Perto de Badajoz, entre os rios Guadiana e Xévora, Matias de Albuquerque dispôs as forças em duas alas, cobrindo o flanco direito e a rectaguarda com as bagagens e 500 mosqueteiros. Tal observando a cavalaria espanhola carregou sobre o flanco esquerdo, mais desprotegido, desbaratando a nossa cavalaria e capturando a artilharia. Crentes na vitória iniciaram a pilhagem das bagagens.
Com D. João da Costa, reconstruiu Albuquerque os terços de infantaria investindo de surpresa contra os castelhanos que, desorientados, debandaram do campo de batalha, decidindo o Barão de Mollingen (a quem o General Torrecusa entregara o comando de um exército de 8.500 homens) retirar as forças. Esta batalha “cuio espetaculo solemnizou afama com sustentar ocampo e gozar de todos os despoios emsinal da victoria triumphante de 4000 inimigos entre mortos eferidos q' com oseu sangue rubricarão pa sempre Amen gloria aos vencedores". É esta acção ofensiva portuguesa, na segunda fase da Batalha, que nos aparece representada no painel alusivo.
Albuquerque acampou no local da Batalha mas, sem cavalaria em quantidade suficiente, não pôde explorar o sucesso desta vitória.

Fig. - 3 - Painel da Batalha de Montijo
2. O combate de Arronches, de 8 de Novembro de 1653, é igualmente o único representado da 2ª fase da Guerra da Restauração (1646-1658).
Tratou-se de uma notável acção da cavalaria portuguesa, comandada pelo General André de Albuquerque, contra forças de cavalaria espanhola, “Terrivel efuriozo combate deArronches emq' contendo cavalaria com cavalaria ganharão asinvenciveis armas portuguezas amaior gloria vencebdo etriumfando", travado em grande desproporção numérica “domaior numero semq'lhepudesse rezistir aventage de 1200 cavalos comq' os Castelhanos se oppunhão a 800 cavalos portuguezes". A acção foi comandada “sendo general dacavalaria nesta ocasião Andre deAlbuquerque desaudosa elevvavel memoria q' soube esmaltar nest dia q' se contarão 8 de Novembro de 653 asua fama com oseu sangue tão generozamente vingado q' lherendeo avida o conde de Almarante oprimeiro cabo das tropas deCastella", sendo igualmente de destacar a acção do comandante da nossa reserva o Tenente-General Tamericourt no contra-ataque levado a cabo contra os espanhóis.
Da acção da cavalaria - os mosqueteiros visíveis serviram apenas para fustigar a cavalaria castelhana e obrigá-la a sair do campo que lhe era favorável - resultou para o inimigo “com perda de 400 soldados e de 900 cavalos q' se tomarão vivos e ficarão mortos no campo".

Fig - 4 - Painel do Combate de Arronches
Os restantes seis painéis são todos representativos da terceira fase da guerra.
3. O cerco de Badajoz foi a resposta ao retomar da ofensiva pelos espanhóis em Abril de 1657, de que resultou a captura de Olivença pelo duque de S. Germano. De Elvas saiu um exército de socorro à praça mas, como não logrou o intento, optou-se por uma manobra de diversão cercando Badajoz. Atacando-se primeiro, sem sucesso, o forte de S. Cristóvão. O conde de S. Lourenço atravessa o Guadiana e cercou Badajoz, mas devido à forte resistência espanhola foi obrigado a retirar.
Na Primavera de 1658, sob o comando de Joane Mendes de Vasconcelos, marchou um exército de 14.000 infantes, 3.000 cavaleiros e 20 peças de artilharia para de novo sitiar Badajoz recomeçando pelo forte de S. Cristóvão, cujo ataque foi, de novo, repelido. Assim, a conquista de Badajoz impunha a captura do forte de S. Miguel pelo que foi determinado o ataque a essa posição.
O ataque, de 22 de Julho de 1658, iniciou-se com o fogo de seis peças de artilharia, acompanhado de uma acção de decepção da cavalaria portuguesa sob o comando de André de Albuquerque que em diversos pontos da fortificação de Badajoz assim fixava as forças da infantaria espanhola que saíam da praça, permitindo assim que a fortaleza de S. Miguel acabasse por ser tomada.
No painel vemos segunda fase da “Vigoroza ardente efortada batalha de S.Miguel" em que a infantaria tenta um assalto que provoca elevadas baixas, “expugnação eescalada do mesmo forte notavel emaior exemplar dovalor portuguez q' contenidendo entre tres ataques pelejavão pella frente com o exercito Castelhano sendo batido do forte eda cidade pella rataguarda epello costado conseguio aretirada do inimigo quelhe deixou ocampo eorendimento do forte", o general espanhol, Duque de Osuna, manda retirar as forças e o comandante do Forte de S. Miguel, não podendo contar com reforços ou socorro decide render-se “q'lhe coroou avitoria immortaliando afama de ioane Mendes deuas conselhos q' governava as armas sera eterno onome dos que oa judarão elhe assistirão neste combate que seconseguia a 22 de Julho de 1658 dedicado immutavelmente asmemorias da Magdalena".
O cerco de Badajoz prolonga-se até finais de Outubro sem alcançar qualquer resultado para a manobra lusitana sendo assim abandonado para permitir fazer face a uma nova ofensiva castelhana comandada por D. Luís de Haro.

4. Após o malogrado cerco português a Badajoz, em 22 de Outubro de 1658, D. Luís de Haro, primeiro-ministro de Filipe IV de Espanha, atravessa o Guadiana com uma grande força de exército de 14.000 infantes e 5.000 cavaleiros e artilharia. “Os fortuna maxima esempre assaz glorioza batalha das Linhas Delvas q' intentou anecessidade econseguio ovalor eaconstancia portugueza quando mais oviados esoberbos osCastelhanos pello sitio de Badaios prezumião econfiavão assistidos de Dom Luiz Mendes Dearoprimeiro espirito dasua Espanha eprincipal cabeça desta aução acuia dependencia seguião ostrezouros eossogeitos desta grande monarchia sem registo nem resistencia atraindo asi osexercitos buscavão todos amesma idolatria nesta formidavel espetação seachava com des mil infantes e 4 mil cavalhos emuitas maquinas militares"
Na ofensiva os espanhóis capturam de imediato o Mosteiro de S. Francisco e o outeiro da Graça, posições de importantíssimo valor uma vez que dominam a praça-forte de Elvas.
Em Elvas ultimam-se os preparativos para a defesa, interrompidos apenas pela chegada da ordem de prisão de Joane Mendes de Vasconcelos[4] e entrega do comando a André de Albuquerque.
A Praça de Elvas é cercada, “sobre mezes desitio q' aproveitou notrabalhos dehua notavel circumvalação econtravalação q' fazia fortissima e impenetravel defensa".
Face à preocupante situação da mesma, um corpo de exército, comandado pelo Conde de Cantanhede e Marquês de Marialva, sairia de Estremoz para alcançar a retaguarda das linhas espanholas pelo lado dos Murtais. Este corpo era composto de 2.500 infantes de linha, 5.500 auxiliares e ordenanças, 2.500 cavaleiros e 7 peças de artilharia. A 13 de Janeiro chega este exército aos arrabaldes de Elvas, colocando-se em ordem de batalha.
No dia seguinte, 14 de Janeiro de 1659, teria lugar a Batalha das Linhas de Elvas. A vanguarda da infantaria de 1.200 homens, inicia o assalto, comandada pelo Mestre de Campo General Diogo Gomes de Figueiredo. Seguiram-se as três colunas cerradas, a primeira de 3.000 infantes, comandada pelo Conde de Mesquitela, D. Rodrigo de Castro, e 1.200 cavalos do comando de André de Albuquerque, a segunda de 2.000 infantes e 900 cavaleiros sob comando de Gil Lobo Vaz de Freire e a terceira de reserva 2.000 infantes e 800 cavaleiros.
De dentro da praça D. Sancho Manuel reforça a artilharia, sob comando do General Afonso Furtado, do lado onde se encontrava o dispositivo. A infantaria e cavalaria, coloca-as entre a posição inimiga e as muralhas da praça. Devido ao nevoeiro o grosso das tropas espanholas recolheu aos seus arraiais, e mal o nevoeiro se dissipa, atacam os portugueses as tropas inimigas surpreendidas quer pelas circunstâncias, quer pelo impiedoso fogo da artilharia da praça e do campo, penetrando a vanguarda portuguesa as linhas espanholas. Este episódio representado no painel, liga-se ao feito do Conde de S. João, que saiu com as suas tropas da praça e atacou os castelhanos dentro das suas linhas defensivas “quando foi roto vencido". Perante tais acontecimentos, o comando espanhol, abandona o campo de batalha e foge para Badajoz “e detodo posto emfugida ãos 14 dejaneiro de 1659", deixando o exército que sem comando se rende, à excepção do forte da Graça e e o quartel da Corte (que se rendem no dia seguinte face à pesada derrota).
A cavalaria portuguesa varre o terreno e o acampamento do comando cai na posse das forças portuguesas “comperda total daartelharia 2500 mortos 5000 feridos e prizioneiros pello exercito de Portugal que governava o conde de Cantanhede Marquez de Marialva assistido eacompanhado dos mais cabos e pessoas noctaveis q' vão nomeados emseus postos veneros apatria immortalezeos afama erespeitos posteridade".
No painel regista-se, ainda, o episódio de D. João da Silva, e do Conde da Torre (futuro Marquês de Marialva), combatendo a pé (ferido na cabeça), após perder o cavalo, sendo posteriormente recolhido pelos seus homens, regressando à praça.
Desta batalha resultou a morte do grande General André de Albuquerque, e vantagens de ordem moral, já que do ponto de vista táctico a mesma não trouxe grande alteração.
Outros personagens indicados, individualmente, neste painel:

Fig. 6 - Painel do Cerco de Elvas
5. A Batalha do Ameixial, de 8 de Junho de 1663, que foi já celebrada num momento posterior à Paz dos Pirenéus[5] e que possibilitou à Espanha mobilizar as suas melhores forças contra nós. É não outro, senão D. João de Áustria, que de Badajoz sai com um exército de 20.000 homens e 18 bocas de fogo para invadir Portugal.
O nosso Exército era comandado pelo Conde de Vila Flor, D. Sancho Manuel de Vilhena, e tendo como seu Mestre de Campo General, Frederico de Schomberg, dispondo 17.000 homens e 15 bocas de fogo, aguardavam fortificados em Estremoz.
Mas ao invés de se dirigirem sobre aquela praça, as forças espanholas avançam sobre Évora, previamente preparada para resistir, mas que sucumbe ao cerco. A rendição daquela praça forte teve um enorme impacto psicológico nas forças portuguesas e foi aproveitada por D. João de Áustria para fazer investir 5.000 homens contra Alcácer do Sal, tentando dividir Portugal em dois e alcançar a capital Lisboa.
Perante esta situação, o exército português dirigiu-se para Évora, a fim de provocar o combate o que exército espanhol evitou, evacuando Évora e recuando em direcção à fronteira. Mas rapidamente D. João de Áustria tomou consciência de que dificilmente lograria chegar à fronteira sem dar batalha, escolhendo o Ameixial, a 5 km de Estremoz, como uma posição que seria favorável, colocando o seu exército em posição de batalha e parte da artilharia em três montes aí existentes (Monte dos Ruivinos, Serra Murada e Serra da Granja). O exército português, que vinha de Estremoz, deparou-se ao romper do dia 8 de Junho de 1663 com o exército espanhol instalado nessas posições defensivas.
A Batalha do Ameixial, começou no início dia, com o ataque português às posições espanholas. Vila Flor incumbiu Manuel Freire de Andrade, com 500 homens de cavalaria e dois terços de infantaria, de desalojar os castelhanos do Monte dos Ruivinos, a primeira das colinas que se encontrava na sua frente de marcha. O ataque com grande valentia, obrigou os espanhóis a abandonarem uma posição que consideravam inexpugnável e a retirarem pelo outro lado da encosta, em direcção à Serra da Granja e à Serra Murada (Outeiro dos Ataques), continuando desce o vale para defrontar a cavalaria espanhola em número muito superior.
Porém, para evitar qualquer precalço retrocede, juntando-se ao grosso das tropas portuguesas que hesitavam em lançar o assalto decisivo.
Nesse momento em que o exército português ocupava os Ruivinos e a Serra da Caldeirinha, Schomberg ordenou que no alto de cada uma dessas duas colinas fossem colocadas cinco peças de artilharia, para protegerem as nossas forças.
O exército espanhol, movia-se a uma velocidade reduzida, pela estrada estreita vinda de Évora em direcção a Arronches, numa extensa coluna de carros de mais de 3 Km, a retirada do seu exército era o grande objectivo de D. João de Áustria. Para o proteger colocou a infantaria nos vértices da Serra da Granja e da Serra Murada, bem como quatro peças de artilharia em cada uma dessas colinas.
Schomberg tomou a iniciativa, ordenando que a cavalaria do flanco direito fosse para a esquerda e atacasse a cavalaria inimiga ao mesmo tempo que mandava atacar as duas linhas de alturas. No flanco esquerdo a cavalaria sofre pesadas baixas e a inimiga tenta atacar de flanco a nossa infantaria. Um terço de ingleses forma em quadrado e aguenta a cavalaria espanhola, dando tempo para que o nosso flanco direito conquiste as colinas.
A segunda linha de infantaria completou a ocupação dos montes e por fim, um batalhão francês e a reserva ajudam a cavalaria a carregar sobre a cavalaria inimiga que destroça.
Como resultado, toda a artilharia (8 peças) 1.400 cavalos e os cerca de 4.000 prisioneiros nossos foram libertados. “Altissimo enseaimaimportante memoravel batalha Domingial q' ganharão asenvensiveis armas portuguezas asitidas da direcção do Conde Devillaflor eosmais cabos e pessoas notaveis….. em seus postos aonumeroso vetereno easis formidavel exercito deCastela que governava Dom ião de Austria oprimeiro Castelhano que por suas virtudes fama nasimento heomais natural filho de Felippe 4idisputada econseguida aos 8 deiunho de 663 com total rota detodo o exercito eperda universal do trem de bagagens eartilharia epessoas degrande conta e grandes deespanha e dous mil cavallos q' se tomarão vivos for a os mortos eferidos que ficarão no campo"[6].
Esta batalha significou que os portugueses podiam bater as melhores forças espanholas em batalha campal, robustecendo a posição de Schomberg como chefe táctico e dando coesão ao nosso exército. Outrossim contribuiu para a desmoralização do exército espanhol e levou à demissão de D. João de Áustria, um dos melhores generais de Espanha.
Fig – 7 - Painel da Batalha do Ameixial
6. A Batalha de Castelo Rodrigo - 7 de Julho de 1664
No final da Primavera do ano de 1664, após o período de inactividade provocado pelo aquartelamento de Inverno, o Conde de Castelo Melhor pretendeu passar à ofensiva. Para tal determinou a concentração de um notável dispositivo militar, de cerca de 30.000 homens e 15 peças de artilharia, na praça de Estremoz, com o objectivo de invadir a Espanha.
Em Junho, após reforço da guarnição daquela praça o Capitão-General do Reino, o marquês de Marialva, saía à frente de cerca de 20.500 homens para levar a cabo aquele plano. Valência de Alcântara cairia em mãos portuguesas, o mesmo acontecendo a praças portuguesas, como Arronches, então ocupadas por guarnições espanholas.
Mas, também o inimigo aproveitara o Inverno para gizar os seus planos, preparando uma grande ofensiva, que se pretendia decisiva, contra a Beira. Neste contexto se travará a “Ditoza e preciza batalha deCastelo Rodrigo q' sendo sitiado pello Duque deOsuna em 7 deiulho de 1664", esta movimentação era executada num momento “em q'asarmas doreino seachavão divertidas com Dom ião deAustria nos empregos de Alenteio", qual manobra de diversão. A escolha de Castelo Rodrigo deriva do facto de se saber que a mesma estava servida por uma fraca guarnição.
Consciente de tal facto e percebendo o alcance do plano de Ossuna, o Governador da Beira, “aconseguio oval or eaindustria de Pedro iaques de Magallhes oppondosse aoexto deCastela com orespeito do nome portuguez q'empucos paizanos do partido deriba coa".
Merecem destaque, em especial, duas acções registadas neste painel: a carga da Cavalaria portuguesa, sob comando de António Maldonado sobre as tropas sitiantes de Ossuna, levou o pânico às mesmas obrigando-as a retirar, “foi tão terivel que bastou pera dezaloiar oinimigo"; acção complementada pela chegada da Infantaria portuguesa que seguia no encalço da Cavalaria, completando o que a cavalaria iniciara, “com avista primeiro q' com osmosquetes metido em retirada lhe largou oposto esendo seguido até ao orio Agueda aventage dositio lhefes voltar acara eesperar formado donde foi roto, desbaratando o inimigo que à pressa abandonava o campo de batalha deixando muitos mortos, feridos e prisioneiros e “com total perda doexto artelharia ebagagens sem q' daparte dos portuguzes ouvesse mais q' um soldado morto". Com o feito de Castelo Rodrigo, gorava-se a ofensiva espanhola e o ano de 1664, terminaria com o sucesso das armas portuguesas.

Fig - 8 - Painel da Batalha de Castelo Rodrigo
7. A Batalha de Montes Claros – 17 de Junho de 1665
O Marquês de Caracena[7] que substituira D. João da Áustria elaborara um novo plano para a conquista de Portugal: conquista de Vila Viçosa, para garantir as comunicações acompanhada de uma marcha sobre Lisboa, via Setúbal, em conjugação com o ataque marítimo pela esquadra de Cádiz[8] (um plano muito idêntico ao do Duque de Alba em 1580).
Em Estremoz, sob o comando do Marquês de Marialva, o Exército do Alentejo, com 20.500 homens (15.000 de Infantaria, 5.500 de Cavalaria) e 20 bocas de fogo, prepara-se para a investida. Carcacena avança no início de Junho, à frente de um exército de 20 a 30.000 homens, conquistando Borba (9 de Junho), sitiando de seguida Vila Viçosa[9]. A vila tinha as fortificações em mau estado e uma pequena guarnição de menos de 2.000 homens e 11 peças de artilharia. Todavia, animados de elevada moral, conseguiram repelir as acometidas espanholas, a custo de perdas elevadas.
Num momento de manobras exploratórias por parte dos dois exércitos, a 17 de Junho de 1665, quando as nossas forças de reconhecimento avistaram os castelhanos noticiaram a existência de massas profundas de cavalaria espanhola, o que levou Schomberg a deslocar para essa ala a maior parte da cavalaria.
O dispositivo das forças era o seguinte. Marialva dispôs, a SE de Rio de Moinhos e na planície de Montes Claros, a cavalaria em 2 linhas, bem como 5 terços de infantaria, Schomberg no Alto do Mouro, que se estendia por um terreno de vinhedos, estacionou os terços de Infantaria, a artilharia foi distribuída pelos cimos e nos intervalos da vanguarda.
Os espanhóis adoptaram um dispositivo semelhante, com a massa de cavalaria na esquerda (com o objectivo de carregar sobre o centro das nossas forças e cortar o nosso flanco direito) e Infantaria na direita coberta nesse lado por pequenas forças de cavalaria ( o Marquês de Caracena ficou no Alto da Vigária).
Schomberg apercebendo-se do dispositivo inimigo fez transportar a cavalaria da esquerda para o flanco direito (ficam apenas 5 companhias de cavalaria)
A batalha iniciu-se pelas 10 da manhã com uma carga da cavalaria espanhola sobre o flanco direito e centro das nossas forças que rompeu a nossa vauguarda de infantaria e cavalaria[10], mas a artilharia obrigou-os a retirar. Quase aniquilada, a nossa vanguarda devido ao ataque na esquerda da infantaria espanhola, Schomberg move um terço de infantaria da direita para o flanco esquerdo.
Nova tentativa dos espanhóis, no no mesmo ponto de ruptura, com idêntico resultado, atingindo os terços da segunda linha (fase culminante e crítica da batalha), obrigando Schomberg a acudir com a cavalaria no centro-direita.
Após 7 horas de peleja a vitória parecia sorrir aos espanhóis. Porém, uma hábil manobra de Marialva mudou o resultado a nosso favor. Desguarnecendo o flanco direito, acorreu com alguns terços à esquerda, passando a opor uma resistência eficaz ao inimigo e permitindo restabelecer o equilíbrio no combate
Quando a cavalaria espanhola, simulando uma retirada, ataca numa terceira tentativa o tenente-general D. João da Silva, na direita com a cavalaria, avisa Melo e Castro (comandante da Cavalaria) que contra-ataca pela retaguarda, num golpe decisivo, o que obriga o inimigo a debandar. Embora a luta entre infantaria continuasse árdua, Marialva aproveitando o sucesso da cavalaria, envolve a infantaria espanhola obrigando-a a render-se.
Os espanhóis, não tendo conseguir penetrar no dispositivo português e face ao desgaste sofrido resolveram retirar. A exploração levada a efeito pelo General de Cavalaria Diniz de Mello e Castro, conduziu ao aniquilamento do inimigo. Paralelamente, em Vila Viçosa, uma audaz sortida dos sitiados destroçou um corpo de 1.800 arcabuzeiros e capturou toda a artilharia de sítio espanhola. A derrota de Caracena, último dos grandes generais espanhóis, após D. João da Áustria desmoraliza Espanha.
“Felice contigente eimproviza batalha dos Montes Claros q' na primeira marcha do exercito de Portugal q' sahio em socorro da praça de Vila Viçoza governado pello Marquez de Marialva foi acometido pello de Castella a ordem do Marquez de Caracena q' com ardente e vigurozo impulso pode romper o corno esquerdo até a retaguarda donde foi rebatido tão rigurozamente q' acabou em fugida o q' comessou em vitoria e foi roto comperda total do exercito Castelhano deterna gloria dos portuguezes comperda de 3000 cavalos e seis mil infantes entre mortos e prizioneiros e prerza de toda a sua artelharia ultimo e memoravel combate entre as duas coroas".
Montes Claros foi uma batalha decisiva entre dois exércitos que desejavam o embate físico, a “prova de força" no campo de batalha.
Fig - 9 - Painel da Batalha de Montes Claros
8. Recontro de Chaves – 20 de Novembro de 1667
Perto da celebração do tratado de paz com Espanha este combate, um típico recontro de cavalaria em campo aberto, insere-se numa táctica que, através de uma demonstração de força, visava impedir qualquer acção verdadeiramente importante.
“Ultimo egenerozo combate dacavallaria q' conseguirão asarmas portuguezas naprovincia Detras-Osmontes aordem do conde de S. ião Marquez de Tavora q com ardente efelicissimo espirito superou com oseu valor ecom asua industria as ventages dos Castelhanos podendo triunfar domaior numero conseguio esta vitoria compresa de 300 cavallos eroína total detodas astropas inimigas em 20 de Novembro de 1667".

Fig - 10 - Painel do Recontro de Chaves
Nestes painéis, para além dos rios, igrejas, castelos e outros pontos estratégicos são individualizados, pelo nome escrito em azul de cobalto no próprio azulejo, diversos personagens (entre parenteses indica-se o painel ou paineis em que é referido), sendo seguidamente indicados pela ordem alfabética do primeiro nome ou título (excluindo artigos ou o título de Dom):
a) Portugueses ou das forças portuguesas