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OPERAÇÕES NAVAIS NO ATLÂNTICO (1580-1589)



Humberto Nuno de Oliveira

Augusto Alves Salgado




Resumo

Após a morte do Cardeal-Rei D. Henrique em 1580, dá-se início a uma disputa entre Filipe II de Espanha e D. António, Prior do Crato onde ocorrem diversos confrontos bélicos pelo domínio do reino. Após a conquista de Lisboa, este conflito é principalmente travado no Atlântico. Aqui, os reinos protestantes do Norte da Europa que apoiaram D. António, aproveitando a debilidade em meios navais de Castela, vão tentar impedir Filipe II de alcançar o seu objectivo. Este breve estudo tentará dar aos leitores os principais eventos ocorridos no Atlântico directamente ligados às pretensões de ambos os protagonistas relativamente à Coroa de Portugal. 

Palavras-chave; D. António; Filipe II; Atlântico; Armadas; Galeões.

 

Abstract

After the death of Cardinal-King D. Henrique in 1580, a dispute began between Philip II of Spain and D. António, Prior of Crato, during which several wars occurred over control of the kingdom. After the conquest of Lisbon, this conflict was mainly fought in the Atlantic. Here, the Northen European Protestant kingdoms that supported D. António, taking advantage of Castile's weakness in naval resources, attempted to prevent Philip II from achieving his objective. This brief study will provide readers with the main events that occurred in the Atlantic, directly linked to the ambitions of both protagonists regarding the Crown of Portugal.

Keywords: D. António; Philip II; Atlantic; Armadas; Galleons.

 



Conquista de Lisboa (1580)

Até á Batalha de Lepanto em 1571, o Mediterrâneo era o mar das preocupações de Filipe II, em que o confronto entre cristãos e muçulmanos consumia meios humanos, monetários e materiais dos dois impérios. O oposto ocorria no Atlântico, em que para além de algumas incursões pontuais de corsários ou piratas franceses e ingleses, as grandes frotas ibéricas, com os porões carregados de riquezas retiradas das possessões ultramarinas de Portugal e Castela, navegavam com uma quase total impunidade. Essas riquezas eram fundamentais para manter as máquinas militares de ambas as coroas ibéricas em funcionamento.

A vitória indecisiva de Lepanto, a declaração de bancarrota pela monarquia espanhola em 1575 e o facto de o Império Otomano ter passado a estar sujeito a novas ameaças vindas de Leste do seu império, levaram à celebração da primeira de várias tréguas entre os dois impérios, ficando a zona de influência espanhola desde Tunes até Gibraltar e a do Império Otomano de Tunes ao Mar de Mármara, em competição com os Venezianos a Oriente[1].

Esta situação de tréguas no Mediterrâneo, e a internacionalização do conflito nos Países-Baixos, com a entrada em cena da Inglaterra e da França, assim como um acréscimo das actividades de corso desses reinos protestantes no Atlântico, acabaram por arrastar o eixo da preocupação naval de Filipe II do Mediterrâneo para o Atlântico.

Infelizmente, a monarquia espanhola não dispunha de nenhuma estrutura naval permanente – i.e. navios e arsenais – no Atlântico para fazer face a esta nova dimensão da ameaça. Do mesmo modo que os recursos navais que possuía no Mediterrâneo, também não eram os mais indicados para operarem neste novo teatro de operações[2]. Na minha opinião, este será um factor determinante na decisão do monarca castelhano em ocupar o trono lusitano em 1580, após a morte do cardeal-rei D. Henrique.

Decidida a utilização da força para concretizar a sua pretensão ao trono, para além dos temíveis Tercios sob o comando do famoso Duque de Alba, que iria realizar a incursão por via terrestre, Filipe II ordena ao seu almirante mais famoso, D. Alonso de Bazán, Marquês de Santa Cruz, que também preparasse uma força naval. Essa força naval teria como missão principal não só apoiar as forças terrestres, como também, impedir que os meios navais portugueses fossem utilizados por D. António ou pelos reinos protestantes, seus apoiantes. O monarca referia-se aos célebres galeões que, desde meados do século, operavam com sucesso não apenas no Atlântico, mas, também, no Oriente.

Efectivamente, ainda antes do início da incursão militar das suas forças, o monarca castelhano é, por diversas vezes, informado especificamente, da localização e qual o estado de prontidão desses galeões. Chegando a ordenar, que quando avistados, fossem de imediato capturados. Contudo, talvez faltando uma visão naval, D. António manteve os seus galeões numa função estática, defendendo os portos de Setúbal e de Lisboa, não aproveitando a superioridade destes navios à vela sobre as galés. 

Assim, e sem oposição no mar, a força naval de Filipe II, composta por 87 galeras e 30 naus, estas apenas com funções não combatentes, realizam uma jornada vitoriosa ao longo da costa do Algarve, capturando, com facilidade, diversas fortalezas e cidades durante o percurso até Setúbal.

Em Setúbal, dois galeões da Coroa de Portugal fechavam a barra, apoiados pelo forte do Otão. Contudo, são obrigados a retirar, sob fogo das galés e da artilharia das forças de terrestres espanholas. Os navios foram, posteriormente, capturados e são expressamente referenciados por Filipe II numa missiva que envia ao Marquês de Santa Cruz congratulando-o também pela captura das cidades costeiras desde o Algarve até Setúbal.

Apesar das forças de Castela necessitarem de se reabastecer após a longa viagem desde Espanha, os comandantes não quiseram quebrar o ritmo da sua progressão, pelo que, apenas quatro dias após os combates à entrada da barra de Setúbal, embarcaram cerca de seis mil soldados nas galés, e avançam contra Lisboa. Apesar de terem demorado um dia inteiro para fazer o percurso entre Setúbal e Cascais, devido às condições meteorológicas adversas, possivelmente ventos contrários, a habitual nortada, o desembarque em Cascais alcança a surpresa total[3].

Durante toda esta actividade naval de Castela, os 44 navios portugueses, incluindo três galés de 24 bancos e os seis galeões da Coroa mantiveram-se imóveis fundeados sob a protecção das peças das fortalezas e fortes de Lisboa. A substituição do seu comandante, D. Jorge Tovar de Meneses, por suspeitas que foram de que estaria a planear trair a causa de D. António, certamente também contribuíram para esta inércia dos navios portugueses. 

Sabendo da inferioridade das galés, os Castelhanos optaram por ir capturando as fortalezas em terra, antes de fazer as galés avançar até à entrada da barra. Os ataques em simultâneo por mar e por terra à fortaleza de São Julião da Barra e à Torre de Belém, assim como aos galeões que estavam fundeados nas proximidades fazem os galeões recuar mais para montante.

Rendidas as fortalezas, sem grandes combates, o avanço das forças terrestres de Filipe II prosseguiu até à Ribeira de Alcântara, onde D. António tinha decidido travar combate. A proteger o seu flanco marítimo encontravam-se novamente fundeados os navios da Coroa de Portugal. Todos muito bem artilhados e, segundo um testemunho da época, só a sua presença dava gosto ver.

Como é comummente sabido, apesar de todo esse aparato, as forças terrestres de D. António não tiveram capacidade para fazer frente às bem treinadas e disciplinadas forças do duque de Alba, tendo sido facilmente derrotadas e postas em fuga, inclusive o próprio pretendente. E, sem o apoio de terra, os navios portugueses ficaram sob fogo de artilharia de Castela a partir de terra, facilitando a investida das galeras do Marquês de Santa Cruz que, mais uma vez, colocaram os navios portugueses sob fogo de dois lados. Este ataque concentrado acabou por fazer com que os navios portugueses se rendessem ingloriamente.

Estava deste modo concretizada a conquista de Portugal em 1580, não só com a sua fachada atlântica e o excelente porto de Lisboa, mas, também, com a sua importante estrutura de apoio às actividades navais, assim como os galeões da Coroa de Portugal, fundamentais para as futuras operações navais no teatro do Atlântico.

 

A Batalha de Vila Franca (1582)

Apesar da presença de forças leais a D. António na estratégica ilha Terceira, que ameaçava o regresso dos navios das Américas e do Oriente, a falta de navios combatentes, apenas permitiu a Filipe II enviar, no Verão de 1581, uma pequena força naval. Esta, tinha apenas como missão reforçar a defesa da ilha de São Miguel, que tinha tomado partido do monarca castelhano, mas, também, trazer a bom porto os navios que regressavam da Índia e das Américas[4]. É neste cenário que ocorre a tentativa fracassada de D. Pedro de Valdés de conquistar, sozinho, a ilha Terceira.

As notícias desse fracasso não autorizado e, da resistência da Terceira levaram a que imediatamente após a chegada dos navios de Valdés a Lisboa, fosse dado início à preparação de uma força naval com destino aos Açores, a enviar no ano seguinte. Esta nova armada teria o Marquês de Santa Cruz, D. Álvaro de Bazán, como comandante e com a principal missão de conquistar as ilhas revoltosas. Mas, também devia derrotar qualquer oposição no mar que Filipe II, pela sua extensa rede de espiões, sabia estar a ser preparada em França e em Inglaterra.

Enquanto decorria o aprontamento desta nova armada de Castela, foi decidido enviar em antecipação alguns navios com reforços para a ilha de São Miguel. Estes navios, quando se encontravam fundeados frente à fortaleza de Ponta Delgada, foram atacados por navios franceses enviados por D. António, mas o combate foi inconclusivo. 

Entretanto, a armada do Marquês de Santa Cruz constituída por 27 navios grandes largou finalmente de Lisboa a 10 de Julho, devido a atrasos vários no seu aprontamento[5]. Antes de largar e, enquanto permaneceu fundeada frente a Belém, Filipe II, que se encontrava em Lisboa nessa data, inspeccionou os navios, a bordo de uma galé[6].

Mais ou menos em simultâneo, também largam de Cádis duas outras esquadras. Uma com outros 20 navios à vela grossos e, uma segunda, com um número indeterminado de galés. Ambas estas forças deveriam juntar-se à esquadra do marquês, mas, o mau tempo que se fez sentir ao largo da costa atlântica de Portugal, atrasou a primeira força naval e obrigou as galés a regressar a Cádis, quando já se encontravam a 80 léguas a Oeste do cabo de São Vicente.

São também as condições meteorológicas adversas que fazem com que a força do Marquês só aviste a ilha de São Miguel a 21 de Julho, dirigindo-se, de imediato, para a povoação de Vila Franca, onde fundeia. Contudo, no mesmo dia em que fundeia, dia 22, é avistada a força naval francesa ao largo. De imediato, o Marquês ordena que a força suspenda de modo a evitar ser apanhada numa posição desfavorável relativamente ao vento. Segundo testemunhos da época, a força de Castela fez-se ao largo com as bandeiras desfraldadas, e ao som de uma grande algazarra de tambores e pífaros.

A armada de Castela que se encontrava ao largo da ilha de São Miguel e pronta para enfrentar o seu adversário, era composta por cerca de 30 navios, com 2 a 3.000 homens, e incluía os dois galeões da Coroa de Portugal, tendo o São Martinho o Marquês embarcado. Já a força francesa, era composta por um total de 60 velas, com 6 a 7.000 homens embarcados, incluindo diversos outros nobres franceses, sob o comando de Francisco Strozzi, filho do marechal de França.

Sabendo da sua inferioridade numérica, Santa Cruz manteve sempre os seus navios numa situação de vantagem em relação ao vento, isto é, a barlavento[7] da esquadra francesa, navegando entre São Miguel e Santa Maria, durante o resto do dia 22 e todo o dia 23. A mudança da direcção do vento no dia 24 e a manobra que os navios espanhóis executaram para se afastarem da costa da ilha de São Miguel é aproveitada pela força francesa para o início dos combates. Apesar da intensidade do combate, este combate inicial foi inconclusivo, mas mostrou que os franceses, para além da superioridade numérica, também possuíam uma capacidade de manobra superior à dos espanhóis. 

Durante a noite seguinte, desapareceram da formatura do Marquês, duas urcas flamengas com cerca de 400 soldados alemães e, logo na manhã do dia seguinte, a 25, uma das outras naus partiu o mastro grande, o que obrigou o próprio galeão do marquês, o São Martinho, a dar-lhe reboque. Estas duas situações vieram pender ainda mais a vantagem para o lado francês.

Face a esta sucessão de eventos, o marquês de Santa Cruz resolve, então, dividir a sua força em duas, posicionando uma a vante da outra. A da vanguarda, incluía o seu galeão, as urcas e as naus da Guipúscoa, intercaladas e flanqueadas por alguns navios ligeiros – e com os quais pretendia travar o grosso do combate. Os restantes navios, capitaneados pelo galeão português São Mateus, tinham instruções para não iniciar qualquer combate, devendo apoiar os navios da vanguarda quando estes estivessem sob ataque dos navios franceses.

Ao nascer do dia 26 as duas forças encontravam-se novamente a uma distância de três milhas uma da outra, com os navios franceses com a vantagem do vento. A situação manteve-se até cerca do meio-dia, altura em que a retaguarda espanhola, por ser mais veleira que a de vanguarda, saiu da retaguarda desta última, aproximando-se da força opositora. Ao se aperceberem do sucedido, os principais navios franceses lançaram-se sobre os navios da retaguarda espanhola, em especial sobre o galeão São Mateus.

Este esperou até ao último momento para abrir fogo com a sua artilharia sobre os navios que se aproximavam. Quando o fez, deixou de imediato um dos navios atacantes quase a ponto de se afundar, mas, mesmo assim, não conseguiu evitar que a capitânea francesa o abordasse pela sua amura de bombordo e, a almiranta, pela de estibordo. Para além desses dois navios, outros três navios atacavam pelas alhetas e pela popa, embora sem o poderem ferrar[8].

Apesar de cada um dos navios atacantes ser maior e levar mais peças que o navio português, este aguentou sozinho o ataque dos cinco navios franceses durante duas horas, período que demorou à vanguarda espanhola manobrar para vir em seu socorro. Quando estes se aproximaram do combate, concentraram o seu ataque aos navios franceses que se encontravam à volta do São Mateus, colocando-os, deste modo, entre dois fogos. Os restantes navios franceses, ao verem a vanguarda espanhola aproximar-se, simplesmente retiraram-se, abandonando os principais navios da força francesa.

Após cinco horas de combate, a vitória acabou por ser dos navios do marquês de Santa Cruz. A resistência do galeão São Mateus, o modo como os espanhóis se lançaram ao combate e o facto dos restantes navios franceses se terem mantido afastados, tudo aliado à excelente manobra executada pelo marquês, fez com que Santa Cruz obtivesse uma brilhante vitória.

Este não perdeu nenhum navio, embora se registassem diversas baixas nos seus navios – menos de um milhar entre mortos e feridos. Já os franceses, por sua vez, perderam 10 naus grandes, e cerca de 2.000 homens.

Mesmo com esta brilhante vitória, após a batalha, quando o Marquês chegou a Vila Franca, o que sucedeu a 30 de Julho, mandou decapitar todos os prisioneiros capturados, como se de simples piratas se tratassem, como aviso a futuras situações semelhantes.

Sem meios para realizar o desembarque na ilha Terceira, em especial por não ter as galés, Bazán decide regressar a Lisboa, após esperar pelos navios que regressavam dos domínios ultramarinos de ambas as Coroas. A entrada da armada, em Lisboa, fez-se a 15 de Setembro, em ambiente de festa e ainda com a presença do rei, com navios engalanados e efectuando salvas de artilharia e de vozes[9].

 

A Conquista da Terceira (1583)

Apesar da estrondosa derrota infligida contra a força naval anglo-francesa de D. António, ainda era necessário capturar as ilhas que se encontravam nas mãos dos apoiantes de D. António. Em especial a Terceira, cuja defesa tinha ficado sob a responsabilidade do condestável Manuel da Silva, conde de Torres Vedras, homem de difícil trato. Sob as suas ordens estavam cerca de 4.000 soldados portugueses, para além de apoiantes locais ou vindos do continente, mais algumas centenas de ingleses. Os franceses que tinham permanecido na ilha, oscilavam entre os 700 e os mil homens. 

Enquanto aguardavam a esperada resposta de Filipe II, foram erguidas ou reparadas cerca de 40 fortificações, apoiadas por redutos e muros com cerca de três metros de altura ao redor da ilha, em especial na costa Sul. Nestas posições foram instaladas cerca de 300 peças de artilharia de diverso calibre. Cerca de 250 soldados franceses e mil portugueses, foram organizados numa força de resposta rápida, pronta para intervir no local onde as forças de Filipe II tentassem desembarcar.

No mar, chegou aos Açores, a 22 de Junho, uma nova armada francesa, esta comandada por Aymar de Chastes, Comendador da Ordem de S. João de Jerusalém e Vice-almirante da Normandia. Esta força naval era composta por 15 navios franceses, com 1.000 novos soldados e dois navios ingleses, que transportavam a bordo quatro companhias cedidas pela rainha de Inglaterra. Nos porões também seguiam cerca de uma centena de peças de artilharia para a defesa em terra. A esta força naval juntaram-se os 16 navios portugueses de apoiantes de D. António que já se encontravam na ilha.

Importa aqui realçar que pouco após a chegada da força naval francesa, ocorreu a discórdia entre o Conde de Torres Vedras Manuel da Silva e o Comendador Aymar de Chastes, o que só veio agravar a desmoralização e o clima de derrota das forças do pretendente, apesar das características geográficas favoráveis que a ilha da Terceira oferecia aos defensores. As forças de D. António partiam deste modo em dupla desvantagem, não só devido à derrota que tinham sofrida em 1582 ao largo da ilha de São Miguel, como também ao mau ambiente existente entre os chefes locais.

Do lado de Castela, após a recepção triunfal da força do Marquês de Santa Cruz no regresso dos Açores no final do Outono de 1582, Alonso de Bazán foi novamente nomeado para comandar a força do ano seguinte iria aos Açores. Contudo, continuavam a faltar meios navais e a necessária capacidade financeira para os aprontar. A única boa notícia, foi o aprontamento do novo galeão português, o São Filipe, em construção na Ribeira das Naus desde 1581, e cuja construção e lançamento foram acompanhados pelo monarca durante a sua permanência em Lisboa.

Em simultâneo, não há apenas dificuldades em recrutar homens de mar para os galeões portugueses, mas, também, os Armazéns de Lisboa não possuíam peças de artilharia suficientes para armar, sequer, um único galeão. Dá-se aqui início à falsa história que os armazéns de Lisboa tinham sido esvaziados por Castela, o que não corresponde à realidade, pois documentos da época mostram que também vão ocorrer empréstimos de artilharia da Coroa de Castela à Coroa de Portugal[10].

Apesar das dificuldades, é aprontada em Lisboa uma força naval composta por dois galeões portugueses – o São Martinho e o São Filipe, duas galeaças napolitanas, 12 galés de Espanha, dois galeões de Bazán, acompanhados por diversos navios mercantes requisitados ou fretados, cuja principal função era o transporte de tropas. Também seguiam a reboque sete lanchas, próprias para o desembarque dos soldados. 

Finalmente, a 23 de Junho, e após o Cardeal-duque Alberto, Governador do Reino de Portugal, ter visitado o galeão capitânea, a força naval começou a sair a barra de Lisboa, com todos os navios engalanados. Curiosamente, a largada desta força ocorreu um dia depois de uma nova força naval francesa ter chegado à ilha Terceira. Ilha essa que, de acordo com as últimas instruções de Filipe II, deveria ser a primeira ilha revoltosa a ser subjugada e, só depois, as restantes.

No total na nova armada de Santa Cruz seguiam 3.823 homens de mar, 2.708 remadores e 8.841 soldados e com mais de 800 peças de artilharia. No total dos homens que seguiam na armada de Bazán, 438 homens de mar e 524 soldados eram de Portugal, integrados num Terço de Portugal, para além de uma companhia de voluntários. 

A largada foi demorada face ao número elevado de navios que seguiam na armada, 91, e devido a alguns percalços ocorridos logo à saída da barra de Lisboa. Por exemplo, uma das naus de Ragusa sofreu diversas avarias graves após ter tocado no fundo, sendo obrigada a regressar a Lisboa.

Navegando a armada lentamente devido aos ventos pouco favoráveis, as galés seguiram sozinhas até S. Miguel, tendo chegado no dia 3 de Julho. Os restantes navios chegaram dez dias depois, sem mais incidentes. De imediato procedeu-se ao aprontamento da força, ao embarque de mais soldados e à integração das cerca de 20 lanchas para o desembarque que ali tinham sido deixadas no ano anterior.

Curiosamente a força naval que apoiava D. António voltou a não aproveitar a superioridade numérica que teve durante vários dias para atacar, por exemplo, as galés espanholas. Mais uma vez e, à semelhança do que ocorreu em 1580 em Lisboa, os partidários de D. António não souberam utilizar a capacidade naval que possuíam. Ao que se sabe apenas enviaram uma pequena embarcação com a missão de tentar obter informações da força de Alvaro de Bazán, que ao ser capturada, permitiu foi ao Marquês obter informações sobre a disposição das forças de D. António. Exactamente o contrário do pretendido... 

A armada espanhola chegou à vista da cidade de Angra a 23, tendo fundeado na zona Leste da cidade. Logo à chegada da força de Bazán, os três principais navios da força francesa, desertaram e seguiram para França, apesar do Comendador Chastes os ter tentado dissuadir pessoalmente. Depois deste desprestigiante episódio, a força naval apoiante da causa de D. António manteve-se fundeada nas proximidades de Angra, não tendo tido qualquer participação activa nos eventos que se seguiram.

Após fundear, o Marquês de Santa Cruz, juntamente com o seu Conselho de Guerra, percorreu a costa a bordo de uma galé, com o objectivo de escolher o melhor local para realizar o desembarque. Simultaneamente, os seus emissários tentam obter a rendição dos partidários de D. António e dos seus aliados, sem sucesso. Por precaução, foram enviadas quatro galés para bloquear o porto de Angra, enquanto embarcações ligeiras continuavam a realizar o reconhecimento da costa.

Na madrugada do dia 26, as galés espanholas avançam, com o próprio Bazán a bordo e exactamente um ano após a batalha de S. Miguel, rebocando embarcações repletas de soldados. O avanço fez-se em direcção à zona de Porto de Mós, o local escolhido para o desembarque. Logo na primeira vaga, seguiam mais de 4.000 homens, número que os franceses não julgavam ser possível. 

O desembarque apanhou de surpresa os defensores e foi um sucesso, apesar dos soldados luso-espanhóis ficarem com água pela cintura ao saltarem das lanchas. Apesar da inferioridade numérica e de se encontrarem sob o fogo das peças das galés que apoiavam o desembarque, os 50 soldados franceses e os cerca de 200 portugueses lutaram heroicamente durante cerca de meia hora, até que a resistência colapsou. Obtida a primeira vitória, o desembarque continuou incluindo o próprio Bazán, que assumiu o comando das operações em terra. 

Seguiram-se várias horas de combates, em que os defensores aproveitaram as características do terreno, com algum sucesso. Inclusivamente tentaram repetir o estratagema efectuado em 1581 aquando do desafortunado e inoportuno desembarque de D. Pedro Valdés na baía da Salga, lançando contra os Terços um rebanho de 400 animais bovinos, à frente de cerca de 1.000 portugueses. Contudo, desta vez, a disciplina dos Terços impôs-se, que manobraram de modo a permitir que os animais passassem entre os homens, sem provocar praticamente nenhumas baixas. A ferocidade do combate pode comprovar-se pelo número de baixas que ambos os lados sofreram, tendo os homens de Bazán sofrido 70 mortos e 300 feridos. Mesmo assim, um número muito inferior ao dos seus adversários.

O cair da noite permitiu finalmente uma acalmia nos combates, tendo os defensores retirado para o interior da ilha e fortificado a zona do monte da Nª. Srª. da Guadalupe, que tinha amplo abastecimento de água potável. 

Capturada a povoação de S. Sebastião, Bazán destacou uma força de cerca de 500 arcabuzeiros para avançar, em marcha forçada, na direcção à capital da ilha, a cidade de Angra. Surpreendentemente, esta rendeu-se praticamente quase sem combate no dia 28, o mesmo se passando com os navios que se encontravam fundeados no porto, que tinham sido praticamente abandonados pelos próprios tripulantes. Desta maneira, as forças de Bazán capturaram aos franceses cinco naus e quatro galeões com remos, duas naus biscainhas, uma caravela latina, dois navios ingleses e uma urca. E, aos portugueses, uma outra nau biscainha, uma nau portuguesa, oito caravelas, dois caravelões, um navio redondo, uma galeota e dois navios, armados no total com 91 peças de bronze e de ferro.

Controlada o resto da ilha, os desmoralizados defensores são cercados no monte onde se tinham refugiado, e vão-se rendendo aos poucos. A ligação de armas entre o Comendador de Castes e com os generais espanhóis, permitiu que este conservasse a espada e a vida após a sua rendição. Pior sorte teve o Conde de Torres Vedras que pagou com a própria vida a rebelião contra Filipe II, assim como 14 seus companheiros, enquanto muitos outros foram condenados às galés.

Importa relembrar que a cidade de Angra foi saqueada durante três dias seguidos, tendo os apoiantes de Filipe II sido libertados das prisões, onde tinham sido colocados pelos apoiantes de D. António. No total foram capturadas cerca de 200 peças de artilharia.

Ainda antes de estar completamente resolvido o problema da ilha principal, Bazán enviou um Terço, embarcado nas 12 galés e em 20 embarcações ligeiras, para investir contra as restantes ilhas do arquipélago que ainda apoiavam D. António. 

Esta força largou da Terceira no dia 30 de Julho e nos dias seguintes capturou, sem grandes dificuldades, as ilhas de São Jorge, do Pico e do Faial, onde se renderam os últimos soldados franceses e ingleses. São ainda capturados mais quatro navios, seis bandeiras e mais 54 peças de artilharia. Posteriormente as ilhas das Flores e do Corvo também se renderam às forças de Bazán sem oferecerem qualquer resistência.

O regresso das forças vitoriosas à Península não ocorre em Lisboa como previsto, devido a um forte temporal que se faz sentir no trajecto de regresso. Por esta razão, o galeão São Martinho, acompanhado pela maioria da restante armada, acaba por entrar na baía de Cádis a 13 de Setembro, adornado com os troféus capturados, incluindo 46 bandeiras que são arrastadas nas águas do navio. O Marquês de Santa Cruz é chamado à presença do rei onde lhe são dadas entre outras mercês, o título de Capitão-General do Mar Oceano. O novo título é bem representativo da nova importância do Atlântico para a monarquia dos Habsburgos.

É após a conquista definitiva de Portugal que o Marquês propõe pela primeira vez ao rei a conquista de Inglaterra, mas o monarca não tinha intenções de entrar nesta altura em conflito directo com Isabel I. Agradecendo ao Marquês, ordena a desmobilização das forças que tão bons serviços tinham prestado nos Açores, mas que também tanta despesa lhe dava[11].

 

A contra-armada (1589)

O agravar das tensões entre Espanha e a monarca inglesa nos anos seguintes à subida ao trono lusitano de Filipe II vai culminar no envio de uma das mais poderosas forças navais no Atlântico contra Inglaterra em 1588. Estamos a referir-nos à “Felicíssima Armada" ou, como ficou conhecida pelos inimigos do monarca espanhol e pela historiografia portuguesa após 1640, a “Invencível Armada". Contudo, apesar desta campanha não estar directamente ligada à questão do trono lusitano, esta tem de ser vista no âmbito da ampla disputa estratégica do Atlântico, em que Portugal não era uma parte menor. 

Relembro que, nestes anos iniciais, os principais navios de guerra desta poderosa força naval eram os galeões portugueses, apesar de serem guarnecidos por homens de Castela. Mas, também, importa recordar que o fracasso desta campanha, independente da sua verdadeira missão, não foi, como muitos afirmaram e ainda afirmam, o fim da nossa marinha de guerra. 

Efectivamente, em princípios de Outubro de 1588 já se encontravam em diversos portos do Norte da Península, seis dos nove galeões e as duas zavras da Coroa de Portugal sobreviventes da longa jornada desse ano. O São João e o São Bernardo, encontravam-se na Corunha, e os restantes encontravam-se em Santander[12]. Ou seja, Portugal apenas tinha perdido três navios. Naturalmente que quase todos eles apresentavam danos diversos, uns provocados pelos temporais que enfrentaram durante a longa volta à Irlanda, outros da sua activa participação nos combates no Canal da Mancha.

É com alguns navios em reparações, enquanto outros ainda se mantinham no estado em que tinham chegado, que a menos conhecida expedição inglesa de 1589 à Península Ibérica, com também cerca de 130 navios, surge frente à Corunha. Esta força era comandada por Sir Francis Drake, na parte naval e, as tropas, por Sir John Norris[13].

Esta expedição, enviada pela rainha, tinha como objectivo principal a destruição dos navios da Armada que tinham sobrevivido à campanha do ano anterior. Adicionalmente, iria tentar colocar no trono de Portugal D. António, que vinha na expedição. A rainha esperava que a sua presença fosse suficiente para levar o povo à revolta contra os castelhanos. Contudo, Drake e Norris, resolvem atacar a Corunha, onde se encontravam apenas os já dois mencionados galeões da Coroa de Portugal e alguns navios menores. 

Em terra e, ao contrário do que esperavam, são derrotados pela população local e algumas forças militares, sem conseguirem capturar ou saquear a cidade. Já os navios têm sorte diversa. O São João, apesar de se encontrar com uma guarnição reduzida, mas ainda com a artilharia embarcada, resiste ferozmente, mas é impotente contra tantos atacantes, acabando por ser incendiado pelos próprios tripulantes. Os ingleses conseguem, porém, ainda retirar do navio 16 peças de artilharia. Foi este o fim do navio almiranta da Armada, que sobreviveu aos combates mais duros e à aventurosa viagem de regresso[14].

Quanto ao São Bernardo, a frota inglesa foi encontrá-lo a ser carenado e com a sua artilharia desembarcada, mas guardada perto. Curiosamente, os ingleses levam a artilharia do galeão, mas não destroem o navio, o que permitiu ao navio continuar a navegar nos anos seguintes.

Derrotados na Corunha, os ingleses, ao invés de se dirigirem aos outros portos onde se encontravam os restantes navios de 1588 e, contrariando as instruções de Isabel I, avançam directamente sobre Portugal onde desembarcam o seu corpo expedicionário em Peniche.

Sem capacidade ou vontade de resistir, Peniche rende-se aos atacantes, que avançam por terra e por mar até Lisboa. Ao longo do percurso por terra, apesar de alguma população se juntar a D. António, este não cria o esperado levantamento à sua causa. Em Lisboa, muitos habitantes, em especial os mais abastados, fugiram da cidade antes da chegada dos ingleses. A repressão exercida pelas forças espanholas, juntamente com o facto de D. António estar a ser apoiado por hereges, mantiveram, em grande parte, a restante população da capital controlada. 

Por sua vez, os religiosos dos conventos extramuros recolheram para o interior das muralhas, enquanto muitos dos edifícios que, ao longo dos anos de paz, tinham sido construídos no exterior ou junto à antiga linha de muralhas fernandinas foram demolidos. Também foi queimado tudo o que não podia ser transportado para o interior da cidade, apesar de, propositadamente ou não, ter ficado muito vinho.

Quando Drake chega à entrada da Barra de Lisboa, praticamente não havia navios no rio e, ao contrário do que irá ocorrer em 1596, não foram preparadas nenhumas defesas adicionais na frente marítima. O reino ainda estava a absorver as notícias do fracasso da Felicíssima Armada. Contudo, a fortaleza de São Julião, que tinha sido, entretanto, remodelada, e cerca de 12 galés comandadas pelo irmão do célebre Marquês de Santa Cruz, impediram o avanço pelo rio dos ingleses. 

Em Lisboa, no dia 1 de Junho, após as forças espanholas retirarem para o interior da muralha, os ingleses estabelecem o cerco parcial à cidade – faltava a frente do rio e a zona Oriental. Norris instala-se numa zona sobranceira da cidade, na zona da actual rua da Escola Polítécnica e do Príncipe Real, ocupando o casario abandonado pelos seus habitantes. Contudo, esta zona conseguia ser batida pelas peças instaladas no castelo de S. Jorge, que chegam a atingir o local onde Norris se tinha alojado. Aos sitiantes, desde logo começam a sentir a falta de comida, pois, numa atitude de tentar ganhar a simpatia da população, as tropas inglesas tinham sido proibidas de realizar saques. Com a fome foram surgindo as doenças, o fluir do álcool e as pequenas escaramuças desde cedo começaram a provocar baixas entre os atacantes. 

No dia 3 de Julho e, depois dos defensores terem lançado fogo a algum do casario, os ingleses tentam atacar a muralha junto ao rio, numa zona com menores capacidades defensivas. Ataques e saídas das forças sitiadas decorrem durante todo o dia, com avanços e recuos de parte a parte. A situação das forças apoiantes de D. António agravou-se tão rapidamente que, na madrugada do dia 4, começaram uma lenta retirada para Cascais, para reembarcarem na esquadra de Drake.

O famoso corsário, que tinha desembarcado em Cascais no dia 1, tinha sido acarinhado pela população local. Contudo, nem sequer tentou forçar a entrada o Tejo para apoiar Norris. As forças de Norris com D. António, demoraram dois dias até chegarem a Cascais, sempre assediadas por terra e pelo rio pelas forças leais a Castela.

A não sublevação do povo à causa de D. António e a propagação de doenças, fez com que a força inglesa fosse obrigada a retirar, regressando Drake a Inglaterra, desta vez, em desgraça. Já D. António, nunca mais voltou a Península Ibérica e acabaria por morrer em França, em 1595.

 

Conclusão

Em jeito de conclusão, as operações navais desempenharam um papel central nas disputas estratégicas entre Espanha, Portugal e as nações protestantes do Norte da Europa na década de 80 do século XVI. Os meios navais portugueses, isto é, os galeões e a estrutura administrativa existente em Lisboa, tiveram um papel chave nesta década chave da História de Portugal. Adicionalmente, e, talvez, afortunadamente, o fracasso do pretendente salvou o nosso país de um futuro incerto. Pois caso tivesse sido vitorioso, as promessas que D. António tinha feito a Isabel I e a Catarina de Médicis, não apenas de pagamentos e entrega de territórios portugueses, incluindo algumas ilhas dos Açores, certamente teriam alterado a História de Portugal como a conhecemos.

 

Bibliografia

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VAZ, João Pedro – Campanhas do Prior do Crato (1580-1589). Entre Reis e Corsários pelo trono de Portugal. Lisboa: Tribuna da História, 2004.



NOTAS

[1] Carmen Corona Marzol, La defensa de la Península Ibérica: La frontera de agua a finales del siglo XVI", in Congresso internacional «As sociedades ibéricas e o mar a finais do século XVI», tomo II, [Madrid], Pavilhão de España, 1998, p. 534.

[2] Augusto António Alves Salgado, "As galés no Atlântico", Anais do Clube Militar Naval, vol. CXXVII, Lisboa, Jul-Set 1997, pp. 679-684.

[3] Augusto Salgado, 1580 - A Conquista de Portugal Através dos Frescos do Viso del Marquês, Lisboa, Prefácio, 2008.

[4] Pazzis Pi Corrales, Felipe II y la lucha por el dominio del mar, Madrid, 1989, p. 217.

[5] Ricardo Cerezo Martinez, “La conquista de la isla Terceira (1583)", RHN, Ano I, nº 3, Madrid, 1983, p.10.

[6] Cartas para as duas infantas meninas: Portugal na correspondência de Don Filipe I para as suas filhas, 1581-1583ibidem, pp. 83-84.

[7] Esta posição, ou seja, na direcção de onde vem o vento, permitia aos navios à vela escolher o momento em que queriam travar o combate, ao contrário da posição a sotavento, pela dificuldade que os navios à vela tinham em navegar contra o vento.

[8] Ou seja, ficar encostados ao navio português, facilitando a abordagem e dificultando o uso da superioridade de artilharia do navio português.

[9] “Domínio Hespanhol nos Açores e D. António Prior do Crato", Arquivo dos Açores, vol. III, Ponta Delgada, 1981, pp.133-135, 320 e 325.

[10] Augusto Salgado, ibidem, 2009.

[11] Augusto Salgado, “La conquista de la isla Terceira", Desperta Ferro. Historia Moderna, n.º 56, 2022, pp. 50-55.

[12] Manuel Gracia Rivas, La sanidad en la jornada de Inglaterra (1587-1588), Madrid, 1990.

[13] Luis Gorrochategui Santos, Contra Armada. La mayor victoria de España sobre Inglaterra. Barcelona: Crítica, 2020 e João Pedro VAZ, Campanhas do Prior do Crato (1580-1589). Entre Reis e Corsários pelo trono de Portugal. Lisboa: Tribuna da História, 2004.

[14] Augusto Salgado, Os navios de Portugal na Grande Armada. Lisboa: Prefácio, 2005.



AUGUSTO ALVES SALGADO

Capitão de Mar e Guerra da Marinha Portuguesa. Investigador do Centro de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (CH-UL) e do Centro de Investigação Naval da Escola Naval (CINAV-EN).


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Como citar este texto:

SALGADO, Augusto Alves – Operações navais no Atlântico (1580-1589). Revista Portuguesa de História Militar – Dossier: O reinado de D. Sebastião, a “perda de independência" e o período Filipino. [Em linha] Ano IV, nº 7 (2024); https://doi.org/10.56092/AXPU5863 [Consultado em ...].

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