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AS TRANSMISSÕES MILITARES NO 25 DE ABRIL

 

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Pedro Pena Madeira

Resumo

O presente artigo revela passo a passo o decisivo envolvimento das Transmissões Militares para o sucesso da Operação “Viragem Histórica", através dos eixos fundamentais: o planeamento, o lançamento do cabo telefónico aéreo e, finalmente, as escutas telefónicas que permitiram conhecer e controlar as movimentações das forças leais ao governo.

O autor sustenta, assim, que as operações de transmissões devem ser consideradas as primeiras operações militares do 25 de Abril.

Palavras-chave: Operação “Viragem Histórica"; Transmissões Militares; Amadeu Garcia dos Santos; Regimento de Transmissões.

Abstract

This article reveals step by step the decisive involvement of the Military Communications in the success of Operation “Viragem Histórica", through the fundamental axes: the planning, the laying of the aerial telephone cable and, finally, the wiretapping that made it possible to know and control the movements of the forces loyal to the government.

The author thus argues that the Military Communications operations should be considered the first military operations of 25 April.

Keywords: Operation “Viragem Histórica"; Military Communications; Amadeu Garcia dos Santos; Military Communications Regiment.

 

 

 

Introdução

Para a maioria das pessoas, o 25 de Abril foram as viaturas militares e os soldados na rua e depois, a multidão misturada com todo aquele aparato, num apoio generalizado ao que estava a acontecer e a transformar o golpe militar numa revolução.

Pouco se fala na sua preparação e na actividade de planeamento e de organização que anteriormente teve de ser efetuado e sem o qual não teria sido possível realizar e levar ao sucesso a operação militar “Viragem Histórica", que é o verdadeiro nome do que é por todos conhecido como o 25 de Abril.

O Comandante das Transmissões do MFA foi o então Tenente-Coronel, hoje General, Amadeu Garcia dos Santos. Foi ele que, com base na Ordem de Operações, concebeu e elaborou o Anexo de Transmissões, documento que contém todo o apoio de Transmissões concebido para o sucesso da operação “Viragem Histórica". As Transmissões Militares do Exército desenvolveram uma atividade que se veio a manifestar de absoluta importância para o sucesso das operações. Essa atividade consistiu, nos cinco dias anteriores, no planeamento e organização dos trabalhos necessários à resposta aos requisitos expressos no Anexo de Transmissões. E três dias antes, à atividade realizada de forma clandestina, e concluída cerca das 18H00 do dia 24 de Abril.

Podemos dizer que o apoio das Transmissões Militares do Exército consistiu principalmente em dois âmbitos distintos: o das Transmissões de Campanha e o das Transmissões Permanentes. No âmbito das Transmissões de Campanha, que são a componente das Transmissões Militares que tem a finalidade e os meios para apoiar as unidades militares que estão em operações, foi a elaboração do já referido Anexo de Transmissões à Ordem de Operações. No âmbito das Transmissões Permanentes, a componente das Transmissões Militares responsável pela interligação dos quartéis e das infraestruturas que alojam a estrutura orgânica permanente do Exército, a atividade consistiu basicamente no lançamento de um cabo telefónico aéreo destinado a permitir a integração do Posto de Comando do MFA, instalado no Regimento de Engenharia N.º 1 na Pontinha, na rede telefónica automática do Exército e na fundamental execução de escutas efetuadas sobre a rede telefónica automática do Exército.

As Transmissões como fator de sucesso

Como nem todos os leitores poderão estar familiarizados com a nomenclatura militar, apresentam-se, de forma resumida, os seguintes conceitos:

Ordem de Operações (OOp): é o documento fundamental e de referência, para a realização de qualquer operação militar. Nela constam as forças disponíveis e o que cada uma deve fazer para, em coordenação com as outras, alcançarem em conjunto, o objetivo pretendido, a vitória.

Anexos à Ordem de Operações: As forças militares em operações, necessitam de vários apoios para sustentar a continuidade da sua atividade operacional. Esses apoios são diversos, (logística, pessoal, engenharia, transmissões…), e estão discriminados em documentos que se anexam à OOp e por isso tomam a designação de Anexos à OOp.

Percebe-se agora a importância que assume o Anexo de Transmissões que contém o dispositivo de transmissões concebido com base na OOp e destinado a garantir a ligação entre as unidades militares em operações. Este dispositivo de transmissões é também designado por sistema de comando e controlo da operação. O sistema de comando destina-se a garantir que as ordens dadas pelo comandante chegam em tempo às unidades que as têm de executar. O controlo é o inverso, destina-se a fazer chegar ao comandante a informação sobre se as ordens dadas foram recebidas e se foram boas, isto é, se conduziram ao êxito pretendido. Caso contrário, terão de ser dadas novas ordens corrigindo as anteriores.

O Anexo de Transmissões

A análise deste primeiro fator de sucesso, permite-nos afirmar que este documento contém a descrição do sistema de transmissões (comando e controlo), que apoiou a operação “Viragem Histórica".

A ligação entre as unidades teve por base redes rádio, organizadas de acordo com o dispositivo militar previsto na OOp. Foram constituídas redes de indicativo FOXTROT, que agregaram todas as Unidades não pertencentes à Região Militar de Lisboa (RML), integrando os Agrupamentos localizados geograficamente na região do Norte (NOVEMBER), na região do Centro (CHARLIE) e na região do Sul (SIERRA). De acordo com a OOp, parte delas atuaram fora da Capital.

Outras dirigiram-se à Capital, com a finalidade de, não entrando, criar uma manobra de diversão para levar as forças leais ao governo, a acudirem às entradas de Lisboa para deter as forças que se aproximavam, desguarnecendo o seu interior. Desta forma, ficava facilitada a ocupação dos principais objetivos localizados no interior da Capital (Televisão, Rádios, Banco de Portugal, Casa da Moeda…), com as forças da própria RML.

As forças da RML integravam o Agrupamento LIMA, sendo agregadas nas redes de indicativo LIMA, e destinadas a ocupar os objetivos previstos em Lisboa[1].

O equipamento utilizado para garantir as ligações entre as unidades do MFA, durante a operação, foi o E/R RACAL TR-28 (rádio que trabalha na banda dos 2 aos 8 MHz; com potência de 25 a 30 watt e 12 canais controlados a cristal) e para não sobrecarregar a estrutura destas redes rádio, cada uma delas foi dividida em duas de acordo com o critério: FOXTROT1 e FOXTROT2 para as Unidades fora de Lisboa; e LIMA1 e LIMA2 para as unidades de Lisboa atuando em Lisboa. A estação diretora de todas estas redes era o Posto de Comando do MFA instalado no quartel da Pontinha (PC/MFA) e que nos esquemas se encontrava codificado por OSCAR.

Durante o deslocamento das forças para efeitos de controlo e coordenação do seu movimento nos itinerários, foi utilizado o rádio E/R AVP 1, de pequeno alcance, é um VHF/FM, na banda dos 47 aos 59,95 MHz; potência de 300 miliwatt; 6 canais controlados a cristal.

Considerando o fator clandestinidade e a importância do efeito surpresa, estas redes rádio, apesar de estarem em escuta permanente, só deveriam ser ativadas quando empenhadas. Durante o seu deslocamento em direção ao objetivo a conquistar, deveria ser respeitado um rigoroso silêncio rádio. Isto porque os dispositivos de escuta rádio existentes na posse de organismos afetos à situação, designadamente na DGS e na Legião Portuguesa, poderiam detetar as comunicações entre as Forças do MFA e por consequência desencadear contraoperações que na fase inicial dos movimentos poderiam levar à falência das operações do MFA.

Nas conversações rádio era expressamente proibido referir em claro o nome de pessoas, entidades, unidades, locais, para os quais existiam listas de codificação de uso obrigatório. No Anexo III apresenta-se, como exemplo, a Lista de códigos/Indicativos das Unidades.

Durante o silêncio rádio, a coordenação do movimento das unidades foi efetuada por oficiais de ligação que, utilizando meios auto e telefones civis, garantiram de uma forma, ainda que mais lenta mas mais segura, que o PC/MFA fosse tendo um conhecimento próximo de como a situação estava a decorrer.

O lançamento do cabo telefónico aéreo

Este lançamento deste cabo foi o segundo fator de sucesso. O mesmo revelava-se absolutamente necessário dado que o Quartel da Pontinha, onde estava instalado o PC do MFA, não tinha acesso à rede telefónica automática militar. As conversações telefónicas entravam e saiam da Unidade, através de uma central manual com recurso a um operador (telefonista).

Devido às comunicações do Regimento de Engenharia N.º 1 (RE 1) se processarem através de uma central manual era preciso dotar o PC/MFA com telefones automáticos. Lançar, de forma expedita um cabo aéreo de 5 pares telefónicos, foi a solução encontrada. Os Pupilos do Exército eram o local mais próximo para entrar na rede automática.

Era definido, assim, o ponto inicial de amarração do cabo. Os 5 pares do cabo aéreo tinham de chegar à central telefónica dos Pupilos. Por sorte, a partir daqui e na direção da Pontinha já existia enterrado um cabo telefónico de 10 pares. Saía para o exterior amarrado a um poste telefónico militar e terminando numa caixa de distribuição, a partir da qual se fazia uma distribuição telefónica por linhas aéreas servindo dependências militares na vizinhança.

Este poste com esta caixa estava localizado na zona do atual Centro Comercial Fonte Nova. Poupavam-se assim cerca de 2 km. Foi por isso decidido amarrar o cabo aéreo de 5 pares a esta caixa, libertando na caixa quaisquer 5 pares que estivessem ocupados. No dia seguinte, alguém iria queixar-se de avaria telefónica.

Relativamente ao lançamento do cabo os trabalhos tiveram o seguinte procedimento e cronologia:

  • 20 de Abril: O Comandante das Transmissões da Operação contactou o então Serviço TPF (Serviço Telefónico do Exército), pedindo o estudo rápido com avaliação de tempo necessário para a montagem de 4 telefones (2 ligados à central telefónica automática do QG/RML e 2 à central telefónica automática do Exército localizada na Escola Prática de Transmissões (EPTm), em Sapadores, e também de um telefone manual a ligar diretamente o PC/MFA com a central automática do Exército.
  • 21 de Abril: Decidida e planeada a solução, que consistiu no lançamento de um cabo telefónico aéreo de 5 pares, numa extensão de cerca de 5 km. Em depósito existia este tipo de cabo e em quantidade suficiente. Para levar a efeito esta tarefa, que era clandestina, tornou-se necessário procurar ter a adesão da equipa de guarda-fios e do seu chefe, para fazer o trabalho. E também a adesão do chefe do depósito de material, para que fosse fácil recolher os materiais necessários. Foi conseguida a adesão de ambos.
  • 22 de Abril: Cerca das 20h00, foram retirados do depósito de material, cerca de 2.000 metros de cabo telefónico aéreo de 5 pares, para executar a 1ª fase do lançamento que foi efetuado a partir da caixa telefónica colocada num poste de madeira, junto ao Fonte Nova como já atrás referido, e o Colégio Militar. Os trabalhos terminaram cerca das 04h00 do dia 23. Este troço não apresentou dificuldades de instalação porque naquele trajeto já existiam postes telefónicos militares.
  • 23 de Abril: durante a manhã, consolidação e ensaios de continuidade do 1.º troço. Este trabalho ficou concluído à hora do almoço. À tarde iniciou-se a montagem do 2.º troço a partir do Colégio Militar até ao PC/MFA. Este troço tinha cerca de 3.000 metros.

Esta fase foi muito mais complicada do que a anterior, porque não existiam apoios adequados para suportar o cabo. Para que não existisse demora no lançamento, foi decidido que o mesmo fosse lançado em quaisquer apoios: prédios, árvores, postes de iluminação, em suma, tudo o que pudesse servir de apoio. Algumas lâmpadas foram partidas para disfarçar um trabalho aparentemente tão expedito e pouco profissional. Estes trabalhos fizeram levantar algumas suspeitas, mas que, felizmente não passaram disso. Tais dificuldades atrasaram os trabalhos, que tiveram de se prolongar pela noite dentro, mas às 06h00 do dia 24 a equipa de montagem regressou à EPTm e o cabo ficou à porta do Quartel da Pontinha.

  • 24 de Abril: Durante a manhã a maioria da equipa de montagem ficou a descansar. De tarde, foi tempo da mais importante intervenção, que teve de ser realizada em 4 locais: Pupilos do Exército; QG/RML; EPTm; PC/MFA.

Em cada um destes locais teve de ser feito o seguinte:

  • Nos Pupilos do Exército os cinco pares do cabo aéreo foram na Central Telefónica, ligados ao cabo subterrâneo que os levou até ao QG/RML;
  • No QG/RML os 2 pares foram ligados à central automática. São dois dos 4 telefones automáticos requeridos para o PC MFA na Pontinha; os outros 3 pares foram ligados a outro cabo subterrâneo, seguindo caminho para a EPTm, em Sapadores;
  • Na EPTm via telefone, confirmou-se a continuidade dos 3 pares: 2 foram ligados a esta central telefónica automática, passando o PC/MFA a dispor dos 4 telefones requeridos. O outro par foi ligado a um telefone chamado de bateria local, destinado à ligação ponto-a-ponto entre esta central e o PC/MFA para permitir a ligação direta entre aqueles dois locais. Estava destinada a transmitir de imediato, o conteúdo das escutas telefónicas que iriam ser efetuadas durante a noite;
  • No PC/MFA, cerca das 17h30, foram finalmente instalados os 5 telefones, requisito requerido no Anexo Tm. Dois ligados à central do QG/RML, dois ligados à central da EPTm; e o quinto ligado a um telefone de bateria local para a já referida ligação ponto-a-ponto destinada às escutas. Foram todos ensaiados e ficaram todos como devia ser.

Quanto ao lançamento do cabo telefónico aéreo falta ainda referir um aspeto da maior importância. O lançamento deste cabo e o conjunto de trabalhos a ele associado, constituiu uma operação de Transmissões e por isso deve ser considerada a primeira operação militar do 25 de Abril.

As Escutas telefónicas

As Escutas telefónicas constituíram o terceiro fator de sucesso. Foram efetuadas na Central Telefónica da EPTm, onde foi instalado um sistema de escutas permanente aos telefones militares dos ministros da Defesa e do Exército, Subsecretário de Estado do Exército e do Chefe de Estado-maior do Exército. Também faziam parte da lista, os principais dirigentes da DGS e da Legião Portuguesa. As informações obtidas, eram de imediato transmitidas para o PC/MFA na Pontinha, através do referido telefone ponto-a-ponto, e permitiram antecipar algumas das ações militares mais importantes contribuindo de forma decisiva para o êxito alcançado.

Para que se tenha a noção da sua importância transcrevem-se algumas escutas, obtidas a partir dos registos do PC/MFA. A primeira intercetada às 03h31, em que o Ministro da Defesa informava o do Exército, da ida do Presidente da República a Tomar. A esta hora já todas as unidades do MFA estavam fora dos quarteis a caminho dos seus objetivos. 

Na segunda, Marcelo Caetano, já no Quartel do Carmo, questiona o General Andrade e Silva, Chefe de Estado-Maior do Exército, que estava no Terreiro do Paço, no Ministério do Exército: “Então Sr. General, isto é que é o tal movimentozeco sem importância". Resposta do General: “Não há problema, Sr. Presidente do Conselho. Vou mandar avançar o Regimento de Cavalaria 7 que vem pela 24 de Julho, mais uma unidade da GNR que desce do Carmo e entra no Terreiro do Paço pelo lado Norte, e a Fragata Gago Coutinho que está fundeada em frente ao Terreiro do Paço, pronta a bombardear os revoltosos se não se renderem."

De imediato transmitida esta informação pelo circuito ponto-a-ponto, permitiu ao PC/MFA, alertar a Bateria de Artilharia colocada no Cristo-Rei, bem como a Fragata, com a qual o Posto de Comando entrou em contacto, informando-a de que seria alvejada caso não aderisse ao Movimento, o que aconteceu.

Permitiu também que o capitão Salgueiro Maia, prontamente avisado, pudesse ir ao encontro do RC 7, evitando o confronto do Terreiro do Paço e conseguindo, como se sabe, que a unidade se passasse para o lado do MFA. A GNR, retida por tanta população na rua, não chegou ao Terreiro do Paço.

Foi também intersetada a chamada de uma senhora para o Ministério do Exército, que em tom autoritário insistiu queria falar com o Sr. Brigadeiro…que trabalhava no Ministério. Alguém lhe respondeu que o Sr. não podia atender. A senhora continuou a insistir de forma veemente chegando ao ponto de já irritada perguntar “Quem fala daí? Sabe com quem está a falar? Eu sou a mulher do Sr. Brigadeiro…, e exijo que o chame imediatamente". Resposta tranquila: “Minha senhora, daqui fala o comandante da força do MFA. Eu gostava de lhe ser simpático, mas acontece que o seu marido acaba de fugir com o Sr. Ministro por um buraco feito na parede para o Ministério da Marinha!"[2]

Referir as escutas nesta operação ficaria incompleto sem uma referência à central telefónica automática Strowger. A Strwger era uma central eletromecânica funcionando passo a passo, comandado por impulsos de corrente gerados pela numeração marcada pelo assinante que inicia chamada telefónica. O contactor que se move dentro de um cilindro de 10 contactos na vertical, e 10 contactos na horizontal, produz um conjunto de estalidos correspondente ao número de telefone do assinante que está a ser chamado. Era portanto, por ouvido, que se identificava o telefone chamado, e de imediato se escutava a conversa que estava a acontecer. Instalada na EPTm. Foi sobre esta central que foram efectuadas as escutas telefónicas que no 25 de Abril muito contribuíram para o êxito das operações. Esta central telefónica é hoje uma peça de museu.

Assim, a questão das escutas, pelo seu contributo ao sucesso das operações, leva-nos a podermos afirmar que em 25 de Abril, o MFA ganhou a guerra da informação.

 

 

Referências Bibliográficas

CONTREIRAS, Carlos Almada (coord.) – Operação Viragem Histórica. Lisboa: Edições Colibri e Associação 25Abril.

CRUZ, Veríssimo da – O documento sobre a participação do Serviço Telefónico do Exército (Serviço TPF), Anexo VI.

SANTOS, Amadeu Garcia dos (et al) – As Transmissões Militares, da Guerra Peninsular ao 25 de Abril. Lisboa: Comissão da História das Transmissões, 2008.

__________ O meu testemunho como protagonista nos trabalhos de “Lançamento do cabo aéreo" e da preparação e execução das “Escutas Telefónicas", sendo adjunto do Capitão Veríssimo da Cruz, Chefe do Serviço, e com ele ter assumido a responsabilidade conjunta de determinar a execução daqueles trabalhos.

Lista de abreviaturas e siglas:

Anx Tm – Anexo de Transmissões

EPC – Escola Prática de Cavalaria

E/R Racal TR28 -Emissor/Recetor; TR28 é o modelo

MFA – Movimento das Forças Armadas

OOp – Ordem de Operações

PC/MFA – Posto de Comando do MFA na Pontinha

DGS – Direção Geral de Segurança, sigla da Polícia Política do Estado Novo

QG/RML – Quartel-general da Região Militar de Lisboa

RC 7 – Regimento de Cavalaria 7

RE 1 – Regimento de Engenharia 1

EPTm – Regimento de Transmissões

 

ANEXOS

Anexo I – 1.ª Página do Anexo de Transmissões.

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 Anexo II – Apêndice 1 do Anx Tm (Redes de Comando do MFA).

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Anexo III – Lista de códigos de uso obrigatório nas redes rádio.

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Anexo IV – Equipamentos usados nas redes rádio.​

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E/R Racal TR 28 – Foi com este rádio que se garantiram as ligações entre as unidades do MFA durante a operação militar do 25ABR. Trabalha na banda dos 2 aos 8 MHz; Potência de 25 a 30 watt; 12 canais controlados a CRISTAL.

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E/R AVP 1 – Este rádio, de pequeno alcance, foi utilizado durante o deslocamento das forças para efeitos de controlo e coordenação do seu movimento nos itinerários. É um VHF/FM, na banda dos 47 aos 59,95 MHz; potência de 300 miliwatt; 6 canais controlados a cristal.​

Anexo V – Trajeto do cabo telefónico aéreo.

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Nota 1. Dos Pupilos até à vizinhança da atual 2.ª circular havia já um cabo telefónico de 10 pares, enterrado, que emergia e terminava numa caixa exterior colocada num poste telefónico pertencente ao Exército. O cabo aéreo iniciou o seu trajeto para a Pontinha a partir daqui.

Nota 2. O cabo telefónico aéreo para o Posto de Comando do MFA na Pontinha, circundou o Colégio Milita pelo lado direito e não pelo lado esquerdo como consta neste esquema.

 

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Anexo VI – Repartidor de central telefónica.​

Réplica de museu. Do lado direito estão os cabos que vêm do exterior. Do lado esquerdo os cabos que vão para dentro, para a central telefónica. Têm de se passar fios do bloco onde amarram os pares que vêm do exterior, para o bloco dos pares que vão para a central telefónica. Foi este o trabalho que teve de ser feito nos Pupilos e no QG/RML para garantir a continuidade dos circuitos do PC/MFA ao seu destino: 2 ligados à central do QG/RML; 2 à central da EPTM, e 1 ponto-a-ponto entre o PC e a EPTm, destinado às escutas telefónicas.

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Anexo VII – Escutas telefónicas: Handset e bloco de repartidor.

As escutas foram feitas com este tipo de auscultador, com duas garras, que no bloco repartidor liga aos dois terminais que correspondam ao par telefónico que se pretende escutar.

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Central telefónica automática Strowger: Falar das escutas ficará incompleto se não houver uma referência a esta central telefónica. É uma central eletromecânica funcionando passo a passo, comandado por impulsos de corrente gerados pela numeração marcada pelo assinante que inicia chamada telefónica. O contactor, que se move dentro de um cilindro de 10 contactos na vertical e 10 contactos na horizontal, produz um conjunto de estalidos correspondente ao número de telefone do assinante que está a ser chamado. Era, portanto, por ouvido que se identificava o telefone chamado e de imediato se escutava a conversa que estava a acontecer. Instalada na Escola Prática de Transmissões no «quartel de Sapadores», foi sobre esta central que foram efectuadas as escutas telefónicas que no 25 de Abril muito contribuíram para o êxito das operações. Esta central telefónica é hoje uma peça de museu.

A figura abaixo mostra um exemplar dos registos manuais de escutas. A maior parte destes registos é de difícil leitura. São autênticos “gatafunhos", escritos à pressa e com nervosismo. Só quem os escreveu é que os percebia. Esta informação era logo transmitida para o PC do MFA através do telefone ponto-a-ponto atrás referido e exclusivamente dedicado a este serviço.

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Anexo VIII – Relatório do Capitão Veríssimo da Cruz, Chefe do Serviço TPF, sobre o lançamento do cabo e as escutas telefónicas.

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NOTAS

[1] Para um melhor entendimento, acompanhar com a consulta do ANEXO II que contém os esquemas das redes rádio.

[2] As Transmissões Militares, da Guerra Peninsular ao 25 de Abril, p. 207.

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Pedro Rocha Pena Madeira

Major-General oriundo da Arma de Transmissões na situação de reforma. Concluiu a Academia Militar em 1971; licenciado em Engenharia Electrotécnica pelo Instituto Superior Técnico. Capitão a 25 de Abril de 1974, colaborou no lançamento do cabo aéreo e na preparação e execução das escutas telefónicas.

Foi docente da Academia Militar, Chefe da Repartição de Comunicações e Sistemas de Informação do Estado-maior da EUROFOR (Itália, 1995/1999), Comandante da Escola Prática de Transmissões, Chefe dos Observadores Militares da ONU em Timor-Leste e Juiz Militar no Tribunal da Relação do Porto.


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Como citar este texto:

MADEIRA, Pedro Pena – As Transmissões Militares No 25 De Abril. Revista Portuguesa de História Militar - Dossier: 25 de Abril de 1974. Operações Militares. [Em linha] Ano IV, nº 6 (2024); https://doi.org/10.56092/RPPD4137 [Consultado em ...].

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