MUSEU HISTÓRICO DO EXÉRCITO: NOVOS DESAFIOS, MESMOS VALORES

Leandro Morais
Resumo
O Museu Histórico do Exército é uma Organização Militar museológica singular na Força Terrestre Brasileira. Possui a Missão de salvaguardar, preservar e disseminar a memória histórica, a cultura e as tradições militares terrestres. Neste propósito faz a gestão de cerca de 15000 peças de acervo, de um valioso patrimônio material, e imaterial, que comunica a gênese, as características e os traços culturais da Grande Nação a que serve. Vários foram os desafios enfrentados no passado para reunir, preservar e expor este patrimônio, assim como tantos outros que se descortinam para mantê-lo como o espaço cultural militar de maior visitação do Brasil e um dos principais destinos do turismo cultural militar.
Palavras-Chave: Museu militar; História; História Militar; Acervo Militar; Museologia Militar; Cultura Militar; Tradições Militares.
Abstract
The Army Historical Museum is a unique museological Military Organization in the Brazilian Land Force. Its mission is to safeguard, preserve and disseminate the historical memory, culture and terrestrial military traditions. To this end, it manages around 15,000 pieces of collection, a valuable material and immaterial heritage, which communicates the genesis, characteristics and cultural traits of the Great Nation it serves. There have been many challenges faced in the past to gather, preserve and exhibit this heritage, as well as many others which are unfolding to keep it as the most visited military cultural space in Brazil and one of the main destinations for military cultural tourism.
Keywords: Military Museum; History; Military History; Military Collection; Military Museology; Military Culture; Military Traditions.
Introdução
No cenário internacional a globalização econômica e a divisão Internacional do trabalho têm impactos regionais, nacionais e locais nos países. O globalismo é uma dessas consequências prejudiciais à soberania destes, e nefasto à preservação da cultura regional, nacional e local. Tal dano, verifica-se pela interferência geopolítica (de atores internacionais, estatais ou corporativos), a qual não respeita fronteiras, de qualquer natureza, os costumes, as tradições, a cultura genuína e a normalidade da vida das pessoas. Em certa medida, caracterizando-se por um dirigismo (político e cultural), um modismo imposto, uma etiqueta social diversa, um perverter do conceito de “moral e de beleza" positivado pela civilização hegemônica ou preponderante em detrimento da cultura originária considerada.
Em oposição ao globalismo, um remédio eficaz a este mal é ressaltar os valores, preservar os costumes, rememorar as tradições, enfim aprofundar as raízes culturais de uma região, país ou comunidade. E, exatamente aí, reside a missão precípua e o papel social dos museus.
Na oportunidade da 26.ª Conferência Internacional de Museus do Conselho Internacional de Museus (ICOM), transcorrida de 20 a 26 de agosto de 2022 (Fig. 1), em Praga, capital da República Checa, a qual contou com mais de 2000 participantes, oriundos de 142 países e territórios, um novo conceito para museu foi consensuado: “Um museu é uma instituição permanente, sem fins lucrativos, ao serviço da sociedade, que pesquisa, coleciona, conserva, interpreta e expõe o patrimônio material e imaterial. Os museus, abertos ao público, acessíveis e inclusivos, fomentam a diversidade e a sustentabilidade. Os museus funcionam e comunicam ética, profissionalmente e, com a participação das comunidades, proporcionam experiências diversas para educação, fruição, reflexão e partilha de conhecimento (grifo nosso)".

Figura 1 – Tema da 26ª Conferência ICOM. Fonte: Autor.
Infere-se, do conceito acima, que no patrimônio material e imaterial, expostos nos museus registram-se a memória histórica, os valores, as tradições, os costumes de um povo, de uma comunidade e, sobretudo, comunica-se a maneira genuína de “Ser" daquelas pessoas. Através destes acervos, estas podem compreender a sua gênese, seu passado, ter consciência da sua conjuntura e prospectar o seu futuro. Os museus são, portanto, espaços culturais acessíveis a todos, nos quais se partilham e dialogam-se conhecimentos, que permeiam diversos aspectos de uma sociedade, numa integração e solidariedade de legados intergeracionais.
O Museu Histórico do Exército (MHEx) é um desses espaços culturais destinado a salvaguardar preservar e disseminar a memória histórica a cultura militar terrestre, suas tradições e costumes. Nesse propósito, comunica-se não somente a participação do Exército Brasileiro na História Nacional, mas, sobretudo, ressalta-se o seu protagonismo.
O MHEx é talvez o mais antigo museu existente no Brasil. Sua história é resultado de uma sequência de extinções e reorganizações, quase sempre com prejuízo para o patrimônio histórico do Exército e da nação Brasileira, nele abrigado.

Figuras 2 e 3 – Fachada da Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição e fachada da Casa do Trem ou antigo Arsenal Militar da Côrte.
Embora a primeira tentativa de se destinar um local para guardar objetos relativos à História Militar no Brasil, tenha ocorrido por iniciativa do Conde da Cunha, na Fortaleza da Conceição (Fig. 2), entre os anos de 1763 e 1767, foi somente em 1865 que o Ministro da Guerra, Dr. Ângelo Muniz da Silva Ferraz, Barão de Uruguaiana, baixou uma Instrução na qual determinava a criação de um museu no antigo Arsenal Militar da Corte (Fig. 3), e cuja finalidade seria de expor armas dos mais variados tipos, projéteis, equipamentos e invenções, além de fixar normas para a disposição e apresentação desses acervos.
Com a aquisição dos imóveis da Fábrica da Ponta do Cajú e a instalação do novo Arsenal de Guerra em 1902, o acervo do Museu Militar foi transferido para uma das salas do Quartel General, no Centro do Rio de Janeiro (Fig. 4).

Figura 4 – Quartel General do Ministério da Guerra em 1910.
Em 1912, o referido patrimônio foi novamente movimentado, agora para o Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro (AGR), na Ponta do Cajú. No mesmo ano, o recém renomeado Museu Histórico Militar foi reorganizado e autorizado a receber dos Chefes de Repartições e Estabelecimentos Militares quaisquer objetos que estivessem em condições de figurar na referida repartição.
No entanto, tal museu militar parece não ter encontrado o apoio necessário para a sua consolidação, tendo em vista que, com a criação em 1922 do Museu Histórico Nacional (MHN), foi expedida ordem para a transferência de todos os quadros e objetos de valor histórico que estavam sob a guarda do Museu Militar para o novo espaço museológico. Nem todo o acervo, entretanto, seguiu para o MHN, inúmeros armamentos e alguns outros artigos foram recolhidos em 1924 ao Departamento Central, sediado no Antigo Quartel General.
Em 1941, passados quase 17 (dezessete) anos de sua desativação, uma nova tentativa de organização do museu militar se verifica, quando da aprovação das Instruções para Organização e Funcionamento do Museu do Ministério, no então Distrito Federal. Porém, tal iniciativa aparentemente não surtiu o efeito esperado, já que nenhuma menção se fez mais sobre o assunto nos anos seguintes.
Somente em 1948, por ordem do Ministro da Guerra, General de Divisão Canrobert Pereira da Costa, foi criada uma comissão para organizar e classificar os objetos que pudessem vir a ser destinados ao futuro museu a ser recriado.
Embora a comissão já efetivamente estivesse desenvolvendo suas atividades desde 1948, o futuro Museu Militar não possuía ainda uma instalação definida, decisão que só foi tomada em janeiro de 1952, quando o Ministro da Guerra, General de Divisão Newton Estillac Leal, optou pela ocupação provisória da sede do antigo Estabelecimento de Material de Intendência, localizado na Praia de São Cristóvão, n° 95.
Com a recriação em 1953 do Museu Militar do Exército, agora subordinado diretamente à Secretaria Geral do Ministério da Guerra, iniciou-se o recebimento de todo o acervo que havia sido reunido pela comissão organizadora e que por muito pouco não foi destinado ao Museu da United States Military Academy de West Point.
Em 1954, novamente o acervo do museu mudaria de local, desta feita seu paradeiro foi, mais uma vez, o Palácio da Guerra (Fig. 5), no Centro do Rio de Janeiro, onde ocupou toda a ala direita do 3º andar do prédio da Rua Teófilo Ottoni.
Em setembro de 1956, a crescente disputa por mais espaços para atender os órgãos recém criados na estrutura organizacional do Ministério da Guerra tornou insustentável a permanência do Museu Militar nas dependências do Quartel General, sendo esta a razão maior de sua transferência para o principal Estabelecimento de Ensino do Exército Brasileiro, a Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) (Fig. 6), em Resende, a cerca de 170 km da cidade do Rio de Janeiro.


Figuras 5 e 6 – Palácio Duque de Caxias, antigo Palácio do Ministério da Guerra e Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN)
O Museu funcionou na AMAN durante quase uma década, quando no ano de 1964 o Ministro da Guerra, General de Exército Arthur da Costa e Silva, determinou que o Museu Militar do Exército voltasse a ser reorganizado na Cidade do Rio de Janeiro. Quase dois anos depois, o agora intitulado Museu do Exército ocupava as dependências da Casa Histórica de Deodoro (CHD), antiga moradia do primeiro presidente da República Federativa do Brasil, localizada em frente ao Campo de Santana, conhecida nos dias de hoje por Praça da República, e próximo ao Quartel General do Ministério da Guerra, atual sede do Comando Militar do Leste.
Ainda durante o processo de ocupação de sua nova sede no Rio de Janeiro, mais exatamente em 10 de dezembro de 1965, foi incorporado às instalações do Museu do Exército o imóvel situado à Rua do Riachuelo, n° 303, conhecido como Casa Histórica de Osorio (CHO) (Fig. 7).
Assim, o Museu do Exército funcionou por quase duas décadas nas CHD e CHO (Fig. 7 e 8), desenvolvendo exposições comemorativas relativas a datas notáveis do Exército e nacionais.


Figuras 7 e 8 – Casa Histórica de Osorio (CHO) e Casa Histórica de Deodoro (CHD)
No entanto, as instalações ainda não eram adequadas para receber acervo de importante valor histórico. As Casas Históricas eram antigas, com partes elétrica e hidráulica inadequadas e de difícil manutenção. Enquanto isso, um importante sítio histórico pertencente ao EB encontrava-se sob a ameaça da especulação imobiliária que rondava os bairros da orla atlântica da zona sul da cidade do Rio de Janeiro, o Forte de Copacabana.
A existência do 3º Grupo de Artilharia de Costa (3º GACos), organização militar instalada na fortificação, tinha seus dias contados, pois desde 1969 seus comandantes já consideravam a unidade operacionalmente obsoleta para atuar na defesa da costa. Concomitantemente, os estudos apontavam ser este o local ideal para a instalação do Museu do Exército.
Em dezembro de 1986, o então Ministro do Exército, General Leônidas Pires Gonçalves criou o MHEx no Forte de Copacabana. Com a extinção do Museu do Exército e do 3° GACos, cerca de seis meses depois, foi iniciada a transferência de todo o acervo existente das CHD e CHO para o novo espaço museal.
Assim, em 1987, o antigo aquartelamento e sua Fortificação trocaram de armas, seus canhões tornaram-se silenciosos e ele passou a sediar o Museu Histórico do Exército e Forte de Copacabana (MHEx/FC), com a dignificante missão de preservar e difundir a história da Instituição, além de divulgar aos brasileiros e visitantes de outras nações tudo o que a Força Terrestre fez e faz pelo Brasil e nas missões internacionais e em prol da democracia e da paz mundial.
A transformação de uma Unidade Operacional para um museu exigiu, por parte dos militares e civis que trabalhavam no MHEx, um grande esforço para executar a difícil obra na sua estrutura arquitetônica, tanto para recuperar o velho Forte como também para adequar os espaços para uma nova realidade.
As vésperas de completar 10 anos em sua nova sede, o MHEx/FC, com o apoio irrestrito do Ministro do Exército, General Zenildo de Lucena, levou a bom termo a concepção e execução do Salão de Exposição de Longa Duração “Colônia-Império", projeto exitoso que contou com a participação de uma equipe técnica multidisplinar que jamais havia sido reunida em prol do Museu em toda a sua existência.
Figura 9 – Salões de Exposição do Museu Histórico do Exército.
Em maio de 1998, foi inaugurado o Salão de Exposição de Longa Duração “República" (Fig. 9), responsável por abordar a atuação do EB no período republicano até 1945, tão bem trabalhado e executado quanto o ambiente que fora entregue aos visitantes anteriormente.
Em ambos os salões de exposição, houve um esforço no sentido de valorizar o maior patrimônio que o EB possui: o homem. A caracterização dos personagens militares, utilizando-se de manequins, visou principalmente a auxiliar no resgate à figura do herói militar, homens que contribuíram para a construção da História do país.
Os Novos Desafios da Reforma e da Modernização do Museu
Adicionalmente, ao elevado número de visitantes e intensas atividades culturais, é importante ressaltar a necessidade permanente de manutenção das instalações, já centenárias, que abrigam os espaços de visitação. Além de ser uma OM de construção antiga, dada sua localização; infraestrutura, mobiliário e acervo cultural sofrem, diuturnamente, a ação abrasiva, da “maresia". Entre estes agentes, registram-se também: a elevada umidade; a ação do sal marítimo; a constante alternância da direção e regime de ventos; a exposição permanente e direta ao Sol (por ser um promontório a projetar-se em direção ao mar aberto, sem qualquer proteção); e a ação erosiva das ondas sobre suas muralhas.

Figura 10 – Projeto do Salão “Formação e Evolução do Exército".
Neste sentido, são imperativos os cuidados constantes com a manutenção de todo patrimônio (bens imóveis, mobiliários e acervo cultural) a fim de protegê-lo da “maresia" ou recuperá-lo, quando necessário. Tal cautela patrimonial tem demandado verbas orçamentárias (geradas na OM, ou oriundas de patrocínio) cada vez maiores e de natureza diversificada (restauro de acervo, pequenas reformas, obras de engenharia, manutenção elétrica, serviços na estrutura hidráulica e na rede lógica da OM).
Relevante considerar a singular gestão dos mais de 15.000 (quinze mil) acervos existentes, tanto mantidos em Reserva Técnica, quanto em exposição neste espaço cultural e o permanente trabalho de conservação preventiva ou de restauro, que estes demandam, seja para disponibilizá-los em exposições de curta duração, o no próprio MHEx/FC, seja para prepará-los para serem apresentados em qualquer outro ambiente externo ao museu.
Ao encontro desta necessidade, supramencionada, uma equipe multidisciplinar está delineando o “Projeto de Reforma e Modernização do MHEx/FC", o qual se encontra na fase de apresentação do Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) (Fig. 10 e 11), e que tem, como propósito inicial, no que concerne à “Reforma", viabilizar os quatro projetos estruturantes de reforma do MHEx e da Fortificação: obras de engenharia; modernização da infraestrutura hidráulica; substituição da rede elétrica; e redimensionamento da rede lógica.

Figura 11 – Projeto do Salão “Nação e Exército".
Além dos projetos estruturantes de reforma, acima expostos, há os de modernização do Espaço Museal. Tal atualização contempla a renovação (Fig. 9 e 10) das exposições de longa duração, criadas em 1996, revitalizadas em 2012 e que carecem de uma abordagem museológica contemporânea, capaz de retratar o EB do passado, de espelhar o do presente e de projetar o do futuro. O projeto criará espaços modernos, interativos e inclusivos, os quais percorrerão a história do EB, desde Guararapes até os dias atuais.
Esta, supracitada, nova forma de apresentação do MHEx/FC (Fig. 9 e 10) visa adequar os novos espaços expositivos ao público-alvo, respeitando a diversidade cultural do visitante atual e capaz de incluir a nova geração “nativa-digital", cujas características são: ser aderente aos meios e recursos telemáticos; ser usuária das mídias sociais e ser sensíveis muito mais às imagens e mensagens curtas e diretas, do que a textos extensos e vídeos longos. Neste propósito, desenha-se um espaço cultural totalmente interativo, que viabilize uma experiência imersiva cultural ao visitante, favorecendo-se dos recursos da “internet das coisas" (IoT); de espelho digital, de realidade ampliada, da projeção holográfica, da prototipagem e dos dioramas confeccionados por impressão aditiva ou subtrativa, apenas para ilustrar alguns recursos que se planeja inserir na modernização em pauta.
Relevante considerar que o fim último é propiciar ao visitante uma experiência sensorial singular impactante, memorável, agradável, a qual agregue valor cultural e que se sinta motivado para retornar ao EC ou para divulgar nosso patrimônio, material e imaterial, de maneira proativa e favorável.
Ainda neste estudo (EVTEA), e com o propósito de agregar a experiência de outros países em museologia, os integrantes do projeto em tela visitaram museus na Inglaterra, Espanha, República Tcheca, Estados Unidos da América e Portugal.
Em Portugal, adicionalmente às visitas ao Museu Militar de Lisboa, congênere ao MHEx, visitou-se o Museu Militar de Almeida (MMA) e o Centro de Interpretação da balha de Vimeiro.
Adicionalmente, ressalto que o Brasil possui dois Adidos Culturais Militares: um em Portugal (Lisboa) e outro na Itália (Cemitério de Pistóia, espaço cultural votivo em memória aos heróis brasileiros tombados em combate na Segunda Guerra Mundial). Em 2021, o Coronel WELTON Adido Cultural Militar do Brasil em Portugal e o Coronel Diogo VELEZ, Chefe da Repartição de Museus da Diretoria de História e Cultura Militar do Exército de Portugal, juntamente com o autor, estreitaram e intensificaram, ainda mais, os laços de amizade, de admiração, de cooperação e de intercâmbio entre Brasil e Portugal.
Fruto deste trabalho, supramencionado, houve intercâmbios bilaterais de experiências culturais, com a anuência e adesão, dos Diretor de História e Cultura Militar de Portugal – Major General Aníbal Alves Flambó e do DiretoR do Patrimônio Histórico e Cultural do Exército do Brasil – General de Brigada Carlos Augusto Ramires Teixeira.

Figura 12 – Visita da Comitiva da DPHCEx e da DHCM a Almeida.
Entre os contributos, do supracitado entendimento bilateral, no que concerne ao MHEx nos anos de 2021 e 2022 houve uma intensa troca de experiências entre o Museu Militar de Almeida (MMA) de Portugal e o Museu Histórico do Exército Brasileiro por intermédio de videoconferências, formação em museologia à distância (o os museólogos e restaurador do MHEx participou virtualmente, como convidado internacional, da Ação de Formação em Museologia da Associação Portuguesa de Museologia, em 2021 e em 2022), pela visita à Portugal de Comitiva da DPHCEx (Fig. 12), no período de 20 a 29 de novembro de 2021, e com uma Exposição do MMA no Forte de Copacabana (Fig. 13), no período de 01 a 08 de outubro de 2022


Figuras 13 e 14 – Exposição do Museu Militar de Almeida no Forte de Copacabana.
A Exposição acima, insere-se, ainda, como uma consistente ação de cooperação bilateral, em museologia, ano do Bicentenário da Independência do Brasil. Selecionando-se como personalidade histórica central Pedro I (para o Brasil) ou Pedro IV (para Portugal).
Conclusão
Historicamente, o Museu Histórico do Exército tem abrigado significativo patrimônio, material e imaterial da Força Terrestre do Brasil. Por intermédio de seu inestimável acervo, composto de armamentos, fardamentos, mobiliários, condecorações, equipamentos militares, entre outros, retratam-se a cultura, os costumes, a tradição e sobretudo os valores dos Soldados, Homens e Mulheres, que não somente participaram dos momentos mais importantes de História Nacional brasileira, mas assumiram o protagonismo das decisões, particularmente nos momentos sombrios de crise, de conflito e de guerra.
Atualmente, o MHEX recepciona cerca de 45.000 visitantes por mês e 200 Comitivas, nacionais e estrangeiras ao ano, além de acolher eventos de interesse da Força Terrestre. Desta forma, é o espaço cultural do Exército Brasileiro (dentre os 153 existentes) com maior visitação, recebendo o equivalente à 76% desta demanda. No Rio de Janeiro é o terceiro maior destino turístico (sucedendo apenas o Bondinho do Pão de Açúcar e o Morro do Corcovado do Cristo Redentor, no que concerne ao número de visitantes).
O Projeto de Reforma e Modernização do MHEx, o qual está com seu Estudo de Viabilidade Técnica, de Engenharia e Ambiental concluído, é uma resposta aos novos desafios e a nova conjuntura derivada da atual dinâmica sociocultural. A sua implementação entregará ao Exército Brasileiro um novo e eficiente instrumento de comunicação estratégica com seus interlocutores e com a sociedade, será indutor de novos projetos culturais e potencializará a disseminação dos valores, de memória histórica e das tradições militares terrestres, por dessa nova forma de comunicação museológica, que ora está desenhada, de seu patrimônio, material e imaterial, aqui abrigados.
Por fim, as parcerias bilaterais, entre Brasil e Portugal, que ora estão sendo sedimentadas e ampliadas, entre o Museu Histórico do Exército e o Museu Militar de Almeida, contribuem para a sinergia colaborativa, que se avalia que ficou ainda mais fortalecida pelas das trocas de experiências, particularmente em restauro e em museologia, pela inusitada internacionalização da Ação de Formação da APOM, com a participação de integrantes do MHEX, e pela Exposição intitulada “As Guerras e as Armas que fizeram a Fronteira" do Museu Militar de Almeida no MHEx. Tal memorável realização, de mostra de acervos históricos e de intercâmbio de conhecimentos museológicos, entre duas instituições congêneres, entre dois Exércitos amigos e, em última análise, entre dois Países, serviu para reafirmar a confraternização de uma cultura de idêntica raiz (língua, costumes, culinária, religiosidade, tradições históricas e cultura militar) luso-brasileira, catalisada pela integração museológica destes dois museus.
LEANDRO MORAIS
Frequentou a Academia Militar das Agulhas Negras, onde tira o Curso de Artilharia (1994), Escalador Militar (1994) e Artilharia de Costa e Antiaérea (1998). Entre 2011 e 2014 frequenta o Curso de Comando e Estado-Maior e o Curso de Estado-Maior Conjunto na Escola Superior de Guerra, e em 2015 o Curso de Comando e Estado-Maior no Exército da Bolívia.
Foi Instrutor da Escola de Artilharia de Costa e Antiaérea (2006-2007), Comandante da 9ª Bateria de Artilharia Antiaérea, Instrutor da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército da Bolívia (2016), Instrutor da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército Brasileiro (2017) e Comandante do 3º Grupo de Artilharia Antiaérea (2018-2019). É desde 2021 o Diretor do Museu Histórico do Exército e Comandante do Forte de Copacabana.
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