“Fui para a guerra praticamente obrigado (...) pensei em desertar, mas andei sempre controlado”
Testemunho do Sócio do Núcleo de Beja da Liga dos Combatentes António Francisco João Pires, que serviu na Guerra do Ultramar como 1.º Cabo do Exército, entre os anos de 1964 e 1966.
Neste registo, António João conta como ele e os seus companheiros das minas alentejanas, curiosamente, ouviam falar da guerra através da Rádio Portugal Livre, uma rádio que existia na clandestinidade e realizava emissões a partir do estrangeiro durante a madrugada.
Depois, relembra que cumpriu a instrução no Regimento de Infantaria n.º 15 (Tomar) e recorda a notícia da mobilização como um momento de revolta, pois nunca quis ir para a guerra.
Da sua comissão de serviço em Moçambique entre 1964 e 1966, conta diversos episódios com camaradas, que o primeiro ano no território foi calmo, mas o tempo seguinte não, sendo inclusive ferido.
Termina com a sua reflexão pessoal de que as guerras não fazem sentido, apenas provocam sofrimento.
Projeto de parceria entre a União das Freguesias de Beja (Santiago Maior e São João Baptista) e o Núcleo de Beja da Liga dos Combatentes, com realização e edição de Nelson Patriarca, desenvolvido no âmbito das comemorações dos 50 anos do 25 de abril de 1974.