“[Como foi receber a notícia da ida para o Ultramar?] Eu, palavra de honra, ainda pensei em abalar mas depois… vamos lá cumprir.”
Mobilizado por Évora, Manuel Raposo começa por relatar que chegou a pensar sair do país para evitar a chamada para a Guerra mas a proximidade com a família impediu esse desfecho. Em seguida, aborda o sentimento de desmotivação e receio por não saber o que aconteceria no teatro de operações, a reflexão de “será que volto, será que não volto”, a angústia da família, da mãe e da namorada de então, que se tornaria a sua esposa.
Recorda o início da experiência em Moçambique, o encontro imediato com um dos seus cunhados, um Polícia já mobilizado no território, e que fez questão de recebê-lo no cais de desembarque.
Manuel Raposo explica alguns acontecimentos que acabaram por marcar a sua comissão, permitindo que ficasse mais longe do campo de batalha e menos exposto às condições mais adversas de um palco de guerra, pelo facto de ter sido nomeado (ainda no navio a caminho de Moçambique) barbeiro da Companhia.
Natural de Beja, Manuel António Modesto Raposo, Sócio Combatente da Liga dos Combatentes, cumpriu a sua comissão de serviço como Corneteiro na Guerra do Ultramar em Moçambique (região da Zambézia), entre abril de 1966 e setembro de 1968.
Projeto de parceria entre a União das Freguesias de Beja (Santiago Maior e São João Baptista) e o Núcleo de Beja da Liga dos Combatentes, com realização e edição de Nelson Patriarca, desenvolvido no âmbito das comemorações dos 50 anos do 25 de abril de 1974.