JORGE DE MENDONÇA PESSANHA: O CÉLEBRE ADAIL DE TÂNGER NO PERÍODO DA UNIÃO IBÉRICA

Fernando Pessanha
Resumo:
Célebre adail de Tânger e capitão de Ceuta, Jorge de Mendonça Pessanha destacou-se como um dos mais insignes bellatores da Expansão Portuguesa no norte de Marrocos, no período da União Ibérica. Porém, ainda que a sua acção tenha ficado registada na documentação coeva, a conjuntura adversa imposta pela Guerra da Restauração acabou por eclipsar a sua memória. É nesse sentido que, utilizando uma metodologia de trabalho baseada no confronto da informação facultada pelas fontes primárias e pela cronística, o presente artigo tem como objectivo resgatar aos baús do esquecimento a acção militar de Jorge de Mendonça Pessanha como adail de Tânger, antes da sua carreira como capitão de Ceuta.
Palavras-Chave: Tânger; Ceuta; Marrocos; Militar; União Ibérica
Abstract:
A famous adail of Tangier and captain of Ceuta, Jorge de Mendonça Pessanha stood out as one of the most distinguished bellatores of the Portuguese Expansion in northern Morocco during the period of the Iberian Union. However, even though his actions were recorded in contemporaneous documents, the adverse circumstances imposed by the Restoration War ended up eclipsing his memory. With this in mind, using a methodology based on comparing the information provided by primary sources and chronicles, the aim of this article is to rescue, from the oblivion, the military action of Jorge de Mendonça Pessanha as adail of Tangier, before his carreer as captain of Ceuta.
Keywords: Tangier; Ceuta; Morocco; Military; Iberian Union
Introdução
Como é de conhecimento geral, foi em 1640 que o reino de Portugal, que via o seu império assediado por ataques ingleses, franceses e holandeses, declarou guerra a “Espanha", colocando fim a sessenta anos de União Ibérica. Foi nesse contexto que Ceuta, contrariamente a todas as colónias e territórios ultramarinos que constituíam o império português, optou pela soberania espanhola, mantendo a lealdade a Filipe IV, e que Tânger foi cedida a Inglaterra em 1661, como dote de casamento da princesa portuguesa Catarina de Bragança com o rei inglês Carlos II.
Com efeito, não será exagerado afirmar que o rebentar da Guerra da Restauração e a transição destas cidades para a administração espanhola e inglesa acabou por eclipsar, em larga medida, a História da administração portuguesa nestas cidades do Estreito no século XVII, nomeadamente, no que se refere aos anos que antecederam o conflito bélico que acabaria por durar vinte e oito longos anos. De facto, foi com alguma surpresa que constatámos não existir, até ao momento da redacção deste trabalho, qualquer artigo científico acerca de Jorge de Mendonça Pessanha, cavaleiro da Ordem de Cristo, adail de Tânger, capitão de Ceuta e insigne bellator português da Idade Moderna, ainda que alguns autores de finais do séc. XIX e inícios do séc. XX tenham tecido rasgados elogios à sua acção guerreira e administrativa no norte de África. É nesse sentido que o pequeno artigo que agora apresentamos pretende abordar a acção militar de Jorge de Mendonça Pessanha, não enquanto capitão “cheio de rectidão e disciplina"[1] da praça de Ceuta, mas antes enquanto o célebre adail de Tânger, a que o cronista Correa de Franca se referiu como “adalid de los más ilustres cavalleros valerosos y bien afortunados que tubo su patria"[2].
Jorge de Mendonça Pessanha nas fontes e na bibliografia contemporânea
Como anteriormente referimos, foi com alguma surpresa que verificámos não existir qualquer artigo científico sobre a micro-história de Jorge de Mendonça Pessanha, ainda que alguns autores de finais do séc. XIX e inícios do séc. XX tenham tecido rasgados elogios à sua acção guerreira e administrativa no norte de Marrocos. A inexistência de qualquer publicação de natureza científico-académica não implica, porém, que as fontes e a bibliografia contemporânea sejam silenciosas quanto a este bellator português do séc. XVII. Na realidade, não são tão poucas as fontes primárias e a bibliografia com que nos deparámos. Refira-se, em abono da verdade, que as alusões são por vezes breves, dispersas e fragmentárias. Outras vezes, porém, é a cronística a facultar-nos informação bem mais detalhada. Grosso modo, referências osuficientemente numerosas para nos permitirem a reconstituição possível da micro-história de Jorge de Mendonça Pessanha.
De facto, para além das fontes primárias que podemos encontrar no Arquivo Nacional da Torre do Tombo[3], também os Registos paroquiais da Sé de Tânger[4], publicados em 1922 por José Maria Rodrigues e Pedro de Azevedo, referem por diversas vezes o então adail daquela cidade do Estreito. São, no entanto, as crónicas as principais fontes para o conhecimento das façanhas militares deste bellator da Idade Moderna, nomeadamente, a História de Tânger que compreende as noticias desde a sua primeira conquista ate a sua ruina[5], de D. Fernando de Meneses, conde da Ericeira e capitão daquela praça do Estreito entre 1656 e 1661, e Historia de la mui noble y fidelíssima ciudad de Ceuta[6], de Alejandro Correa de Franca, já para o período em que Jorge de Mendonça Pessanha deteve a capitania de Ceuta.

Fig. 1 – Frontispício de História de Tânger que compreende as noticias desde a sua primeira conquista ate a sua ruina, de D. Fernando de Meneses, conde da Ericeira.
Do mesmo modo, o célebre adail de Tânger e capitão de Ceuta é igualmente referido na bibliografia contemporânea, nomeadamente, por autores do séc. XIX e do séc. XX. A nível da centúria oitocentista, veja-se, meramente a título de exemplo, o caso do Vol. V do jornal O Panorama…, editado em 1841, que alude a “uma provisão datada a 31 de Outubro de 1629 para se pagar certa quantia a Jorge de Mendonça Pessanha, adail na cidade de Tangere"[7]. Já os autores do séc. XX apresentam-se mais laudatórios nas suas alusões ao bellator português. Em 1905, por exemplo, N. La Clède, refere “Jorge de Mendonça Pessanha" e a fama adquirida por este capitão no seu “triumpho ganho contra os moiros"[8]. Logo no ano seguinte, em 1906, o Visconde de Sanches de Baena volta a aludir a Jorge de Mendonça Pessanha em Familias nobres do Algarve[9]. Alguns anos depois, em 1909, afirma Fernando Mendes em A dynastia de Bragança que “Em Ceuta, vemos Jorge de Mendonça Pessanha (…) dos mais intrepidos capitães d'aquella praça"[10] e, já em 1915, é Afonso de Dornellas a afirmar que “o Governo de Jorge de Mendonça Pessanha, foi cheio de rectidão e disciplina, salientando-se entre a maioria dos seus antecessores"[11].
A partir de então, a memória do nosso bellator foi sistematicamente votada a um paulatino esquecimento. É certo que, em 1989, José Luis Gómez Barceló ainda volta a referir alguns dados biográficos sobre este cavaleiro em «Historia de Ceuta» «Es del Preb.º d.n Lucas Caro»[12]. Porém, obras como Ceuta Portuguesa (1415-1656), publicada por Isabel M. R. Mendes Drumond Braga e Paulo Drumond Braga em 1998[13], ou Implantação da Cidade Portuguesa no Norte de África, publicada por Jorge Correia em 2008[14], apenas incluem Jorge de Mendonça Pessanha na lista dos governadores portugueses daquela praça norte-africana. Honrosa excepção é, sem dúvida, Las escritoras españolas de la Edad Moderna. Historia y guía para la investigación, obra publicada em 2018 e em que Nieves Baranda Leturio e Anne J. Cruz abordam o poema que Ana Caro de Mallén escreveu sobre a “Grandiosa vitoria" que Jorge de Mendonça Pessanha obteve sobre os mouros de Tetuão durante o seu governo em Ceuta[15].
Desde então, apenas temos a registar os artigos informativos que temos vindo a dar à estampa em órgãos de comunicação portugueses e espanhóis, nomeadamente, “Jorge de Mendonça Pessanha: «dos mais intrepidos capitães d'aquella praça» de Ceuta", publicado no jornal El Faro de Ceuta[16] e “Jorge de Mendonça Pessanha, “cheio de rectidão e disciplina": de adail de Tânger a capitão de Ceuta", publicado no Jornal do Algarve Magazine, no mesmo mês de Abril de 2021[17]. Por outras palavras, contributos direccionados para o público generalista e onde procurámos reconstituir, em traços meramente gerais, o estado do conhecimento sobre a micro-história deste indivíduo. Por fim, já em 2024, voltámos a referir este capitão de Ceuta em “A coexistência das artes bélicas Medievais e Modernas na Ceuta portuguesa do séc. XVII", artigo publicado no Jornal do Algarve Magazine[18], sendo que a sua tradução para castelhano, “La coexistencia de las artes bélicas Medievales y Modernas en la Ceuta portuguesa del siglo XVII", foi publicada no mesmo mês de Outubro de 2024, no jornal El Faro de Ceuta[19].
O Adail de Tânger
Apresentado Jorge de Mendonça Pessanha nas fontes e na bibliografia contemporânea, importa debruçar-nos sobre a sua carreira militar enquanto adail de Tânger. Segundo Ângela Barreto Xavier, em Tendências na Historiografia da Expansão Portuguesa. Reflexões sobre os destinos da história social[20], a nova História Social tende a contrapor-se à frequentemente designada História Social clássica, na demanda por recuperar a relevância do indivíduo na História. Ora, é nesse contexto que a biografia[21] e a micro-história[22] se têm vindo a transformar em ferramentas pertinentes para o estudo do indivíduo no plano social. O pequeno contributo que agora apresentamos pretende, portanto, recorrer a estas ferramentas no sentido de percebermos o contexto social deste indivíduo e qual a sua dimensão a nível da História da Expansão.
Antes de nos concentrarmos em Jorge de Mendonça Pessanha, importa referir que este indivíduo era descendente de uma linhagem cuja origem em Portugal remonta aos inícios do séc. XIV, quando o rei D. Dinis entregou o almirantado da marinha de guerra portuguesa ao genovês Manuel Pessanha[23]. Linhagem, aliás, que deteve o almirantado até ao séc. XV[24] e que marcou presença no norte de África desde o primeiro momento da Expansão Portuguesa, já que entre a nobreza que acompanhou D. João I na conquista de Ceuta, em 1415, encontrava-se o almirante Lançarote Pessanha[25]. Aliás, por entre os oficiais portugueses das praças norte-africanas encontramos indivíduos como Manuel Pessanha, capitão de Tânger entre 1489 e 1490[26], Manuel Pessanha, alcaide-mor de Safim em 1520[27] ou Jorge Pessanha, capitão de Ceuta entre 1580 e 1585[28].
De acordo com documentação à guarda do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Jorge de Mendonça Pessanha era fidalgo da Casa Real e cavaleiro da Ordem de Cristo[29]. Porém, a rectidão e disciplina que caracterizaram o governo deste capitão de Ceuta deveu-se, antes de mais, à sua notável carreira militar em Tânger, praça ocupada por Portugal no seguimento da conquista de Arzila de 1471[30] e que continuou sob administração portuguesa durante o período da União Ibérica.
Fig. 2 – Representação de Tânger em La descripción de España y de las costas y puertos de sus reinos, do cartógrafo português Pedro Teixeira Albernaz.
Se seguirmos a Historia de Tangere… de D. Fernando de Meneses, capitão daquela praça do Estreito entre 1656 e 1661, apercebemo-nos de que Jorge de Mendonça Pessanha manteve-se como adail de Tânger “ao longo de aproximadamente duas longas décadas"[31]. De facto, refere o conde da Ericeira que Jorge de Mendonça Pessanha já desempenhava aquele cargo em 1 de Março de 1608[32]. Porém, identificámos este militar já na qualidade de adail num registo paroquial da Sé de Tânger datado em 15 de Novembro de 1607[33], o que revela a sua nomeação em data necessariamente anterior.
Não é intenção do presente trabalho fazer uma explanação exaustiva das acções militares comandadas por Jorge de Mendonça Pessanha, ou nas quais tomou parte. Aliás, os condicionalismos inerentes à redacção de um artigo desta natureza dificilmente o permitiriam. No entanto, torna-se pertinente aqui apresentarmos alguns exemplos, no sentido de compreendermos o motivo pelo qual este militar granjeou grande prestígio no norte de Marrocos, do séc. XVII, e que conduziu à sua posterior nomeação como capitão de Ceuta.
De entre os episódios mais expressivos de Jorge de Mendonça Pessanha no teatro de operações norte-africano refira-se, antes de mais, a entrada que teve lugar na supracitada data de 1 de Março de 1608. Revela D. Fernando de Meneses que foi no início dessa noite que, assegurada a segurança dos campos com as tradicionais cautelas[34], o capitão de Tânger, Nuno de Mendonça, lançou duzentos e setenta e três homens a cavalo e outros tantos infantes numa entrada em território hostil, ficando a vanguarda sob comando do adail. Penetrados nos campos de Angera, e Benaulente, Jorge de Mendonça Pessanha, juntamente com a cavalaria, tomou um despojo constituído por cavalos, éguas, jumentos e setenta cabeças de gado grosso, para além de gado miúdo, muita roupa e vidas humanas, entre outros despojos, “com que se recolheo a Cidade, sem achar Mouros que lhe embaraçassem o caminho"[35]. No entanto, não obstante o sucesso granjeado, pouco descansou o nosso adail em Tânger, já que o capitão voltou a enviá-lo pouco depois contra Gibelfarás, nos campos de Tetuão, com uma força constituída por duzentos homens a cavalo. O despojo, porém, não foi tão expressivo como o da entrada anterior, uma vez que “o temor dos Mouros era causa de andarem taõ recolhidos, que se nao atreviaõ a trazer seus gados em campos taõ remotos"[36].
Já depois de outras entradas em que tomaram parte os almocadéns de Tânger, o capitão Nuno de Mendonça voltou a ordenar nova entrada, em 7 de Novembro do mesmo ano, com toda a gente de cavalo e duzentos infantes. Corridos os campos da aldeia de Greguis, recolheram os portugueses com uma presa constituída por quatrocentas e seis cabeças de gado grosso, duzentos de gado miúdo, entre éguas, cavalos, jumentos vidas humanas e outros muitos despojos, alegadamente no valor de mais de onze mil cruzados. Despojos que, desde logo, se aproximavam dos grandes saques obtidos nos tempos do célebre capitão de Safim, Nuno Fernandes de Ataíde[37]. Ora, querendo os mouros vingar esta afronta, procuraram dar combate aos portugueses. O capitão, porém, mandou Jorge de Mendonça Pessanha atacá-los, pelo que, “naõ se atrevendo os Mouros a fazer resistencia, se puzeraõ com tempo em fugida"[38]. Mais, uma vez, situações que nos remetem para os famosos sucessos militares de Lopo Barriga, célebre adail de Safim, narrados pela pena de Damião de Góis[39].
Entre esse ano de 1608, em que tiveram lugar os supracitados acontecimentos, e Junho de 1614, quando terminou a capitania de Nuno de Mendonça, “em todo elle servio de Adail Jorge de Mendoça Pessanha"[40]. Não sabemos se o adail se manteve no cargo durante a breve capitania de D. Luiz de Menezes, Conde de Tarouca, entre Junho e Outubro do mesmo ano, assim como durante a breve capitania de D. Luis de Noronha, entre Outubro de 1614 e Agosto de 1615. O certo é que quando D. João Coutinho, Conde do Redondo, tomou posse da capitania de Tânger, em Agosto de 1615, e concebeu nova entrada em território hostil, já Jorge de Mendonça Pessanha se encontrava ausente de Tânger, sendo temporariamente substituído pelo almocadém Gaspar Ribeiro[41]. De resto, o adail substituto não granjeou nesta entrada o sucesso a que Jorge de Mendonça Pessanha tinha acostumado os portugueses de Tânger, pois percebendo que “era sentido, e que por todas as Aldeas se hia dando rebate, conforme a ordem que tinha, se recolheo com sentimento dos Cavalleiros, que desejavaõ mayor fruto deste trabalho"[42]. No entanto, a ausência de Jorge de Mendonça Pessanha não deve ter sido longa, uma vez que em princípios de Agosto de 1617, reconduzido no posto de adail, liderou uma entrada ordenada pelo novo capitão, D. Pedro Manuel. Ao comando de uma força constituída por duzentos e vinte e cinco cavaleiros, dirigiu-se contra os campos de Sid Alxambra, de onde “recolheo sem achar contradição"[43], regressando a Tânger com os despojos da cavalgada.
Em Abril de 1618, Jorge de Mendonça Pessanha voltou a comandar outra entrada contra os campos de Greguis, de onde voltou vitorioso e com despojo[44]. Já a entrada contra os campos de Angera, que teve lugar em 25 de Janeiro de 1619, foi digna de registo pelo grande número de recursos humanos envolvidos: duzentos e noventa e dois homens de cavalo e trezentos e trinta e quatro homens de pé. Números que se aproximam das monumentais entradas dos tempos do célebre capitão de Safim, Nuno Fernandes de Ataíde[45], não só pelos quantitativos envolvidos, como pela presença do próprio capitão (na altura D. Pedro Manuel), sendo que “nesta occafiaõ foy por Adail Jorge de Mendoça Pessanha, e obrou nella como nas mais, com a satisfaçao que costumava"[46].
Em Agosto de 1619, o nosso adail voltou a comandar outra entrada digna de registo, contra Alguriche. Ofensiva assinalável não tanto pelos números envolvidos, duzentos e dezasseis de cavalo, mas sim pelo monumental despojo: “quatrocentas cabeças de gado grosso, quinhentas do meudo, com que o Adail se recolheo"[47]. Ainda nesse ano, Jorge de Mendoça Pessanha tomou parte uma das tradicionais emboscadas tão características no teatro de operações norte-africano[48]. Com efeito, foi em 11 de Novembro que o capitão concebeu atacar os adversários, atraindo-os para uma armadilha. Para tal, instruiu “o Adail, que saísse com pouca gente" a atacar os adversários, ficando o capitão oculto com o resto da cavalaria e a infantaria dissimulada numa cava. Com o ataque da pequena força do adail, os mouros, desprevenidos numa ribeira, bateram em retirada em direcção às forças do seu alcaide, que não tardou em ir socorrê-los com a cavalaria moura. O que o alcaide mouro não contava era que uma inesperada força de cavalaria portuguesa, dissimulada pela acção de Jorge de Mendonça Pessanha, carregasse sobre os adversários. O alcaide mouro, que ainda tentou suster o ímpeto dos portugueses, não teve outro remédio senão bater em retirada, tendo a sua bandeira sido tomada. O resultado foi a morte de muitos adversários, a captura de outras duas bandeiras, vinte e três cavalos, muitas armas, entre outros despojos, como uma alcatifa e a almofada do próprio alcaide, que se salvou embrenhando-se pela serra com o resto da sua gente. Segundo o autor da História de Tânger…, a vitória então alcançada “foy das mais insignes, e gloriosas que se alcançaraõ nestas Fronteiras"[49].
Se a supracitada entrada foi assinalável para os portugueses de Tânger, a que teve lugar em 8 de Fevereiro de 1621 foi manifestamente representativa da capacidade de liderança e do perfil psicológico do adail. Partindo de Tânger com uma força de duzentos e trinta e três de homens a cavalo, Jorge de Mendoça Pessanha correu os campos de Sid Alxambra e Guadares, resultando a entrada na morte de muitos mouros, vinte e quatro cativos e trezentas e oitenta cabeças de gado grosso. Porém, enquanto os portugueses reuniam o despojo, os adversários agruparam-se em grande número, de modo a interceptá-los no caminho de regresso à praça. Descobrindo os mouros o esquadrão do adail, lançaram-se sobre os portugueses com grande fúria, confiantes na vitória pelo factor surpresa e por serem “mais de quinhentos entre os de cavallo, e de pé". Note-se que, ao chegarmos a este ponto da narrativa, D. Fernando de Meneses dedica rasgados elogios à conduta do adail. Louvando o valor, a coragem e a sagacidade de Jorge de Mendonça Pessanha, o autor narra o modo como o adail, alegre e confiante perante tão adversas circunstâncias, incitou ao combate invocando o dever e a fé cristã. Vale a pena recordar as palavras que o cronista dedicou a este episódio, bem ao estilo dos grandes feitos de cavalaria narrados por Zurara em obras como a Chronica do Conde D. Pedro de Menezes[50] ou a Chronica do Conde D. Duarte de Menezes[51]:
“porem o Adail, que trazia a gente em boa ordem, vendo o empenho, e que no valor, e nas armas consistia o remedio, mostrandose no semblante alegre, e confiado, animou a todos, e lhes disse, que aquelle era o dia que havia muitos annos que desejava, que todos pelejassem com a constancia que deviaõ, que esperava em Deos lhe daria victoria e que aquelles erao os mesmos inimigos de sua Santa Fè, que tantas vezes tinhaõ desbaratado; e dizendo isto, invistio os Mouros, os mais fizeraõ o mesmo, e ainda que os Mouros pelejaraõ algum espaço, ultimamente se puzeraõ em fugida, deixando muitos mortos, e alguns cavallos, e outros despojos (…) e o Adail se recolheo com toda a preza, e foy recebido do seu General, e de toda á Cidade com os louvores que sе lhe deviaõ por taõ honrado successo"[52].
Em abono da verdade, palavras laudatórias que, mais uma vez, aproximam Jorge de Mendonça Pessanha da memória do célebre adail de Safim, Lopo Barriga[53], cujas façanhas militares foram imortalizadas por Damião de Góis na Chronica do Serenissimo Senhor Rei D. Manoel[54].
Se seguirmos a História de Tânger… vemos que em Fevereiro de 1623, já durante a capitania de D. Jorge Mascarenhas, o adail Jorge de Mendonça, juntamente com duzentos e quarenta e sete a cavalo, atacou os campos de Siguidelim, de onde trouxe sete mouros, cinco éguas, sete jumentos, e outros despojos[55]. Pouco depois, em 17 de Abril, correu o Soareirinho, ao comando de uma força de duzentos e cinquenta e oito a cavalo, tomando vinte mouros, nove cavalos, quinze éguas, seis jumentos, e outros despojos[56]. Em 5 de Março de 2024 há registo de ter participado num ataque ao Outeiro do Xeque Lauhar e à serra de Benamagras[57].
Em 1625, já durante a capitania do Conde de Linhares, D. Miguel de Noronha, teve o adail de aguentar um dos combates mais difíceis da sua carreira como adail. Procurando os mouros vingança pelas afrontas a que este capitão os sujeitava, reuniram uma grande força constituída por novecentos a cavalo e foram correr os campos de Tânger. Jorge de Mendoça Pessanha, saindo da cidade com uma parte da cavalaria, ocupou posição num palmar, sustendo o seu posto com determinação. Socorrido pelo capitão, que saiu com o resto da cavalaria e a infantaria, o adail aguentou por três vezes as cargas dos adversários, obrigando-os a recolher com baixas. Face à resistência da força comandada pelo adail e aos danos causados pela infantaria, “que com cargas continuas fez nos Mouros damno consideravel"[58], os adversários acabaram por retirar, não se atrevendo a atacar a força comandada pelo capitão, que os aguardava no campo.
Em 8 de Março de 1627, foi a vez de o campo de Tânger ser corrido pelo almocadém e alcaide de Benaharos com cinquenta a cavalo, pelo que о capitão enviou contra eles o adail. Colocando-se os mouros em fuga, Jorge de Mendonça Pessanha perseguiu-os até à “boca de Chauchao". Morto o almocadém, o alcaide e outros nove mouros foram capturados, juntamente com vinte cavalos, muitas armas e outros despojos[59]. Aparentemente, terá sido esta a última acção militar documentada em que Jorge de Mendonça Pessanha aparece referido enquanto adail de Tânger, uma vez que Alejandro Correa de Franca, Historia de la mui noble y fidelíssima ciudad de Ceuta, afirma que a sua nomeação como capitão de Ceuta teve lugar no dia 26 do mesmo mês de Março de 1627[60].
Terminava assim a carreira deste cavaleiro como adail, cujas façanhas foram registadas pelo capitão de Tânger D. Fernando de Meneses, conde da Ericeira, na célebre História de Tânger que compreende as noticias desde a sua primeira conquista ate a sua ruina[61], documento incontornável para o estudo do domínio português naquela cidade do Estreito de Gibraltar. Uma carreira que se desenrolou, pelo menos, entre 15 de Novembro de 1607[62] e 26 de Março de 1627[63], ou seja, ao longo de exactamente “duas longas décadas"[64].

Fig. 3 – A cidade de Tânger segundo o cartógrafo Willem Jansz Blaeu (1571-1638). Bibliothèque nationale de France. Département Cartes et plans, GE DD-2987 (8067 BIS). (On line) Disponível em https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/btv1b8595443g.r=tanger?rk=42918;4# (Consultado em 4 de Novembro de 2024).
Já como capitão de Ceuta, entre 1627 e 1634, Jorge de Mendonça Pessanha acabaria por alcançar ainda maior notoriedade, granjeando assinalável distinção em situações como o socorro prestado às forças castelhanas sitiadas em Mamora[65], em 1628, ou o combate contra os mouros de Tetuão que teve lugar em 1629 e que fez com que o capitão português entrasse em Ceuta vitorioso e aplaudido pela população[66]. No entanto, e como anteriormente referimos, não é intenção do presente artigo abordar a carreira de Jorge de Mendonça Pessanha enquanto capitão de Ceuta. Esse tema tratá-lo-emos em breve, noutro trabalho a dar à estampa num futuro próximo. Por agora, e à guisa de conclusão, importa recordar as palavras que Correa de Franca dedicou a este “adalid de los más ilustres cavalleros valerosos y bien afortunados que tubo su patria, en cuio serbicio fue estropeado en vna pierna y diversas vezes herido de los moros"[67].
Considerações finais
Não podemos terminar o presente artigo sem antes tecermos algumas breves considerações à guisa de conclusão. Antes de mais, importa recordar que, não obstante a notoriedade granjeada por Jorge de Mendonça Pessanha no teatro de operações norte-africano durante o período da União Ibérica, a sua acção militar nunca foi analisada nem sujeita a apreciação crítica em qualquer revista de natureza científico-académica. Foi nesse sentido que, face aos condicionalismos inerentes à redacção do pequeno artigo que agora apresentamos, optámos por não abordar a globalidade da sua carreira militar, concentrando-nos especificamente na sua acção enquanto adail da praça de Tânger.
De facto, ainda que a bibliografia contemporânea se refira, tendencialmente, a Jorge de Mendonça Pessanha na qualidade de capitão de Ceuta, foi como adail de Tânger que comandou e participou em múltiplas operações militares frequentemente coroadas de êxito. Com efeito, a documentação consultada revela uma longa carreira desenvolvida, pelo menos, entre 15 de Novembro de 1607 e 26 de Março de 1627. Por outras palavras, vinte longos anos pautados por uma pró-actividade militar que faz recordar, desde logo, os tempos de Nuno Fernandes de Ataíde e Lopo Barriga, os célebres capitão e adail de Safim que granjearam grande notoriedade durante o apogeu da presença militar portuguesa em Marrocos.
Note-se que com reformulação da estratégia norte-africana de D. João III e o abandono de muitas das praças da costa atlântica marroquina, as praças de Ceuta, Tânger e Mazagão, sujeitas a profundas reformas a nível da arquitectura militar, passaram a adoptar uma estratégia essencialmente defensiva, abandonando a abordagem ofensiva que caracterizou a expansão portuguesa no norte de África até ao desastre de Mamora de 1515. Verifica-se, porém, que a acção de Jorge de Mendonça Pessanha enquanto adail de Tânger não se coadunou propriamente com a dimensão essencialmente defensiva preconizada para a presença no Magrebe a partir de meados do séc. XVI. Por outro lado, sendo a Historia de Tangere…, de D. Fernando de Meneses, a principal fonte para o conhecimento do domínio português nesta cidade do Estreito e, por conseguinte, para o conhecimento da carreira de Jorge de Mendonça Pessanha enquanto adail desta praça, é expectável que as nossas considerações sofram a contaminação das potenciais extrapolações do conde da Ericeira. De facto, não é de desconsiderar que D. Fernando de Meneses, ele próprio capitão desta praça entre 1656 e 1661, tenha procurado dignificar a acção de indivíduos como Mendonça Pessanha, um pouco ao estilo das crónicas de Gomes Eanes de Zurara sobre o norte de África ou mesmo de Damião de Góis na Chronica do Serenissimo Senhor Rei D. Manoel. Seja como for, e independentemente das potenciais extrapolações cometidas pelo cronista, foi a larga experiência militar de Jorge de Mendonça Pessanha a estar na origem da sua nomeação para a capitania de Ceuta. Essa, porém, é uma investigação que deixaremos para um futuro próximo…
Fontes e bibliografia
Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Chancelaria de D. Manuel I, liv. 36, fl. 95v .
Corpo Cronológico - Parte I, maço 118, N.º 72; Parte III, maço 32, N.º 161.
Gavetas - Gav. 3, maço 1, N.º 7
Mesa da Consciência e Ordens, Habilitações para a Ordem de Cristo - Letra S, maço 6, N.º 98.
Bibliothèque nationale de France.
Département Cartes et plans, GE DD-2987 (8067 BIS).
Fontes Impressas
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Chronica do Conde D. Duarte de Menezes. In Collecção de livros inéditos de Historia Portugueza, dos reinados de D. João I, D. Duarte, D. Affonso V, e D. João II. Tomo III. Lisboa: Na oficina da mesma academia, M.D.CCXCIII, pp. 7-385.
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Nuno Fernandes de Ataíde, o que “nunca esta quedo" – A acção do capitão de Safim no apogeu da presença militar portuguesa em Marrocos. Tese de doutoramento em Património apresentada à Faculdade de Humanidades da Universidade de Huelva, 2023;
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NOTAS
[1] DORNELLAS, Afonso de - Historia e Genealogia. Vols. 3-4, p. 161.
[2] FRANCA, Alejandro Correa de - Historia de la mui noble y fidelíssima ciudad de Ceuta. p. 222.
[3] Veja-se, meramente a título de exemplo, A.N.T.T., Corpo Cronológico, Parte I, mç. 118, n.º 72; A.N.T.T., Corpo Cronológico, Parte III, mç. 32, n.º 161. A.N.T.T., Mesa da Consciência e Ordens, Habilitações para a Ordem de Cristo, Letra S, mç. 6, n.º 98.
[4] RODRIGUES, José Maria & AZEVEDO, Pedro de - Registos paroquiais da Sé de Tânger: Casamentos de 1582 a 1678. Reconciliações de 1611 a 1622. Vol. I, 1922.
[5] MENESES, D. Fernando de - História de Tânger que compreende as noticias desde a sua primeira conquista ate a sua ruina. 1732.
[6] FRANCA, Alejandro Correa de - Historia de la mui noble y fidelíssima ciudad de Ceuta. 1999.
[7] “Breve noticia sobre o officio de thesoureiro-mór da casa de Ceuta. Relação dos individuos que o serviram, conta da despesa que fez a corda por esta repartição em quanto ella esteve a cargo da familia dos Feos". In O Panorama. Jornal litterario e instructivo da Sociedade Propagadora dos Conhecimentos Uteis. Vol. 5, p. 37.
[8] CLÈDE, N. La - Historia de Portugal: A dynastia de Bragança. Vol. 4, p. 99.
[9] BAENA, Sanches de - Familias nobres do Algarve. Vol. 2, p. 22.
[10] MENDES, Fernando - A dynastia de Bragança: historia de Portugal desde a restauração de 1640 até aos recentes acontecimentos políticos. Vol. 1, p. 99.
[11] DORNELLAS, Afonso de - Historia e Genealogia. Vols. 3-4, p. 161.
[12] GÓMEZ BARCELÓ, José Luis - «Historia de Ceuta» «Es del Preb.º d.n Lucas Caro». p. 98.
[13] BRAGA, Isabel M. R. Mendes Drumond & BRAGA, Paulo Drumond - Ceuta Portuguesa (1415-1656). p. 188.
[14] CORREIA, Jorge - Implantação da Cidade Portuguesa no Norte de África - Da tomada de Ceuta a meados do Séc. XVI. p. 69.
[15] BARANDA LETURIO, Nieves & CRUZ, Anne J. - Las escritoras españolas de la Edad Moderna. Historia y guía para la investigación. s/p.
[16] PESSANHA, Fernando - Jorge de Mendonça Pessanha: «dos mais intrepidos capitães d'aquella praça» de Ceuta. In El Faro de Ceuta. Nº 30614, p. 25.
[17] PESSANHA, Fernando - Jorge de Mendonça Pessanha, “cheio de rectidão e disciplina": de adail de Tânger a capitão de Ceuta. In Jornal do Algarve Magazine. Nº 3344, p. 2.
[18] PESSANHA, Fernando - A coexistência das artes bélicas Medievais e Modernas na Ceuta portuguesa do séc. XVII". In Jornal do Algarve Magazine. Nº 3527, p. 6.
[19] PESSANHA, Fernando - La coexistencia de las artes bélicas Medievales y Modernas en la Ceuta portuguesa del siglo XVII. In El Faro de Ceuta. Nº 32073, p. 23.
[20] XAVIER, Ângela Barreto - Tendências na Historiografia da Expansão Portuguesa. Reflexões sobre os destinos da história social. In Penélope. Nº 22, pp. 141-179.
[21] Veja-se, a título de exemplo, PINHEIRO, Magda - A biografia em Portugal – uma agenda. In Ler História. Nº 50, pp. 67-80.
[22] Veja-se a recolha de textos seleccionada por Carlo Ginzburg para a colecção «memória e Sociedade». GINZBURG, Carlo - A Micro-História e Outros Ensaios. 1991.
[23] A.N.T.T., Gavetas, Gav. 3, maço 1, N.º 7. É vasta a bibliografia sobre o almirante Manuel Pessanha. Vejam-se, a título de exemplo, FERNANDES, Fátima Regina - Los genoveses en la armada portuguesa: Los Pessanha. In Edad Media: revista de historia. Nº 4. pp. 199-226; LUÍS, Alexandre da Costa - A Marinha de Guerra e a consolidação da independência portuguesa: D. Dinis e a contratação de Manuel Pessanha. In A Formação da Marinha Portuguesa. Dos Primórdios ao Infante. pp. 179-196; MAIA, José dos Santos & SOARES, Luís Couto (coord.) - 700 anos Almirante Pessanha. 2017; MAIA, José dos Santos (coord.) - O Mar como Futuro de Portugal (c. 1223 – c. 1448) A propósito da contratação de Manuel Pessanha como Almirante por D. Dinis. 2019; OLIVEIRA, Luís Filipe - As Ordens Militares e o mar: problemas e perspectivas. In O Mar como Futuro de Portugal (c. 1223 – c. 1448). A propósito da contratação de Manuel Pessanha como Almirante por D. Dinis. pp. 127-146; VAIRO, Giulia Rossi - O genovês Micer Manuel Pessanha, Almirante d'ElRei D. Dinis. In Medievalista. Nº13, (on line), (consultado em 22.02.2021), http://www2.fcsh.unl.pt/iem/medievalista/MEDIEVALISTA13/vario1306.html. Da mesma autora veja-se também O rei D. Dinis, Manuel Pessanha e o Regimento do Almirante. In O Mar como futuro de Portugal (c. 1223 – c. 1448). A propósito da contratação de Manuel Pessanha como Almirante por D. Dinis. pp. 53-63.
[24] Veja-se, a título de exemplo, PESSANHA, José Benedito de Almeida - Os Almirantes Pessanhas e sua descendência. 1923.
[25] ZURARA, Gomes Eanes de - Crónica da Tomada de Ceuta. Cap. L, p. 178; FREIRE, Anselmo Braamcamp - Brasões da Sala de Sintra. Vol. 3, p. 201.
[26] PINA, Rui de - Crónica de D. João II. Capítulo XLI, p. 81; MENESES, D. Fernando de - História de Tânger…, p. 45; CORREIA, Jorge - Implantação da Cidade Portuguesa no Norte de África… p. 70; PESSANHA, Fernando - A ascendência de D. Fernando de Meneses, capitão de Ceuta e 1º Conde de Alcoutim. Exemplo da relação entre os serviços no Norte de África e a atribuição de títulos nobiliárquicos. In XIX Jornadas de História de Ceuta. p. 38. Do mesmo autor veja-se também D. Fernando de Meneses - Capitão de Ceuta, 1º Conde de Alcoutim e 2º Marquês de Vila Real. p.44.
[27] A.N.T.T., Chancelaria de D. Manuel I, liv. 36, fl. 95v; GÓIS, Damião de - Chronica do Serenissimo Senhor Rei D. Manoel. Parte IV, Capítulo XLIV, p. 533.
[28] MORAIS, Alão de - Pedatura Lusitana. Tomo III, Vol. I, p.205; GÓMEZ BARCELÓ, José Luis -«Historia de Ceuta» «Es del Preb.º d.n Lucas Caro». p. 93; BRAGA, Isabel M. R. Mendes Drumond & BRAGA, Paulo Drumond - Ceuta Portuguesa (1415-1656). p. 188.
[29] A.N.T.T., Mesa da Consciência e Ordens, Habilitações para a Ordem de Cristo, Letra S, maço 6, N.º 98. Veja-se também FRANCA, Alejandro Correa de - Historia de la mui noble y fidelíssima ciudad de Ceuta. p. 222.
[30] PINA, Rui de - Chronica de El-Rei D. Afonso V. Capítulos CLXII - CLXV, pp. 56-64.
[31] PESSANHA, Fernando - Jorge de Mendonça Pessanha, “cheio de rectidão e disciplina": de adail de Tânger a capitão de Ceuta. In Jornal do Algarve Magazine. Nº 3344, p. 2.
[32] MENESES, D. Fernando de - História de Tânger… Parte I, p. 121.
[33] RODRIGUES, José Maria & AZEVEDO, Pedro de - Registos paroquiais da Sé de Tânger: Casamentos de 1582 a 1678. Reconciliações de 1611 a 1622. Vol. I, p. 133.
[34] Sobre as cautelas que antecediam as entradas veja-se PESSANHA, Fernando - As Guarnições Militares nas Praças Portuguesas da Região da Duquela, no Algarve Dalém-mar. Dissertação de mestrado apresentada à Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade do Algarve, p. 147.
[35] MENESES, D. Fernando de - História de Tânger… Parte I, p. 121.
[36] MENESES, D. Fernando de - História de Tânger… Parte I, p. 121.
[37] PESSANHA, Fernando - Nuno Fernandes de Ataíde, o que “nunca esta quedo" – A acção do capitão de Safim no apogeu da presença militar portuguesa em Marrocos. Tese de doutoramento em Património apresentada à Facultade de Humanidades da Universidade de Huelva, 2023.
[38] MENESES, D. Fernando de - História de Tânger… Livro Terceiro p. 122.
[39] Veja-se, a título de exemplo, GÓIS, Damião de - Chronica do Serenissimo Senhor Rei D. Manoel. Parte III, Capítulo XXXIV, p. 341.
[40] MENESES, D. Fernando de - História de Tânger… Livro Terceiro, p. 128.
[41] PESSANHA, Fernando - Jorge de Mendonça Pessanha, “cheio de rectidão e disciplina": de adail de Tânger a capitão de Ceuta. In Jornal do Algarve Magazine. Nº 3344, p. 2; Do mesmo autor veja-se também Jorge de Mendonça Pessanha: «dos mais intrepidos capitães d'aquella praça» de Ceuta. In El Faro de Ceuta. Nº 30614, p. 25.
[42] MENESES, D. Fernando de - História de Tânger… Livro Terceiro, p. 128.
[43] MENESES, D. Fernando de - História de Tânger… Livro Terceiro, pp. 129-130.
[44] MENESES, D. Fernando de - História de Tânger… Livro Terceiro, pp. 129-130.
[45] PESSANHA, Fernando - Nuno Fernandes de Ataíde, o que “nunca esta quedo" – A acção do capitão de Safim no apogeu da presença militar portuguesa em Marrocos. Tese de doutoramento em Património apresentada à Facultade de Humanidades da Universidade de Huelva, 2023.
[46] MENESES, D. Fernando de - História de Tânger… Livro Terceiro, p.130.
[47] MENESES, D. Fernando de - História de Tânger… Livro Terceiro, pp. 130-131.
[48] PESSANHA, Fernando - As Guarnições Militares nas Praças Portuguesas da Região da Duquela, no Algarve Dalém-mar. Dissertação de mestrado apresentada à Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade do Algarve, pp. 145-146.
[49] MENESES, D. Fernando de - História de Tânger… Livro Terceiro, p. 132.
[50] ZURARA, Gomes Eanes de - Chronica do Conde D. Pedro de Menezes. In Collecção de livros inéditos de Historia Portugueza, dos reinados de D. João I, D. Duarte, D. Affonso V, e D. João II. Tomo II, pp. 213-626.
[51] ZURARA, Gomes Eanes de - Chronica do Conde D. Duarte de Menezes. In Collecção de livros inéditos de Historia Portugueza, dos reinados de D. João I, D. Duarte, D. Affonso V, e D. João II. Tomo III, pp. 7-385.
[52] MENESES, D. Fernando de - História de Tânger… Livro Terceiro, pp. 132-133.
[53] Sobre o adail Lopo Barriga vejam-se CRUZ, Maria Augusta Lima - Mouro para os cristãos e cristão para os mouros: o caso Bentafufa. In Anais de História de Além-Mar. Vol. III, pp. 39-63; PESSANHA, Fernando - O adail Lopo Barriga e a expedição contra o castelo de Amagor. In Jornal do Algarve Magazine. Nº 3366, p. 6.
[54] GÓIS, Damião de - Chronica do Serenissimo Senhor Rei D. Manoel. 1749.
[55] MENESES, D. Fernando de - História de Tânger… Livro Terceiro, p. 136.
[56] MENESES, D. Fernando de - História de Tânger… Livro Terceiro, p. 136.
[57] MENESES, D. Fernando de - História de Tânger… Livro Terceiro, p. 137.
[58] MENESES, D. Fernando de - História de Tânger… Livro Terceiro, p. 139.
[59] MENESES, D. Fernando de - História de Tânger… Livro Terceiro, p. 142.
[60] FRANCA, Alejandro Correa de - Historia de la mui noble y fidelíssima ciudad de Ceuta. p. 221.
[61] MENESES - D. Fernando de - História de Tânger… Livro Terceiro, pp. 121-142.
[62] RODRIGUES, José Maria & AZEVEDO, Pedro de - Registos paroquiais da Sé de Tânger: Casamentos de 1582 a 1678. Reconciliações de 1611 a 1622. Vol. I, p.133.
[63] FRANCA, Alejandro Correa de - Historia de la mui noble y fidelíssima ciudad de Ceuta. p. 221.
[64] PESSANHA, Fernando - Jorge de Mendonça Pessanha, “cheio de rectidão e disciplina": de adail de Tânger a capitão de Ceuta. In Jornal do Algarve Magazine. Nº 3344, p. 2.
[65] FRANCA, Alejandro Correa de - Historia de la mui noble y fidelíssima ciudad de Ceuta. p. 220.
[66] FRANCA, Alejandro Correa de - Historia de la mui noble y fidelíssima ciudad de Ceuta. p. 224.
[67] FRANCA, Alejandro Correa de - Historia de la mui noble y fidelíssima ciudad de Ceuta. p. 222.
FERNANDO PESSANHA
É Doutor em Património Histórico pela Universidade de Huelva, e mestre em História do Algarve e licenciado em Património Cultural, pela Universidade do Algarve. Conferencista e investigador do CHAM – Centro de Humanidades da Universidade Nova de Lisboa, da Academia de Marinha e da Associação Ibérica de História Militar, é autor de vários livros e de aproximadamente quatro dezenas de artigos científicos publicados em Portugal, Espanha e Marrocos, nomeadamente, no domínio da História Militar, da História Naval e da História da Expansão Portuguesa. Em 2024 foi agraciado com o Prémio de Ensaio Histórico da União das Freguesias de Faro e com o Prémio Defesa Nacional, instituído pelo Ministério da Defesa Nacional. Actualmente trabalha como técnico superior de cultura na Câmara Municipal de Vila Real de Santo António.
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Como citar este texto:
PESSANHA, Fernando – Jorge de Mendonça Pessanha: o célebre Adail de Tânger no período da União Ibérica. Revista Portuguesa de História Militar – Dossier: O reinado de D. Sebastião, a “perda de independência" e o período Filipino. [Em linha] Ano IV, nº 7 (2024);https://doi.org/10.56092/VPXL6375 [Consultado em ...].