As prioridades da Presidência Portuguesa da União Europeia para a política de Segurança e Defesa, as missões e operações da União Europeia, assim como as relações entre a Europa e os Estados Unidos estiveram esta terça-feira em destaque numa conferência online promovida pelo Instituto Dinamarquês de Estudos Internacionais, que contou com a participação do Ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho.
O governante começou por sublinhar o empenho no reforço da dimensão europeia e atlântica da nossa defesa coletiva, bem como a consequente importância que o país atribui à cooperação entre a União Europeia e a NATO em matérias como a mobilidade militar, as respostas coordenadas a emergências complexas, a ciberdefesa ou o combate à desinformação.
Na intervenção de abertura da videoconferência, João Gomes Cravinho falou também do novo ciclo político que se vive nos Estados Unidos e das importantes oportunidades para uma renovada cooperação transatlântica. Relativamente à mudança da administração norte-americana, o Ministro da Defesa Nacional acredita que “Joe Biden traz um entendimento distinto sobre o papel da União Europeia como aliado".
Sobre esta temática, Gomes Cravinho acrescentou que a transição presidencial nos Estados Unidos é também uma oportunidade para que o país compreenda a importância da autonomia estratégica da União Europeia, clarificando vantagens ao nível de uma parceria mais próxima entre Bruxelas e Washington e na relação de complementaridade com a Aliança Atlântica.
O governante revelou ainda que a reunião informal de Ministros da Defesa da União Europeia, prevista para o início de março, no âmbito da Presidência Portuguesa, deverá servir também para começar a delinear uma eventual cimeira UE-EUA a acontecer desejavelmente ainda durante o primeiro semestre deste ano.
O reforço da cooperação entre Europa e África e a resposta aos focos de instabilidade na região do Sahel foram outros dos desafios analisados por João Gomes Cravinho na iniciativa organizada pelo Instituto Dinamarquês de Estudos Internacionais.
Neste âmbito, o Ministro da Defesa Nacional espera promover o diálogo entre os homólogos europeus e de várias organizações regionais africanas durante a Presidência Portuguesa da União Europeia para procurar novas pistas para uma cooperação mais eficaz.
Além dos temas já referidos, a segurança marítima foi também abordada por Gomes Cravinho como sendo um ponto de convergência e cooperação natural com a Dinamarca, referindo em particular a importância de consolidar o mecanismo da Presença Marítima Coordenada dos estados-membros, que permita intensificar a partilha de conhecimento, dados e informações, ao nível estratégico e no terreno entre as marinhas europeias, mas também a construção de uma resposta mais permanente e sólida face à pirataria e outras ameaças.
Na resposta às perguntas dos investigadores do Instituto, o Ministro da Defesa Nacional abordou ainda o impacto do Brexit na segurança e defesa europeia, a segurança marítima no Atlântico e no Mediterrâneo, assim como o processo de desenvolvimento da Bússola Estratégica ao longo do semestre da presidência portuguesa.