Ao fim de 57 anos de vida, a G3 vai ser substituída por
uma nova espingarda, a SCAR-L. Mais leve e mais eficaz, foi hoje apresentada em
Mafra. O Primeiro-Ministro, António Costa, destacou os importantes passos no
reequipamento e na modernização: “as nossas Forças Armadas e o nosso Exército
têm de estar bem equipados. Tudo isso fica agora mais garantido com a nova arma
ligeira que vem substituir a antiga G3 e que em breve começará a ser empregue
pelas nossas Forças Nacionais Destacadas um pouco por todo o mundo. É uma
substituição que o imperativo da modernização impunha, mas que nunca apagará os
mais de 50 anos em que a G3 prestou tantos e tão bons serviços”
Para o Ministro da Defesa Nacional, este foi um dia
histórico, por se assinalar a substituição da G3: "não é possível contar a
história recente das Forças Armadas portuguesas sem falar da G-3. Hoje,
cruza-se aqui nesta cerimónia histórica, o passado e o futuro do Exército e das
Forças Armadas". As quase 6 décadas ao serviço do Exército "tornou-a
uma peça incontornável da nossa ação militar. Mas é tempo de avançar, e
gradualmente modernizar as Forças Armadas com equipamento mais capaz e mais
adequado", afirmou, sublinhando o trabalho desenvolvido pela Direção-geral
de Recursos da Defesa Nacional e pelo Exército durante todo o processo de
aquisição do equipamento através da NATO Support and Procurement Agency,
"garantindo que todos os requisitos eram cumpridos, e que o melhor
resultado era alcançado".
A aquisição do novo armamento faz parte de um programa
mais alargado, o projeto estruturante inserido na Lei de Programação Militar
denominado 'Sistemas de Combate do Soldado', que inclui fardamento, equipamentos
de proteção e comunicações. "É uma responsabilidade do Estado garantir a
adequação dos equipamentos das Forças Armadas às novas missões que lhe são
conferidas", afirmou o Ministro João Gomes Cravinho. "Esta decisão
procura dar resposta aos contextos operacionais de grande exigência para onde
as nossas Forças Nacionais Destacadas são hoje projetadas. A participação
portuguesa na promoção da segurança internacional, em apoio das organizações
multilaterais que integra, exige meios adequados. A realidade é que a proteção
de civis, o apoio humanitário de emergência ou a estabilização de estruturas
estatais frágeis, como é o caso na República Centro Africana, não pode, em
muitos destes casos, ser feita sem recurso a meios letais", explicou.
Para o Ministro da Defesa Nacional, esta modernização não
pode ser dissociada "das prementes questões de recrutamento e de
valorização da condição militar. Melhorar as condições do percurso profissional
dos militares, e melhorar as condições para o exercício das missões é uma
prioridade do Ministério da Defesa. Este é um trabalho de longo prazo, com
impactos graduais na capacidade de atrair e reter jovens. Não é o único fator,
bem sabemos que existem outros, mas é certamente um elemento motivacional
acrescido, que não podemos descurar", considerou.
A cerimónia de apresentação da família de armas ligeiras
que o Exército adquiriu foi também uma sentida homenagem à G3, considerada um
símbolo do Exército. Sob o mote "o que dizer na hora do adeus?",
foram transmitidos testemunhos de várias gerações, que frisaram a relação
emocional que desenvolveram com esta espingarda, que tinham como fiel
companheira. Foi ainda sublinhado o papel no 25 de abril, como um dos símbolos
da liberdade e da democracia com o cravo vermelho.
A G3 teve o seu tempo, uma história nobre, digna,
emocionante que marcou vidas e histórias de vida e por isso merece ser
preservada, assinalou o Exército na sua apresentação. O Chefe do Estado-Maior,
General Nunes da Fonseca frisou o "dever de memória, imperativo de respeito.
O Exército quer aproveitar este momento único não só para mostrar cada vez
maior eficiência operacional, mas também para continuar a afirmar-se como uma
instituição credível e moderna, geradora de valores e de competência".
Prestou homenagem e recordou com orgulho as gerações de soldados que fizeram e
fazem parte desta história e uma profunda gratidão para com todos que
"munidos da G3 ou da sua sucessora souberam e saberão, nas mais diversas
circunstâncias, elevar o nome de Portugal".
Para além da Scar-L, o Exército passará a estar equipado
com uma nova família de armas ligeiras: a Espingarda de Atirador Especial
SCAR-H; a Metralhadora Ligeira MINIMI 5.56 MK3; a Metralhadora Média MINIMI
7.62 MK3; e o Lança Granadas 40GL-SMK2.
Numa demonstração com fogo real, na Carreira de Tiro N.º
1, da Escola das Armas, os presentes testemunharam uma sessão de Tiro de
Precisão aos 100 metros, uma demonstração de tiro real em movimento de SCAR-L e
Pistola, uma demonstração do emprego da Arma com recurso a Live-Fire Exercise,
replicando uma ação de combate num ambiente tático na República Centro-Africana
e ainda uma demonstração de ordem unida.
"Espingarda Automática G3 Uma História a Unir Gerações Ao serviço de Portugal e dos Portugueses" veja o vídeo aqui