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Adriano José Alves Moreira




adriano moreira.jpgAdriano Moreira nasceu em Grijó de Vale Benfeito (Macedo de Cavaleiros), em 15 de Setembro de 1922, filho do polícia António José Moreira e de sua mulher D. Leopoldina do Céu Alves.

Cedo os pais vieram para Campolide, Lisboa, onde o pai chega a sub-chefe da PSP, aqui fazendo Adriano Moreira os seus estudos primários e liceais, no Liceu Passos Manuel, onde se matriculou em 1932. Continuou os estudos na Faculdade de Direito onde, em 1944, com 21 anos, completou a licenciatura com 17 valores, especializando-se no ano seguinte em Ciências Histórico Jurídicas.

Após concluir a licenciatura em Direito, iniciou a sua carreira profissional na função pública, como jurista no Arquivo Geral do Registo Criminal e Policial, em 1944, embora manifestasse simpatia pela Oposição Democrática, assinando mesmo uma lista do Movimento de Unidade Democrática (MUD), em 1945.

Em 1947, é admitido no departamento jurídico da sucursal da General Electric. Ao mesmo que irá realizar o estágio de advocacia, com o advogado Teófilo Carvalho dos Santos, conotado com a oposição ao salazarismo, acompanhado este, no ano seguinte, na assistência jurídica à família do general José Marques Godinho, que havia falecido na prisão. Neste processo entra em choque com o poderoso ministro Santos Costa e acaba preso, no Aljube, acusado de «ofensa à dignidade do Estado», sendo, na ocasião, companheiro de cela de Mário Soares.

Em 1948 concorreu a professor na Escola Superior Colonial, actual ISCSP. Neste instituto foi responsável pelo estudo de ciências como a sociologia, a ciência política, as relações internacionais, a estratégia e a geopolítica. Foi, juntamente com Manuel Sarmento Rodrigues, um dos responsáveis pela introdução institucional nos meios universitários portugueses, nos anos 1950, do lusotropicalismo de Gilberto Freyre aproximando-se através dele do ideário do Estado Novo.

Entre 1957 e 1959 foi membro da delegação Portuguesa na Organização das Nações Unidas e, neste ano, o Presidente do Conselho chamou-o para Subsecretário de Estado da Administração Ultramarina, cargo que manteve até 1961. A 13 de Abril de deste ano, foi nomeado Ministro do Ultramar, tentando colocar em prática as teses do lusotropicalismo, ao elaborar uma série de reformas, como a abolição do Estatuto do Indigenato, permitindo aos indígenas o acesso à cidadania portuguesa, o direito a fixarem-se e circularem em todas as parcelas do território nacional e também o acesso à educação. Levou a cabo a adoção de um Código de Trabalho Rural, criou escolas do Magistério Primário e fundou o ensino superior nas províncias ultramarinas, com a abertura dos Estudos Gerais Universitários, em Angola e Moçambique.

A sua experiência ministerial coincide com a eclosão da guerra em Angola, cabendo-lhe, antes de mais, orientar politicamente o contra-ataque português em Angola e preparar globalmente a defesa do Ultramar. Neste domínio algumas das suas políticas desgradaram a Salazar que, por via delas, o demitiria em 4 de Dezembro de 1962, regressando à vida de professor universitário.

Após o 25 de Abril, aderiu ao Partido do Centro Democrático Social (CDS), sendo deputado à Assembleia da República até 1995, quando renunciou ao mandato, vindo a ser Presidente do partido de 1986 a 1988 e, interinamente, de 1991 a 1992.

Em 2015, foi indicado pelo CDS-PP para o Conselho de Estado, exercendo funções até 2019.

Doutor honoris causa por diversas universidades nacionais e estrangeiras e membro de inúmeras academias, é Presidente honorário da Sociedade de Geografia de Lisboa, presidente e fundador da Academia Internacional da Cultura Portuguesa, Curador Honorário da Fundação Oriente e actual Curador da Universidade Candido Mendes. Foi co-fundador do Movimento da União das Comunidades de Língua Portuguesa e presidiu aos seus dois primeiros congressos em Lisboa e Lourenço Marques.

Senador e académico de referência, o próprio refere que “a minha vida foi a escola, sobretudo. A intervenção política foi mais por obrigação cívica".

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​Como citar este texto:

LOUSADA, Abílio Pires, OLIVEIRA, Humberto Nuno – Adriano Alves Moreira. Revista Portuguesa de História Militar - Dossier: Início da Guerra de África 1961-1965. [Em linha]. Ano I, nº 1 (2021). [Consultado em ...], https://doi.org/10.56092/XLUK1018


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