O Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor é comemorado a 23 de abril, por iniciativa da UNESCO, desde 1996.
A ideia de comemoração do Dia Mundial do Livro nesta data, que corresponde ao dia de S. Jorge, teve origem na Catalunha, pois, segundo a tradição catalã, nesta ocasião os cavaleiros ofereciam às suas damas uma rosa vermelha de S. Jorge e recebiam em troca um livro.
Neste ano em que a pandemia por COVID-19 nos obrigou ao distanciamento físico, esta comemoração ganha um relevo especial, como forma de salientar a importância do livro enquanto meio de excelência de comunicação e partilha, contribuindo não só para o crescimento intelectual da humanidade, mas também para o próprio desenvolvimento económico das sociedades contemporâneas.
Para assinalar a importância do livro e dos seus autores, o MDN associa-se a esta efeméride divulgando o exemplar raro de uma obra clássica de um autor português, pouco conhecida do grande público, que pertence ao acervo da Biblioteca do Forte de S. Julião da Barra:
Jornada de Africa composta por Hieronymo de Mendoça, natural da Cidade do Porto em a qual se responde a Jeronymo Franqui, & Outros, & se trata do successo da Batalha, Cativeiro, & dos que nelle padecerão por não serem Mouros, com Outras Cousas Dignas de Notar, publicado em Lisboa, em 1607, por Pedro Craesbeeck. [cota 885]
Esta obra pertence ao conjunto de narrativas da Batalha de Alcácer-Quibir (1578), relatada por um cronista presencial do confronto bélico, Jerónimo de Mendonça, e faz parte da literatura coeva fundamental para o estudo deste acontecimento histórico.
O exemplar conservado na Biblioteca do Forte de S. Julião da Barra é um dos poucos exemplares sobreviventes desta edição de 1607, considerada rara já por Inocêncio (1859: 3, 270-271), que se apresenta em excelente estado de conservação, numa encadernação em pele com ferros gravados a ouro na lombada.
As bibliotecas da Rede da Defesa Nacional são, por um lado, espaços de memória que preservam um vasto e diversificado património bibliográfico, garantindo o seu acesso e divulgação, mas são também, por outro lado, organismos de futuro, procurando manter atuais as suas coleções, de modo a proporcionar o livre acesso à informação e à cultura a todos os seus utilizadores, contribuindo assim para a promoção da importância do livro e dos direitos de autor.


Jornada de Africa composta por Hieronymo de Mendoça […]. Lisboa: Pedro Craesbeeck, 1607.
[Biblioteca do Forte de S. Julião da Barra, cota 885]
Conheça esta e outras obras através da Rede de Bibliotecas da Defesa Nacional e do Portal Instituições de Memórias da Defesa Nacional