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14 - Um Museu da Restauração: A Obra Azulejar da Sala das Batalhas do Palácio dos Marqueses de Fronteira (Lisboa)
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UM “MUSEU” DA RESTAURAÇÃO: A OBRA AZULEJAR DA SALA DAS BATALHAS DO PALÁCIO DOS MARQUESES DE FRONTEIRA (LISBOA)

 

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Humberto Nuno de Oliveira  




Resumo

A Sala das Batalhas, no Palácio de Fronteira, em Lisboa, é, seguramente, um dos espaços mais emblemáticos daquele palácio e no conjunto dos palácios familiares em Portugal. Decorada com azulejos que retratam cenas de gloriosas batalhas da Guerra da Restauração, algumas das quais onde o Conde da Torre e primeiro Marquês de Fronteira, D. João de Mascarenhas (o construtor do palácio), teve intervenção de monta.

Assim, aquela sala para além do seu papel na exaltação do prestígio e da bravura da família (onde não faltam os estuques dos titulares da casa), assume sobretudo o papel de um museu quase em “banda desenhada" de episódios seleccionados da longa guerra face à Espanha.

A mesma além da sua função como espaço de memória e celebração dos feitos militares, é também uma obra-prima do azulejaria portuguesa do século XVII, combinando arte, história militar e propaganda política de uma forma singular.

Palavras-chave: Sala das Batalhas, Palácio dos Marqueses de Fronteira (Lisboa), Guerra da Restauração

Abstract

The Battle Room at the Fronteira Palace in Lisbon is undoubtedly one of the most emblematic rooms in that palace and in all of Portugal's family palaces. Decorated with tiles depicting scenes from glorious battles of the War of Restoration, some of which involved the Count of Torre and first Marquis of Fronteira, D. João de Mascarenhas (the palace's builder), in a significant way.

Thus, in addition to its role in exalting the prestige and bravery of the family (where the stuccoes of the house's owners are not lacking), this room takes on the role of a museum, almost like a 'comic strip' of selected episodes from the long war against Spain.

In addition to its function as a space for remembrance and celebration of military achievements, it is also a masterpiece of 17th-century Portuguese tile work, combining art, military history and political propaganda in a unique way.

Keywords: Hall of Battles, Palace of the Marquises of Fronteira (Lisbon), War of Restoration (Independence)

 

 


O Palácio dos Marqueses de Fronteira, em São Domingos de Benfica, Lisboa, encerra no seu imponente e amplo salão nobre (11,4 x 8,8 m), justamente denominado de “Sala das Batalhas", uma notável obra azulejar que relata alguns dos mais relevantes episódios da Guerra da Restauração. A mesma, pela sua particularidade e importância, foi sendo alvo de numerosos estudos (sob diversas perspectivas) ao longo dos anos, alguns dos quais se encontram nas referências do presente artigo (que de modo algum pretendem ser exaustivas). Entre eles permitasse-me apontar como essencial o estudo do saudoso colega e amigo, Dr. Fernando de Mascarenhas, que conhecia como ninguém, cada centímetro quadrado daqueles painéis[1] da sua casa. 

Assumida esta permissa, importa dizer que o presente artigo cumpre apenas dois propósitos:

- fornecer a apresentação de um “museu" (espaço sempre presente na RevPHM), neste caso exclusivamente dedicado à Restauração;

- dar a conhecer este importante património em detalhe, dado o seu relativo desconhecimento pelo público, numa perspectiva da história militar.

O notável conjunto azulejar é datável do terceiro quartel do século XVII sendo, portanto, quase contemporâneo dos acontecimentos. Lembremos que a Guerra da Restauração terminou formalmente em 13 de Fevereiro de 1668 com a assinatura do Tratado de Lisboa, entre Portugal e Espanha. Nesta mesma sala importa referenciar, ainda que sumariamente, a decoração das paredes e dos tectos com estuques ornamentais e figurativos, com particular importância os retratos realizados em estuque dos titulares da casa, datáveis já do terceiro quartel do século XVIII.

Os episódios militares representados naquela imponente sala, correspondem às diferentes fases da Guerra da Restauração, que, lembremos, pode ser dividida em três momentos distintos: a primeira fase demonstrativa da insubmissão portuguesa e marcada pela ofensiva lusa (1641-1646), uma segunda fase mais defensiva e caracterizada por pequenas incursões e choques militares, num período em que a Espanha se encontrava envolvida militarmente noutras partes da Europa (1646-1658) e a terceira fase em que libertos dos demais compromissos militares os espanhóis tentam, sem sucesso, uma vitória decisiva (1658-1668).

São oito os episódios militares aí resgistados e que seguem indicados por ordem cronológica (os respectivos números servem para indicar a sua localização na planta da sala e as futuras demais referências):

1. - A batalha de Montijo - 26 de Maio de 1644;

2. - O combate de Arronches – 8 de Novembro de 1653;

3. - O cerco de Badajoz (batalha de S. Miguel) – 22 de Julho de 1658;

4. - A batalha das Linhas de Elvas – 14 de Janeiro de 1659;

5. - A batalha do Ameixial – 8 de Junho de 1663; 

6. - A batalha de Castelo Rodrigo - 7 de Julho de 1664;

7. - A batalha de Montes Claros – 17 de Junho de 1665;

8. - O recontro de Chaves – 20 de Novembro de 1667.

 

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Fig – 1 - Localização espacial das batalhas na sala.


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Fig - 2 - Localização e data dos combates representados na sala

Os oito painéis podem ser agrupados em três tipologias de dimensão, tendo todos 8 azulejos de altura (excluindo as barras com motivos ornamentais e as carrancas nos cantos) e diferentes dimensões de largura, agrupáveis em três distintas tipologias: dois de grande dimensão, de 35 e 3/4 e 36 e 3/4 azulejos (Ameixial e Elvas), dois de média dimensão, 19 e 3/4 azulejos (Montes Claros e São Miguel) e quatro de menor dimensão, de 5 e 3/4, 6 e 1/3, 6 e 3/4  e 6 e 1/3 azulejos (Chaves, Arronches, Montijo e Castelo Rodrigo). 

Igualmente discerníveis três tipologias quanto às cores presentes nos painéis, embora, à distância, pareçam apenas de azul e manganês. Quadricromia (azul, manganês, amarelo e verde): paineis de Badajoz, Elvas e Ameixial; tricromia (azul, manganês e amarelo): Arronches, Castelo Rodrigo, Montes Claros e Chaves; bicromia (azul e manganês): Montijo. Como Fernando de Mascarenhas alertou é “pequeníssima percentagem da área que o verde e o amarelo recobrem; no caso do verde creio que é inferior 0,5% e no caso do amarelo deve ser menos de 0,05%".

Apresentam-se, seguidamente os painéis, com descrição dos acontecimentos e transcrição das respectivas legendas em itálico e com os nomes de personagens referenciados em negrito (nas legendas dos painéis).

 

1. A Batalha do Montijo (município na província de Badajoz), de 26 de Maio de 1644, é a única representada da 1ª fase da Guerra da Restauração (de 1641 a 1646), um período caracterizado pela actividade ofensiva dos portugueses que, tanto na metrópole, como no Brasil, infligiram as primeiras derrotas aos espanhóis, como a do Montijo, representada neste painel, e aos holandeses no Brasil (Batalha do Monte das Tabocas, 3 de Agosto de 1645). Período que termina com o combate indeciso de Telena em Setembro de 1646. Deu-se início à reparação e artilhamento das fortalezas[2].

Primeira erigurosa batalha q' gan​harão asarmas portuguezas a ordem do conde de Alegrete nos campos deMontijo depois desehaverem redemido doiugo Castelhano ditozo evenerado auspicio da futura gloria dePortugal..."[3].

Perto de Badajoz, entre os rios Guadiana e Xévora, Matias de Albuquerque dispôs as forças em duas alas, cobrindo o flanco direito e a rectaguarda com as bagagens e 500 mosqueteiros. Tal observando a cavalaria espanhola carregou sobre o flanco esquerdo, mais desprotegido, desbaratando a nossa cavalaria e capturando a artilharia. Crentes na vitória iniciaram a pilhagem das bagagens.

Com D. João da Costa, reconstruiu Albuquerque os terços de infantaria investindo de surpresa contra os castelhanos que, desorientados, debandaram do campo de batalha, decidindo o Barão de Mollingen (a quem o General Torrecusa entregara o comando de um exército de 8.500 homens) retirar as forças. Esta batalha “cuio espetaculo solemnizou afama com sustentar ocampo e gozar de todos os despoios emsinal da victoria triumphante de 4000 inimigos entre mortos eferidos q' com oseu sangue rubricarão pa sempre Amen gloria aos vencedores". É esta acção ofensiva portuguesa, na segunda fase da Batalha, que nos aparece representada no painel alusivo.

Albuquerque acampou no local da Batalha mas, sem cavalaria em quantidade suficiente, não pôde explorar o sucesso desta vitória.

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Fig. - 3 - Painel da Batalha de Montijo

 

2. O combate de Arronches, de 8 de Novembro de 1653, é igualmente o único representado da 2ª fase da Guerra da Restauração (1646-1658). 

Tratou-se de uma notável acção da cavalaria portuguesa, comandada pelo General André de Albuquerque, contra forças de cavalaria espanhola, “Terrivel efuriozo combate deArronches emq' contendo cavalaria com cavalaria ganharão asinvenciveis armas portuguezas amaior gloria vencebdo etriumfando", travado em grande desproporção numérica “domaior numero semq'lhepudesse rezistir aventage de 1200 cavalos comq' os Castelhanos se oppunhão a 800 cavalos portuguezes". A acção foi comandada “sendo general dacavalaria nesta ocasião Andre deAlbuquerque desaudosa elevvavel memoria q' soube esmaltar nest dia q' se contarão 8 de Novembro de 653 asua fama com oseu sangue tão generozamente vingado q' lherendeo avida o conde de Almarante oprimeiro cabo das tropas deCastella", sendo igualmente de destacar a acção do comandante da nossa reserva o Tenente-General Tamericourt no contra-ataque levado a cabo contra os espanhóis.

Da acção da cavalaria - os mosqueteiros visíveis serviram apenas para fustigar a cavalaria castelhana e obrigá-la a sair do campo que lhe era favorável - resultou para o inimigo “com perda de 400 soldados e de 900 cavalos q' se tomarão vivos e ficarão mortos no campo".

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Fig - 4 - Painel do Combate de Arronches


Os restantes seis painéis são todos representativos da terceira fase da guerra.

 

3. O cerco de Badajoz foi a resposta ao retomar da ofensiva pelos espanhóis em Abril de 1657, de que resultou a captura de Olivença pelo duque de S. Germano. De Elvas saiu um exército de socorro à praça mas, como não logrou o intento, optou-se por uma manobra de diversão cercando Badajoz. Atacando-se primeiro, sem sucesso, o forte de S. Cristóvão. O conde de S. Lourenço atravessa o Guadiana e cercou Badajoz, mas devido à forte resistência espanhola foi obrigado a retirar.

Na Primavera de 1658, sob o comando de Joane Mendes de Vasconcelos, marchou um exército de 14.000 infantes, 3.000 cavaleiros e 20 peças de artilharia para de novo sitiar Badajoz recomeçando pelo forte de S. Cristóvão, cujo ataque foi, de novo, repelido. Assim, a conquista de Badajoz impunha a captura do forte de S. Miguel pelo que foi determinado o ataque a essa posição.

O ataque, de 22 de Julho de 1658, iniciou-se com o fogo de seis peças de artilharia, acompanhado de uma acção de decepção da cavalaria portuguesa sob o comando de André de Albuquerque que em diversos pontos da fortificação de Badajoz assim fixava as forças da infantaria espanhola que saíam da praça, permitindo assim que a fortaleza de S. Miguel acabasse por ser tomada.

No painel vemos segunda fase da “Vigoroza ardente efortada batalha de S.Miguel" em que a infantaria tenta um assalto que provoca elevadas baixas, “expugnação eescalada do mesmo forte notavel emaior exemplar dovalor portuguez q' contenidendo entre tres ataques pelejavão pella frente com o exercito Castelhano sendo batido do forte eda cidade pella rataguarda epello costado conseguio aretirada do inimigo quelhe deixou ocampo eorendimento do forte", o general espanhol, Duque de Osuna, manda retirar as forças e o comandante do Forte de S. Miguel, não podendo contar com reforços ou socorro decide render-se “q'lhe coroou avitoria immortaliando afama de ioane Mendes deuas conselhos q' governava as armas sera eterno onome dos que oa judarão elhe assistirão neste combate que seconseguia a 22 de Julho de 1658 dedicado immutavelmente asmemorias da Magdalena".

O cerco de Badajoz prolonga-se até finais de Outubro sem alcançar qualquer resultado para a manobra lusitana sendo assim abandonado para permitir fazer face a uma nova ofensiva castelhana comandada por D. Luís de Haro.

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Fig - 5 - Painel do Cerco de Badajoz ou Batalha de S. Miguel


 

4. Após o malogrado cerco português a Badajoz, em 22 de Outubro de 1658, D. Luís de Haro, primeiro-ministro de Filipe IV de Espanha, atravessa o Guadiana com uma grande força de exército de 14.000 infantes e 5.000 cavaleiros e artilharia. “Os fortuna maxima esempre assaz glorioza batalha das Linhas Delvas q' intentou anecessidade econseguio ovalor eaconstancia portugueza quando mais oviados esoberbos osCastelhanos pello sitio de Badaios prezumião econfiavão assistidos de Dom Luiz Mendes Dearoprimeiro espirito dasua Espanha eprincipal cabeça desta aução acuia dependencia seguião ostrezouros eossogeitos desta grande monarchia sem registo nem resistencia atraindo asi osexercitos buscavão todos amesma idolatria nesta formidavel espetação seachava com des mil infantes e 4 mil cavalhos emuitas maquinas militares" 

Na ofensiva os espanhóis capturam de imediato o Mosteiro de S. Francisco e o outeiro da Graça, posições de importantíssimo valor uma vez que dominam a praça-forte de Elvas.

Em Elvas ultimam-se os preparativos para a defesa, interrompidos apenas pela chegada da ordem de prisão de Joane Mendes de Vasconcelos[4] e entrega do comando a André de Albuquerque.

A Praça de Elvas é cercada, “sobre mezes desitio q' aproveitou notrabalhos dehua notavel circumvalação econtravalação q' fazia fortissima e impenetravel defensa".

Face à preocupante situação da mesma, um corpo de exército, comandado pelo Conde de Cantanhede e Marquês de Marialva, sairia de Estremoz para alcançar a retaguarda das linhas espanholas pelo lado dos Murtais. Este corpo era composto de 2.500 infantes de linha, 5.500 auxiliares e ordenanças, 2.500 cavaleiros e 7 peças de artilharia. A 13 de Janeiro chega este exército aos arrabaldes de Elvas, colocando-se em ordem de batalha.

No dia seguinte, 14 de Janeiro de 1659, teria lugar a Batalha das Linhas de Elvas. A vanguarda da infantaria de 1.200 homens, inicia o assalto, comandada pelo Mestre de Campo General Diogo Gomes de Figueiredo. Seguiram-se as três colunas cerradas, a primeira de 3.000 infantes, comandada pelo Conde de Mesquitela, D. Rodrigo de Castro, e 1.200 cavalos do comando de André de Albuquerque, a segunda de 2.000 infantes e 900 cavaleiros sob comando de Gil Lobo Vaz de Freire e a terceira de reserva 2.000 infantes e 800 cavaleiros.

De dentro da praça D. Sancho Manuel reforça a artilharia, sob comando do General Afonso Furtado, do lado onde se encontrava o dispositivo. A infantaria e cavalaria, coloca-as entre a posição inimiga e as muralhas da praça. Devido ao nevoeiro o grosso das tropas espanholas recolheu aos seus arraiais, e mal o nevoeiro se dissipa, atacam os portugueses as tropas inimigas surpreendidas quer pelas circunstâncias, quer pelo impiedoso fogo da artilharia da praça e do campo, penetrando a vanguarda portuguesa as linhas espanholas. Este episódio representado no painel, liga-se ao feito do Conde de S. João, que saiu com as suas tropas da praça e atacou os castelhanos dentro das suas linhas defensivas “quando foi roto vencido". Perante tais acontecimentos, o comando espanhol, abandona o campo de batalha e foge para Badajoz “e detodo posto emfugida ãos 14 dejaneiro de 1659", deixando o exército que sem comando se rende, à excepção do forte da Graça e e o quartel da Corte (que se rendem no dia seguinte face à pesada derrota).

A cavalaria portuguesa varre o terreno e o acampamento do comando cai na posse  das forças portuguesas “comperda total daartelharia 2500 mortos 5000 feridos e prizioneiros pello exercito de Portugal que governava o conde de Cantanhede Marquez de Marialva assistido eacompanhado dos mais cabos e pessoas noctaveis q' vão nomeados emseus postos veneros apatria immortalezeos afama erespeitos posteridade".

No painel regista-se, ainda, o episódio de D. João da Silva, e do Conde da Torre (futuro Marquês de Marialva), combatendo a pé (ferido na cabeça), após perder o cavalo, sendo posteriormente recolhido pelos seus homens, regressando à praça.

Desta batalha resultou a morte do grande General André de Albuquerque, e vantagens de ordem moral, já que do ponto de vista táctico a mesma não trouxe grande alteração.

Outros personagens indicados, individualmente, neste painel:

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Fig. 6 - Painel do Cerco de Elvas

 

5. A Batalha do Ameixial, de 8 de Junho de 1663, que foi já celebrada num momento posterior à Paz dos Pirenéus[5] e que possibilitou à Espanha mobilizar as suas melhores forças contra nós. É não outro, senão D. João de Áustria, que de Badajoz sai com um exército de 20.000 homens e 18 bocas de fogo para invadir Portugal.

O nosso Exército era comandado pelo Conde de Vila Flor, D. Sancho Manuel de Vilhena, e tendo como seu Mestre de Campo General, Frederico de Schomberg, dispondo 17.000 homens e 15 bocas de fogo, aguardavam fortificados em Estremoz. 

Mas ao invés de se dirigirem sobre aquela praça, as forças espanholas avançam sobre Évora, previamente preparada para resistir, mas que sucumbe ao cerco. A rendição daquela praça forte teve um enorme impacto psicológico nas forças portuguesas e foi aproveitada por D. João de Áustria para fazer investir 5.000 homens contra Alcácer do Sal, tentando dividir Portugal em dois e alcançar a capital Lisboa.

Perante esta situação, o exército português dirigiu-se para Évora, a fim de provocar o combate o que exército espanhol evitou, evacuando Évora e recuando em direcção à fronteira. Mas rapidamente D. João de Áustria tomou consciência de que dificilmente lograria chegar à fronteira sem dar batalha, escolhendo o Ameixial, a 5 km de Estremoz, como uma posição que seria favorável, colocando o seu exército em posição de batalha e parte da artilharia em três montes aí existentes (Monte dos Ruivinos, Serra Murada e Serra da Granja). O exército português, que vinha de Estremoz, deparou-se ao romper do dia 8 de Junho de 1663 com o exército espanhol instalado nessas posições defensivas. 

A Batalha do Ameixial, começou no início dia, com o ataque português às posições espanholas. Vila Flor incumbiu Manuel Freire de Andrade, com 500 homens de cavalaria e dois terços de infantaria, de desalojar os castelhanos do Monte dos Ruivinos, a primeira das colinas que se encontrava na sua frente de marcha. O ataque com grande valentia, obrigou os espanhóis a abandonarem uma posição que consideravam inexpugnável e a retirarem pelo outro lado da encosta, em direcção à Serra da Granja e à Serra Murada (Outeiro dos Ataques), continuando desce o vale para defrontar a cavalaria espanhola em número muito superior. 

Porém, para evitar qualquer precalço retrocede, juntando-se ao grosso das tropas portuguesas que hesitavam em lançar o assalto decisivo.

Nesse momento em que o exército português ocupava os Ruivinos e a Serra da Caldeirinha, Schomberg ordenou que no alto de cada uma dessas duas colinas fossem colocadas cinco peças de artilharia, para protegerem as nossas forças.

O exército espanhol, movia-se a uma velocidade reduzida, pela estrada estreita vinda de Évora em direcção a Arronches, numa extensa coluna de carros de mais de 3 Km, a retirada do seu exército era o grande objectivo de D. João de Áustria. Para o proteger colocou a infantaria nos vértices da Serra da Granja e da Serra Murada, bem como quatro peças de artilharia em cada uma dessas colinas.

Schomberg tomou a iniciativa, ordenando que a cavalaria do flanco direito fosse para a esquerda e atacasse a cavalaria inimiga ao mesmo tempo que mandava atacar as duas linhas de alturas. No flanco esquerdo a cavalaria sofre pesadas baixas e a inimiga tenta atacar de flanco a nossa infantaria. Um terço de ingleses forma em quadrado e aguenta a cavalaria espanhola, dando tempo para que o nosso flanco direito conquiste as colinas. 

A segunda linha de infantaria completou a ocupação dos montes e por fim, um batalhão francês e a reserva ajudam a cavalaria a carregar sobre a cavalaria inimiga que destroça.

Como resultado, toda a artilharia (8 peças) 1.400 cavalos e os cerca de 4.000 prisioneiros nossos foram libertados. “Altissimo enseaimaimportante memoravel batalha Domingial q' ganharão asenvensiveis armas portuguezas asitidas da direcção do Conde Devillaflor eosmais cabos e pessoas notaveis….. em seus postos aonumeroso vetereno easis formidavel exercito deCastela que governava Dom ião de Austria oprimeiro Castelhano que por suas virtudes fama nasimento heomais natural filho de Felippe 4idisputada econseguida aos 8 deiunho de 663 com total rota detodo o exercito eperda universal do trem de bagagens eartilharia epessoas degrande conta e grandes deespanha e dous mil cavallos q' se tomarão vivos for a os mortos eferidos que ficarão no campo"[6].

Esta batalha significou que os portugueses podiam bater as melhores forças espanholas em batalha campal, robustecendo a posição de Schomberg como chefe táctico e dando coesão ao nosso exército. Outrossim contribuiu para a desmoralização do exército espanhol e levou à demissão de D. João de Áustria, um dos melhores generais de Espanha.

 7-Ameixial a 2.jpg​ Fig – 7 - Painel da Batalha do Ameixial



6. A Batalha de Castelo Rodrigo - 7 de Julho de 1664

No final da Primavera do ano de 1664, após o período de inactividade provocado pelo aquartelamento de Inverno, o Conde de Castelo Melhor pretendeu passar à ofensiva. Para tal determinou a concentração de um notável dispositivo militar, de cerca de 30.000 homens e 15 peças de artilharia, na praça de Estremoz, com o objectivo de invadir a Espanha.

Em Junho, após reforço da guarnição daquela praça o Capitão-General do Reino, o marquês de Marialva, saía à frente de cerca de 20.500 homens para levar a cabo aquele plano. Valência de Alcântara cairia em mãos portuguesas, o mesmo acontecendo a praças portuguesas, como Arronches, então ocupadas por guarnições espanholas.

Mas, também o inimigo aproveitara o Inverno para gizar os seus planos, preparando uma grande ofensiva, que se pretendia decisiva, contra a Beira. Neste contexto se travará a “Ditoza e preciza batalha deCastelo Rodrigo q' sendo sitiado pello Duque deOsuna em 7 deiulho de 1664", esta movimentação era executada num momento “em q'asarmas doreino seachavão divertidas com Dom ião deAustria nos empregos de Alenteio", qual manobra de diversão. A escolha de Castelo Rodrigo deriva do facto de se saber que a mesma estava servida por uma fraca guarnição.

Consciente de tal facto e percebendo o alcance do plano de Ossuna, o Governador da Beira, “aconseguio oval or eaindustria de Pedro iaques de Magallhes oppondosse aoexto deCastela com orespeito do nome portuguez q'empucos paizanos do partido deriba coa".

Merecem destaque, em especial, duas acções registadas neste painel: a carga da Cavalaria portuguesa, sob comando de António Maldonado sobre as tropas sitiantes de Ossuna, levou o pânico às mesmas obrigando-as a retirar, “foi tão terivel que bastou pera dezaloiar oinimigo"; acção complementada pela chegada da Infantaria portuguesa que seguia no encalço da Cavalaria, completando o que a cavalaria iniciara, “com avista primeiro q' com osmosquetes metido em retirada lhe largou oposto esendo seguido até ao orio Agueda aventage dositio lhefes voltar acara eesperar formado donde foi roto, desbaratando o inimigo que à pressa abandonava o campo de batalha deixando muitos mortos, feridos e prisioneiros e “com total perda doexto artelharia ebagagens sem q' daparte dos portuguzes ouvesse mais q' um soldado morto". Com o feito de Castelo Rodrigo, gorava-se a ofensiva espanhola e o ano de 1664, terminaria com o sucesso das armas portuguesas.

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Fig - 8 -  Painel da Batalha de Castelo Rodrigo

 

7. A Batalha de Montes Claros – 17 de Junho de 1665

O Marquês de Caracena[7] que substituira D. João da Áustria elaborara um novo plano para a conquista de Portugal: conquista de Vila Viçosa, para garantir as comunicações acompanhada de uma marcha sobre Lisboa, via Setúbal, em conjugação com o ataque marítimo pela esquadra de Cádiz[8] (um plano muito idêntico ao do Duque de Alba em 1580).

Em Estremoz, sob o comando do Marquês de Marialva, o Exército do Alentejo, com 20.500 homens (15.000 de Infantaria, 5.500 de Cavalaria) e 20 bocas de fogo, prepara-se para a investida. Carcacena avança no início de Junho, à frente de um exército de 20 a 30.000 homens, conquistando Borba (9 de Junho), sitiando de seguida Vila Viçosa[9]. A vila tinha as fortificações em mau estado e uma pequena guarnição de menos de 2.000 homens e 11 peças de artilharia. Todavia, animados de elevada moral, conseguiram repelir as acometidas espanholas, a custo de perdas elevadas.

Num momento de manobras exploratórias por parte dos dois exércitos, a 17 de Junho de 1665, quando as nossas forças de reconhecimento avistaram os castelhanos noticiaram a existência de massas profundas de cavalaria espanhola, o que levou Schomberg a deslocar para essa ala a maior parte da cavalaria.​

O dispositivo das forças era o seguinte. Marialva dispôs, a SE de Rio de Moinhos e na planície de Montes Claros, a cavalaria em 2 linhas, bem como 5 terços de infantaria, Schomberg no Alto do Mouro, que se estendia por um terreno de vinhedos, estacionou os terços de Infantaria, a artilharia foi distribuída pelos cimos e nos intervalos da vanguarda.

Os espanhóis adoptaram um dispositivo semelhante, com a massa de cavalaria na esquerda (com o objectivo de carregar sobre o centro das nossas forças e cortar o nosso flanco direito) e Infantaria na direita coberta nesse lado por pequenas forças de cavalaria ( o Marquês de Caracena ficou no Alto da Vigária).

Schomberg apercebendo-se do dispositivo inimigo fez transportar a cavalaria da esquerda para o flanco direito (ficam apenas 5 companhias de cavalaria)

A batalha iniciu-se pelas 10 da manhã com uma carga da cavalaria espanhola sobre o flanco direito e centro das nossas forças que rompeu a nossa vauguarda de infantaria e cavalaria[10], mas a artilharia obrigou-os a retirar. Quase aniquilada, a nossa vanguarda devido ao ataque na esquerda da infantaria espanhola, Schomberg move um terço de infantaria da direita para o flanco esquerdo.

Nova tentativa dos espanhóis, no no mesmo ponto de ruptura, com idêntico resultado, atingindo os terços da segunda linha (fase culminante e crítica da batalha), obrigando Schomberg a acudir com a cavalaria no centro-direita. 

Após 7 horas de peleja a vitória parecia sorrir aos espanhóis. Porém, uma hábil manobra de Marialva mudou o resultado a nosso favor. Desguarnecendo o flanco direito, acorreu com alguns terços à esquerda, passando a opor uma resistência eficaz ao inimigo e permitindo restabelecer o equilíbrio no combate

Quando a cavalaria espanhola, simulando uma retirada, ataca numa terceira tentativa o tenente-general D. João da Silva, na direita com a cavalaria, avisa Melo e Castro (comandante da Cavalaria) que contra-ataca pela retaguarda, num golpe decisivo, o que obriga o inimigo a debandar. Embora a luta entre infantaria continuasse árdua, Marialva aproveitando o sucesso da cavalaria, envolve a infantaria espanhola obrigando-a a render-se.

Os espanhóis, não tendo conseguir penetrar no dispositivo português e face ao desgaste sofrido resolveram retirar. A exploração levada a efeito pelo General de Cavalaria Diniz de Mello e Castro, conduziu ao aniquilamento do inimigo. Paralelamente, em Vila Viçosa, uma audaz sortida dos sitiados destroçou um corpo de 1.800 arcabuzeiros e capturou toda a artilharia de sítio espanhola. A derrota de Caracena, último dos grandes generais espanhóis, após D. João da Áustria desmoraliza Espanha.

“Felice contigente eimproviza batalha dos Montes Claros q' na primeira marcha do exercito de Portugal q' sahio em socorro da praça de Vila Viçoza governado pello Marquez de Marialva foi acometido pello de Castella a ordem do Marquez de Caracena q' com ardente e vigurozo impulso pode romper o corno esquerdo até a retaguarda donde foi rebatido tão rigurozamente q' acabou em fugida o q' comessou em vitoria e foi roto comperda total do exercito Castelhano deterna gloria dos portuguezes comperda de 3000 cavalos e seis mil infantes entre mortos e prizioneiros e prerza de toda a sua artelharia ultimo e memoravel combate entre as duas coroas".

Montes Claros foi uma batalha decisiva entre dois exércitos que desejavam o embate físico, a “prova de força" no campo de batalha.

 9-Montes Claros-2.jpgFig - 9 - Painel da Batalha de Montes Claros




8. Recontro de Chaves – 20 de Novembro de 1667

Perto da celebração do tratado de paz com Espanha este combate, um típico recontro de cavalaria em campo aberto, insere-se numa táctica que, através de uma demonstração de força, visava impedir qualquer acção verdadeiramente importante.

“Ultimo egenerozo combate dacavallaria q' conseguirão asarmas portuguezas naprovincia Detras-Osmontes aordem do conde de S. ião Marquez de Tavora q com ardente efelicissimo espirito superou com oseu valor ecom asua industria as ventages dos Castelhanos podendo triunfar domaior numero conseguio esta vitoria compresa de 300 cavallos eroína total detodas astropas inimigas em 20 de Novembro de 1667".

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Fig - 10 - Painel do Recontro de Chaves


Nestes painéis, para além dos rios, igrejas, castelos e outros pontos estratégicos são individualizados, pelo nome escrito em azul de cobalto no próprio azulejo, diversos personagens (entre parenteses indica-se o painel ou paineis em que é referido), sendo seguidamente indicados pela ordem alfabética do primeiro nome ou título (excluindo artigos ou o título de Dom):

a)    Portugueses ou das forças portuguesas

rtado = Afonso Furtado de Castro do Rio de Mendonça, futuro 1.º Visconde de Barbacena, em 1661; general de artilharia e cavalaria na província do Alentejo (painel 3). No painel referenciado como, Afonso Furtado de Mendonça, Mestre de Campo.

André de Albuquerque = André de Albuquerque Ribafria, 3.º Alcaide-Mor do Castelo e Vila de Sintra; General de Cavalaria (painel 3 e 4).

Anto Gla... = António Galvão (painel 3).

O Barão de Alvitr = João Lobo da Silveira, 8.º Barão de Alvito (painel 3).

Capitão (painel 4).

ro Mor = D. João Rodrigues de Sá e Meneses, 3º Conde de Penaguião, Camareiro-Mor (painel 3).

uitel = D. Rodrigo de Castro, 1º Conde de Mesquitela, general de cavalaria O Barão de Alvitr = João Lobo da Silveira, 8.º Barão de Alvito (painel 3). No painel 4: C. Misqitela.

C de S Joaõ = Luís Álvares de Távora, 3º Conde de São João da Pesqueira e futuro 1.º Marquês de Távora, em 1669 (painel 4).

C de Sumborges = Conde de Schomberg (painel 5).

Conde da Tore = D. João de Mascarenhas, 2.º Conde da Torre, futuro 1º Marquês de Fronteira, em 1670, mestre-de-campo da província do Alentejo (painel 3 e 4). No painel 5: Conde da Torre.

Conde de Villa Flor = Sancho Manuel de Vilhena, 1.º Conde de Vila Flors (painel 5).

Dinis de Melo = Dinis de Melo e Castro, futuro 1.º Conde das Galveias, em 1691, feito prisioneiro na batalha, mas resgatado (painel 3, 4 e 5).

Diogo Gomes de Feigiredo = Diogo Gomes de Figueiredo, comandante de Infantaria (painel 3).

Diogo deMença = Diogo de Mendonça Furtado (painel 3).

D Filipe Roxo, Sargento Mor (painel 5).

Joaõ deCarto = João de Castro (painel 5).

Joaõ Mendes de Vasconcellos, General = Joane Mendes de Vasconcelos, Governador de Armas do Alentejo (painel 3).

D Joaõ da Silva = D. João da Silva (painel 4).

D Luis deMeneses = D. Luís de Meneses, 3.º Conde da Ericeira (painel 5).

Mel Anriques = Manuel Henriques (painel 3).

D. Pedro de Almeida = D. Pedro de Almeida, oficial de cavalaria, futuro 1º Conde de Assumar, em 1677 (painel 3).

Pº de Melo = Pedro de Melo (painel 3).

Pero Jacques de Magalhães (painel 5).

Simão Coren... daCilva = Simão Correia da Silva (painel 3).

Tristaõ da Cunha = Tristão da Cunha de Ataíde (painel 5).

 

b)   Espanhóis ou das forças espanholas

D Aniclo de Gusman = D. Aniello de Guzmán y Caraffa, 4º Marquês de Castel Rodrigo, comandante de um Tercio, capturado em combate (painel 5).

nte = Martín Domingo de Saavedra y Guevara, 5º Conde de Escalante, comandante de um Tercio, capturado em combate (painel 5).

Duque Desuna = Gaspar Téllez-Girón y Sandoval, 5º Duque de Osuna, General de cavalaria da Extremadura(painel 3). 

Duque deS. Germaõ = Francisco de Tutavilla y del Rufo, Duque de San Germán, Governador das Armas da Extremadura Espanhola (painel 3). No painel 4: Duque de Sam German. No painel 5: Marquês de S Greman.

D Gaspar delgeva = Gaspar de la Cueva, general de artilharia (painel 3).

D Joaõ Pagequo T G = Diego Paniagua y Zúñiga, Marquês de Lanzarote, governador da praça de Badajoz (?) (painel 3).

D. Rodrigo Mejiqua = Rodrigo de Mújica Butrón y Valdés, Mestre de Campo General do exército do Capitão General Francisco Tuttavilla (painel 3).

D Vitor Taragona = Ventura de Tarragona, Engenheiro italiano, superintendente geral das fortificações da Extremadura, mestre de campo, tenente general de Artilharia (painel 3).​


Nomes constantes do painel 5 que não logramos identificar:​

D Francisco deEscobar (não foi possível identificar) (painel 5).

De Andrade (não foi possível identificar) (painel 5).

D Estevão dengilo (não foi possível identificar) (painel 5).

 

Origem das imagens: Palácio Fronteira em Lisboa, Fundação das Casas de Fronteira e Alorna a quem se agradece a colaboração.

 

 

Bibliografia

ALMEIDA, Lilian Pestre de, O teatro da guerra da restauração portuguesa : a Sala da Batalhas do Palácio Fronteira, uma leitura estético-simbolica, Monumentos : Revista Semestral de Edifícios e Monumentos, n.º 7 (Set. 1997), p. 71-77.

LOBO, Francisco Sousa, Batalhas da Restauração, Monumentos : Revista Semestral de Edifícios e Monumentos, n.º 7 (Set. 1997), p. 79-787.

MASCARENHAS, Fernando de, Notas para uma análise estético-histórica dos painéis de azulejos da Sala das Batalhas do Palácio Fronteira. Lisboa: Fundação das Casas de Fronteira e Alorna, 1991 (texto policopiado).

NEVES, José Cassiano, Jardins e Palácio dos Marqueses de Fronteira. Lisboa: Gama, 1941.




NOTAS

[1] Recordo aqui, com saudade, as muitas horas passadas em conjunto na observação destes magníficos paineis, nos anos de 2002 e 2003, no âmbito da consultoria histórico-militar que conduziu à edição do magnífico DVD, “Batalhas", em 2003 (hoje esgotado), produzido por Alvaro Gárcia Zúñiga Tal consultoria, coordenada pelo autor e pelo Tenente-General Nuno Lemos Pires, contou ainda com o contributo do Prof. Doutor Gonçalo Maria Duarte Couceiro Feio e do nosso já falecido aluno, Dr. Luís Miguel da Costa Silvério. A todos os agradecimento por tão profícuo trabalho.

[2] Elvas, Olivença, Campo Maior, Serpa, Moura, Caminha, Valença, Monção, etc – fortificação rasante baixa e espessa, à Vauban, combinando materiais diversos como a pedra, a terra, a madeira e a água.

[3] Transcrição dos textos e dos nomes que figuram nos painéis de azulejos da sala das Batalhas feitas a partir do livro de José Cassiano Neves.

[4] A marcha das poderosíssimas forças de Filipe IV, em socorro da praça de Badajoz, determinou que ordenasse o levantar do cerco e o regresso a Portugal, levando apenas os louros da captura do forte de S. Miguel, pelo qual deixara metade do seu exército, nos campos do Xévora e Guadiana, o melhor que se organizara em Portugal desde o início das hostilidades. 

Face a tão efémero e custoso resultado, pouco depois de chegar a Elvas, recebeu ordem da rainha, para entregar o comando a André de Albuquerque, e este ordem para prender o seu antigo general, e para o mandar preso para Lisboa. Reunido o conselho de guerra, absolveu-o unanimemente considerando que, nem a infelicidade, nem o erro dos cálculos estratégicos constituiam crime.

[5] Acordo de paz celebrado entre França e Espanha, em 7 de Novembro de 1659, que põe termo à guerra franco-espanhola, e estabelece o casamento entre Luís XIV e a infanta Maria Teresa de Habsburgo, filha do rei espanhol Filipe IV. Esclarece a situação na Península, ficando Portugal abandonado pela França, de más relações com as Províncias Unidas, sem contar com a Inglaterra.

[6] A vitória foi esmagadora desbaratando os espanhóis que deixaram no campo 4.000 mortos, 2.500 feridos e 6.000 prisioneiros. Apreendidos18 canhões, 2.811 cavalos, 5.000 carruagens muitas delas com ouro e prata, 6.000 bois, 8.000 mulas, 6.000 granadas, 3.000 balas de artilharia e mais de duas dezenas de coches.

O nosso exército teve cerca de 1.000 mortos entre os portugueses, 300 entre os franceses e 50 entre os ingleses.

[7] Vencedor do Marechal Turenne na batalha de Valenciennes, em 16 de Julho de 1656.

[8] 8.000 homens, 30 navios e 20 galés 

[9] Evitou, assim, Elvas, contornando-a por Norte. Dado que ocupava Olivença e Juromenha, possuia uma linha de comunicações com a Estremadura espanhola, a Sul de Elvas e fora do alcance da mesma.

[10] Que esperavam de piques em riste e arcabuzes apontados.​


Humberto Nuno de Oliveira

Historiador (D​outor em História), co-Director da Revista Portuguesa de História Militar. Membro do Conselho Científico da Comissão Portuguesa de História Militar e da Direcção de História e Cultura Militar. Presidente da Academia Falerística de Portugal. Professor da Faculdade de História da Universidade Estatal Ucraniana - Dragomanov (Quieve). Cumpriu, como Miliciano, o Serviço Militar Obrigatório no Exército Português


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Como citar este texto:

OLIVEIRA, Humberto Nuno de – Um Museu da Restauração: A Obra Azulejar da Sala das Batalhas do Palácio dos Marqueses de Fronteira (Lisboa). Revista Portuguesa de História Militar – Dossier: Restauração Portuguesa (1640-1668). [Em linha] Ano V, nº 8 (2025); https://do​i.org/10.56092/BXHW4710 ​[Consultado em ...].​





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Última atualização: 30 de junho de 2025

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