Celebramos hoje o Dia do Combatente, lembrando a data do terrível combate de La Lys. Prestamos merecida homenagem a todos aqueles que, ao longo da história, responderam à chamada para combater nas fileiras. As circunstâncias presentes fazem-nos recordar que muitos desses veteranos, acabaram vítimas trágicas, não desse combate, mas da pandemia de gripe pneumónica.
A todos os que cumpriram o seu dever e enfrentaram com coragem a missão que o país lhes confiou, dispondo-se a sacrificar a própria vida, quero deixar nota do meu profundo agradecimento. Agradeço o enorme sacrifício das centenas de milhares de homens que combateram abnegadamente em África. Agradeço aos que nas últimas décadas têm defendido os interesses de Portugal e contribuído para a construção da paz no mundo. Numa democracia podemos discutir os méritos de cada uma destas campanhas, creio que ninguém discute o mérito dos que cumpriram o dever para que foram chamados.
Deixo uma palavra de especial reconhecimento aos nossos militares que, nestas circunstâncias tão exigentes, longe da sua família, continuam a representar Portugal, profissional e dedicadamente além-fronteiras, na RCA, no Mali, no Afeganistão.
Encontramo-nos num momento em que as nossas Forças Armadas estão empenhadas no combate a este inimigo invisível. Não pode haver melhor homenagem aos Antigos Combatentes do que aquela que é prestada pelos militares que asseguram as missões essenciais à defesa do nosso país e em simultâneo combatem a pandemia, nas estruturas médicas militares, apoiando a proteção civil e as autarquias, cuidando dos mais vulneráveis nos lares, alimentando os sem-abrigo. Militares, militarizados e civis comungam do mesmo sentido de missão dos nossos Antigos Combatentes.
É uma triste ironia que a geração que combateu em África seja precisamente aquela que hoje é mais ameaçada pela Covid-19. Compete-nos a todos zelar pela segurança dessa geração. E compete aos Antigos Combatentes demonstrarem determinação, disciplina e sentido de dever de sempre: ficando em casa, limitando a camaradagem aos contactos à distância. Cuidando uns dos outros, como sempre fizeram.
O Governo continua a trabalhar com todos os partidos políticos no Parlamento por um Estatuto do Antigo Combatente que assegure o seu merecido reconhecimento simbólico e material.
Neste dia, o meu desejo para todos os Combatentes e seus familiares é o de muita saúde e fraternidade. Contamos com todos no combate a esta pandemia.
João Gomes Cravinho
Artigo do Ministro da Defesa
Nacional publicado no dia 9 de abril no Correio da Manhã