de setembro de 1945 deu-se em clima absolutamente festivo. O navio fundeou, inicialmente, em Cascais e ali o contingente brasileiro recebeu as primeiras homenagens e a visita de jornalistas portugueses, os quais, no entanto, não foram autorizados a subir a bordo. A experiência foi descrita no Diário de Lisboa, nos seguintes termos: “Entre eles [os soldados da FEB], todos de fardamento escuro e barretes de bivaque, destacavam-se alguns mutilados, que, no meio do entusiasmo, esqueciam as suas próprias amarguras. Em redor do barco, pairando, viam-se embarcações com muitas senhoras em trajes de natação. O seu entusiasmo foi até a simpática lembrança de conduzirem frutas portuguesas [...] que atiravam aos soldados, por entre a alegria destes"[36].

A mesma edição do periódico tronou público o programa de homenagens estabelecido pelo governo português, a ser posto em prática no dia seguinte, o qual é consolidado no quadro 1.

Quadro 1 – Programa de homenagens à FEB estabelecido pelo governo português

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Fonte: elaborado pelo autor com base no Diário de Lisboa n. 8.180, de 2 set. 1945.

 

Não tendo sido possível realizar as homenagens por ocasião da rememoração da Batalha de Aljubarrota, a festividade foi programada de forma a ser integrada à cerimônia de consagração  da bandeira do Condestável D. Nuno Alvares Pereira, um dos maiores heróis da história de Portugal e patrono da Infantaria do Exército Português[37]. Os locais escolhidos para as homenagens – Praça Marquês de Pombal, Avenida da Liberdade, Terreiro do Paço, entre outros –, todos da maior relevância histórica e simbólica, demonstram a importância atribuída pelo governo português às relações bilaterais entre os dois países.

Ao cair da noite do dia 2, o Duque de Caxias subiu o rio Tejo e atracou em Lisboa para, no dia seguinte, serem processadas as homenagens à tropa brasileira. A unidade escolhida para representar a FEB no desfile em Lisboa foi o III Batalhão do Depósito de Pessoal, composto por cerca de 1.600 homens e comandado pelo major Joaquim Inocêncio de Oliveira Paredes. Entrevistado pelo correspondente do Correio da Manhã sobre a representatividade de seu batalhão no desfile, o oficial respondeu com toda simplicidade: “A honra é do Brasil."[38]

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Figura 1 – Presidente Óscar Carmona condecorando a bandeira de guerra da FEB. Arquivo Histórico do Exército (Brasil).

 

Acompanhando a programação estabelecida pelo governo português, na manhã de 3 de setembro de 1945 a primeira homenagem foi a condecoração da bandeira de guerra da FEB[39] (Figura 1). Na ocasião, o presidente da República Portuguesa general Óscar Carmona condecorou a bandeira com a Medalha de Valor Militar, uma das mais importantes comendas de Portugal, fato que foi noticiado em primeira página pelo Diário de Lisboa: “As tropas brasileiras, que receberam a Medalha de Valor Militar, causaram esplêndida impressão e foram muito aclamadas"[40].

Abrindo o desfile, que contou com um total de 14 mil homens, o contingente brasileiro destacou-se por sua marcialidade e, principalmente, pela legitimidade adquirida ao haver contribuído para a derrota do nazi-fascismo no maior conflito jamais ocorrido. Ao desfilar em terras europeias, a FEB consagrou sua participação na luta pela liberdade e pela democracia (Figuras 2 e 3). O fato foi percebido tanto pela imprensa brasileira como pela portuguesa, que realizou a devida cobertura jornalística.

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Figura 2 – Tropa do Depósito de Pessoal da FEB desfilando na Avenida da Liberdade. Arquivo Histórico do Exército (Brasil).

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Figura 3 – Tropa do Depósito de Pessoal da FEB desfilando. Arquivo Histórico do Exército (Brasil).

 

Com o título “Sob delirante aclamação popular", o Correio da Manhã destacou a importância do desfile da FEB para as relações bilaterais entre Brasil e Portugal: “O desfile foi aberto pelas bandeiras de Portugal e do Brasil. [...] O momento atingiu culminâncias de emoções para a massa popular quando as bandeiras de Portugal e do Brasil se desfraldaram juntas ao sopro da brisa"[41]

Outro periódico brasileiro, o jornal A Manhã do Rio de Janeiro, por meio de seu correspondente em Lisboa, também celebrou o desfile realizado na cidade: “A cerimônia realizou-se hoje nesta capital [Lisboa], quando mil e seiscentos expedicionários brasileiros desfilaram pela Avenida da Liberdade, juntamente com a tropa da Infantaria portuguesa, diante das mais altas autoridades e dos mais elevados representantes diplomáticos"[42].

Diário de Lisboa, periódico publicado na capital portuguesa, também repercutiu o desfile da FEB na cidade e o impacto que ele produziu junto à população local: “[...] a banda magnífica do batalhão brasileiro composta por 120 figuras com seus enormes instrumentos metálicos [...] abriu o desfile. Mal despontou a banda no alto da avenida, começaram as ovações. Os passeios das avenidas achavam-se literalmente cobertos de povo. Impressionou o passo marcial e os ecos da marcha militar iam de roldão avenida abaixo"[43]. O periódico prosseguiu em sua narrativa ratificando a boa impressão deixada pela tropa brasileira: “A impressão causada pelo desfile das tropas brasileiras excedeu quanto se podia supor. O povo, já de si disposto a receber com simpatia os briosos soldados do Brasil – regressados da dura campanha da Itália ao lado das tropas aliadas – rendeu-se com o coração e com os sentidos à empolgante marcialidade da infantaria brasileira [...]. Estabeleceu-se logo uma comunhão de sentimentos, e daí o entusiasmo, em algumas zonas, atingindo o delírio, com que os brasileiros foram ovacionados"[44].

Encerrado o desfile na Avenida da Liberdade, foi oferecido pelo governo português, um almoço em homenagem aos brasileiros no Palácio de Belém (Figura 4). 

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Figura 4 – Almoço oferecido pelo governo português em homenagem à FEB. Arquivo Histórico do Exército (Brasil).

 

Na ocasião, o presidente Óscar Carmona condecorou 25 oficiais brasileiros, da FEB e da Marinha do Brasil (MB), com diferentes comendas portuguesas. O pesquisador português Rui Santos Vargas[45] mapeou as 25 condecorações distribuídas na ocasião, conforme resume o quadro 2.

Quadro 2 – Militares brasileiros condecorado​s em Portugal

Captura de ecrã 2023-06-27, às 16.15.21.png 

                   Elaborado pelo autor com base em VARGAS, 2015.

 

Na oportunidade da cerimônia de condecorações, o presidente da República de Portugal dirigiu uma alocução ao encarregado dos negócios do Brasil e aos oficiais brasileiros homenageados, a qual foi reproduzida no Diário de Lisboa: “Hoje mesmo deveis ter sentido a verdade destas minhas palavras no carinhoso e espontâneo entusiasmo com que a Nação Portuguesa e o seu governo vos acolheram e coroaram da apoteose de seus aplausos a vitoriosa bandeira do Brasil"[46].

O coronel Mário Travassos, comandante do Depósito de Pessoal da FEB e da representação brasileira em Portugal, agradeceu as palavras do presidente português. Na oportunidade, ele destacou a natureza da sociedade brasileira e o percurso histórico que levou à legitimidade internacional do Brasil, nos seguintes termos, que também foram reproduzidos no mesmo periódico: “Não somos um povo conquistador. Todas as vezes que nossas armas atravessaram as fronteiras que nos legou o Tratado de Santo Ildefonso, fizeram-no pela paz e pela liberdade de povos oprimidos. [...] transpusemos os mares para combater a Itália e quis o fatalismo histórico que, ao invés de combatê-la, pelejassem nossas armas em prol da libertação do seu povo e, consequentemente, da preservação da civilização e cultura milenares. [...]. Fortalecidas, hoje e amanhã, quer nas relações econômicas, quer no intercâmbio cultural, quer na unidade de espírito, as nossas Pátrias são e serão o que sempre foram: uma pujante de glórias – Portugal; e a outra herdeira e continuadora dessas glórias – o Brasil"[47].

As homenagens à FEB em Portugal foram intensas e bastante significativas, porém muito breves, com a duração de apenas 24 horas. No dia 4 de setembro de 1945, menos de 24 horas depois do desfile, o Duque de Caxias zarpou de Lisboa com destino ao Rio de Janeiro, repatriando parte do 3.º escalão de regresso da FEB.

Antes da partida, contudo, as tropas brasileiras foram visitadas pelo general Pereira Coutinho, governador militar de Lisboa, que apresentou as despedidas oficiais do governo português. Na oportunidade, o coronel Travassos manifestou ao general a gratidão dos integrantes da FEB: “Levaremos o seu país [Portugal] no coração. Portugal conquistou-nos"[48]. O navio deixou Portugal sob a intensa aclamação da sociedade lisboeta corroborando o efeito positivo do desfile junto ao povo português, que se reuniu em expressiva multidão no cais no momento da partida, conforme demonstra a figura 5.

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Figura 5 – O navio Duque de Caxias deixa o porto de Lisboa sob a expressiva aclamação popular. Arquivo Histórico do Exército (Brasil).

 

A repercussão política do desfile da FEB em Lisboa reverberou na imprensa brasileira, que tornou pública uma troca de telegramas entre os ministros da Guerra de Portugal e do Brasil, exaltando o fato. A iniciativa partiu do governo português, que enviou pelos canais diplomáticos a seguinte mensagem: “No momento em que a população de Lisboa engloba ao nosso vibrante aplauso forças militares brasileiras e portuguesas em inolvidável desfile pela capital lusitana, transmito a V. Exa. o grande orgulho do Exército Português pelas imperecíveis glórias do heroico Exército do Brasil"[49]

Em resposta, ao mesmo tempo em que chegavam ao Rio de Janeiro as tropas que deixaram a Itália no 1º escalão de regresso da FEB, o general Góes Monteiro, na ocasião ministro da Guerra, endereçou ao seu congênere português a seguinte comunicação, que reafirmava os laços históricos, sociais, políticos e culturais entre os dois países: “Ocasião da chegada a esta capital de retorno à Pátria das tropas brasileiras que sob o comado do coronel Mário Travassos realizou um desfile na capital lusitana atendendo ao convite do governo de Portugal, quero testemunhar a V. Exa. os meus agradecimentos às nobres expressões de seu telegrama transmitindo o reconhecimento do Exército do Brasil às excepcionais homenagens que lhes foram tributadas pelo governo, exército e povo [portugueses]"[50].

Os ecos do desfile

O desfile da FEB em Lisboa teve grande impacto, tanto em Portugal como no Brasil. Em Portugal, o desfile foi considerado um grande evento, com multidões de pessoas saindo às ruas para verem os soldados brasileiros marcharem. Em termos políticos, o regime Salazarista buscou associar a imagem de seu governo com a vitória dos brasileiros no conflito. Embora Portugal não houvesse participado diretamente da Segunda Guerra Mundial, o desfile da FEB possibilitou uma aderência portuguesa, sob o ponto de vista simbólico, à vitória dos Aliados. Além disso, representou uma demonstração de força do regime, na medida em que reuniu cerca de 14 mil soldados portugueses, além de todas as forças mecanizadas e artilharia do Exército Português, constituindo-se no maior desfile já realizado em toda a história militar portuguesa.

No plano cultural, para a sociedade portuguesa, o desfile foi um marco de solidariedade e união entre dois países, fato que refletiu, sobretudo, na música popular, com a produção de alguns fados cujo tema central era a FEB. Uma das peças musicais em questão foi intitulada Já Marchava[51], e interpretada em 1946 pela fadista Amália Rodrigues, uma das mais destacadas musicistas portuguesas, em homenagem aos soldados brasileiros que lutaram na Segunda Guerra Mundial. A letra da música consistia em um convite à união entre portugueses e brasileiros para lutarem juntos contra a opressão, começando com a estrofe:

Já marchava, marchava // Com Portugal na mão

​Brasil vem cá ter comigo // Que este fado é de união.

Com o fado, Amália Rodrigues se unia à causa dos brasileiros na luta contra o nazi-fascismo, e homenageava a coragem e o sacrifício dos soldados que lutaram pela liberdade e pela paz, em um claro desafio ao regime de Salazar. A música consistia em exemplo de como a arte podia ser utilizada como instrumento de união entre diferentes povos, em tempos de conflito e de natural dissociação.

Para registrar a célebre passagem da FEB por Lisboa, o compositor João Linhares Barbosa escreveu outro fado, Nossos irmãos, o qual foi interpretado por Natália dos Anjos em seu disco de 1972, que fazia referência ao desfile de 1945 e à ancestralidade e portugalidade envolvendo os dois países e os pracinhas brasileiros. A letra fazia referência a um diálogo entre um filho e uma mãe, ambos portugueses, que teriam assistido ao desfile, fortalecendo valores fraternais e patrióticos:

O Regimento passou // de soldados brasileiros

E um menino perguntou: // minha mãe são estrangeiros?

A mãe sorriu de maneira //que ao filho pareceu de troça

Minha mãe é que a bandeira // que ali vai não é nossa

Nas cores não se assemelha, // tem um céu muitas estrelas

A nossa é verde e vermelha, // mas são lindas qualquer delas

Aquela nobre bandeira // de volta altiva da guerra

É da nação Brasileira // que é irmã da nossa terra

São nossos irmãos bem-vindos, // são nossas as suas garras

E até falam português // tal qual eu falo e tu falas

Marcham ali perfilados // com se fôssemos nós

Os avós destes soldados // foram os nossos avós

Regressam de batalhar, // pelo direito pela verdade

E acabam de conquistar // nossa própria liberdade[52].

 

Em sua última estrofe, o fado possui um final que poderia ser facilmente classificado como desafiador ou subversivo ao regime, associando a liberdade democrática conquistada na guerra pelos brasileiros com o anseio de esperança em Portugal, trecho que, surpreendentemente, não foi detectado e reprimido pela censura: “Regressam de batalhar/ pelo direito pela verdade/ E acabam de conquistar/ nossa própria liberdade"[53].

Sob a perspectiva brasileira, o desfile permitiu consolidar junto a uma importante nação amiga, a relevância geopolítica do Brasil no cenário internacional do pós-guerra, o que justificou o governo português a convidar a FEB para desfilar em Lisboa.

No dia 19 de setembro de 1945, pouco mais de quatro meses após a vitória dos Aliados na Europa, chegaram ao Rio de Janeiro os navios USS General Meighs, da Marinha dos EUA, e Duque de Caxias, da Marinha do Brasil, este conduzindo os homens do Depósito de Pessoal da FEB e que haviam desfilado em Lisboa[54]. Na ocasião, os pracinhas foram recepcionados com muita festa e honrarias pela população e pelas autoridades da capital brasileira.

Reflexões Finais

Entre as 44 Divisões aliadas na Itália, a 1.ª Divisão de Infantaria Expedicionária da FEB foi uma das que mais tempo permaneceu em combate de forma contínua, 239 dias, período no qual libertou mais de 50 cidades e vilarejos italianos da ocupação nazista. No processo, 465 pracinhas morreram na Itália, e, após o final do conflito, a FEB permaneceu na Itália por três meses, como força de ocupação.

Após a vitória na guerra, Portugal prestou homenagens à FEB como uma forma de reconhecimento pela participação brasileira na guerra. Essas homenagens tiveram um grande impacto no Brasil, tanto em termos políticos quanto sociais. Elas ajudaram a consolidar a aliança entre Brasil e Portugal, que já havia sido fortalecida durante a guerra. Além disso, as homenagens foram utilizadas pelo governo brasileiro como uma forma de legitimar a participação do país na guerra e como um símbolo da participação brasileira em assuntos internacionais.

As homenagens também tiveram um grande impacto no imaginário popular brasileiro. A participação da FEB na guerra foi retratada em livros, filmes e outros meios de comunicação, tornando-se um símbolo da luta do Brasil pela liberdade e pela democracia. Essa imagem da FEB ajudou a moldar a identidade nacional brasileira e fortalecer a ideia de que o país era capaz de se posicionar como uma potência regional e internacional.

O desfile da FEB em Lisboa foi um momento histórico para o Brasil, simbolizando a força e a coragem de seus soldados e o orgulho da nação em sua aliança com as forças aliadas na Segunda Guerra Mundial.

Assim, ao desenvolver as reflexões finais, retomo ao questionamento do colunista anônimo do Correio da Manhã, edição de 8 de agosto de 1945, provavelmente um português residente no Brasil: “estaria o desfile da FEB em Lisboa certo ou errado?"[55]. Em que pesem as questões ideológicas dissonantes entre os regimes políticos dos dois países, avalio como acertada a postura adotada pelo Governo brasileiro em realizar o desfile, visto que lançou um olhar para adiante, valorizando os laços históricos entre Portugal e Brasil e projetando uma visão de futuro. 

Finalmente, as homenagens prestadas por Portugal à FEB após a vitória na Segunda Guerra Mundial tiveram um grande impacto na política, na sociedade e nas culturas brasileira e portuguesa, consolidando e fortalecendo a aliança histórica bilateral entre os dois países, e ratificaram o valor do soldado brasileiro no contexto da Segunda Guerra Mundial, o maior e mais sangrento da história da humanidade.

 


Fontes Primárias

14.000 HOMENS desfilaram hoje. Diário de Lisboa, Lisboa, n. 8.181, 3 set. 1945.

AO QUE se diz elementos da FEB desfilarão em Paris. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, n. 15.558, 26 ago. 1945.

AS TROPAS brasileiras, que receberam a Medalha de Valor Militar, causaram esplendida impressão e foram muito aclamadas. Diário de Lisboa, Lisboa, n. 8.180, 3 set. 1945.

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LISBOA vai aclamar na parada militar os soldados brasileiros que chegam hoje no “Duque de Caxias". Diário de Lisboa, Lisboa, n. 8.180, 2 set 1945.

MUSEU DO FADO. João Linhares Barbosa, Lisboa. Disponível em <https://www.museudofado.pt/fado/personalidade/joao-linhares-barbosa>. Acesso em 24 abr. 2023.

NO BANQUETE de Belém. Diário de Lisboa, Lisboa, n. 8.180, 3 set. 1945.

NOTÍCIAS da FEB. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, n. 15.591, 30 ago. 1945.

NOTÍCIAS da FEB. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, n. 15.614, 26 set. 1945.

O “DUQUE de Caxias" fundeado na baía de Cascais. Diário de Lisboa, Lisboa, n. 8.180, 2 set. 1945.

O “DUQUE de Caxias" parte para o Rio. Diário de Lisboa, Lisboa, n. 8.182, 4 set. 1945.

O DESFILE da F.E.B. em Lisboa. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, n. 15.593, 2 set. 1945.

O DESFILE da FEB em Lisboa. A Noite, Rio de Janeiro, n. 1.234, 17 ago. 1945.

O DESFILE da FEB em Lisboa. Diário da Noite, Rio de Janeiro, n. 3.862, 14 ago. 1945.

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SAUDAÇÕES do presidente Carmona aos brasileiros durante o desfile da FEB. A Manhã, Rio de Janeiro, n. 1.249, 4 set. 1945.

SOB DELIRANTE aclamação popular. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, n. 15.595, 4 set. 1945.


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NOTAS

[1] SUBRAHMANYAM, Sanjay. Explorations in Connected History: from the Tagus to the Ganges.  Oxford: Oxford University Press, 2005, p. 1.

[2] BERTRAND, Romain. Rencontres impériales: l'histoire connectée et les relations euro-asiatiques. Revue d'histoire moderne et contemporaine, Paris, n. 54-4 bis, p. 69-89, supplément 2007.

[3] GALANTE, Alexandre. Perdas navais brasileiras na Segunda Guerra Mundial. Poder Naval, 20 mai. 2018. Disponível em <https://www.naval.com.br/blog/2018/05/20/perdas-navais-brasileiras-na-segunda-guerra-mundial/>. Acesso em 12 abr. 2023.

[4] BRASIL. Decreto nº 10.358, de 31 de agosto de 1942 - Declara o estado de guerra em todo o território nacional. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1930-1949/D10358impressao.htm>. Acesso em 10 abr. 2023.

[5] Durante a Segunda Guerra Mundial, o Eixo foi uma aliança militar formada por Alemanha, Itália e Japão, estabelecida a partir de setembro de 1940, quando a Alemanha nazista, liderada por Adolf Hitler, firmou um pacto de não agressão com a União Soviética e começou a expandir seu território na Europa, conquistando países como Polônia, Dinamarca, Noruega, França, Holanda e Bélgica. A Itália fascista, liderada por Benito Mussolini, juntou-se à Alemanha, após a conquista da França. O Japão, por sua vez, iniciou sua expansão territorial na Ásia e no Pacífico em 1931, com a invasão da Manchúria, e juntou-se ao Eixo em setembro de 1940, em resposta às sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos, Reino Unido e França.  Ver HEDINGER, Daniel. The imperial nexus: the Second World War and the Axis in global perspective. Journal of Global History, Cambridge, n. 12, p. 184–205, 8 jun. 2017.

[6] Além do Brasil, o único país da América Latina a enviar forças militares para combater na Segunda Guerra Mundial foi o México, com o 201º Esquadrão de Caça - autodenominado Águilas Aztecas, que operou nas Filipinas subordinado ao 58º Grupo de Caça das Forças Aéreas do Exército dos EUA. Cf. VAZQUEZ-LOZANO, Gustavo. 201st Squadron: the Aztec Eagles. Ciudad de Mexico: Libros de Mexico, 2019.

[7] A FEB deslocou-se para o Teatro de Operações de Itália em cinco escalões por via marítima (o primeiro a 2/7/1944 e o último a 8/2/1945). Por via aérea foram transportados somente 44 militares e 67 enfermeiras.

[8] Constituída por uma Divisão de Infantaria Expedicionária (DIE), composta por 15.000 militares, e de órgãos não divisionários, com cerca de 10.000 soldados.

[9] Por ocasião da Campanha da Itália, a FEB atuou subordinada, sucessivamente, ao IV Corpo de Exército, que, por sua vez, pertencia ao V Exército dos EUA.

[10] SCHEINA, Robert. Latin America's Wars: the age of the professional soldier, 1900-2001, v. 2. Dulles: Potomac Books, 2003.

[11] Foram mortos 454 integrantes do Exército Brasileiro e 5 da Força Aérea Brasileira. Cf. DONATO, Hernâni. Dicionário das Batalhas Brasileiras. São Paulo: IBRASA, 1996.

[12] COSTA, Octavio. Trinta anos depois da volta: o Brasil na II Guerra Mundial. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 1976.

[13] GIORGIS, Luiz Ernani Caminha. O dia a dia da FEB na 2ª Guerra Mundial. Porto Alegre: Edição do autor, 2020.

[14] FERRAZ, Francisco. A guerra que não acabou: a reintegração social dos veteranos da força expedicionária brasileira (1945-2000). Londrina: Eduel, 2012.

[15] A FEB regressou ao Brasil em cinco escalões, o último dos quais pisou em solo brasileiro no dia 3 de outubro de 1945.

[16] COSTA, op.cit.

[17] Ibid.

[18] Ibid.

[19] COLAÇO, Thomaz Ribeiro. Carta aberta a Oliveira Salazar. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, n. 15.458, 25 mar. 1945, p. 42.

[20] Ministério das Relações Exteriores do Brasil.

[21] DESFILE. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, n. 15.572, 8 ago. 1945, p. 1.

[22] Ibid.

[23] Durante a Segunda Guerra Mundial, os EUA estabeleceram duas bases militares em Portugal: a Base Aérea das Lajes, localizada na Ilha Terceira, nos Açores, e a Base Naval de Lisboa, localizada na cidade de Lisboa. A Base Aérea das Lajes foi estabelecida em 1943 e tornou-se uma das bases aéreas mais importantes dos EUA na Europa. A partir desta base, as forças americanas realizavam operações aéreas em todo o Atlântico Norte e Central. A Base Naval de Lisboa foi estabelecida em 1944 e serviu como ponto de partida para as operações navais americanas no Mediterrâneo. Cf. WEISS, Kenneth. The Azores in diplomacy and strategy, 1940-1945. Alexandria: Center for Naval Analyses, 1980.

[24] A Batalha de Aljubarrota ocorreu em 14 de agosto de 1385, perto da vila de Aljubarrota, no centro de Portugal, e opôs as forças portuguesas lideradas pelo Rei D. João I às forças castelhanas lideradas pelo Rei Juan I. A vitória das forças portuguesas asseguraram a independência de Portugal e ajudaram a fortalecer a identidade nacional do país.

[25] Diário de Notícias, apud DESFILE da FEB em Lisboa. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, n. 15.577, 14 ago. 1945, p. 4.

[26] O DESFILE da FEB em Lisboa. Diário da Noite, Rio de Janeiro, n. 3.862, 14 ago. 1945, p. 8.

[27] FEB. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, n. 15.578, 15 ago. 1945, p. 1.

[28] O DESFILE da FEB em Lisboa. A Noite, Rio de Janeiro, n. 1.234, 17 ago. 1945, p. 1.

[29] AO QUE se diz elementos da FEB desfilarão em Paris. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, n. 15.558, 26 ago. 1945, p. 2.

[30] O marechal Mário Travassos (1891-1973) integrou a Força Expedicionária Brasileira na Segunda Guerra Mundial, construiu e foi o primeiro comandante da Academia Militar das Agulhas Negras. Também participou da comissão que demarcou Brasília e foi autor de Projeção Continental do Brasil, um dos primeiros estudos sobre geopolítica feitos no país. Cf. SABOYA, André Nassim. O pensamento de Mario Travassos e a política externa brasileira. Revista de Geopolítica, Natal, v. 9, n. 2, p. 29-50, jul./dez. de 2018.

[31] Os integrantes da FEB eram chamados carinhosamente de “pracinhas" pela sociedade brasileira.

[32] NOTÍCIAS da FEB. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, n. 15.591, 30 ago. 1945, p. 2.

[33] O DESFILE da F.E.B. em Lisboa. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, n. 15.593, 2 set. 1945, p.3.

[34] Ibid.

[35] LISBOA vai aclamar na parada militar os soldados brasileiros que chegam hoje no “Duque de Caxias". Diário de Lisboa, Lisboa, n. 8.180, 2 set 1945, p. 1.

[36] O “DUQUE de Caxias" fundeado na baía de Cascais. Diário de Lisboa, Lisboa, n. 8.180, 2 set. 1945, p. 5.

[37] O Condestável D. Nuno Álvares Pereira (1360-1431) desempenhou papel crucial na luta pela independência de Portugal contra a Espanha nos séculos XIV e XV, e é considerado um dos maiores heróis do país. Pereira é considerado um símbolo de patriotismo, fé e humildade em Portugal e é honrado como santo pela Igreja Católica. Cf. PINTO, Jaime Nogueira. Nuno Alvares Pereira. Lisboa: Esfera dos Livros, 2009.

[38] SOB DELIRANTE aclamação popular. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, n. 15.595, 4 set. 1945, p. 1.

[39] REPÚBLICA PORTUGUESA. Ministério da Guerra. Decreto-lei nº 34.881, de 3 de setembro de 1945. Lisboa: Diário do Governo, 1945.

[40] 14.000 HOMENS desfilaram hoje. Diário de Lisboa, Lisboa, n. 8.181, 3 set. 1945, p. 1.

[41] SOB delirante, op.cit.

[42] SAUDAÇÕES do presidente Carmona aos brasileiros durante o desfile da FEB. A Manhã, Rio de Janeiro, n. 1.249, 4 set. 1945, p.1.

[43] Ibid.

[44] AS TROPAS brasileiras, que receberam a Medalha de Valor Militar, causaram esplendida impressão e foram muito aclamadas. Diário de Lisboa, Lisboa, n. 8.180, 3 set. 1945, p. 1.

[45] Cf. VARGAS, Rui Santos, As condecorações portuguesas da FEB. In CASALI, Cláudio Tavares (Coord.). Força Expedicionária Brasileira em Lisboa. Lisboa: Aditância do Exército e da Aeronáutica da Embaixada do Brasil em Lisboa, 2015.

[46] NO BANQUETE de Belém. Diário de Lisboa, Lisboa, n. 8.180, 3 set. 1945, p. 8.

[47] Ibid.

[48] O “DUQUE de Caxias" parte para o Rio. Diário de Lisboa, Lisboa, n. 8.182, 4 set. 1945, p. 4.

[49] NOTÍCIAS da FEB. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, n. 15.614, 26 set. 1945, p. 2.

[50] Ibid.

[51] SANTOS, M. T.  O fado Já Marchava de Amália Rodrigues: um estudo sobre a relação entre a música e a memória. 2004. Tese (Doutorado em História) – Universidade de Lisboa, Lisboa, 2004.

[52] MUSEU DO FADO. João Linhares Barbosa, Lisboa. Disponível em <https://www.museudofado.pt/fado/personalidade/joao-linhares-barbosa>. Acesso em 24 abr. 2023.

[53] Ibid.

[54] GIORGIS, op.cit., p. 190.

[55] DESFILE., op.cit.


Carlos Roberto Carvalho Daróz

Coronel de Artilharia da reserva do Exército Brasileiro. Doutorando em História pela Université Libre de Bruxelles e especialista em História Militar pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Associado titular emérito do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil.​​


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Como citar este texto:

DARÓZ, Carlos Roberto Carvalho – O Desfile: As Homenagens de Portugal à Força Expedicionária Brasileira. Revista Portuguesa de História Militar - Dossier: Portugal no Contexto da Segunda Guerra Mundial, 1939-1945. [Em linha] Ano III, nº 4 (2023).​ ​​[Consultado em ...], https://doi.or​g/10.56092/BFKO6365​​

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