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General João Caeiro Carrasco (Moçambique)
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JOÃO ALEXANDRE CAEIRO CARRASCO




Foto Gen C. Carrasco.jpgGeneral do Exército oriundo da arma de Infantaria, foi comandante da Região Militar de Moçambique, entre 1962 e 1965.

Nasceu em Março de 1902 em Mafra. Ingressou na Escola Militar a 3 de Janeiro de 1922, concluindo o curso em 1924, ano em que foi promovido a Alferes. Major em 1949, Coronel em 1956, ano em que assumiu o comando do Regimento de Infantaria Nº 1, Brigadeiro em 1959 e a General em 1962. Entre as décadas 1935 e 1951 prestou serviço em Moçambique (duas comissões), Macau, Angola e Índia.

A 3 de Agosto de 1962, foi nomeado por escolha para comandante da Região Militar de Moçambique. Nessa altura, no território existia a convicção da falta de consciencialização para o tipo de guerra subversiva em curso em Angola e na Guiné e que se previa eclodiria também em Moçambique. Para o efeito, o General Caeiro Carrasco propôs cursos de sensibilização para esta tipologia de conflito aos oficiais superiores e procurou mentalizar as tropas para as missões que lhe competiam nesse âmbito, delineando cursos de guerra subversiva, cães de guerra, sapadores, educação física, transmissões e operações/informações. Entretanto, mobilizou um conjunto de oficiais para frequentarem o Curso de Comandos em Angola (Quibala-Norte), que decorreu de 15 de Junho a 15 de Setembro de 1963, e organizou um centro de instrução de Comandos em Nammacha, que funcionou de 13 de fevereiro a 7 de julho de 1964, fazendo dos grupos aí treinados uma espécie de reserva operacional que dependiam de si. Os cerca de 50 militares formados desenvolveram as primeiras operações nos distritos de Niassa e Cabo Delgado, de reconhecimento e interdição de possíveis infiltrações do inimigo. Outras missões seriam desenvolvidas, incluindo no distrito da Zambézia, sendo certo que a partir de 1966 os grupos de comandos passaram a vir de Angola.

É partir do ataque de guerrilheiros da Frelimo ao posto Administrativo do Chai, no distrito de Cabo Delgado, em 25 de Setembro de 1964, que a guerra em Moçambique se assume, fazendo da zona Norte o palco dos confrontos. O General Carrasco centrou, então, o dispositivo militar em Mueda, capital tradicional do planalto dos Macondes e o ponto de convergência das principais vias de comunicação. Porém, assente numa visão exclusivamente militar para lidar com a ameaça, decidiu-se fixá-la, para a anular, entre os rios Messala e Rovuma, criando para o efeito uma malha de forças de quadrícula, instalando batalhões e companhias em pontos chave, para realizar acções de controlo da população, patrulhas para garantir a segurança das vias de comunicação e acções ofensivas para destruir as bases dos grupos de guerrilheiros.

Por fim, assente que só com uma conduta musculada era possível abater o inimigo, a 2 de Julho de 1965 lançou a operação Águia, uma grande operação de demonstração de força, envolvendo avultados efectivos destinados a realizar golpes de mão, emboscadas, armadilhas, acções de destruição de acampamentos, palhotas e machambas. A despeito de a operação durar até 8 de Setembro e terem sido mortos ou feridos cerca de 300 elementos afectos à Frelimo, além da captura de alguma armamento e equipamento, a capacidade operacional do inimigo manteve-se e pôde continuar a interagir e a pressionar as populações da zona, à medida que foi orientando o seu pendor actuante mais para Noroeste.

O General Carrasco, a quem apontavam a alcunha de «John the killer» e granjeava de prestígio junto da população branca no território, mostrava-se desfasado nos conceitos e nos métodos para travar as acções de guerrilha da Frelimo ou destruir a sua vontade de combater. Mereceu reparos dos superiores e seria inclusivamente criticado pelo então seu 2.º Comandante, Brigadeiro António Augusto dos Santos.

Regressou à metrópole em 14 de Agosto de 1965, sendo nomeado director da Arma de Infantaria. Passou à situação de reserva dois anos depois, por ter atingido o limite de idade, ano em que o comando militar da região foi entregue ao general António Augusto dos Santos. Faleceu a 2 de Dezembro de 1975.


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​Como citar este texto:

LOUSADA, Abílio Pires, OLIVEIRA, Humberto Nuno ​​– General João Caeiro Carrasco. Revista Portuguesa de História Militar - Dossier: Início da Guerra de África 1961-1965. [Em linha]. Ano I, nº 1 (2021). [Consultado em ...], https://doi.org/10.56092/EDZF5608​

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