O manuscrito é considerado uma referência no campo da artilharia e da fabricação de pólvora. O seu autor apresenta, de forma clara e concisa, uma descrição precisa das técnicas de fabrico de canhões, com os seus diversos componentes. Destacam-se também as artimanhas no uso desses canhões, bem como os métodos para o seu manuseio. Importa referir que, neste manuscrito, o autor menciona vários tipos de canhões, classificando-os e subdividindo-os de acordo com o peso da carga de pólvora e o tamanho dos projéteis. Com base nestes dois elementos, a classificação dos canhões é ramificada em várias categorias, sendo que cada tipo se subdivide em outros. Contudo, a origem destes canhões está ligada a três categorias principais, nomeadamente colubrinas, canhões e canhões pedreiros.
A obra é composta por cinquenta capítulos, nos quais o autor distribui o conteúdo entre a descrição da pólvora, dos sistemas de lançamento de projéteis, os métodos de fabrico e montagem, a maneira de carregar e as suas diferenças, os utensílios e os métodos de disparo, entre outros segredos relacionados com a artilharia.
Al-'Izz wa al-Manafi' não era conhecido pelos especialistas contemporâneos até ao ano de 1865. Nessa data, foi descoberto pelo orientalista alemão Gustav Leberecht Flügel (1802-1870) na Biblioteca Nacional da Áustria. Em 1902, o linguista egípcio Ahmed Zéki Bey (1867-1934) apresentou este documento como uma comunicação científica no 13.º Congresso dos Orientalistas, realizado na Alemanha:
«In den Bibliotheken zu Wien, Konstantinopel und Algier befinden sich Handschriften eines arabischen Werkes, das den Titel führt: „Die Ehre und die Vorteile, die denen erwachsen, welche mit Hilfe von Kanonen Krieg führen". Die Handschriften stammen wahrscheinlich alle aus Tunis; von der Wiener ist dies sicher. Das Werk ist ursprünglich nicht in arabischer Sprache abgefasst worden, sondern in „al-a`djami, d. h. in spanischer Sprache, aber mit arabischen Buchstaben geschrieben. Der Verfasser des Originals ist Ibrahim Ibn Ahmed Ghänim Ibn Muhammed al-Andalusl aus dem Gebiete von Granada, ein Muslim, der nach der VerLreibung der Mauren aus Spanien trotz aller Verfolgungen dem alten Glauben und der alten Heimat treu geblieben war, die Sprache seiner Ahnen aber vergessen hatte. Er wollte die Fabrikation der Kanonen und die Handhabung der Feuerwaffen genau kennen lernen, seine Kenntnisse auf diesem Gebiete seinen Glaubensgenossen vermitteln und sie in Stand setzen, mit Hilfe dieser Erfindungen das Reich des Islam in Spanien wieder aufzurichten. Er diente selbst als Soldat, um sich im praktischen Gebrauch der Waffen zu üben und las alle militärischen und technischen Abhandlungen, deren er habhaft werden konnte. Als er sich genügend vorbereitet glaubte, ging er nach Tunesien, machte Propaganda für seinen Plan und führte selbst eine kleine Flotte gegen Spanien.»[1]
Enquadramento histórico
O autor de Al-'Izz wa al-Manafi' viveu durante um período histórico em que a região do Mediterrâneo passou por importantes transformações. Este período histórico foi marcado por uma série de acontecimentos significativos que exigem um retorno ao século XV e aos eventos subsequentes.
Os sinais dessa transformação tornaram-se evidentes quando a Europa cristã começou a impor o seu ritmo histórico. A expulsão dos mouriscos foi um indicador claro desse processo de mudança. As obras contemporâneas a esse acontecimento justificaram a expulsão, tentando provar a legitimidade dessa decisão, e até viam-na como um acto que não contrariava os valores humanos e morais. Outro dado histórico importante, indissociável das mudanças que ocorreram nesta região mediterrânea, foi a ascensão de Filipe II (1527-1598) ao trono de Espanha e o domínio otomano[2] sobre vastas áreas do Mar Mediterrâneo.
A presença dos otomanos na África e na Europa transformou-os numa potência que cercava o espaço mediterrânico e procurava dominar as rotas comerciais marítimas. Além disso, a simpatia dos otomanos em relação aos mouriscos foi vista pelos espanhóis como uma ameaça estratégica crescente. A Europa passou a encarar essa aliança como um perigo que poderia prejudicar os seus interesses económicos e políticos na região mediterrânea. Para antecipar essa ameaça, foi adotada a decisão de 1567, que proibia os mouriscos de usarem o seu idioma, as suas tradições e os seus costumes sociais e religiosos.
Os mouriscos iniciaram a sua luta logo após a queda de Granada, o último reduto islâmico, em 1492, demonstrando claramente o seu rechaço à ideia de integração e assimilação na sociedade espanhola. O segundo movimento de resistência dos mouriscos ocorreu em 1568, e o terceiro com a sua expulsão definitiva em 1609. Aqueles que permaneceram no al-Andalus enfrentaram essa realidade, apesar das suas limitações, mas com uma grande confiança moral. Muitos deles conviveram com a nova realidade, abraçando o cristianismo sem, no entanto, renunciar à sua fé ou esquecer o seu legado árabe e islâmico.
No contexto deste conflito, surge a obra Al-'Izz wa al-manafi`. Quando colocado no seu contexto histórico geral, que caracteriza a bacia do Mediterrâneo, percebemos que o autor procura apresentar algumas das questões relacionadas com a problemática das desigualdades que começaram a marcar a diferença entre a margem norte e a margem sul deste espaço mediterrânico.
O livro foi escrito para expressar a resistência dos mouriscos contra a Europa cristã em geral, e contra a Espanha, que era, na opinião do autor do Manual de artilharia, a principal responsável pela sua tragédia. As razões e motivações para a redação deste livro decorrem da consciência do autor sobre as transformações ocorridas na bacia do Mar Mediterrâneo, que geraram contradições essenciais entre as suas margens sul e norte. Estas mudanças não favoreciam os povos árabes e islâmicos.
O autor declara: «E quando vi o grupo denominado “os artilheiros efetivos" sem conhecimento da arte, usando os canhões de maneira rudimentar, e percebendo que não sabiam como carregar ou disparar adequadamente, decidi escrever este livro, pois um canhão tem valor, custo e esforço para ser fabricado.»[3]
Ele exprime o seu fascínio pela organização militar dos europeus, afirmando: «E vi que os cristãos cuidavam da sua estratégia e se dedicavam ao que era necessário para o desenvolvimento das suas armas, como se a sua eficácia fosse vital para as suas conquistas (…). Observei-os e percebi que eles tinham uma boa organização e uma excelente manutenção da artilharia.»[4]
O autor de Al-`Izz wa al-manafi` ficou impressionado por vários aspetos da civilização europeia na margem norte do Mediterrâneo, devido à sua longa estadia forçada entre os espanhóis, na condição de mourisco disfarçado durante a Inquisição. Entretanto, ao deixar al-Andalus e dirigir-se para a margem sul do Mediterrâneo, confrontou-se com diversas situações que considerou representar um “atraso histórico".
O autor do manuscrito
Ibrahim Ibn Ahmad Ibn Ghanim Ibn Muhammad Ibn Zakariya al-Andalusi, conhecido pelo apelido al-Rayyash. Este apelido é uma distorção do termo árabe al-Ra´is (O capitão), que se refere aos capitães de navios. É de notar que o nome do nosso autor aparece escrito de forma errada em várias fontes. Al-Zarkali, por exemplo, fala de "Ibrahim al-Mi`jam al-Rabbash"[5]. No entanto, após uma análise detalhada e avaliação desse nome, ficou claro que essa forma está incorreta. O nome correto do autor de al-`Izz wa al-manafi` é Ibrahim Ibn Ahmad Ibn Ghanim Ibn Muhammad Ibn Zakariya al-Andalusi conhecido como al-Rayyash (al-Ra´is).
O autor nasceu na aldeia de Nawlash[6] (نولش), situada nas proximidades da província de Granada, provavelmente no final do século XVI, de acordo com estimativas históricas, uma vez que não há uma data precisa para o seu nascimento. A maioria das fontes históricas que mencionam o seu nome não especificam o ano de nascimento, e ele próprio não faz referência a essa informação no seu manuscrito. Assim, Ra´is Ibrahim, nasceu num contexto onde a maior parte dos andaluzes que escolheram permanecer em Granada e nos arredores lutaram para preservar a sua religião e a maioria das suas práticas islâmicas, assim como os seus costumes, tradições e valores, apesar de se terem aparentado integrados e de terem aceitado o processo de cristianização. Esse mérito é atribuído à mulher andaluza, que desempenhou um papel crucial na preservação da identidade árabe e islâmica, como aponta Garcia Arenal[7].
Assim como outros mouriscos, Ibrahim Ibn Ghanim al-Andalusi também se fez passar por cristão, mas conseguiu esconder a sua lealdade ao Islão, aproveitando-se do ambiente cultural em que cresceu e da sua aprendizagem e domínio do castelhano. Esse domínio da língua e a sua imersão na cultura espanhola ajudaram-no a adquirir vastos conhecimentos sobre as artes da navegação. O seu conhecimento das artes navais permitiu-lhe embarcar em grandes embarcações, especialmente aquelas que se dirigiam ao "Novo Mundo", que ele se referia em seu Manual como "Al-hunud al-maghribiyya al-ba`ida"[8]. Durante as suas viagens pelo mar e a constante movimentação entre os portos andaluzes e americanos, ele não se limitou a aprender as ciências navais, mas também se aprofundou em ciências militares, especialmente através das suas conversas com os capitães espanhóis e as observações dos diversos tipos de exercícios relacionados à artilharia e à navegação marítima. Ele diz: «Eles reuniam-se com os grandes da nobreza para discutir essa arte, e, por vezes, traziam livros escritos sobre essa matéria, que eram muitos, pois os conhecedores da artilharia, tanto os que a praticavam quanto os outros, ao verem que os seus reis reverenciavam os mestres dessa arte e aqueles que escreviam sobre ela, começaram a dedicar-se a ela. Eu sentava-me com eles, memorizava o que diziam e fazia exercícios práticos utilizando os canhões.»[9]
Uma das principais fases da vida de Ibn Ghanim al-Andalusi foi o período em que ele escondeu a sua identidade andaluza. No entanto, essa fase não durou muito, pois logo o seu disfarce ideológico foi desmascarado, o que resultou na sua detenção. Ele só foi libertado graças à intervenção de uma pessoa importante, que ele descreveu como "Um dos mais proeminentes espanhóis" que eram seus companheiros de viagem no mar, e que se colocou ao seu lado, chegando até a interceder por ele para que fosse libertado[10]. Embora tenha recuperado a sua liberdade, ele continuou a enfrentar perseguições, o que tornou a sua vida extremamente difícil. Tentou então obter permissão para emigrar para a margem sul do Mar Mediterrâneo, mas o seu pedido foi recusado pelas autoridades espanholas. Em busca de escapar dessa perseguição, ele foi forçado a pagar subornos até finalmente conseguir fugir.
É provável que a sua migração tenha ocorrido por volta de 1018 H / 1609 d.C, coincidindo com o período de expulsão dos mouriscos da Andaluzia. Ibn Ghanim al-Andalusi emigrou para Túnis acompanhado de um grupo de compatriotas, durante o governo do Dey `Uthman[11]. Este facto é por ele relatado no seu livro: «Saí com os que foram expulsos da Andaluzia, e fui impedido de partir com dignidade. Contudo, agi com determinação e decidi abandonar a Andaluzia juntamente com eles. Não recebi qualquer apoio; por conseguinte, tive de gastar dinheiro em subornos para conseguir, finalmente, partir na companhia deles. Cheguei à cidade de Túnis, onde encontrei muitos amigos e compatriotas da Andaluzia. Fui recebido pelo governador da cidade, o Dey 'Uthman, que, na sua generosidade, me ofereceu 500 Dinar, 200 punhais e o equipamento necessário para uma campanha marítima.»[12]
O tradutor do manuscrito
O livro foi traduzido do espanhol para o árabe por um dos mouriscos, Ahmad Ibn Qasim Ibn al-Sheikh al-Hijri al-Andalusi, conforme documentado na sua obra Nasir al-Din 'ala al-Qawm al-Kafirin (O Defensor da Fé Contra os Infiéis)[13]. Ahmad al-Hijri foi conhecido em Marrocos pela alcunha Shihab al-Din e também ficou conhecido como Afuqay. Nasceu na aldeia de al-Hajar al-Ahmar, nos arredores de Granada, no ano de 978 Hégira (1570 d.C.) e faleceu em 1641 d.C. Foi uma figura controversa, amplamente reconhecida pelo seu trabalho como autor, tradutor e mensageiro do sultão de Marrocos, desempenhando um papel significativo no contexto marroquino do século XVII.
Devido à escassez de fontes, pouco se sabe sobre a sua vida em Espanha. Nascido na Andaluzia sob o nome cristão de Diego Bejarano, trabalhou em Granada como tradutor oficial, prestando serviços de tradução do árabe para o espanhol e vice-versa ao Arcebispo de Granada. Sendo muçulmano numa Espanha marcada por profundas tensões religiosas, viveu num ambiente tumultuado e repleto de perigos. Foi condenado à morte pela Inquisição. Por essa razão, fugiu para o Norte de África (Dar al-Islam – Terra do Islão), chegando a Marrocos em 1599 após uma árdua viagem. Assim que se estabeleceu em território marroquino, foi integrado na corte do sultão, onde desempenhou as funções de secretário e tradutor, recebendo o título de "Tradutor dos Sultões de Marraquexe".
Entre os anos de 1611 e 1613, o sultão de Marrocos enviou Ahmad al-Hijri numa missão diplomática oficial à Europa, durante a qual visitou França e os Países Baixos. Al-Hijri era um erudito profundamente versado nas religiões, possuindo um conhecimento amplamente reconhecido da Bíblia e da Torá. Durante a sua estadia na Europa, participou em debates teológicos com estudiosos cristãos e judeus, destacando-se pela sua capacidade argumentativa.
No ano de 1635, deixou Marraquexe e fixou-se temporariamente no Castelo de Salé, localizado nas imediações da atual capital de Marrocos, Rabat. No ano seguinte, em 1636, partiu para Meca com o propósito de cumprir o Hajj(peregrinação), um dos cinco pilares do Islão. Posteriormente, permaneceu algum tempo no Egito antes de seguir viagem para Tunísia.
No Egito, a pedido de um amigo erudito egípcio, Ahmad al-Hijri redigiu um relato das suas viagens mais importantes, resultando na obra Nasir al-Din 'ala al-qawm al-kafirin. Nesta obra, centrou-se sobretudo em relatar as discussões teológicas que manteve com cristãos e judeus durante a sua passagem pela Europa.
Em Túnis, dedicou os últimos anos da sua vida à tradução de livros do árabe para o espanhol e vice-versa, colaborando com outros mouriscos. Em 1637, encontrou-se com al-Ra`is, autor do Manual de Artilharia, em Túnis, e juntos combinaram traduzir esta obra do espanhol para o árabe. A tradução foi concluída no 13.º dia de Rabi' al-Awwal de 1048 H / 25 de julho de 1638. Posteriormente, o filho do tradutor redigiu diversas cópias, sendo uma delas dedicada e enviada ao sultão otomano Murad IV, que governou entre 1623 e 1640.
O tradutor optou por intitular a obra traduzida em árabe, com a devida autorização do autor, Al-`Izz wa al-Manafi` li-l-Mujahidin bil-Madafi` (A Glória e os Benefícios para os Combatentes com os Canhões).
No final da obra, al-Hijri anexou uma autobiografia, incluindo uma seleção de hadith (palavras do Profeta Muhammad) e Versíclos do Alcorão. Destaca-se que a tradução do texto enfrentou vários desafios, particularmente devido à ausência de equivalentes em árabe para os termos técnicos da artilharia espanhola. A colaboração com o autor foi crucial para ultrapassar estas dificuldades, permitindo a conclusão da tradução. Ahmad al-Hijri relata, na conclusão que adicionou à sua tradução, as dificuldades enfrentadas, sobretudo relacionadas com expressões técnicas desconhecidas na língua árabe. Um dos exemplos mencionados foi a tradução dos nomes e tipos de canhões descritos pelo autor, que excediam trinta modelos.
Sobre essa experiência, al-Hijri escreveu: «Depois de trabalhar por alguns dias na tradução do livro, parei devido aos nomes dos canhões e a tudo o que estava relacionado com eles, pois não conhecíamos nomes árabes para esses termos, até que deixei a tradução e considerei desistir (…). Então, de repente, lembrei-me de um sonho que tive antes daquele dia, enquanto lia o versículo: “Aqueles que são avarentos e ordenam aos outros que sejam avarentos" (Cor. 4:37). Esse episódio reforçou a minha determinação em abandonar a avareza dentro de mim. Retomei o trabalho, e Allah facilitou o meu caminho a partir desse momento até que finalizei a tradução. Sempre que algo do livro me parecia difícil, eu recorria ao autor, o capitão, que me explicava de forma clara e completa tudo o que perguntáva. Compreendi que tudo o que ele mencionava e escrevia era fruto de um conhecimento profundo e da sua prática (…). No dia em que decidi concluir a tradução do livro, acordei pela manhã e, enquanto me levantava, a minha língua recitava o versículo: “Hoje completei para vós a sua religião, e completei para vós Minha graça, e escolhi para vós o Islão como religião." (Cor. 5:3). Através deste versículo, compreendi que Allah, o Todo-Poderoso, aceitou o livro e ficou satisfeito com ele. Pedimos a Ele que nos beneficie com esta obra na vida terrena e na vida futura, e que a todos os muçulmanos conceda o benefício da intercessão do nosso Profeta Muhammad, que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele. Assim, dei ao livro, com a permissão do autor, o título de Al-`Izz wa al-manafi` li-l-mujahidin bil-madafi`.»[14]
Ao chegar a Marrocos, Ahmad al-Hijri entrou em contacto com o sultão saadide Ahmad al-Mansur, que o aproximou da corte e o nomeou tradutor oficial. Graças a esta posição, al-Hijri foi nomeado para efetuar várias missões no estrangeiro, o que lhe permitiu viajar para a França e os Países Baixos entre 1611 e 1613, como embaixador do sultão Zaydan. Durante essas viagens, al-Hijri apelou às autoridades europeias por reparações para os mouriscos que haviam sido saqueados pelos capitães das embarcações francesas encarregadas de os transportar desde as costas espanholas, após o decreto de Filipe III (1578-1621) em 1609.
Durante as suas viagens na Europa, al-Hijri participou em debates intelectuais com eruditas neerlandeses como Jacob van Gool – Jacobus Golius - (1596-1667) e Thomas van Erpe - Thomas Erpenius - (1584-1624), discutindo questões religiosas. Estas interações representaram uma oportunidade notável de intercâmbio. Nesse contexto, al-Hijri desempenhou um papel relevante na transmissão das transformações ideológicas que estavam a ocorrer na Europa do século XVII, incluindo as mudanças no cristianismo após o surgimento de figuras como Martinho Lutero (1483-1546) e João Calvino (1509-1564), bem como as críticas crescentes à Igreja Católica Romana[15].
Além disso, al-Hijri contribuiu significativamente na área da geografia, tendo sido incumbido pelo sultão Moulay Zaydan da tradução de uma vasta obra geográfica do francês Pierre Davity (1573-1635), um militar, geógrafo e historiador que, em 1614, elaborou um mapa do mundo.
Relativamente ao seu encontro com Ibn Ghanim al-Andalusi, este ocorreu em Túnis, após al-Hijri ter concluído a sua peregrinação a Meca. Nesse contexto, Ibn Ghanim solicitou-lhe a tradução do seu Manual de artilharia do espanhol para o árabe.
O manuscrito
David James, no seu artigo «The Manual de Artillería of al-Ra'īs Ibrāhīm b. Aḥmad al-Andalūsī with Particular Reference to Its Illustrations and Their Sources»[16], menciona a existência de nove cópias do manuscrito Al-'Izz wa al-Manāfi':
Ihsan al-Hindi[17], na sua edição crítica do manuscrito, menciona a existência de uma cópia na Biblioteca de Istambul. Muhammad al-Ghazwani[18], na sua edição, refere a existência de outra cópia na Biblioteca Geral de Rabat, nº ج 87, e de uma cópia na Biblioteca Real (al-Khizāna al-Ḥassanīyya), nº 2646.
Apresenta-se a seguir a descrição de algumas cópias.
Cópia da Biblioteca Nacional de Rabat (ج 87)
Existe na Biblioteca Nacional, além da cópia nº D 1342 2 do manuscrito Al-'izz wa al-manafi`, outra registada sob o número ج 87. Esta cópia encontra-se igualmente encadernada em volume de tamanho médio, contendo 298 fólios, com 22 linhas por página. Contudo, a cópia inclui uma série de correções e notas adicionais, feitas pelo copista nas margens das páginas. Em algumas páginas, essas anotações estão localizadas no lado direito, enquanto em outras aparecem no lado esquerdo do manuscrito. As correções incluem várias frases e expressões que o copista havia esquecido de transcrever.
O que distingue esta cópia é que a primeira página contém uma série de versículos alcorânicos, os quais acreditamos terem sido escritos pelo anterior proprietário do manuscrito, identificado como Mahmud Bakir. Além disso, esta cópia difere no título, que é apresentado da seguinte forma: "Al-'Izz wa al-rif'a wa al-manafi' li-l-mujahidin fi sabil Allah bil-madafi'".
Cópia da Biblioteca al-Hassaniya (nº. 2646)
Existe na Biblioteca al-Hassaniya, em Rabat, uma outra cópia do livro Al-'Izz wa al-manafi`, registrada sob o número 2646. Esta cópia encontra-se encadernada em volume de tamanho médio, contendo 236 fólios, com 25 linhas por página. O bibliógrafo al-Kattani menciona que as cópias deste manuscrito foram escritas pelo tradutor, e estão disponíveis na Biblioteca Nacional de Rabat, na Turquia, bem como na Dar al-kutub no Cairo. Além disso, há duas outras cópias, uma na Biblioteca al-Hassaniya e outra na Biblioteca al-Qarawiyyin em Fez, embora, segundo al-Kattani, esta cópia tenha sido perdida[19].
Cópia da Biblioteca Nacional de Tunísia (nº 3433)
Esta cópia é de tamanho médio (117; 300 x 210 mm), registada sob o nº. 3433, e tem 234 fólios. Mas os conteúdos terminam no fol. 233 com a frase: «terminamos a redação dos cinquenta capítulos deste livro, graças a Deus, em a bênção de Allah seja sobre o nosso Profeta Muhammad …»[20]

Tunis A-MSS-3433 (última pág. Fol. 233)

Tunis A-MSS-3433. (1ª página, Fol. 1)
Cópia da Biblioteca Nacional de Argélia (nº 1511)
O copista é Muhammad Khuja Ibn Ahmad al-Hijri al-Andalusi, filho do tradutor do manual. Terminou a cópia no ano de 1050 H (1641 M), dois anos após a tradução da obra original redigida em espanhol. O manuscrito está encadernado em volume de tamanho médio, registado sob o número 1511, e contém 246 fólios, escritos num estilo caligráfico magrebino, com 23 linhas por página. Esta cópia não tem notas marginais ou acréscimos.
A cópia começa com o título do livro: "Al-'Izz wa al-rif'a wa al-manafi' li-l-mujahidin fi sabil Allah bi-´alat al-hurub wa al-madafi'" (A honra e a elevação e os benefícios para os combatentes em caminho de Deus com os instrumentos de guerra e canhões), incluindo a identificação do autor e do tradutor, e termina com a seguinte inscrição: «A cópia abençoada deste livro foi concluída no dia 16 de Dhu al-Qi'da, no ano 1050 H, pelas mãos do servo pecador, que espera a misericórdia e o perdão de Deus, Muhammad Khuja Ibn Ahmad, o tradutor deste livro, filho de Qasim Ibn Ahmad Ibn al-Faqih Qasim Ibn al-Shaykh al-Hijri al-Andalusi. Que Deus o aceite. E que a paz e bênçãos de Allah estejam sobre nosso Profeta Muhammad, sua família e seus companheiros, e que a paz seja com todos.»
Argel, nº 1511, fol. 1
Argel, nº 1511, fol. 246
O conteúdo do manuscrito está organizado em cinquenta capítulos, os quais se dedicam à descrição da pólvora, de várias máquinas de guerra (canhões) e dos métodos de fabrico que o autor designa como "fundição de canhões", além de uma descrição detalhada de diversas ferramentas associadas à artilharia. O manuscrito inclui ainda numerosas ilustrações de diferentes tipos de canhões e outras ferramentas de artilharia.
É importante salientar que o tradutor acrescentou à obra uma introdução na qual discute o valor do jihad (guerra santa) e os motivos que o levaram a traduzir a obra do castelhano para o árabe. O manuscrito segue uma estrutura metodológica detalhada, iniciando com um índice, no qual o autor lista os conteúdos da obra.
Após o índice, Ibn Ahmad Ghanim al-Andalusi inclui uma introdução dedicada à sua autobiografia, na qual destaca uma série de marcos históricos que moldaram o seu percurso até à data de redação da obra. No que diz respeito ao aspeto histórico da escrita de al-'Izz wa al-manāfi', este é abordado no final do capítulo 48, onde ele esclarece que a redação inicial do livro teve início no ano de 1040 H / 1630 d.C., enquanto a sua conclusão ocorreu no dia 22 de Rabi' al-Awwal de 1042 H / 1632 d.C. Quanto à tradução, o texto menciona que a tradução foi concluída no dia 13 de Rabi' al-Awwal de 1048 H / 1638 d.C.
Os capítulos da obra são apresentados de forma detalhada e interligada, com uma continuidade clara nos temas abordados. O autor fornece detalhes precisos sobre os diversos aspetos técnicos da artilharia, dedicando particular atenção à descrição de cerca de trinta e dois tipos diferentes de canhões, abordando seu tamanho e os métodos de fabricação. Além disso, o autor oferece uma descrição detalhada dos tipos de projéteis disparados pelos canhões.
O autor também informa o leitor sobre o contexto e as condições em que estas “ciências da guerra" eram ensinadas, incluindo os requisitos necessários para recrutar artilheiros: «O capitão de artilharia deve ter uma casa ou um local onde se reúna com alguns de seus alunos para ensinar a fabricação de armas de pólvora. Ele se senta numa cadeira alta, enquanto seus aprendizes estão sentados em cadeiras mais baixas. Quando alguém deseja ser admitido como aluno, deve demonstrar boa saúde, ser forte, não fraco, não magro, não manco, não cego, não surdo e não alcoólico. Além disso, deve apresentar um atestado de que é cristão de origem antiga, e não ser inglês, francês ou flamengo, mas apenas espanhol ou italiano.»[21]
Al-Ra´is Ibrahim esclareceu que uma das principais tarefas de um artilheiro é o conhecimento detalhado dos diferentes tipos de canhões, tanto em termos de comprimento, largura e espessura, quanto das técnicas de fabrico e operação. O artilheiro deve ser capaz de compreender a estrutura do canhão, testar novos canhões, esvaziá-los de suas cargas, além de conhecer os componentes do canhão, como o seu estriado e a roda de suporte, e realizar testes com a pólvora. O artilheiro também deve ser perspicaz e cauteloso, evitando qualquer fator que possa danificar o canhão. O autor considerou que a indústria da artilharia era a mais eficaz entre todas as armas existentes na época, sendo a mais temida nas batalhas. Ele destacou a importância de o operador da artilharia dominar todos os aspetos relacionados à medição e avaliação das distâncias dos alvos e suas tipologias, uma vez que o que se utiliza para atingir muralhas não é o mesmo que se usa contra navios ou portões de castelos.
Al-Ra`is Ibrahim, ao longo da sua obra, dedicou-se a explicar e justificar as razões e os objetivos que o levaram a escrever este manual de artilharia: «Quando vi a classe chamada de artilheiros profissionais, sem conhecimento nem competência adequada para exercer esta função, e que não conseguiam carregar ou disparar conforme exigido pelo ofício, tomei a decisão de compor este manual, pois cada canhão tem o seu valor em termos de custo e de esforço para ser fabricado.»[22] Ele chama ainda a atenção para o facto de que o artilheiro inexperiente pode, ao disparar, causar danos ao canhão ou até a si mesmo, e prossegue explicando que o que o levou a compor o livro foi o desejo de aconselhar aqueles que usavam esses canhões, garantindo que cumprissem adequadamente a sua tarefa, sem comprometer a eficácia da arma ou a segurança. Ele reitera que a sua intenção não era obter benefício material ou prestígio, mas agir com sinceridade por Allah, disponibilizando o manual para os muçulmanos através de uma tradução do castelhano para o árabe, com a esperança de que cópias fossem feitas e enviadas para várias regiões do mundo islâmico.
Al-Ra`is Ibrahim também procura salientar que, ao cumprir o seu dever como artilheiro, os muçulmanos estariam em condições de defender a sua fé e alcançar recompensas divinas, ao contribuir para a proteção da nação muçulmana e amedrontar os inimigos infiéis.
O capitão Ibrahim, no seu Manual, faz referência à fase em que frequentava os profissionais de artilharia, afirmando que estes utilizavam os manuais disponíveis na sua época para aprender e ensinar: «Reuniam-se com as figuras de destaque da sociedade para discutir sobre a artilharia, e, por vezes, traziam consigo os livros que haviam sido escritos sobre essa arte, os quais eram numerosos.» No entanto, não menciona em nenhuma parte do seu manuscrito nem os títulos nem os nomes dos autores.
Através da comparação das ilustrações utilizadas e de várias passagens do manuscrito Al-`izz wa al-manafi`, podemos identificar diversas semelhanças com as ilustrações e descrições contidas nos tratados de artilharia de Luis Callado (1592) e de Cristóbal Lechuga (1611).
De acordo com David James: «Harvey[23] suggests that these may have been works left behind in the fortress of La Goulette following the Spanish occupation of 1535-74. This is certainly possible. At least one work on artillery was actually composed in the Fortress by a Spanish soldier during the occupation, the Tratado de artilleria, minas y fortificaciones of Fernandez de Espinosa, written in 1559. However, the major Spanish works on this subject were composed after 1574. The Bibliografia militar of Almirante lists some 11 treatises produced between the Spanish withdrawal from La Goulette and 1632, the year in which the Captain completed his Manual. These include the important works of Luis Collado (1592)[24], Cristóbal Lechuga (1611)[25] e Diego Ufano (1613)[26].»[27]
Luis Collado (1592), p. 16-17
Argel, nº 1511, fol. 30
Luis Collado (1592), p. 18
Argel, nº 1511, fol. 32
Luis Callado (1592), p. 35
Argel, nº 1511, fol. 92
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Zéki Bey, A. – «Die erfindung des schiesspulvers dem deutschen genius geschuldet.», XIII. Internationalen orientalisten-kongresses, Hamburg september 1902. Buchhandlung und Druckerei Votlklals e. J. Brill Leiden, 1904, p. 285-286.
NOTAS
[1] Ahmed Zéki Bey, «Die erfindung des schiesspulvers dem deutschen genius geschuldet.», XIII. Internationalen orientalisten-kongresses, Hamburg september 1902. Buchhandlung und Druckerei Votlklals e. J. Brill Leiden – 1904, p. 285.
[2] Império Turco Otomano (Séc. XIV até início do séc. XX).
[3] Al-`izz wa al-manafi`, 87 ج, fol. 11.
[4] Ibid. fol. 17.
[5] Zarkli Khayr ad-Din, Al-´A`lam, Dar al-malayin, 15º edição, 2002, p. 30.
[6] Segundo o arabista e historiador espanhol Francisco Javier Simonet (1829- 1897), tratar-se-ia da aldeia de Nigüelas, em Alpujarras, situada entre Dúrcal e Talara. Ver Descripción del reino de Granada bajo la dominación de los naseritas, sacada de los autores árabes, y seguida del texto inédito de Mohammed ebn aljathib. Madrid: Imprensa Nacional, 1860.
[7] García Arenal, M., Inquisición y moriscos. Los procesos del Tribunal de Cuenca, Madrid, 1978. Ver também: Enrique Gozalbes Cravioto & Helena Gozalbes García, «Las mujeres y la frontera: Observaciones sobre la visión de la mujer morisca», Estudios de Frontera. 8º, Alcalá la Real, 2010, pp. 167-185.
[8] Al-ìzz wa al-manafi`, op. Cit., fol. 9.
[9] Ibid., fol. 9.
[10] Ibid., fol. 10.
[11] Dey `Uthman ou Kara `Uthman Dey, um militar turco otomano. Foi governador de Túnis de 1593 até a sua morte em 1610.
[12] Ibid., fol. 10.
[13] Hijri al-Andalusi (-Al), Nasir ad-din `ala al-qawm al-kafirin, Casablanca, 1987.
[14] Ibid., fol. 120.
[15] Ver os detalhes em Al-Hijri, Nasir ad-din `ala al-qawm al-kafirin, citado anteriormente.
[16] Artigo publicado em Bulletin of the School of Oriental and African Studies, University of London, Vol. 41, No. 2, 1978. pp. 237-257.
[17] Ihsan al-Hindi, Al-`izz wa al-rif`a wa al-manafi`li al-mujahidin fi sabili Allah bi al-madafi`, Adû Dabî, Dâr al-Kutub al-Wataniyya, 2013.
[18] Ra`is Ibrahim Ibn Ghanim (Al-), Al- `izz wa al-rif`a wa al-manafi`li al-mujahidin fi sabili Allah bi ´alat al-hurub wa al-madafi`, Ed. Crítica Ghazouani Muhammed (Al-), Doutoramento, Universidade Ibn Tufayl, Kenitra 2014-2015.
[19] Kattani `Abd al-Hayy (al-), Fihris al-faharis wa al-ithbat, Beirut, 2ª ed. 2 vol., 1982.
[20] Al-`izz wa al-manafi`…, Tunis A-MSS-3433, fol. 233.
[21] Al-`izz wa al-manafi`, nº 1511, fol. 18.
[22] Ibid.
[23] L. P. Harvey, «The Morisco who was Muley Zaidan's Spanish interpreter», Misceldnea de Estudios Arabes y Hebraicos, VII, 1, 1959, 67-97.
[24] Collado de Lebrija, Luis, Práctica manual de artillería, Milán: Pablo Gerardo, 1592.
[25] C. Lechuga, Discurso de la artilleria, Milano, 1611.
[26] D. Ufano, Tratado de artilleria, Bruxelas, 1613.
[27] James David, «The Manual de Artillería of al-Ra'īs Ibrāhīm b. Aḥmad al-Andalūsī with Particular Reference to Its Illustrations and Their Sources», Bulletin of the School of Oriental and African Studies, University of London, Vol. 41, No. 2, 1978, p. 239-240.
MOSTAFA ZEKRI
Professor Associado do ISMAT, Investigador Integrado do CHAM-Centro de Humanidades da Universidade Nova de Lisboa, Doutor em Antropologia Social e Histórica pela École des Hautes Études en Sciences Sociales em Paris, Mestre em História e Civilizações. Colabora com Centros de Investigação e com Universidades nacionais e internacionais em áreas de antropologia e história.
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Como citar este texto:
ZEKRI, Mostafa – Sobre um tratado de artilharia do mourisco Ibrahim Ibn Ahmad Ibn Ghanim Ibn Muhammad Ibn Zakariya' al-Andalusi al-Ra'is (séc. XVII). Revista Portuguesa de História Militar – Dossier: O reinado de D. Sebastião, a “perda de independência" e o período Filipino[Em linha] Ano IV, nº 7 (2024); https://doi.org/10.56092/GQXO7870 [Consultado em ...].