“Diziam que não podiam juntar dois irmãos na tropa, conversa. Chegámos a estar os dois no Ultramar, ele em Moçambique e eu na Guiné.”
Testemunho na primeira pessoa do bejense Júlio Batista Mendes, Sócio Combatente da Liga dos Combatentes, que cumpriu a sua comissão de serviço na Guerra do Ultramar na Guiné, como Soldado, entre agosto de 1968 e junho de 1970.
Júlio Mendes dá o seu testemunho direto sobre a sua experiência na Guiné, durante a Guerra do Ultramar. Desde a viagem no navio Uíge, o envio para o interior de mato na região de Tite, as emboscadas, o sentimento de que quando saía do quartel não sabia se voltaria, os episódios que resultaram nos seus dois ferimentos de guerra (um por estilhaço de granada e outro por morteiro) e a comunicação com a família através dos aerogramas, mas sempre com receio da ação da PIDE.
Nestas memórias sobressai, igualmente, o sentimento de medo e ansiedade quando se aproximava a data de regresso à metrópole, mas este regresso nunca mais acontecia, em virtude dos sucessivos adiamentos.
Este projeto resulta de uma parceria estabelecida entre a União das Freguesias de Beja (Santiago Maior e São João Baptista) e o Núcleo de Beja da Liga dos Combatentes. Com realização e edição de Nelson Patriarca, foi desenvolvido no âmbito das comemorações dos 50 anos do 25 de abril de 1974.