A Ministra da Defesa Nacional participou no dia 19 de junho, na abertura do 5º Seminário de Género Erasmus, organizado pela Academia Militar Portuguesa (AM) no âmbito da Iniciativa Europeia para o Intercâmbio de Jovens Oficiais (Erasmus Militar), que decorreu na AM.
Na abertura do seminário, dedicado ao tema “Perspetivas de Género no Ensino Superior", Helena Carreiras começou por afirmar que apesar dos resultados alcançados com a Agenda Mulheres, Paz e Segurança, ainda há muito a fazer. “A cultura criou diferentes papéis de género (…) e apesar do aumento do número de mulheres no meio militar a guerra ainda é vista como uma atividade masculina", o que coloca em questão a formação e educação atualmente ministradas nas Instituições de Ensino Militar, assentiu.
Face a esta situação, Helena Carreiras alertou para a necessidade de se realizar um recrutamento feminino estratégico, que permita aumentar o número de efetivos necessários para gerir os compromissos em matéria de defesa e segurança, contudo, sem focar excessivamente nos números.
“Precisamos que elas se sintam mais bem-vindas, aceites e que pertençam ao grupo. A fórmula básica "adicionar mulheres e mexer" simplesmente não é suficiente para desafiar a desigualdade estrutural e promover uma verdadeira mudança", concluiu.
Complementando, a Ministra da Defesa afirmou ser “importante investigar em que medida os jovens cadetes, homens e mulheres, se adaptam (ou não) à cultura militar e ao seu ambiente predominantemente masculino, o nível de aceitação dos pares entre os cadetes e o que acontece quando as mulheres assumem posições de liderança".
Referindo-se ao atual “complexo cenário internacional", que apresenta novos e diversificados desafios, nomeadamente de âmbito geopolítico, tecnológico e climático, a governante salientou que “a preparação dos nossos militares deve combinar, cada vez mais, o treino para guerra simétrica e assimétrica, bem como o treino para a construção da paz, como diferentes expressões das realidades sociais com que temos de lidar".
Para tal, será necessário que os militares sejam capazes de “criar confiança, trabalhando lado a lado com sociedades e parceiros de diferentes origens organizacionais, de abordar as causas profundas da guerra e de criar condições mais favoráveis para uma paz duradoura", acrescentando que “a combinação de coragem e força com empatia e paciência - duas características frequentemente feminizadas - pode, de facto, tornar-se um multiplicador de forças para o bem".
Helena Carreiras terminou a sua intervenção deixando presente um objetivo da Defesa para 2025, o de integrar a perspetiva de género em toda a formação ministrada nas Forças Armadas desde o momento em que entram para as forças armadas, bem como ao longo de todas as etapas das suas carreiras militares, o que contribuirá para a sua melhor compreensão e, a longo prazo, para uma mudança cultural.
O Erasmus Gender Seminar 2023 é um evento anual, destinado a académicos, investigadores, professores, alunos do ensino superior e pós-graduação, e representantes de organizações sem fins lucrativos e de investigação. A iniciativa deste ano incluíu ainda o “Multiplier Event of the Military Gender Studies Project".