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General Carlos da Silva Freire (Angola)
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Carlos Miguel Lopes da Silva Freire




Foto Gen Silva Freire.jpgCarlos Silva Freire, nasceu nos​ Anjos, Lisboa, a 29 de Setembro de 1907, filho de José Maria Freire, Oficial da Administração Militar e de D. Palmira da Conceição de Silva Freire.

Fez a instrução primária no Estoril, onde a família residia, entrando posteriormente no Colégio Militar, em Outubro de 1917, estando o seu pai em África, como Capitão da Administração Militar e Governador do Distrito de Benguela. Termina os estudos no Colégio Militar no ano lectivo de 1923-24, tendo sido nomeado Comandante do Batalhão de Alunos, devido ao seu excelente percurso escolar.

No ano lectivo seguinte iniciou o curso de Engenharia Militar, assentando praça como 2º Sargento-Cadete no Regimento de Cavalaria Nº 2, em 26 de Julho de 1924, e frequentando os estudos preparatórios durante três anos na Faculdade de Ciências à Escola Politécnica.

Em 1927-28 entra na Escola Militar (Paço da Rainha), para iniciar os quatro anos de estudos da arma, que concluiu no ano lectivo de 1930-31, com a média de curso mais elevada de sempre do curso de Engenharia. Promovido a Alferes em 1 de Novembro de 1931, foi colocado no Regimento de Telegrafistas (Sapadores), permanecendo nessa unidade até Janeiro de 1940, obtendo cinco louvores do respectivo Comandante.

Todavia, em 1938-39, obteve licença para frequentar as Faculdades de Direito e de Letras de Lisboa, um percurso preparatório para o recém-criado Curso de Estado-Maior, no Instituto de Altos Estudos Militares (IAEM). Curso onde, uma vez mais, é o primeiro classificado. Em 27 de Setembro de 1941 é promovido a Capitão.

Em Agosto de 1942, integra uma missão à Alemanha, chefiada pelo Coronel Tirocinado Ferreira de Passos, Director do IAEM. Na Frente Leste num aeródromo militar em Kursk, a 8 de Setembro de 1942, deflagrou uma bomba explosiva, atingindo quatro oficiais portugueses, entre eles Carlos Freire. Foi posteriormente agraciado simbolicamente com a Cruz de Mérito da Ordem da Águia Alemã, 3º grau.

No regresso é colocado no Estado-Maior do Exército e desenvolveu o planeamento das grandes manobras de 1943 e de 1945. Ganha o concurso de professor catedrático da cadeira de Táctica de Engenharia, da Escola do Exército, leccionando entre Junho de 1943 e Dezembro de 1944, quando opta por assumir o cargo de professor dos cursos de Estado-Maior, no IAEM, em acumulação com o serviço no Estado-Maior do Exército.

Frequenta o curso para promoção a oficial superior e é promovido a Major (do Corpo do Estado-Maior) em 26 de Junho de 1945.

Dedica-se à problemática das “informações", indo, em 1949, frequentar em Inglaterra o curso de Special Intelligence Course.

Durante a visita de Franco a Portugal, em Outubro de 1949, foi nomeado oficial-às-ordens do General Juan Vigon, um nome considerado na guerra civil vizinha.

Carlos Freire é promovido a Tenente-Coronel em 5 de Maio de 1950, por escolha. A partir de Outubro de 1950, frequenta a Escola Superior de Guerra, em Paris, o Curso Superior de Guerra, sendo-lhe proposto no final do curso, pelo Ministro do Exército, a frequência de um estágio no Estado-Maior Francês, na Direcção do Pessoal Militar do Exército de Terra e outro na Escola de Tropas Pára-quedistas. O relatório deste último estágio será a primeira contribuição para a criação deste tipo de força em Portugal.

Regressado a Lisboa, chefia a 3ª Repartição (Organização) do Estado-Maior do Exército, ocupando-se da montagem orgânica da “Divisão NATO", em constituição no Campo Militar de Santa Margarida. É promovido a Coronel em Novembro de 1953 e, até finais de 1955, desenvolve actividade quer no Estado-Maior do Exército, quer como professor e director dos cursos de Estado-Maior.

Neste período vai à Índia, numa visita de inspecção como adjunto do Chefe do Estado-Maior do Exército, General Barros Rodrigues, no Verão de 1955.

No ano lectivo de 1956-57, frequenta o Curso de Altos Comando, no IAEM, sendo, uma vez mais, o melhor do curso. Em 24 de Setembro de 1957 é promovido a Brigadeiro, com 49 anos, sendo o Oficial-General mais novo do Exército, permanecendo no IAM como professor. Em 1958, é nomeado para o cargo de Sub-Chefe do Estado-Maior do Exército, sendo Vice-Chefe o General Adelino Veríssimo e Chefe o General Beleza Ferraz. É promovido a General em 2 de Dezembro de 1959. O seu último cargo na metrópole foi Ajudante-General do Exército.

Em Maio de 1961, é nomeado Comandante da 3.ª Região Militar de Angola e, a 6 de Junho, munido de uma “instrução pessoal e secreta" do CEMGFA, chega a Luanda, assumindo interinamente as funções de Encarregado do Governo e Comandante-Chefe de todas as forças em Angola.

Entretanto, a 23 de Junho aterra no Aeroporto/Base Aérea Nº 9 (Luanda) o novo Governador-geral, com funções de Comandante-Chefe, General Aviador Venâncio Deslandes, a quem Freire transmite poderes. A partir de então, com o enorme reforço de batalhões e companhias expedicionárias que chegavam, concentra a suas funções nas operações de reocupação do território, ataque às forças adversárias, abertura de itinerários, controlo da segurança dos espaços e das populações, organização da quadrícula do dispositivo militar, abastecimento logístico e serviços de apoio às tropas e, como corolário, restabelecimento da rede de administração civil.

Entre sucessos e dificuldades, desastres e problemas inesperados, as operações que superiormente coordenou foram-se desenrolando com manifesto sucesso, envolvendo a Marinha e a Força Aérea. Mas foi o uso da cobertura aérea, decisiva nesta fase da guerra, que lhe exigiu o supremo sacrifício. No dia 10 de Novembro, o Dakota através do qual o General Freire e boa parte do seu Estado-Maior faziam inspecção aérea junto à fronteira Sul, no Chitado, despenhou-se, custando a vida de 18 pessoas, entre elas o General Freire, o brilhante estratega da reocupação do Norte de Angola.​



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​Como citar este texto:

LOUSADA, Abílio Pires, OLIVEIRA, Humberto Nuno ​​– General Carlos da Silva Freire. Revista Portuguesa de História Militar - Dossier: Início da Guerra de África 1961-1965. [Em linha]. Ano I, nº 1 (2021). [Consultado em ...], https://doi.org/10.56092/ODZI5551

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