Realizou-se esta manhã no Instituto de Defesa Nacional, em Lisboa, o seminário sobre a Guerra na Ucrânia sob a perspetiva de género, intitulada “The War in Ukraine from a Gender Perspective", no qual a Ministra da Defesa Nacional, Helena Carreiras, explicou que “as mulheres têm sido centrais nos esforços para combater a agressão russa, desde 2014, quando Moscovo anexou ilegalmente a Crimeia e decidiu apoiar os separatistas na região de Donbass".
Na sua intervenção, a Ministra da Defesa Nacional referiu ainda que “fortalecer a igualdade de género e os direitos das mulheres é uma obrigação de direitos humanos e a chave para cultivar a paz" e que, no âmbito da guerra na Ucrânia, Portugal “continua disponível para apoiar bilateralmente e em conjunto com os Aliados e Parceiros na União Europeia" e, na sequência das várias conversas mantidas com o Ministro da Defesa da Ucrânia, está a “estudar a possibilidade de desenvolver uniformes e vestuário militar para as mulheres que lutam na linha de frente e precisam de equipamentos adequados".
O seminário contou também com uma intervenção da Vice-Ministra da Defesa da Ucrânia, Hanna Maliar, através de vídeo, que destacou a importância das mulheres ucranianas na guerra com a Rússia, e que neste âmbito se tem identificado os pontos a melhorar no teatro de operações relacionados com as militares ucranianas.
“Durante os anos de guerra contra a Ucrânia, desde 2014, o número de militares do sexo feminino aumentou 2,5 vezes. Atualmente, o número de mulheres nas Forças Armadas da Ucrânia é de 60 mil, das quais 43 mil são militares. Em condições de combate, ficaram claras as falhas do uniforme e do equipamento de proteção utilizados pelas mulheres. Atualmente, novas amostras de uniformes de combate para mulheres estão a ser testadas. Se esses testes forem bem-sucedidos, será lançada a produção de novos uniformes. Além do uniforme, também continuamos trabalhar nos equipamentos de proteção para as nossas militares. (…) Já foi desenvolvida uma amostra experimental de novos equipamentos de proteção para mulheres", disse.
O seminário teve ainda dois painéis de convidados, que tiveram como objetivo analisar as consequências de género da guerra, com foco nos elementos críticos que os decisores políticos devem extrair para garantir uma base sólida para a segurança na Europa e as suas consequências em todo o mundo.
O primeiro painel contou com a participação da Representante Especial do Secretário-Geral da NATO para as Mulheres, Paz e Segurança, Irene Fellin, da Vice-Secretária-Geral Adjunta para Operações da NATO, Burcu San, e do Diretor de Política de Defesa Nacional, Nuno Lemos Pires.
No segundo painel participaram a Professora Sénior de Política Internacional da Universidade de Newcastle, Katharine Wright, o Analista do JALLC (Joint Analysis and Lessons Learned Centre), Ignacio Fonseca, a Professora Sénior de Política Internacional da Universidade de Aberystwyth, Jenny Mathers, e a Fundadora do Centro Consultivo de Informação para Mulheres, Olena Suslova.
Os painéis foram moderados pela responsável do Gabinete da Igualdade da Defesa Nacional, Tenente-Coronel Diana Morais, e pela Subdiretora-Geral de Política de Defesa Nacional, Brigadeiro-General Ana Baltazar, respetivamente.
A sessão de encerramento contou com uma intervenção do Secretário de Estado da Defesa Nacional, Marco Capitão Ferreira, que sublinhou “a coragem de abordar um assunto tão difícil, enquanto a realidade ainda está a acontecer à nossa volta".
O Secretário de Estado da Defesa Nacional destacou ainda a importância do seminário e das matérias que foram abordadas.
“O excelente trabalho que aqui foi feito hoje é de um valor imenso. Estas discussões vão permitir-nos perceber melhor um assunto que é de extrema importância. Como a Ministra de Defesa Nacional muitas vezes diz, a igualdade é mais que um direito constitucional. Deve ser também um propósito coletivo, num contexto democrático, permitindo que tanto os homens como as mulheres se integrem plenamente na sociedade, com as mesmas oportunidades", referiu.
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