AS UNIDADES DE INFANTARIA NAS OPERAÇÕES MILITARES DE 25 DE ABRIL

Abílio Pires Lousada & Humberto Nuno de Oliveira
Resumo
É objecto do presente texto oferecer uma leitura, tão abrangente quanto possível, da actividade das unidades metropolitanas de Infantaria no golpe militar de 25 de Abril de 1974.
Tentou-se, na medida do possível, individualizar as acções de cada uma, das que tiveram maior impacto para as de menor relevância: Sem esquecer de tentar abordar a actividade daquelas que, por circunstâncias diversas, estiveram contra o golpe ou simplesmente não aderiram ao mesmo. Estas tarefas não terão sido eventualmente totalmente atingidas pois, apenas 50 anos passados, não se revela disponível inúmera informação que, eventualmente, terá sido perdida ou permanece resguardada!
Palavras-chave: Infantaria; 25 de Abril; Operações Militares; Operação Fim-Regime.
Abstract
The aim of this text is to provide as comprehensive an overview as possible of the activities of the metropolitan infantry units during the military coup of 25 April 1974.
As far as possible, we have tried to individualise the actions of each unit, from those that had the greatest impact to those of lesser importance: without forgetting to try to address the activity of those that, for various reasons, were against the coup or simply didn't join it. These tasks may not have been fully achieved because, only 50 years on, a great deal of information that may have been lost or remains hidden is not available!
Keywords: Infantry; April 25; Military Operations; Operation «Fim Regime»
Nota prévia
Os autores do presente texto, directores da RevPHM, haviam pensado para a presente revista colaborar exclusivamente com o respectivo Editorial e uma cronologia dos acontecimentos. Assim, o presente texto sobre a Infantaria no Golpe Militar de 25 de Abril surgiu da impossibilidade de o obter de “outras mãos", não obstante as inúmeras tentativas nesse sentido, junto de diversos militares que acreditávamos estarem mais habilitados para o tratamento deste tema.
Trata-se, pois, de um texto resultante de uma tarefa que a nós impusemos, sendo certo que o contributo da Infantaria não poderia, de modo algum, faltar neste volume. Esperamos a indulgência dos leitores e pensamos ter logrado fornecer uma imagem global da Arma de Infantaria nos acontecimentos.
Introdução
Na reunião do Monte Sobral, nas Alcáçovas, em 9 de Setembro de 1973, estiveram presentes 136 oficiais dos quais 96, ou seja 70 %, eram oficiais de Infantaria (Anexo B). Uma proporção alargada que não podia deixar de encontrar natural paralelo no envolvimento da Infantaria no golpe militar. Esta tão significativa correlação não nos deve espantar, porquanto era indiscutivelmente a Infantaria a arma municiadora do maior contingente do nosso esforço de guerra. Apenas no contingente metropolitano de incorporações, no período da Guerra de África, cerca de um terço dos conscritos destinavam-se a esta arma, sendo os restantes destinados às demais armas e serviços.
Embora o envolvimento das unidades de Infantaria não tenha sido o mais espectacular no golpe, e naturalmente, desigual entre si, algumas houve que assumiram papel essencial, outras naturalmente de importância secundária, algumas de mera neutralidade e, evidentemente, algumas optando, ainda, pela hostilidade ao golpe.
Tentaremos, assim, elencá-las pela sua importância nos acontecimentos do golpe militar, começando pelo Batalhão de Caçadores N.º 5, que reputamos de primordial importância para o desenrolar do golpe, até a uma tentativa de apanhado de quem esteve contra e do que fez, ou não fez!


Divisão do Território Metropolitano por Regiões Militares e Localização das Unidades de Infantaria a 25 de Abril de 1974. Fonte: Autores.
1. Batalhão de Caçadores N.º 5
Sediado no antigo colégio Jesuíta da Imaculada Conceição de Jesus em Campolide/Travessa Estêvão Pinto, no centro de Lisboa, operacionalmente robusto e «alimentador da Guerra de África», o Batalhão de Caçadores N.º 5 (BCaç 5) era uma unidade de confiança do regime, listada com duas companhias de ordem pública e onde o próprio presidente do Conselho, António de Oliveira Salazar, teve quarto reservado com segurança pessoal permanente. Porém, a 24-25 de Abril de 1974, a esmagadora maioria dos oficiais, sargentos e praças disse «pronto» à “Operação Viragem Histórica", cabendo-lhe um dos mais importantes e decisivos objectivos definidos pela Comissão Coordenadora do Movimento das Forças Armadas (MFA): a ocupação e controlo do Quartel-general da Região Militar de Lisboa (QG/RML), ponto nevrálgico de onde emanava a acção de comando do regime na capital.
Desde que o Movimento dos Capitães irrompeu, na segunda metade de 1973, que três capitães do BCaç 5 se tornaram indefectíveis e particularmente activos: João Bicho Beatriz, Carlos Lopes Camilo e Antero Ribeiro da Silva. Entretanto, a 5 de Fevereiro de 1974 apresenta-se no Batalhão o Major José Cardoso Fontão, vindo de comissão de serviço em Angola e onde tinha aderido ao Movimento. Assim que este Major assume a responsabilidade pela Instrução da unidade envolve-se nos processos conspirativos metropolitanos através dos referidos capitães. Destes, Ribeiro da Silva será transferido para a Madeira, nos inícios de Março. Nesse mês ocorre a intentona militar do Regimento de Infantaria N.º 5 das Caldas da Rainha (RI 5), que fracassou por não ser secundado por outras unidades, como estava previsto. O BCaç 5 fica como que «emparedado» no contexto. Por um lado, os oficiais do MFA aguardam instruções no sentido de se envolverem activamente, nomeadamente através do Capitão Bicho Beatriz. Por outro, enquanto unidade afecta à manutenção da ordem pública é-lhe ordenado que saia com uma companhia para barrar o RI 5. Bicho Beatriz disponibiliza-se para assumir o ónus da «contradição», ou seja, comandar o contingente de bloqueio, o que lhe permitiria sair da unidade e envolver-se na acção de força contra o próprio regime. Porém, será o Major António Charão Vinhas a comandar a companhia, empenhado em «travar o passo» ao regimento das Caldas. O contacto não se verificou pois, como é de conhecimento, a unidade revoltosa não chegou a Lisboa, sendo manietada e os seus militares detidos. Dessa forma, o BCaç 5 cumpria com os pergaminhos de unidade de confiança do regime, enquanto os oficiais do Movimento «afiavam as facas» para próxima oportunidade, entre os quais se envolverá também decisivamente o Major Cardoso Fontão, depois de uma conversa pessoal nesse sentido com o Major Otelo Saraiva de Carvalho.
Efectivamente, a 17 de Abril de 1974, Otelo tem pronto um plano de operações militares para a designada «Viragem Histórica», que dá a conhecer aos delegados do MFA pertencentes à Região Militar de Lisboa (RML), em reunião ocorrida a 20 de Abril. Marcado o “Dia D" para a madrugada do dia 25, ao BCaç 5 são cometidas duas missões: 1) segurança de perímetro das Instalações do Rádio Clube Português (RCP), durante e após a sua ocupação; 2) isolamento do Quartel-geral da Guarda Nacional Republicana no Carmo (QG/GNR). Como oficial mais antigo, cabe ao Major Fontão coordenar as operações da sua unidade. Assim, ao Capitão Bicho Beatriz é-lhe atribuída a missão do Carmo, ao Tenente miliciano Francisco de Mascarenhas a do RCP e ao Capitão Lopes Camilo a segurança do aquartelamento e demais áreas adjacentes, além de ligação entre as companhias do QG/GNR e do RCP e respectivo apoio logístico. Enquanto Bicho Beatriz efectuava reconhecimentos e estudava a área do Carmo disfarçado de turista, o Major Fontão argumentava com o aproximar do 1.º de Maio, Dia do Trabalhador e atreito a perturbações da ordem pública, para ordenar formaturas e verificar o estado de prontidão das companhias do Batalhão ao nível da disciplina, organização, equipamento, armamento.
Na manhã de 24 de Abril, verificou-se um súbito e não explicado volte-face na missão do Batalhão. Fontão é contactado pelo oficial de ligação do MFA, Capitão Santa Clara, que lhe entrega as derradeiras informações relativamente à acção a desencadear, na qual deixou de constar o QG/GNR como objectivo, substituído pela tomada do QG/RML. Um contratempo in-extremis que não perturbou o Capitão Bicho Beatriz, que de imediato efectuou reconhecimento à área de São Sebastião da Pedreira.
Os dados estavam lançados: o código do BCaç 5 era «Lima 10», do QG/RML «Canadá» e o do RCP «México». Ambos os objectivos situavam-se próximos do aquartelamento. Importava equacionar a atitude dos comandantes. O comandante (Cmdt), Coronel Firmelindo Coutinho David, que se encontrava de licença, foi ignorado, até por ser bem considerado pelos subordinados. Quanto ao 2.º Cmdt, o já referido Tenente-Coronel Charão Vinhas, que havia sido sondado mas se negou a colaborar, foi mantido sob vigilância[1]. Entre formaturas e revistas, após o toque de ordem havia que saber quem ficava no quartel, entre militares de serviço e os que ali pernoitavam, a maioria dos cerca de 600 homens, e como dar a conhecer o golpe militar, de molde a captar o máximo de comprometimentos. Foi feito por fases: 1) após a senha «E Depois do Adeus», tocada nos Emissores Associados de Lisboa às 22:55h, o Major Fontão reúne os 30 oficiais de confiança e outros presentes na unidade, a quem coloca ao corrente da situação. Aderem sem hesitação e são mandados aprontar; 2) depois da meia-noite, são reunidos os sargentos e cabos milicianos e, de igual modo, se lhes dá conhecimento da conjura. A maioria adere, os restantes ficam retidos; 3) após a 2.ª senha «Grândola Vila Morena», ouvida com confiança na Rádio Renascença pelos militares envolvidos, oficiais e sargentos acordam as praças, a quem distribuem armas, munições e aparelhos rádio, e mandam formar na parada em silêncio, atendendo aos elementos da GNR presentes na penitenciária.
Pelas 03:00h, duas companhias operacionais franqueiam apeadas os portões da unidade, a do Capitão Bicho Beatriz em direção a São Sebastião da Pedreira, a do Tenente Francisco de Mascarenhas, com quem segue o Major Cardoso Fontão, desce a rua Castilho para a Sampaio Pina. Quanto ao Capitão Lopes Camilo, além de garantir a o controlo interno com efectivos da Formação e Companhias de Instrução, envia destacamentos de isolamento para as áreas da penitenciária, alto do Parque Eduardo VII, encostas de Campolide e da Praça de Espanha.
Na Sampaio Pina, a companhia de Mascarenhas entra em contacto com o «Grupo 10», destinado a ocupar as instalações do RCP e constituído por sete oficiais da Força Aérea (FAP) e o Capitão miliciano do Exército José Santos Coelho. O comandante do Grupo, Major da Força Aérea Costa Neves, troca senhas com o Major Fontão – «Coragem; Pela vitória» – e desenvolvem procedimentos. O Tenente Mascarenhas distribui os homens pelo perímetro do RCP e barra acessos com viaturas particulares. Então, o «Grupo 10» entra nas instalações da Rádio e ocupa-as sem contratempos de maior. Dali sairá o primeiro comunicado do MFA ao país, às 04:26h, pela voz de Joaquim Furtado. Garantir a posse do RCP era imprescindível para o Movimento, por ter emissores com capacidade para cobrir praticamente todo o território nacional, funcionando assim como posto comunicacional do MFA. Daí também a necessidade de ocupação das antenas do emissor em Porto Alto pela Companhia de Caçadores 3241/73, do Campo Militar de Santa Margarida.
Entretanto, às 03:30h a companhia comandada elo Capitão Bicho Beatriz chega a São Sebastião da Pedreira e, de imediato, distribui pelotões pelo perímetro do QG/RML, montando o cerco: ruas de acesso bloqueadas com viaturas militares e civis, instalação de militares e armas pesadas em pontos altos com observação e linha de fogo para o quartel; a própria Gulbenkian foi ocupada; um pelotão defronte do portão voltado para Gulbenkian para eventual assalto. À frente deste pelotão, o Aspirante Sanjara acerca-se do portão e informa o plantão que tem ordens superiores para entrar e reforçar a unidade, dadas as condições de ordem pública vigentes. Acontece que o oficial de dia, sem informações nesse sentido e ciente de movimentações militares no exterior, recusa. Na verdade, não se desloca ao portão, pega no telefone e contacta o chefe de Estado-Maior do QG/RML, Coronel Matos Duque, dando conta da ocorrência. Este assume uma sublevação em curso, dá ordens para não abrir o portão em circunstância alguma, mandar formar piquete e assumir atitude de defesa das instalações, sem oferecer resistência se ocorresse um assalto armado ao quartel. Informa ainda da situação o Cmdt da RML, General Edmundo Luz Cunha, que de imediato emite um alerta para todas as unidades entrarem de prevenção, incluindo, sem o intuir, as que estavam afectas ao MFA.
Estava-se num impasse, Bicho Beatriz procura convencer os sitiados a permitirem a entrada dos seus homens sem recurso a uso da força. Entretanto, chega o Major Fontão da Sampaio Pina, depois de garantido o controlo da RCP e ter canalizado um pelotão da companhia do Tenente Mascarenhas para a residência do General António de Spínola, na rua Rafael Andrade/Paço da Rainha. Fontão sugere que se “mandem umas bazucadas" contra o portão. O Capitão Beatriz grita então para o interior “vamos rebentar com isto tudo", os militares sitiados dispersam e um cabo pula então o portão e abre-o por dentro. Passava das 04h quando o Major Fontão contacta o Posto de Comando na Pontinha (PC/MFA) e informa «Óscar, daqui Lima 10. Canadá conquistado sem incidentes».
Nesta altura, já o Quartel-general da Região Militar do Porto estava sob domínio de forças do MFA, com o país ainda a dormir tranquilamente e os responsáveis políticos do regime a começarem a acordar, tarde e a más horas, para o sobressalto do dia!
Como último acto, e revelador da (não) motivação e capacidade de resposta por parte do regime, da Calçada da Ajuda é enviado um esquadrão da Polícia Militar, comandada pelo Tenente Ravasco, para desalojar do QG/RML as forças do BCaç 5. A partir da Praça de Espanha, a coluna é colocada sob controlo do Major Cruz Azevedo, comandante do grupo de esquadrões, coadjuvado pelo Capitão Campos Andrada. Ravasca contacta o Capitão Bicho Beatriz no perímetro de defesa. Perante a determinação das forças do BCç 5, retira para a Praça de Espanha e informa o Major Cruz Azevedo. Este procura ainda aliciar os graduados para uma acção contra as forças que sitiam o QG. Perante a recusa, desiste. Discute o assunto com Campos e Andrada, mas este decide apresentar-se na Pontinha e colocar-se às ordens do MFA. As forças do Major Cruz Azevedo acabam por estacionar na zona do Cais do Sodré.
O controlo do QG/RML furtava ao regime um ponto vital para comando, controlo e ligação ou seja, de coordenação de uma contra-resposta em Lisboa às acções do MFA. A par da actuação da Escola Prática de Cavalaria no Terreiro do Paço contra as unidades de cavalaria da Calçada da Ajuda, em Lisboa, e das forças do Centro de Condução Auto 1 (CICA 1) e do Centro de Instrução de Operações Especiais (CIOE), no Porto, o desempenho do BCaç 5 foi determinante para o sucesso operacional do MFA, feito pela calada da noite e arredado dos holofotes mediáticos.
2. Escola Prática de Infantaria
Dos objectivos primordiais e inadiáveis definidos pelo MFA constavam o fecho de fronteiras, de molde a blindar o território nacional a intromissões externas, concretamente do eventual envolvimento da Espanha franquista, controlo dos principais meios rádio televisivos e encerramento de aeroportos e aeródromos. Estas missões foram entregues, como veremos, a diversas unidades cabendo a missão mais importante de todas, a captura do aeroporto da Portela e o anexo Aeródromo Base N.º 1 (AB 1), à Escola Prática de Infantaria (EPI).
Aquando do golpe de 16 de Março, refira-se que a EPI estava incumbida de participação na tomada do RCP, sendo a ocupação e controlo do aeroporto de Lisboa da responsabilidade do RI 5, das Caldas da Rainha. Como só esta unidade «saiu para a rua», o golpe fracassou e a maioria dos militares envolvidos foi presa, pelo que a 25 de Abril o RCP ficou por conta do BCaç 5 e a Portela da EPI.
De comando de oficial general e sediada em Mafra, a EPI era a unidade de Infantaria de maior contingente militar, bem equipada, armada e municiada, e a que apresentava generalizado comprometimento militar com a causa do MFA. A título de exemplo, refira-se que dos 136 oficiais signatários da grande reunião de Monte/Sobral, em Alcáçovas, ocorrida em 9 de Setembro de 1973, 36 eram da EPI (37% do total e 26% da Infantaria). A marcação, por parte da Comissão Coordenadora, data de 25 de Abril de 1974 para desencadear o golpe militar contra o regime coincidia com os exercícios de campo de dois Batalhões do Curso de Oficiais Milicianos (COM), a decorrerem na Tapada Militar de Mafra, que envolveria boa parte dos oficiais afectos ao MFA e de muito do armamento, equipamento e viaturas essenciais para a participação na operação militar que teria Lisboa como destino. Era um contratempo, havia que adequar procedimentos. Competia aos Majores Aurélio Trindade e Cerqueira Rocha a coordenação da participação da Escola, ficando definida a seguinte divisão de tarefas essenciais: 1) a Companhia de Intervenção, que marcharia para a tomada do Aeroporto em Lisboa, ficaria sob o comando do Capitão Rui Rodrigues, coadjuvado pelos Capitães Aníbal Albuquerque e Fernando Aguda; 2) aos Capitães Vicente Fernandes e Babo de Castro competia-lhes canalizar forças para o controlo da via de Mafra e demais organismos públicos, bem como barrar acessos à mesma; 3) a defesa da unidade ficava à responsabilidade do Capitão Jorge Silvério.
A 21 de Abril, o Capitão Rui Rodrigues deslocou-se ao Aeroporto de Lisboa, monitorizando o trajecto a utilizar a 25. Juntamente com o Capitão da Força Aérea José Costa Martins, a quem caberia a responsabilidade técnica de fechar o espaço aéreo, fez minuciosos reconhecimentos às instalações do aeroporto, através do zeloso funcionário Chaves Almeida. No dia seguinte, com os referidos exercícios de campo a decorrer, os oficiais organizaram um almoço de confraternização na Carreira de Tiro grande da Escola, juntando quem estava empenhado nos exercícios e os que prestavam serviço no interior, envolvidos na conspiração. Por essa via, se coordenaram relativamente a procedimentos para o “Dia D": de forma a manter um timbre de normalidade, ao Toque de Ordem os oficiais em serviço interno sairiam da unidade para as suas residências a meio da tarde, retornando antes do Toque de Recolher às 21:30h, aguardando instruções nos respectivos quartos; os que estavam em exercícios na Tapada recolhiam à unidade até às 23h; o Major Cerqueira Rocha assumiria a disposição das viaturas na Parada Leste, atestadas de combustível e organizadas para transporte de pelotões; os Cadetes-Alunos do COM seriam canalizados para a área da Carreira de Tiro, ficando enquadrados; os coordenadores da operação reuniam-se no quarto 18.
Cerca da meia-noite, ainda antes da 2.ª senha radiofónica (00:20h), os oficiais MFA saem dos quartos e contactam os graduados da unidade que ainda não estavam a par da situação. A adesão é total. De seguida, organizam-se os contingentes por companhias e pelotões na Parada Leste. Entretanto, os Majores A. Trindade e C. Rocha contactam pessoalmente o Coronel Fernando Jasmim de Freitas, Director de Instrução e que residia nas habitações internas da EPI. Colocam-no a par da situação, motivam-no a aderir ao golpe e convidam-no a assumir o comando da Escola. Entre umas quantas dúvidas, ponderação de cautelas e hesitações, Jasmim de Freitas aceita, ao arrepio do Brigadeiro Henriques da Silva e do Coronel Brandão Loureiro, Comandante e 2.º Comandante da EPI, respectivamente, que residem no exterior e não estão a par das ocorrências. «Os dados estão lançados».
Às 02h do dia 25, os Capitães R. Rodrigues, A. Albuquerque e F. Aguda arrancam com a Companhia de Intervenção, organizada em três bi-grupos, de 50 militares cada, para Lisboa, com cerca de 40 viaturas, das quais duas Berliet e jeeps com canhões sem recuo instalados, além de outro armamento pesado como Browning e o ligeiro constituído pela G3 individual e os necessários cunhetes de munições. Meia hora depois, faz-se a saída dos dois grupos de combate, de 40 militares cada, comandados pelos Capitães V. Fernandes e B. Castro destinados ao controlo da vila, nomeadamente instalações da Companhia das Águas, correios, telégrafos e telefones, GNR, PSP e delegação da Manutenção Militar. O mesmo acontece com o grupo de combate de 50 homens às ordens do Tenente António Fernandes incumbido de barrar locais de acesso, nomeadamente das vias que ligam à Malveira e à Ericeira. Uma companhia de atiradores ficou com o Capitão J. Silvério para defesa da unidade.
A coluna destinada ao Aeroporto seguiu pelo estipulado itinerário Mafra-Malveira-Loures-Frielas-Camarate, traçado para se evitar forças policiais. Contudo, o imponderável aconteceu, quando se meteu numa não prevista e estreita rua de Camarate, que não tinha saída. A coluna foi obrigada a retroceder, obrigando viaturas a fazer inversão de marcha, o que se revelou um tormento, sobretudo no que respeita às Berliet, assinalou ruidosamente a presença aos residentes e originou atrasos que sobressaltaram o PC/MFA. A prevista chegada ao Aeroporto às 03h só ocorreria cerca de uma hora decorrida, espaço de tempo em que o Capitão da Força Aérea Costa Martins, trajando à civil, permaneceu sozinho no AB 1.
As histórias e contradições abundam acerca do fez ou deixou de fazer este Capitão enquanto a coluna da EPI não chegava. Remetemos para o «enxuto» testemunho de Otelo em «Alvorada em Abril», onde refere que “durante uma hora que lhe pareceu infindável, ele estivera isolado, no AB 1, jogando junto do oficial de serviço e do pessoal da guarda o bluff de uma revolução que está em marcha e que tem a área controlada"[2]. Às 04h, hora a que devia ter sido proclamado o primeiro comunicado do MFA aos microfones do RCP, chega ruidosamente a tropa de Mafra, que entra aeroporto adentro. A Polícia aeroportuária “de farda castanha", a Guarda Fiscal e elementos da DGS são neutralizados e os pontos-chave são assegurados por grupos previamente definidos, concretamente as instalações e a pista, a torre de controlo e os depósitos de combustíveis. O Capitão Costa Martins interdita tecnicamente o espaço aéreo – NOTAM – Notice To Airmen. Ficavam proibidas aterragens e descolagens, incluindo de aviões militares, que seriam desviados para Madrid e Las Palmas.
Então, às 04:25h o Capitão Rui Rodrigues comunica com o PC/MFA: “Óscar, aqui Lima 2. Informa-se que Nova Iorque foi ocupada e encontra-se sob controlo". O 1.º Comunicado é então lido na RCP logo de seguida, 26 minutos depois do previsto. Na Pontinha não se queria correr o risco de o proclamar sem o aeroporto, objectivo vital, estar tomado, permitindo-se que eventualmente forças do regime para aí dirigissem e o ocupassem por antecipação.
O dia seria longo para os militares de Mafra. Pelas quatro da tarde, recebem ordens para projectar parte dos efectivos para o Largo do Carmo, onde o Capitão Salgueiro Maia e o contingente da Escola Prática de Cavalaria (EPC) estavam em vias de poderem ser cercados por forças de Cavalaria 7 (RC 7), da Ajuda, comandadas pelo Brigadeiro Junqueira dos Reis. Assim é executado e é o próprio Capitão Rodrigues que segue com a tropa, mas a ordem acabará por ser anulada por a situação estar em vias de resolução. Os efectivos da EPI recebem nova missão: dirigirem-se para o Regimento de Artilharia Ligeira 1 de Lisboa e aí libertar os militares presos desde o 16 de Março. O que acontece sem contratempos através dos Capitães Rodrigues e Albuquerque, pois o comandante, Coronel Almeida Frazão, mostra-se colaborante. O dia termina ainda com o Capitão Rui Rodrigues e 33 dos seus homens a procederem à detenção dos ministros da Defesa, Exército e Marinha e de quatro Generais refugiados em Monsanto, que foram encaminhados para o quartel de Engenharia da Pontinha.
Entretanto, nos dias seguintes, quando o controlo do aeroporto passou para uma companhia do Regimento de Caçadores de Paraquedistas, após este se envolver na revolta em curso, outros efectivos da EPI seriam projectados para Lisboa, numa óptica de rendições e reforço de meios, chegando a estar 4 companhias ao mesmo tempo na capital, três delas sob comando do Major Cerqueira da Rocha e apresentadas no QG/RML. Até porque o desempenho de missões continuou: coadjuvar na neutralização da DGS na António Maria Cardoso; ocupar a Escola Prática da Polícia Política em Sete Rios; reforçar a rendição da Legião Portuguesa na Penha de França; participar em acções de preservação da ordem pública, escolta de detidos da DGS ou da Legião. Neste entretanto, o comando das forças da EPI foi entregue ao Major de Cavalaria Bívar, o que causou estranheza e anti-corpos. No dia 28 de Abril, a Companhia de Intervenção da EPI regressa definitivamente a Mafra, dando por finda a missão!
Última nota para referir os únicos oficiais que se negaram aceitar o curso dos acontecimentos e aderir ao MFA foram o comandante, Brigadeiro Henriques da Silva, e o 2.º comandante, Coronel Brandão Loureiro, que acabaram impedidos de entrar nas instalações da Escola Prática. Seriam ambos exonerados e passados à situação de reserva mediante despachos da Junta de Salvação Nacional.
3. A Infantaria no «Agrupamento November»
No plano de operações para a Região Militar de Coimbra, comandada pelo General Joaquim Franco Pinheiro, indefectível do regime, foi previsto o denominado «Agrupamento November», a ser constituído por uma Companhia de Atiradores do Regimento de Infantaria N.º 10 (RI 10, Aveiro), uma Companhia de Atiradores do Regimento de Infantaria N.º 14 (RI 14, Viseu), uma Companhia do Centro de Instrução de Condução Auto 2 (CICA 2, Figueira da Foz) e uma bateria de 10,5cm do Regimento de Artilharia Pesada N.º 3, com seis bocas-de-fogo (RAP 3, Figueira da Foz). Este «Agrupamento November» seria comandado pelo Capitão Gertrudes da Silva, do RI 14 e, segundo o plano das operações, deveria reunir-se às 03:00h no RAP 3.
Após a sua constituição e junção na Figueira da Foz, tinha por objectivos os seguintes:
- Através da sua movimentação, atrair as unidades governamentais do Regimento de Infantaria N.º 7 (Leiria) e do Regimento de Infantaria N.º 15 (Tomar), tentando obter a sua adesão ao golpe;
- Dirigir-se para o Forte de Peniche, objectivo «Varsóvia», obtendo a sua rendição com vista à libertação dos presos políticos;
- Deslocação para Lisboa, reforçando as forças que operavam na capital.
Sublevação no Regimento de Infantaria N.º 10
Cerca de 15 dias antes da operação militar, o Capitão Rodrigo Nóvoa Pinto Pizarro foi transferido disciplinarmente de Lamego para a unidade aveirense, com a função de ministrar aulas de quadros e coordenar as acções de formação dirigidas a furriéis e aspirantes. Porém, rapidamente assumiu o comando da Companhia de Atiradores, a mais operacional do Regimento.
Após a transmissão de “Grândola", o Capitão Pizarro e o Capitão Lucena Coutinho assumem o comando da unidade, mandando formar a tropa, equipando-a e, após procederem à distribuição de munições reais, mandaram os seus homens entrarem nas viaturas de transporte que partem cerca da 1h00.
Posteriormente, o Coronel comandante João Dias dos Santos entra na Unidade, ficando apoplético ao saber que uma coluna comandada pelo Capitão Pizarro saíra da Unidade às ordens do Movimento.
Sublevação no Regimento de Infantaria N.º 14
Na madrugada de 25 de Abril, os capitães Diamantino Gertrudes da Silva, Arnaldo da Silveira Costeira, Aprígio Ramalho, António Ferreira do Amaral e Amândio Augusto assumem o controlo da unidade, por volta da 01:30h, passando a gerir a central telefónica e os postos de rádio e mantendo sob vigilância os Coronéis Ferreira da Silva e Gama, presidente e vogal do Tribunal Militar Territorial, que pernoitavam na unidade. Dado início aos preparativos da companhia, juntar-se-lhe-iam outras unidades do «Agrupamento November», a primeira fase da missão atribuída à unidade.
Quando, às 05:05h, o comandante da unidade, Coronel José Luís de Almeida Azevedo, que tomara posse na véspera, às 16h00, chega à Porta de Armas e é informado pelo Capitão Ramalho da situação da unidade e da saída de uma coluna há cerca de uma hora. Não pretendendo aderir ao Movimento é-lhe negada a entrada no quartel, regressando a sua casa.
Quando o 2.º Comandante, Tenente-coronel Graciano Antunes Henriques, chega à Porta de Armas pelas 09:05h, é informado pelo Capitão Amaral do que se passava na Unidade, declara, em conformidade, que aderia ao Movimento, assumindo o comando do Regimento 25 minutos depois, após informar o Coronel Almeida Azevedo da sua decisão.
A Coluna em marcha
Cerca da 01:00h do dia 25, inicia-se o movimento da coluna do RI 10, comandada pelo Capitão Pizarro, com destino à Figueira da Foz, onde chega às 02:40h. Encontrando os portões do RAP 3 ainda encerrados, o Capitão Pizarro decide deslocar-se ao CICA 2, onde o Capitão Sousa Ferreira o informou estar a ser preparada a companhia daquela unidade sob o comando do Capitão Rocha Santos e, ainda, que os portões do RAP 3 estavam encerrados pois o Capitão Diniz de Almeida ainda estaria a deter o comandante daquela unidade de Artilharia.
Às 03:05h, a companhia de atiradores auto-transportada do RI 14, em quatro viaturas pesadas e uma ambulância, comandada pelo Capitão Costeira, sai do quartel com o seguinte itinerário: Tondela-Santa Comba Dão-Luso (evitando Coimbra) -Anadia-Cantanhede-Figueira da Foz. Importa referir que dias antes deflagrou um incêndio no parque de viaturas do RI 14, inutilizando parte delas, causando constrangimentos no transporte de tropas a 25 de Abril.
Só às 03:15h se realiza, por fim, a concentração das forças no RAP 3, onde se verifica enorme azáfama entre as forças da Figueira da Foz e Aveiro.
Pelas 05h, ou 07:30h, não havendo ainda notícias da coluna do RI 14, porque as comunicações não funcionaram, foi decidido avançar com a coluna composta pelos elementos do RI 10, CICA 2 e RAP 3, sob o comando interino do Capitão Lucena Coutinho, uma vez que o designado comandante do Agrupamento viajava com a coluna do RI 14. A hora de chegara da coluna do RI 14 à Figueira da Foz é relatada de modo diverso pelos oficiais presentes do RI 10 e RI 14, pelo que as duas versões distintas são aqui apresentadas[3].
À chegada da coluna do RI 14 à Figueira da Foz, os militares da guarnição do RAP 3 informam que havia três minutos (relato que é o mesmo nas duas versões) que a força composta por elementos do RI 10, CICA 2 e RAP 3 partira, apressando-se os homens do RI 14 no seu encalço. Aquela coluna contorna Leiria, por as unidades daquela localidade, Regimento de Infantaria N.º 7 e Regimento de Artilharia Ligeira N.º 4, não terem aderido ao Movimento, e dirige-se ao Regimento de Infantaria N.º 5, nas Caldas da Rainha[4], encetando conversações com os oficiais da unidade, que não aderem ao movimento, mas garantem a neutralidade. O mesmo percurso seria seguido pelos homens do RI 14.
Pouco antes de Peniche, a coluna principal sofre um percalço, devido à avaria de uma viatura do CICA 2, que fica a ocupar a faixa de rodagem e os homens do RI 10 vêm-se obrigados à sua remoção, ficando para trás. Quando os efectivos de Aveiro chegam a Peniche, “ao início da manhã", de acordo com o relato de Pinto Pizarro julgavam que as forças do CICA 2 e RAP 3 já teriam tomado o forte. Todavia, não só tal não se verificava como não vislumbraram aquelas forças, decorrendo mesmo na praça fronteira ao Forte uma feira. Pinto Pizarro não refere o motivo daquelas forças não se encontrarem, mas percebe-se que após a chegada dos homens do RI 10 as mesmas ali se concentram. Cercado o forte é dada ordem de evacuação aos feirantes e o capitão do RI 10 exige a entrega e a rendição incondicional do forte. O responsável do Forte afirma não ter qualquer ordem nesse sentido, devendo consultar os superiores em Lisboa.
Finalmente, pelas 13:30h as forças do RI 14 atingem Peniche, assumindo o comando do agrupamento o Capitão Gertrudes da Silva que, de imediato, se reúne com os comandantes de Companhia: Atiradores do RI 10, Capitão Pizarro; Atiradores do RI 14, Capitão Costeira; Atiradores do CICA 2, Capitão Rocha Santos; Bateria de Artilharia do RAP 3, Capitão Diniz de Almeida; e o oficial destacado da Escola Central de Sargentos, Capitão Coutinho.
Uma vez que a DGS não se pretendia render, como foi comunicado ao Capitão Coutinho, e face à impossibilidade de se contactar o PC/MFA, o Capitão Gertrudes da Silva decide deixar a cercar o Forte a Companhia do CICA 2, reforçada com duas secções de obuses do RAP 3.
O restante dispositivo marcha para Lisboa, mas dada a extensão da coluna e o estado de algumas viaturas, só chegará à entrada da capital, junto ao Regimento de Artilharia Ligeira 1, ao fim da tarde. Esta unidade de Artilharia deveria ter-se rebelado, o que não se verificava, não recebendo a tropa as rações de combate que aguardava. Na verdade, tal só iria acontecer ao final do dia, quando efectivos da EPI ali foram resgatar militares do 16 de Março presos.
Mas independentemente desta questão, estavam já encerradas as operações no Largo do Carmo.
4. Regimento de Infantaria N.º 12 (Guarda)
Igualmente situado na Região Militar de Coimbra, a posição do Regimento de Infantaria N.º 12 (RI 12) no golpe militar do 25 de Abril foi distinta da dos RI 10 e RI 14. A sua actuação é-nos oferecida pelo relatório do Capitão António José Monteiro Valente.
Este oficial fora transferido para aquela unidade do CIOE em 21 de Março, após o movimento das Caldas, tendo reatado as ligações ao Movimento através de um oficial do RI 14.
Descreve-nos o RI 12 como não susceptível de aderir ao movimento por um conjunto de razões que elenca:
- Quer o Comandante, Coronel António José Ribeiro, quer o 2.º Comandante, Tenente-coronel António Jorge Teixeira, haviam tido problemas na Guiné com Spínola, recusando-o terminantemente como chefe do golpe;
- Ter o Comandante jurado a total lealdade da unidade ao General Joaquim António Franco Pinheiro, Comandante da Região Militar de Coimbra;
- O facto de ambos pernoitarem na unidade, sempre armados;
- O Capitão Valente ser o único oficial activo do Movimento e não ter logrado a mobilização do pessoal pelo pouco tempo que permanecera no Regimento.
Ainda assim, o oficial de ligação do RI 14 comunicou, na noite de 24 de Abril, que a missão atribuível ao RI 12 seria a de marchar para Vilar Formoso e encerrar a fronteira. Missão que o Capitão Valente considerou não decisiva para o início dos acontecimentos.
Na manhã do dia 25 de Abril, verifica que o comandante mandara armar e municiar a companhia operacional, a cujo comandante diz que se recebesse ordem de marchar por parte do coronel, o fizesse para Vilar Formoso. Pelas 10:00h percebe que os comandantes não pretendiam aderir ao Movimento, impondo-se a sua detenção. Será no final do almoço que lhes dá voz de prisão. O Coronel Ribeiro acatou-a, mas o Tenente-coronel Teixeira tentou resistir e avançou para o Capitão Valente, disparando este um tiro para o chão, obrigando-o a recuar e detendo-o.
A Companhia Operacional que se encontrava pronta, arranca para o objectivo rumo a Vilar Formoso, sob comando do Capitão Valente, ficando o comando da Unidade entregue ao Capitão Pina.
5. As Companhias de Caçadores do Campo de Instrução Militar de Santa Margarida
Tutelado pela Região Militar de Tomar, do Campo de Instrução Militar de Santa Margarida (CIMSM), que albergava a Divisão Nun'Álvares (3.º Divisão), seriam acionadas três companhias de caçadores (CCaç) pelo MFA, que aguardavam embarque para o Ultramar: CCaç 4241/73, para Moçambique; CCaç 4246/73, para Angola; CCaç 4216/73, para Moçambique.
A garantia de participação das companhias foi feita ao Major Otelo em algumas reuniões prévias em que participou o Tenente Miliciano Luís Artur Ribeiro Pessoa (comandante da Companhia 4241/73), um indivíduo descrito na “Alvorada em Abril" como altamente politizado e militante do Partido Comunista, que assegurou o envolvimento da sua Companhia e das outras duas, a CCaç 4246/73 comandada pelo Tenente Miliciano Christian Bastos Andersen e a CCaç 4216/73 pelo Tenente Miliciano Miguel Raimundo da Silva Amado.
Atento este compromisso, estas companhias integraram o plano de operações (POp) gizado pelo Major Otelo, tendo-o o Tenente Ribeiro Pessoa recebido no dia 18 de Abril: a CCaç 4241/73 do Tenente Pessoa recebeu como missão ocupar o centro emissor do RCP, no Porto Alto – objectivo «Jamaica»; à CCaç4246/73, do Tenente Anderson, competia controlar a ponte Marechal Carmona – objectivo «Berna»; a CCaç 4216/73, do Tenente Amado, devia impedir a saída de veículos blindados do Campo Militar que eventualmente se revelassem contra o MFA, nomeadamente do Regimento de Cavalaria N.º 4, comandado pelo Coronel João Craveiro Lopes, filho do antigo Presidente da República e que se tinha negado aderir ao MFA.
Na noite de 24 para 25, após a audição das senhas do golpe quatro Aspirantes das companhias 4241/73 e 4246/73 ocupam a arrecadação do material de guerra para encher os carregadores. Todavia, só existiam 3.000 munições para as duas companhias, o que determinará que venham a ser posteriormente abastecidos pelo contingente saído da Escola Prática de Engenharia (EPE). Por volta das 02:45h, os militares saíram das casernas e subiram para as viaturas. Às 03h, a coluna coloca-se em marcha, optando por não sair pela porta de armas principal, mas por estrada picada dos campos de treinos em direcção ao Arrepiado. A inexperiência de alguns condutores traduziu-se nalguns problemas com as viaturas que acabaram por ser superados.
O primeiro objectivo, a junção na ponte da Golegã-Chamusca à Companhia de Instrução da EPE, comandada pelo Capitão Carneiro Teixeira que saíra de Tancos, e que era a portadora de munições suplementares para distribuir às duas CCaç, ocorre cerca das 04:10h. Após a reunião, as três companhias seguem marcha conjunta até ao Porto Alto, onde se separam para cumprimento dos objectivos específicos atribuídos a cada uma delas:
- Pelas 05h, a CCaç 4246/73 do Tenente Anderson instalou-se nos acessos à ponte Marechal Carmona, barrando eventuais travessias do Tejo, em Vila Franca de Xira, por forças do regime. Pelas 11h, recebeu ordens para reforçar o contingente da EPI no controlo do aeroporto de Lisboa. Posteriormente, quando o aeroporto passa para guarda de uma Companhia do RCaç, seria enviada para a baixa de Lisboa para controlo de tumultos entre a população.
- A CCaç 4241/73 do Tenente Pessoa ocupou, sem incidentes, o centro retransmissor do RCP/Porto Alto, às 7:50h.
6. A participação de outras unidades de Infantaria
Como já referido para o Plano de Operações, o fecho de fronteiras, o controlo dos principais meios rádio televisivos e o encerramento de aeroportos e aeródromos assumia papel de relevo. Assim, relativamente às fronteiras, as missões foram preferentemente entregues a unidades limítrofes, sendo de referir, de Norte para Sul, as seguintes:
- Batalhão de Caçadores N.º 3, de Bragança: fronteira de Quintanilha, assegurando, ainda, presença militar na área Bragança-Vilarandelo para dissuadir o BCaç N.º 10 de Chaves, considerado hostil ao MFA;
- Regimento de Infantaria N.º 12, da Guarda: fronteira de Vilar Formoso;
- Batalhão de Caçadores N.º 1, de Portalegre: fronteira de Galegos/Marvão;
- Regimento de Infantaria N.º 16, de Évora: fronteira de São Bernardo. Impôs, ainda, a rendição do QG/Évora[5];
- Regimento de Infantaria N.º 3, de Beja: fronteira de Vila Verde do Ficalho, objectivo que não foi concretizado. A esta unidade caberia, ainda a ocupação das antenas do Centro Emissor Ultramarino de onda curta da Emissora Nacional (São Gabriel), igualmente não concretizada.
Quanto a aeroportos e aeródromos, ao Batalhão de Caçadores N.º 9, de Viana do Castelo, coube a ocupação do aeroporto de Pedras Rubras e o controlo do nó rodoviário do final da Via Norte, no Porto. Ao Regimento de Infantaria N.º 4, de Faro, caberia a captura do aeroporto da cidade, que não foi concretrizado.
Outras actuações de unidades de Infantaria
- Regimento de Infantaria 6, do Porto: Cercar e ocupar as instalações da PIDE/DGS, o que só aconteceu a 26 de Abril por hesitações no comando da unidade. Ao início da noite de 25, o Cmdt do RI 6 tomou posse como Cmdt do QG.
- Regimento de Infantaria N.º 8, de Braga: a Unidade demitiu-se de apoiar o regime, quando solicitada. Uma das suas companhias acabou por reforçar o dispositivo do MFA no Porto a meio da tarde do dia 25.
- Batalhão de Caçadores N.º 6, de Castelo Branco: descolou-se para Lisboa, estacionando na portagem de Vila Franca de Xira, constituindo reserva às ordens do PC/MFA.
7. Vae victis!
Vae victis é, como se sabe, uma expressão latina que significa “Ai dos vencidos", tendo como tradução mais profunda, “triste sorte a reservada aos derrotados". Embora aqui não a tomemos no âmbito em que a terá empregado o gaulês Breno e a relataram Lívio e Plutarco, a sorte dos vencidos, no plano histórico, é igualmente determinada por este aforismo latino.
Revela-se hoje, passados 50 anos, tarefa inglória saber algo de substancial sobre aqueles que estiveram “contra". Militarmente exonerados dos cargos/funções e passados compulsivamente à reserva pelos vencedores do golpe, não legaram relatos sobre o que fizeram, ou mais frequentemente não fizeram, e quais as razões. As unidades de Infantaria consideradas hostis, ou pelo menos não aderentes ao golpe, eram os Regimento de Infantaria 4 de Faro, 5 das Caldas da Rainha, 7 de Leiria, 8 de Braga, 13 de Vila Real, 15 de Tomar e os Batalhões de Caçadores 8 de Elvas e 10 de Chaves. Relativamente ao RI 7, unidade entendida pelo MFA como afecta ao Regime, em boa verdade, a unidade manteve-se leal ao Cmdt, o Coronel Jorge da Costa Salazar Braga, e não interveio no rumo dos acontecimentos a 25 de Abril.. Unidades que não se mexeram aquando dos acontecimentos ou, como foi o caso do RI 8 e do RI 13, se negaram a defender o regime quando superiormente contactadas.
Sobre as demais unidades hostis, ou não aderentes, não foi possível encontrar quaisquer dados objectivos.
Ironicamente a única acção “contra" documentada de unidades de Infantaria veio do Regimento de Infantaria 1 da Amadora, inicialmente listada como «Unidade Amiga», e que tinha por missão atribuída ocupar o presídio de Caxias – objectivo «Pequim» – e fazer protecção ao General Costa Gomes. Tal não se verificaria, com o Capitão do MFA Coelho Lima a “borregar" na noite de 24 argumentando com a impossibilidade de sublevar a unidade. Na realidade, o comando fez do RI 1 unidade do regime a 25 de Abril. Perto do alvorecer, uma Companhia de Atiradores, com guia de marcha aprazada para a Guiné, comandada pelo Capitão Fernandes, é mandada sair para travar o passo às forças da EPC em Vila Franca de Xira. Antes de chegar ao destino, é-lhe ordenado que “recolha a quartéis", recebida a informação do potencial de combate percebido na coluna da EPC. Essa Companhia surgirá posteriormente no Rossio de novo enviada com o objectivo de barrar a EPC em direcção ao Largo do Carmo. Será intimada a “baixar a guarda" por Salgueiro Maia, passando-se para o seu campo. No intervalo dos dois momentos referidos, uma outra Companhia do Regimento da Amadora estará de manhã, com o Brigadeiro Junqueira dos Reis, no Terreiro do Paço, passando-se igualmente para o lado do Movimento em convergência com forças de outras unidades aí presentes, nomeadamente de Cavalaria.
De quem vieram as ordens para a movimentação destas forças e com que critérios de actuação?
Bibliografia
CABRAL Rui e ALMEIDA Luís Pinheiro de – Capitães de Abril. A Conspiração e o Golpe. Lisboa: Edições Colibri, 2024.
CARVALHO, Otelo Saraiva de – Alvorada em Abril. Lisboa: Editorial Notícias, 4.ª Edição, 1998;
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ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO – Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). Lisboa: 1.º Volume – Enquadramento Geral, 2.ª edição, 1988.
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PIZARRO, Rodrigo Nóbrega Pinto Pizarro – Participação do RI 10 (Aveiro) na madrugada redentora. O Referencial / Revista da Associação 25 de Abril, nº 114, Jul-Set 2014, pp. 28-30.
REZOLA, Maria Inácia – “Operação Fim-Regime". História, Nº 13, Ano XXI, (Nova Série), Abril de 2004.
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SOARES, Coronel Alberto Ribeiro – Os Generais do Exército Português. Lisboa: Biblioteca do Exército, III Volume – III Tomo, 2016.
VALENTE, Augusto José Monteiro – Relatório dos acontecimentos ocorridos e relacionados com o Movimento das Forças Armadas de 25Abr74 (https://www.cd25a.uc.pt/pt).
VISÃO-HISTÓRIA – 25 de Abril de 1974. Operação Fim-Regime. N.º 23, Março 2014.
Anexo A – Esquema com Plano de Operações, de autor desconhecido. Fonte: Expresso, 19 de Abril de 2019. Original no Arquivo Nacional Torre do Tombo.

Anexo B – Oficiais de Infantaria que assinaram a acta da reunião do Monte Sobral nas Alcáçovas, em 9 de Setembro de 1973 (indicados por ordem alfabética do nome de família).
Ten. Fernando Pereira dos Santos AGUDA Cap. António Luís Ferreira AMARAL Cap. Henrique José Pinto Correia de AZEVEDO Cap. Armindo Medeiros BAPTISTA Ten. Carlos Alberto Frias BARATA Ten. Miguel Fernando Guint BARBOSA Cap. Manuel da Paiva BASTOS Cap. João Manuel Bicho BEATRIZ Cap. António José Guerra Gaspar BORGES Cap. Jacinto Gonçalves CABRITA Cap. Jorge Manuel Henriques CAETANO Cap. Carlos Manuel Costa Lopes CAMILO Ten. Vasco Augusto P. Gonçalves CAPAZ Ten. Mário de Oliveira CARDOSO Cap. António Melo de CARVALHO Cap. José Nunes CELORICO Cap. Parquedista Maximino Cardoso CHAVES Cap. Carlos Trindade CLEMENTE Cap. Parquedista António Loureiro COSTA Ten. Fernando Frazão Fernandes COSTA Cap. José Rui Borges da COSTA Cap. Arnaldo Carvalhais da Silveira COSTEIRA Cap. Rui Fernando R. de Lucena COUTINHO Cap. José Augusto da Costa Abreu DIAS Cap. Albano da Gama DIOGO Cap. Luciano Ferreira DUARTE Cap. Pedro Fernando de Azevedo R. FALCÃO Cap. Fernando Gil Almeida Lobato de FARIA Ten. Armando FERMEIRO Ten. António da Silva FERNANDES Ten. Vítor Manuel Vicente FERNANDES Cap. Boaventura José Martins FERREIRA Cap. Luís de Sousa FERREIRA Cap. Manuel Maria Pontes FIGUEIRAS Ten. Valdemar José Moura da FONTE Cap. Leonardo dos Santos FREIXO Cap. António Feijó de Andrade GOMES Cap. José Nuno da C. Santa Clara GOMES Cap. António Afonso GONÇALVES Ten. Américo José G. Fernandes HENRIQUES Ten. Alfredo Manuel da Costa HORTA Ten. António Alves Marques JÚNIOR Cap, Pq Manuel Bação da Costa LEMOS Cap. Alfredo Antines LOPES Ten. Luís Manuel G.dos Santos LOPES Cap. Vasco Correia LOURENÇO Cap. José Cabaço LOURO Cap. Abílio José B. Monteiro de MACEDO Cap. Reinaldo Saboaais dos Santos MADEIRA Cap. David Custódio Gomes MAGALHÃES Cap. Jorge Alberto Ferreira MANARTE Ten. Manuel Macedo MARQUES Cap. David Manuel de Matos MARTELO
| Ten. Adelino Nunes de MATOS Cap. Alberto Freire de MATOS Cap. José Cãndido de Oliveira Bessa MENEZES Ten. José Luís do Vale MESQUITA Cap. Florindo Eugénio Baptista MORAIS Cap. Frederico Carlos dos Reis MORAIS Cap. José Eduardo de Miranda da Costa MOURA Ten. Hélder Manuel Veríssimo NETO Cap. António Manuel C. Pessanha de OLIVEIRA Ten. Joaquim José Pinto Carvalho de OLIVEIRA Cap. José Luís Machado de OLIVEIRA Cap. José Clementino PAIS Cap. José Gomes PEREIRA Cap. Luís Manuel de Oliveira PIMENTEL Cap. António da Silva PINTO Ten. Fernando Nuno da Silva PINTO Cap. Paraquedista José Manuel da Silva PINTO Cap. José Eduardo Romano PIRES Cap. António Fernando de Oliveira PRATA Cap. Aprígio RAMALHO Ten. Henrique Rosário Correia de Lacerda RAMALHO Cap. Rui Manuel da Silva RAMALHO Cap. José Alberto Cardeira RINO Cap. Luís Fernando Gonçalves RIQUITO Cap. António Ramos da ROCHA Cap. João Rodrigo Silva Ramalho ROCHA Cap. Rui Martins RODRIGUES Cap. Manuel Estevam Martinho da Silva ROLÃO Alf. João Gabriel Bargão dos SANTOS Cap. Joaquim Rafael Ramos dos SANTOS Cap. José Manuel Geadas Piteira SANTOS Cap. Diniz Joaquim Brás SEBASTIÃO Cap. Antero Aníbal Ribeiro da SILVA Cap. António José Sardoeira Pereira da SILVA Cap. Diamantino Gertrudes da SILVA Cap. Jorge Manuel SILVÉRIO Alf. Dário Alberto de Azevedo SOBRAL Ten. António dos Santos VIEIRA Cap. (Pq) Cristóvão Manuel Furtado Avelar de SOUSA Ten. Rui Alexandre Cardoso TEIXEIRA Ten. José Amândio Gonçalves TRIGO Cap. Augusto José Monteiro VALENTE
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Anexo C – Tutela Político-Militar do Estado Novo a 25 de Abril de 1974
Presidente do Concelho de Ministros: Professor Doutor Marcello Alves Caetano.
Ministro da Defesa: Professor Doutor Joaquim da Silva Cunha.
Ministro do Interior: Professor Doutor César Moreira Baptista.
Ministro da Marinha: Almirante Manuel Pereira Crespo.
Ministro do Exército: General Alberto de Andrade e Silva.
Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas: General Joaquim da Luz Cunha.
Chefe de Estado-Maior da Armada: Almirante Eugénio Ferreira de Almeida.
Chefe do Estado-Maior do Exército: General João de Paiva Brandão.
Chefe de Estado-Maior da Força Aérea: General Armando Correia Mera.
Região Militar de Lisboa: Cmdt General Edmundo Luz Cunha; 2.º Cmdt Brigadeiro José Junqueira dos Reis.
Região Militar do Porto: Cmdt General Eduardo Martins Soares; 2.º Cmdt Brigadeiro Evangelista de Oliveira Barreto.
Região Militar de Coimbra: Cmdt General Joaquim António Franco Pinheiro; 2.º Cmdt Brigadeiro João Henriques de Avelar.
Região Militar de Tomar: Cmdt General José Nogueira Valente Pires; 2.º Cmdt Brigadeiro Pedro Alexandre Castro Serrano.
Região Militar de Évora: Cmdt General José de Sacadura Moreira da Câmara; 2.º Cmdt Brigadeiro António Augusto Carrinho.
Comando Territorial do Algarve: Cmdt Brigadeiro Eurico dos Prazeres.
Guarda Nacional Republicana: Cmdt General Adriano Augusto Pires; 2.º Cmdt Brigadeiro Tavares de Figueiredo.
Polícia de Segurança Pública: Cmdt General Tristão da Cunha Caldeira Carvalhais.
Legião Portuguesa: Cmdt General Pereira de Castro.
Anexo D – Unidades da Infantaria, Afectação, Comandantes e Membros do MFA
Director da Arma de Infantaria: General Agostinho de Mendonça Frazão
♦ Escola Prática de Infantaria [MFA]
Cmdt Brigadeiro Henriques da Silva (Regime).
2.º Cmdt Coronel Brandão Loureiro (Regime).
MFA: Majores Manuel Aurélio Trindade e Octávio Cerqueira Rocha; Capitães Rui Martins Rodrigues, Aníbal Albuquerque, Fernando Aguda, Vicente Fernandes, Jorge Manuel Silvério e Babo de Castro.
♦ Regimento de Infantaria 1 da Amadora [Regime][6]
Cmdt Coronel Manuel Agostinho Ferreira.
MFA: Capitão Coelho Lima.
♦ Regimento de Infantaria 2 de Abrantes [Neutral]
Cmdt Coronel José António Tavares de Pina.
MFA: Capitão Lopes Pires.
♦ Regimento de Infantaria 3 de Beja [Neutral]
Cmdt Coronel Romão Loureiro (Não adere).
2.º Cmdt Tenente-Coronel Tovin (Neutro).
MFA: Major Ventura Lopes; Capitães Feijó de Andrade Gomes e Rafael Ramos dos Santos.
♦ Regimento de Infantaria 4 de Faro [Neutral][7]
Cmdt Coronel Hugo Rodrigues da Silva.
MFA: Capitão Pires.
♦ Regimento de Infantaria 5 das Caldas da Rainha [Regime]
Cmdt Coronel Horácio Loureiro Lopes Rodrigues.
MFA: Capitão António Afonso Gonçalves.
♦ Regimento de Infantaria 6 do Porto [MFA]
Cmdt Coronel Manuel Carlos Passos de Esmeriz.
2.º Cmdt Tenente-Coronel Barros Bastos.
MFA: Major Almor Alves Serra e Capitão David Custódio Magalhães.
♦ Regimento de Infantaria 7 de Leiria [Neutral][8]
Cmdt Coronel Jorge da Costa Salazar Braga.
♦ Regimento de Infantaria 8 de Braga (Neutral)
Cmdt Coronel Rui Alberto Vasques de Mendonça (Não adere).
2.º Cmdt Tenente-Coronel César Teixeira (Neutral).
MFA: Capitão Rui de Castro Guimarães.
♦ Regimento de Infantaria 10 de Aveiro [MFA]
Cmdt Coronel João Dias dos Santos (Não adere)
MFA: Capitão Rodrigo Nóbrega Pinto Pizarro.
♦ Regimento de Infantaria 11 de Setúbal (Sem relevância)
Cmdt Coronel José Alves de Carvalho Fernandes.
♦ Regimento de Infantaria 12 da Guarda [Intermitente]
Cmdt Coronel António José Ribeiro (Não adere).
2.º Cmdt Tenente-Coronel António Jorge Teixeira (Não adere).
MFA: Capitão Augusto José Monteiro Valente.
♦ Regimento de Infantaria 13 de Vila Real (Intermitente)
Cmdt Coronel José António de Sousa Carneiro de Magalhães (Não adere).
2.º Cmdt Tenente-Coronel Adão (Adere).
MFA: Capitão Mascarenhas.
♦ Regimento de Infantaria 14 de Viseu [MFA]
Cmdt Coronel José Luís de Almeida Azevedo (Não adere).
Tenente-Coronel Graciano Antunes Henriques (Adere).
MFA: Capitães Diamantino Gertrudes da Silva, António Amaral, Aprígio Ramalho, Arnaldo Costeira e Amândio Augusto.
♦ Regimento de Infantaria 15 de Tomar [Regime]
Cmdt Coronel António Ferro.
♦ Regimento de Infantaria 16 de Évora (Intermitente)
Cmdt Coronel Henrique Manuel Ribeiro da Cruz Antunes.
MFA: Capitão Esteves Pinto.
♦ Batalhão de Caçadores 1 de Portalegre [MFA]
Cmdt Tenente-Coronel Renato Miranda.
MFA: Capitão José Gomes Pereira.
♦ Batalhão de Caçadores 3 de Bragança [MFA]
Cmdt Major Fernando Augusto Gomes.
MFA: Capitães José Domingos Carneiro e Fernando Garcia Freixo.
♦ Batalhão de Caçadores 5 de Lisboa [MFA]
Cmdt Coronel Firmelindo Coutinho David (Indeciso).
2.º Cmdt Tenente-Coronel António Charão Vinhas (Não adere).
MFA: Major José Cardoso Fontão, Capitães João Bicho Beatriz e Carlos Lopes Camilo e Tenente QCE Francisco Coelho de Mascarenhas.
♦ Batalhão de Caçadores 6 de Castelo Branco [MFA]
Cmdt Tenente-Coronel Manuel Dias Freixo.
MFA: Capitão Freixo.
♦ Batalhão de Caçadores 8 de Elvas [Regime]
Cmdt Coronel Ernesto Augusto Ramos.
♦ BCaç 5016 do Batalhão de Caçadores 9 de Viana do Castelo [Intermitente]
Cmdt Tenente-Coronel Pita de Almeida (De licença, não adere).
Cmdt interino Major José Manuel Oliveira dos Santos (Adere).
Cmdt BCaç 5016 Tenente-Coronel Figueiredo (Não adere).
MFA: Major Francisco Medeiros de Almeida e Capitães Piteira Santos e Bordalo Xavier.
♦ Batalhão de Caçadores 10 de Chaves [Regime]
Cmdt Coronel César Cardoso da Silva.
♦ Companhia de Caçadores 4241/73 – Campo Militar de Santa Margarida [MFA]
MFA: Tenente QEC Luís Artur Ribeiro Pessoa.
♦ Companhia de Caçadores 4246/73 – Campo Militar de Santa Margarida [MFA]
MFA: Tenente QEC Christian Bastos Anderson.
♦ Companhia de Caçadores 4216/73 – Campo Militar de Santa Margarida [MFA]
MFA: Tenente QEC Miguel Raimundo da Silva Amado.
♦ Campo de Tiro da Serra da Carregueira [MFA][9]
Cmdt Coronel Infª Jaime António Tavares Machado Banazol (Neutro).
MFA: Capitães Infª Luís Pimentel e Frederico de Morais.
♦ Centro de Instrução de Operações Especiais de Lamego [MFA][10]
Cmdt Tenente-Coronel Infª José Sacramento Marques.
2.º Cmdt Major Infª Domingos Amorim Lopes.
MFA: Capitão Artª António Dinis Delgado Fonseca.
NOTAS
[1] Seria detido mais tarde, a «rondar» o RCP, por militares seus subordinados.
[2] A não entrega do prometido texto sobre o envolvimento da Força Aérea nos acontecimentos deste dia não nos permitiu a nós, nem aos leitores, deslindar estas “contradições".
[3] 05h é referida por Pinto Pizarro (RI 10); Gertrudes da Silva situa-a às 7:30h.
[4] Entre Leiria e as Caldas da Rainha a coluna perde duas bocas-de-fogo por avaria nas viaturas que as rebocavam.
[5] Inicialmente tinha por objectivo a Assembleia Nacional e Centro Emissor FM/Emissora Nacional, em Lisboa.
[6] Não obstante estar listada no Plano de Operações como unidade afecta ao MFA. Foi das raras unidades que se movimentou no terreno contra este, apesar de forma inconsequente e de defecção em defecção.
[7] Listada como hostil no Plano de Operações do MFA.
[8] Listada como hostil no Plano de Operações do MFA.
[9] Não sendo especificamente unidade de Infantaria, o Comandante e os oficias do MFA eram-no.
[10] Comandante é oficial de Infantaria.
Abílio Pires Lousada
Militar Historiador e Mestre em Estratégia, co-Director da Revista Portuguesa de História Militar. Membro do Conselho Científico da Comissão Portuguesa de História Militar e membro fundador da Associação Ibérica de História Militar. Autor/co-autor de 18 livros e de mais de 70 artigos sobre História Militar e Estratégia. Prémio Defesa Nacional e Jornal do Exército
Humberto Nuno de Oliveira
Historiador (doutor em História), co-Director da Revista Portuguesa de História Militar. Membro do Conselho Científico da Comissão Portuguesa de História Militar e da Direcção de História e Cultura Militar. Presidente da Academia Falerística de Portugal. Professor da Universidade Pedagógica Nacional - Dragomanov (Quieve). Cumpriu, como Miliciano, o Serviço Militar Obrigatório no Exército Português
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LOUSADA, Abílio Pires & OLIVEIRA, Humberto Nuno de – As Unidades de Infantaria nas Operações Militares de 25 de Abril. Revista Portuguesa de História Militar - Dossier: 25 de Abril de 1974. Operações Militares. [Em linha] Ano IV, nº 6 (2024); https://doi.org/10.56092/BFBX7699 [Consultado em ...].